Ideias para Novos Programas Sociais.
Diálogo fictício, porém plausível, em um táxi carioca.
E o táxi vai chegando ao Centro: “Que merda! A Presidente Vargas está toda engarrafada! O que é que é? Manifestação dos Sem-Terra? Que pouca vergonha! Bando de arruaceiros, de vagabundos que não querem trabalhar! E a polícia não faz nada, deixa esses caras fazerem baderna e atrapalharem a vida de todo mundo! Duvido que no tempo dos militares eles se engraçassem assim! Pra dar jeito neste país só uma ditadura mesmo!”.
Moral da História: Por que os medioclassistas e os “veículos de comunicação” que fazem a sua cabeça apóiam as manifestações populares no Egito e no restante do mundo árabe? Resposta óbvia: porque elas estão longe daqui...
Lendas Urbanas e Aventuras Sexuais.
Uma delas é sobre um famoso ponto de prostituição supostamente freqüentado por normalistas (aqui no Rio, seriam alunas do Instituto de Educação, na Tijuca!): todos juram que existe, mas ninguém sabe dizer exatamente onde é! Uma versão mais hard chaga a falar em um camarada que foi no tal local para se “divertir” e acabou encontrando a própria filha se prostituindo (eis aí a velha lição aprendida com os autores moralistas dos tempos d’antanho: é importante ressaltar as noções de crime e castigo...)!
Outra narrativa do gênero bastante comum é sobre o camarada que conhece uma mulher maravilhosa em um local público (no ônibus, na boate, no metrô), rola uma atração instantânea – dependendo da versão o jogo da sedução pode demorar um pouco mais – e os dois acabam na cama. Só que na hora h, a moça revela um segredo: na verdade, ela é uma “mulher” com um pequeno detalhe a mais (às vezes, não tão pequeno!). Só que o envolvimento já estava tão grande, que o nosso herói (hetero convicto, é claro!) acaba considerando isto uma irrelevância e segue em frente...
Porém, não há lenda urbana/aventura sexual mais recorrente do que aquela contada por alguns de nossos bravos taxistas aos seus clientes do sexo masculino: a da passageira gostosa, com “pinta de madame”, que ao entrar no veículo não resiste aos encantos do motorista e começa a boliná-lo e a passar a mão em suas coxas. E aí – nas palavras de um desses galãs dos engarrafamentos, em cujo táxi tive a honra de andar na semana passada – “doutor, o senhor sabe como é: deu mole deste jeito, a gente que é homem, tem que pegar”! Como os taxistas que me contaram variações desta estória já passaram da meia idade (em alguns casos já passaram muito!), estão bastante castigados pelo tempo e não parecem ter nenhum sex appeal que enlouqueça o sexo oposto, só posso chegar às seguintes conclusões: 1- existe, no Rio de Janeiro, um grande número de mulheres “de fino trato” cujo fetiche é transar com um taxista, por mais prejudicado que o cidadão esteja; 2- o nível de carência está tão alto, que a mulherada está pegando qualquer coisa que apareça pela frente; 3- uma condição sine qua non para que alguém se torne taxista é ter imaginação fértil e uma grande capacidade para contar lorotas!
Aguardo a opinião dos leitores do “Abobrinhas”...
Pra não dizer que não falei da "Guerra ao Tráfico"...
Breves Comentários Pós-Eleitorais.
Depois de votarem no ungido de Adolf Ratzinger para a presidência do Brasil e de lançarem a campanha “Afogue um Nordestino”, os filhotes da “classe mérdia” do Sulmaravilha estão articulando o movimento “Eu sou brancão” que terá como pontas-de-lança o grupo de pagode mauricinho “Raça Ariana” e o Bloco Carnavalesco “Mama Áustria”...
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Ah, os demônios...
Da década de 60 em diante, parece que nos encontramos frente a um desenvolvimento constante de seitas esotéricas e do satanismo, que a crise de sobrevivência e de valores - em especial a assustadora crise de identidade - que aflige os homens senão em escala mundial, ao menos em escala ocidental, que proclama a necessidade da saída esotérica e mesmo a grande inovação dos últimos tempos: o consumo de mercadorias esotéricas. Mercadorias que penetram em um circuito imaginário de recompensa e punição (para os que não as possuem), premiando uma participação esotérica, que não percorre os difíceis caminhos da iniciação e do conhecimento, mas obedece de uma maneira cada vez mais flagrante as leis do mercado e do poder de compra.
Enfim, temos aí o esoterismo/satanismo fast-food que se insere na mesma lógica que o evangelismo fast-food. Portanto, é só escolher entre a salvação e o prazer e procurá-los em qualquer Igreja/Casa Esotérica perto de você! Como diria Cícero, no tempo em que se falava latim, "O tempora o mores"...
Tentações.
- Pois não, respondi eu.
- Ela traz uma reflexão sobre um tema muito importante: a virgindade e o sexo antes do casamento. Qual é a sua opinião sobre isto?
- Sobre o quê?
- Sobre sexo antes do casamento
Juro que tentei não ceder à tentação, mas o demoninho tentador foi mais forte do que eu! Não resisti e mandei aquela velha resposta:
- Nada contra, desde que não atrase a cerimônia!
Ela ficou tão vermelha, mas tão vermelha, que não pude deixar de me sentir o mais torpe dos indivíduos. Falei então:
- Liga não, menina. Foi o demônio quem me tentou e me fez soltar esta piada infame!
Ela arregalou os olhos, balbuciou algo, disse boa noite e foi abordar outra pessoa que passava por ali.
E assim, como tem sido desde a alta idade média, o demônio continuou a cumprir sua mais importante função social: a de fornecer a nosotros, pobres e falíveis mortais, as desculpas que justificam as cagadas que fazemos!
Breves Comentários de um Blogueiro em Crise.
Seis frases-clichês para as quais não tenho mais saco.
Este é o mantra repetido pelos torcedores do Flamengo, toda vez que o time consegue chegar às fases finais de alguma competição importante. Há aí a crença mística de que alguma força metafísica empurra o Flamengo para o título, sempre que ele consegue avançar em um campeonato. Como eventualmente o time consegue ganhar alguma coisa – como o brasileiro do ano passado -, este clichê passa a ser repetido como uma verdade inquestionável (contando com o decidido apoio da “Flapress”, é claro). Mas confesso que agora, finalmente, consegui entender o verdadeiro significado desta frase: afinal, já estamos no meio do ano e "já era" a Taça Guanabara, "já era" o Campeonato Estadual, "já era" a Libertadores...
Esta é a indefectível exclamação dos inúmeros adeptos do culto caetanista para qualquer coisa que seu ídolo-mor diga ou faça. Caetano apareceu nu em um documentário “egotrip” sobre ele? “Nossa, que transgressão! Caê é gênio!”; Caetano canta “Um tapinha não dói” em um show? “Super-vanguardista! Caê é Gênio!”; Caetano chama o Lula de analfabeto? “Que máximo! Ele está sempre contra a corrente. Caê é gênio!”.
Esta frase e suas variantes – “Isto só acontece no Brasil”, “Mania de brasileiro” – é um dos clichês favoritos daquele típico cidadão classe-média, leitor da “Veja” e que tem como guru o Diogo Mainardi. Tendo como sonho de consumo morar em Miami, este indivíduo critica as supostas mazelas nacionais, excluindo-se do conjunto de seus concidadãos: afinal, “brasileiros” são sempre os outros. No entanto, esta figura costuma “molhar” a mão do guarda para não ser multado, tende a se considerar acima das leis e na hora do voto para deputado ou vereador escolhe sempre um candidato que é sobrinho do primo de algum amigo de infância ou qualquer coisa que o valha, pois é sempre bom ter algum conhecido nas altas esferas para resolver qualquer probleminha que possa aparecer.
Esta é a explicação básica para os problemas brasileiros dada por qualquer indivíduo que possui um diploma superior em qualquer coisa, obtido sabe-se lá onde e sabe-se lá como. Afinal, por ter instrução superior, ele considera-se apto a opinar sobre todo e qualquer assunto. Se alguém com um mínimo de senso crítico procura contra-argumentar – já vi alguns pobres alunos meus, que ainda acreditam na humanidade, a tentar fazer isto - , esta figura dá um risinho condescendente e pensa: “Coitadinho! Só porque leu estas besteiras em alguns livros de qualidade duvidosa, ele acha que pode discutir com alguém com a minha formação e experiência de vida”. Ah, o “gênio” Caê também já andou repetindo este clichê!
Este é o clichê tradicional do(s) tipo(s) de cidadão(s) descritos nos itens anteriores, em qualquer discussão sobre política. Não adianta listar os avanços obtidos durante o governo Lula e nem falar do reconhecimento internacional alcançado pelo Brasil nos últimos anos: esta frase é sempre repetida como uma espécie de mantra e, como qualquer delírio de fundo religioso, não é passível de questionamento.
Este é o argumento de dez entre dez pretensos intelectuais que pretendem votar na Marina Silva nas próximas eleições (e que em 2006 votaram no Cristovam e, em um eventual segundo turno, votarão no Serra). O interessante é que este discurso da “alternância do poder” só se aplica ao governo federal, já quem São Paulo os tucanos governam há mais de duas décadas e esta turma não abre a boca para se pronunciar sobre isto. Ah, e nenhum deles viu qualquer viés autoritário na afirmação do falecido Sérgio Motta, ainda no primeiro mandato de FHC, de que o plano dos tucanos era o de permanecer vinte anos no poder...
A Modernidade ou Sobre a Transitoriedade das Coisas.
Logo depois de terminado este livro, meu filho bem-amado, Marc, de cinco anos, foi tirado de mim. A ele eu dedico "Tudo que é sólido desmancha no ar". Sua vida e sua morte trazem muitas das idéias e temas do livro para bem perto: no mundo moderno, aqueles que são mais felizes na tranquilidade doméstica, como ele era, talvez sejam os mais vulneráveis aos demônios que assediam este mundo; a rotina diária dos parques e bicicletas, das compras, do comer e limpar-se, dos abraços e beijos costumeiros, talvez não seja apenas infinitamente bela e festiva, mas também infinitamente frágil e precária; manter essa vida exige talvez esforços desesperados e heróicos, e às vezes perdemos. Ivan Karamazov diz que, acima de tudo o mais, a morte de uma criança lhe dá ganas de devolver ao universo o seu bilhete de entrada. Mas ele não o faz. Ele continua a lutar e a amar; ele continua a continuar.
As Cartas e o Tempo.
(Trecho de "Carta-Ensaio" de E.M. de Melo e Castro. In: Galvão, Walnice Nogueira e Gotlib, Nádia. Prezado Senhor, Prezada Senhora: Estudos sobre Cartas. São Paulo, Cia. das Letras, 2000)
Abobrinhas Infames ou Vinde a mim as Criancinhas!
Como dizia o grande intelectual, filósofo, sportsman e dublê de senador da República, Fernando Collor de Mello, "o tempo é o senhor da razão"! Um exemplo disto é o fato de que, até há alguns anos, a Igreja ajudava a espalhar que os comunistas comiam criancinhas. O tempo mostrou que, na verdade, quem come criancinhas são os padres...
Com certeza, a maioria dos padres católicos discorda desta afirmativa. Principalmente da segunda parte...
As cinzas de quarta-feira: Drops Pós-Carnavalescos.
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Cenários (Pós) Eleitorais.
03 de outubro de 2010: em um pleito nitidamente plebiscitário, a candidata de Lula vence as eleições no primeiro turno. Profundamente deprimido e chocado com a ingratidão da plebe, FHC refugia-se na casa de seu amigo de fé, irmão camarada Caetano Veloso. Tentando levantar o astral do outrora "príncipe dos sociólogos", o mano Caetano encomenda ao seu fornecedor um preto baiano de primeira, vindo diretamente de Eunápolis. Porém ao saber que o bagulho será consumido pelo ex-presidente, o vapor resolve dar uma sacaneada e mistura bosta de cavalo seca na erva, antes de entregar a encomenda ao bardo baiano. Ao fumar aquela palha, FHC tem uma tremenda bad trip e começa a ter visões de um sabá satânico - como aqueles descritos pelos inquisidores medievais - em que Stédile, Chávez, Morales e Fidel vestindo mantas pretas, dançam em torno de uma fogueira, liderando uma multidão ensandecida que grita: "Aha, uhu, FHC eu vou comer seu cu". Ao acordar, profundamente impressionado, o intelectual uspiano decide largar a política e, em busca de um maior contato com a natureza, vai morar em uma comunidade alternativa no Sana, onde começa a criar abelhas, graças ao financiamento obtido junto a um dos programas de microcrédito implementados pelo governo Lula.
Alguns anos depois, já bem velhinho, a sua grande alegria passa a ser receber algumas poucas jovens estudantes de jornalismo que vão entrevistá-lo para fazer algum trabalho da faculdade. Nestes momentos, o velho sátiro começa a babar pelo canto da boca, coloca as mãos trêmulas nos joelhos das moças e invariavelmente diz : "Sabe, minha jovem, você me lembra uma jornalista da Globo que eu conheci há alguns anos atrás e que depois foi morar em Barcelona..."
À Espera do Apocalipse ou Enquanto 2012 não Chega...
Por outro lado, é extremamente frustrante perceber que os dias derradeiros estão a acontecer justamente no momento em que o Brasil começa a dar certo e a entrar para a Primeira Divisão do Sistema Internacional. Isto é olho gordo! Dá até para desconfiar que alguns desses maias migraram da mesoamérica para o estuário do Prata e se constituíram nos antepassados de um povo que até hoje habita a região e que cultua um estranho e volumoso deus chamado Maradona!
Divagação.
Na Luta contra o Comunismo Ateu e Apátrida: Os Discípulos Ilustres do Prof. Hariovaldo de Almeida Prado.
Finalmente o colunista Luiz Fernando Veríssimo (21/1) saiu do muro lulista, onde sempre esteve, abandonou por instantes Proust e seus biscoitos, e defendeu – com um ardor de corar o mais empedernido bolchevista – o Programa Nacional de Direitos Humanos 3, que é mais uma tentativa totalitária petista de cercear a liberdade de expressão no país. Nada mais lamentável do que ver um intelectual de sua estatura transformar-se em um rebelde a favor.
Conhecido por seu enorme talento como comediante - suas histriônicas entrevistas no "Programa do Jô" e suas hilárias participações nos programas eleitorais do César Maia se incluem, com certeza, entre os melhores momentos da história do humor nacional -, Vereza se superou ao encarnar, novamente, o papel de porta-voz do mais agressivo reacionarismo pátrio. O nobre Prof. Hari deve estar com o peito inflado de orgulho por conta da verve anti-comunista e desse discurso dos tempos da Guerra Fria de um de seus mais diletos pupilos!
Descobertas Literário-Musicais num Botequim em Botafogo.
Segunda à noite, num botequim em Botafogo, eu, a Vê e o André Dahmer jogávamos conversa fora sobre quadrinhos, projetos e inúmeras coisas mais, quando no meio do papo surgiu – mencionado pelo André - o nome do Botika. Poeta, músico, compositor e romancista, o cara é, nas palavras do Dahmer (que gosta tanto dele que já postou no Blog dos Malvados um desenho - que reproduzo acima – em homenagem à figura!), um puta talento. Chegando em casa, depois de muitas cervejas, fui procurar no You Tube o vídeo de uma canção do Botika, “Mais de Uma Janela”, gravada pelo Qinho (da banda Vulgo Qinho & Os Cara) e muito elogiada pelo André. Realmente a música é bem legal, com um refrão que gruda nos ouvidos, uma melodia gostosa e uma letra aparentemente despretensiosa, mas com altas sacações. Além disso, o vídeo também ficou muito interessante, com suas imagens fragmentadas e várias referências visuais - concretas e simbólicas - a janelas. Porém, confesso que não gostei muito desta gravação: a música merece um registro melhor – fora do já batido “Voz e Violão” - e um arranjo mais elaborado. Mas o André tem razão: o cara é realmente bom! Já encomendei em uma livraria virtual um exemplar de “Uma Autobiografia de Lucas Frizzo”. Estou curioso para ver (e ler) como é o Botika romancista.
Confira o vídeo de "Mais de uma Janela":
Apagões, Patriotas, Gênios da Raça e Outras Generalidades.
E o senador Flávio Arns, hein? Saiu do PT no auge da crise do Senado alegando que o partido tinha perdido o seu compromisso com a ética. E qual foi o seu destino? O PSDB! Como será que o nobre senador está se sentindo ao lado de paladinos da ética como Eduardo Azeredo, Expedito Júnior, Cássio Cunha Lima, Artur Virgílio, Tasso Jereissati e tantos outros? Faz o seguinte, Senador: tente inventar outra desculpa como justificativa para a sua saída, que a gente vê se acredita!
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“Lula tem phala e sabedoria carnavalesca nas artérias, tem dado entrevistas maravilhosas, onde inverte, carnavaliza totalmente o senso comum do rebanho. Por exemplo, quando convoca os jornalistas da Folha de S. Paulo a desobedecer seus editores e ouvir, transmitindo ao vivo a phala do povo. A interpretação da editoria é a do jornal e não a da liberdade do jornalista. Aí , quando liberta o jornalista da submissão ao dono do jornal, é acusado de ser contra a liberdade de expressão. Brilha Maquiavel, quando aceita aliança com Judas, como Dionísios que casa-se com a própria responsável por seu assassinato como Minotauro, Ariadne. É realmente um transformador do Tabu em Totem e de uma eloquência amor-humor tão bela quanto a do próprio Caetano”.
“Eu abro meu voto para a linha que vem de Getúlio, de Brizola, de Lula: Dilma, apesar de achar que está marcando em não enxergar, nisto se parece com Caetano, a importância do Ministério da Cultura no Governo Lula. Nos 5 dedos da mão em que aponta suas metas, precisa saber mais das coisas, e incluir o binômio Cultura & Educação".
"Quanto a Marina Silva, quando eu soube que se diz criacionista, portanto contra a descriminalização do aborto e da pesquisa com células-tronco, pobre de mim, chumbado por um enfarte grave, sonhando com um coração novo, deixei de sequer imaginar votar nela”
Quem quiser ler o artigo na íntegra é só clicar aqui.
Assim, entre o "sou vanguarda porque tá na moda" Caetano Veloso e o "além de qualquer vanguarda" José Celso Martinez Corrêa, definitivamente fico com o segundo!
E agora eu vou deixar o “gênio da raça” um pouco de lado – pelo menos até ele soltar alguma “pérola” nova - , pois esse papo já tá qualquer coisa...