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O segredo revelado

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EUA - Para aqueles que têm "complexo de vira-latas"



Sonho americano? Conheça 10 fatos chocantes sobre os EUA
 
Maior população prisional do mundo, pobreza infantil acima dos 22%, nenhum subsídio de maternidade, graves carências no acesso à saúde… bem-vindos ao “paraíso americano”

Por Pragmatismo Político
(Imagem: Divulgação)
Os EUA costumam se revelar ao mundo como os grandes defensores das liberdades, como a nação com a melhor qualidade de vida do planeta e que nada é melhor do que o “american way of life” (o modo de vida americano). A realidade, no entanto, é outra. Os EUA também têm telhado de vidro como a maioria dos países, a diferença é que as informações são constantemente camufladas. Confira abaixo 10 fatos pouco abordados pela mídia ocidental.
1. Maior população prisional do mundo
Elevando-se desde os anos 80, a surreal taxa de encarceramento dos EUA é um negócio e um instrumento de controle social: à medida que o negócio das prisões privadas alastra-se como uma gangrena, uma nova categoria de milionários consolida seu poder político. Os donos destas carcerárias são também, na prática, donos de escravos, que trabalham nas fábricas do interior das prisões por salários inferiores a 50 cents por hora. Este trabalho escravo é tão competitivo, que muitos municípios hoje sobrevivem financeiramente graças às suas próprias prisões, aprovando simultaneamente leis que vulgarizam sentenças de até 15 anos de prisão por crimes menores como roubar chicletes. O alvo destas leis draconianas são os mais pobres, mas, sobretudo, os negros, que representando apenas 13% da população norte-americana, compõem 40% da população prisional do país.
2. 22% das crianças americanas vive abaixo do limiar da pobreza.
Calcula-se que cerca de 16 milhões de crianças norte-americanas vivam sem “segurança alimentar”, ou seja, em famílias sem capacidade econômica para satisfazer os requisitos nutricionais mínimos de uma dieta saudável. As estatísticas provam que estas crianças têm piores resultados escolares, aceitam piores empregos, não vão à universidade e têm uma maior probabilidade de, quando adultos, serem presos.
3. Entre 1890 e 2012, os EUA invadiram ou bombardearam 149 países.
O número de países nos quais os EUA intervieram militarmente é maior do que aqueles em que ainda não o fizeram. Números conservadores apontam para mais de oito milhões de mortes causadas pelo país só no século XX. Por trás desta lista, escondem-se centenas de outras operações secretas, golpes de Estado e patrocínio de ditadores e grupos terroristas. Segundo Obama, recipiente do Nobel da Paz, os EUA conduzem neste momente mais de 70 operações militares secretas em vários países do mundo.
O mesmo presidente criou o maior orçamento militar norte-americano desde a Segunda Guerra Mundial, superando de longe George W. Bush.
4. Os EUA são o único país da OCDE que não oferece qualquer tipo de subsídio de maternidade.
Embora estes números variem de acordo com o Estado e dependam dos contratos redigidos por cada empresa, é prática corrente que as mulheres norte-americanas não tenham direito a nenhum dia pago antes ou depois de dar à luz. Em muitos casos, não existe sequer a possibilidade de tirar baixa sem vencimento. Quase todos os países do mundo oferecem entre 12 e 50 semanas pagas em licença maternidade. Neste aspecto, os Estados Unidos fazem companhia à Papua Nova Guiné e à Suazilândia.
5. 125 norte-americanos morrem todos os dias por não poderem pagar qualquer tipo de plano de saúde.
Se não tiver seguro de saúde (como 50 milhões de norte-americanos não têm), então há boas razões para temes ainda mais a ambulância e os cuidados de saúde que o governo presta. Viagens de ambulância custam em média o equivalente a 1300 reais e a estadia num hospital público mais de 500 reais por noite. Para a maioria das operações cirúrgicas (que chegam à casa das dezenas de milhar), é bom que possa pagar um seguro de saúde privado. Caso contrário, a América é a terra das oportunidades e, como o nome indica, terá a oportunidade de se endividar e também a oportunidade de ficar em casa, torcendo para não morrer.
6. Os EUA foram fundados sobre o genocídio de 10 milhões de nativos. Só entre 1940 e 1980, 40% de todas as mulheres em reservas índias foram esterilizadas contra sua vontade pelo governo norte-americano.
Esqueçam a história do Dia de Ação de Graças com índios e colonos partilhando placidamente o mesmo peru em torno da mesma mesa. A História dos Estados Unidos começa no programa de erradicação dos índios. Tendo em conta as restrições atuais à imigração ilegal, ninguém diria que os fundadores deste país foram eles mesmos imigrantes ilegais, que vieram sem o consentimento dos que já viviam na América. Durante dois séculos, os índios foram perseguidos e assassinados, despojados de tudo e empurrados para minúsculas reservas de terras inférteis, em lixeiras nucleares e sobre solos contaminados. Em pleno século XX, os EUA iniciaram um plano de esterilização forçada de mulheres índias, pedindo-lhes para colocar uma cruz num formulário escrito em idioma que não compreendiam, ameaçando-as com o corte de subsídios caso não consentissem ou, simplesmente, recusando-lhes acesso a maternidades e hospitais. Mas que ninguém se espante, os EUA foram o primeiro país do mundo oficializar esterilizações forçadas como parte de um programa de eugenia, inicialmente contra pessoas portadoras de deficiência e, mais tarde, contra negros e índios.
7. Todos os imigrantes são obrigados a jurarem não ser comunistas para poder viver nos EUA.
Além de ter que jurar não ser um agente secreto nem um criminoso de guerra nazi, vão lhe perguntar se é, ou alguma vez foi membro do Partido Comunista, se tem simpatias anarquista ou se defende intelectualmente alguma organização considerada terrorista. Se responder que sim a qualquer destas perguntas, será automaticamente negado o direito de viver e trabalhar nos EUA por “prova de fraco carácter moral”.
8. O preço médio de uma licenciatura numa universidade pública é 80 mil dólares.
O ensino superior é uma autêntica mina de ouro para os banqueiros. Virtualmente, todos os estudantes têm dívidas astronômicas, que, acrescidas de juros, levarão, em média, 15 anos para pagar. Durante esse período, os alunos tornam-se servos dos bancos e das suas dívidas, sendo muitas vezes forçados a contrair novos empréstimos para pagar os antigos e assim sobreviver. O sistema de servidão completa-se com a liberdade dos bancos de vender e comprar as dívidas dos alunos a seu bel prazer, sem o consentimento ou sequer o conhecimento do devedor. Num dia, deve-se dinheiro a um banco com uma taxa de juros e, no dia seguinte, pode-se dever dinheiro a um banco diferente com nova e mais elevada taxa de juro. Entre 1999 e 2012, a dívida total dos estudantes norte-americanos cresceu à marca dos 1,5 trilhões de dólares, elevando-se assustadores 500%.
9. Os EUA são o país do mundo com mais armas: para cada dez norte-americanos, há nove armas de fogo.
Não é de se espantar que os EUA levem o primeiro lugar na lista dos países com a maior coleção de armas. O que surpreende é a comparação com outras partes do mundo: no restante do planeta, há uma arma para cada dez pessoas. Nos Estados Unidos, nove para cada dez. Nos EUA podemos encontrar 5% de todas as pessoas do mundo e 30% de todas as armas, algo em torno de 275 milhões. Esta estatística tende a se elevar, já que os norte-americanos compram mais de metade de todas as armas fabricadas no mundo.
10. Há mais norte-americanos que acreditam no Diabo do que os que acreditam em Darwin.
A maioria dos norte-americanos são céticos. Pelo menos no que toca à teoria da evolução, já que apenas 40% dos norte-americanos acreditam nela. Já a existência de Satanás e do inferno soa perfeitamente plausível a mais de 60% dos norte-americanos. Esta radicalidade religiosa explica as “conversas diárias” do ex-presidente Bush com Deus e mesmo os comentários do ex-pré-candidato republicano Rick Santorum, que acusou acadêmicos norte-americanos de serem controlados por Satã.
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EUA - A guerra contra os católicos.


Noam Chomsky: EUA matavam quem praticava o que prega Papa Francisco
 
Por Travis Gettys, do The Raw Story | Tradução: Ítalo Piva
Os Estados Unidos declararam e lutaram uma amarga, brutal e violenta guerra contra a igreja, disse Chomsky (Foto: Wikimedia Commons)

Os Estados Unidos lutaram por décadas uma guerra contra católicos que praticavam os ensinamentos que levaram o Papa Francisco a ser eleito personalidade do ano pela Times, segundo o filósofo político Noam Chomsky.
Segundo Chomsky, em 1962, a conferência Vaticano II reformou os ensinamentos da Igreja Católica pela primeira vez desde o século IV, quando o Império Romano adotou o cristianismo como sua religião oficial, e isso teve um profundo impacto nos líderes religiosos da América Latina.
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Na semana passada, em uma entrevista com o ativista de justiça social Abel Collins, Chomsky explicou que padres e laicos latino-americanos formaram grupos com camponeses para estudar o Evangelho e reivindicar mais direitos das ditaduras militares da região – que ficaram conhecidos como Teologia da Libertação.
“Há uma razão porque cristãos foram perseguidos pelos primeiros três séculos,” disse Chomsky. “Os ensinamentos são radicais – de um texto radical – que pregam basicamente um pacifismo radical com opções preferenciais aos pobres.”
Ele reafirmou que praticantes da Teologia da Libertação foram sistematicamente martirizados, ao longo de mais de 20 anos por forças apoiadas pelos EUA, que tentavam evitar que nações latino-americanas instalassem governos socialistas em benefício de seus próprios povos, contrariando interesses norte-americanos.
“Os Estados Unidos declararam e lutaram uma amarga, brutal e violenta guerra contra a igreja,” disse Chomsky. “Se existisse imprensa livre, é assim que representariam a historia.”
Ele explicou que os EUA apoiaram a “posse de governos e instituições ditatoriais com estilos neonazistas”, como parte de uma guerra que finalmente terminou em 1989 com a morte de seis jesuítas e duas mulheres na Universidade da América Central por tropas salvadorenhas.
Chomsky disse que aquelas tropas foram treinadas pelo governo norte-americano na Escola Kennedy de Guerra Contra a Insurgência, e agiram sob ordens oficiais do comando salvadorenho, que mantinha uma relação próxima com a embaixada norte-americana.
“Eu nem tenho que atribuir isso ao governo,” disse ele. “Já é aceito. A Academia das Américas, que treina oficiais militares latino-americanos – basicamente assassinos – um dos seus pontos de discussão é que o exército norte-americano ajudou a derrotar a Teologia da Libertação.”
O Papa Francisco, um jesuíta argentino, tem feito gestos simbólicos para uma nova aceitação da Teologia da Libertação na Igreja, depois de anos de condenação por suas aspirações políticas pelos papas João Paulo II e Bento XVI.
Seu recente Evangelii Gadium – ou Alegria do Evangelho – foi visto por muitos como um ataque ao capitalismo e economia de mercado livre, mas Chomsky acredita que até agora o Papa não transformou suas palavras em ações.
“Gosto do fato de que o discurso mudou, e de que há uma melhora na discussão sobre justiça social, mas temos que ver se isso chegará ao ponto de as pessoas se organizarem e insistirem por seus direitos percorrendo o caminho da opção preferencial pelos pobres, ou seja, de levar o Evangelho a sério.”
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EUA - O declínio do "Tea Party"

Tea Party começa a perder apoio de setores republicanos

Do Estadão
 
Radicais da direita americana estão começando a perder apoio de setores republicanos tradicionais, algo que pode mudar o cenário político dos EUA
 
Bruce Bartlett* - O Estado de S.Paulo - The New York Times
 
A respeito das origens, nos anos 60, dos "neoconservadores" americanos (trotskistas na juventude que, décadas depois, migraram para a direita e influenciaram amplamente o governo George W. Bush), corre uma história apócrifa. Alguns professores liberais de Harvard simpatizavam pela Nova Esquerda e por grupos radicais, como o que se denominava Estudantes por uma Sociedade Democrática. Um dia, um desses professores ouviu dos radicais a sugestão de queimar a biblioteca de Harvard como um ato de protesto; de repente, o professor se deu conta de que não tinha absolutamente nada em comum com eles. Com alguns outros colegas professores, organizou então uma vigília para proteger a biblioteca a todo custo.
Hoje, o problema não é a Nova Esquerda, mas a direita radical, que domina a política americana pelo menos desde o surgimento do movimento do Tea Party, em 2009, depois da eleição de Barack Obama. É muito cedo para afirmar com certeza, mas acontecimentos recentes sugerem que alguns dos que anteriormente apoiavam o Tea Party estão tendo seu "momento biblioteca de Harvard". Há indicações de que elites conservadoras e mais ricas optaram por um recuo, que pode fazer com que o pêndulo político retorne para o centro.
Nenhum acontecimento específico criou esse momento, foram vários. O fechamento (shutdown) do governo é um deles, a derrota republicana nas eleições para governador do Estado de Virgínia é outro, assim como o incipiente reconhecimento de que a guerra da direita contra os pobres e a glorificação dos lucros e da riqueza podem ter ido longe demais.
Um dos sinais é o ensaio publicado no dia 1.º pelo diretor da Pimco, William H. Gross, sobre Scrooge McDucks, o Tio Patinhas. A revista Forbes colocou o personagem dos quadrinhos famoso por sua imensa fortuna e por sua sovinice em primeiro lugar entre os mais ricos da ficção, com um patrimônio de US$ 65 bilhões.
Gross, que está em 252.º lugar na lista dos 400 americanos mais ricos, disse em seu ensaio que, tendo enriquecido em parte em razão dos cortes de impostos sancionados por Ronald Reagan e George W. Bush, bem como pela política de juros baixos do Fed (o banco central americano), que facilitou o crédito, começou a se preocupar com a situação dolorosa dos trabalhadores. Ou seja, com a parcela cada vez menor da renda nacional que vai para os trabalhadores e a parcela cada vez maior que vai para o capital, o que, aliás, constitui um tópico de crescente preocupação entre os economistas.
Ele chama essa época a "era de ouro do crédito". A Era de Ouro foi um período da história americana que vai de 1870 a 1880, muito semelhante ao atual, no qual a riqueza era glorificada e intelectuais como o economista William Graham Sumner, de Yale, e o filósofo Herbert Spencer justificaram a busca da riqueza e o aumento da desigualdade da renda como "darwinismo social" - a sobrevivência do mais apto. Gross agora está convencido de que os trabalhadores estão sofrendo demais em consequência dos ganhos excessivos dos ricos. Ele acha que os ricos deveriam ser favoráveis a impostos maiores à sua própria classe. É favorável ao aumento dos impostos, à tributação dos ganhos de capital, como a renda comum - atualmente, apenas 50% desses ganhos são taxados -, e à abolição da brecha do "carried interest", que permite que os gerentes de fundos hedge paguem juros sobre ganhos de capital e sua renda ordinária.
Outra crescente preocupação dos mais ricos e das associações empresariais é a admissão de que eles não têm nenhum controle sobre o Tea Party. O problema maior é o fato de que os integrantes do Tea Party só estão interessados em nomear os republicanos que se pautam pela rígida obediência aos princípios da direita, mesmo que tornem tais candidatos inelegíveis numa votação. Nos últimos anos, várias eleições para o Senado foram perdidas porque, nas primárias ou convenções do partido, os elementos mais radicais do Tea Party contrariam candidatos mais tradicionais que poderiam ganhar.
É o que voltou a acontecer nas eleições para governador no Estado de Virgínia, onde os republicanos indicaram dois candidatos que estão muito à direita num Estado que se inclina para a esquerda. O empresariado está particularmente contrariado pelo fato de o Tea Party ter posto a perder disputas eleitorais que poderiam ter sido ganhas. Alguns grupos empresariais apoiaram até mesmo os democratas - pela primeira vez desde 2001, a Câmara de Comércio de Fairfax, Virgínia, por exemplo, deu aval ao candidato democrata.
Há muito acredito que o Tea Party é um movimento populista sem nenhum poder permanente. Na época em que esteve no auge, conservadores e republicanos tentaram controlar sua energia para a obtenção de objetivos ideológicos, eleitorais e legislativos. Entretanto, o Tea Party é uma faca de dois gumes que ameaça esses objetivos em lugar de promovê-los. Agora, começa claramente um recuo. As esperanças republicanas para 2016 poderão depender dessa mudança.
*Bruce Bartlett é economista e trabalhou no governo Ronald Reagan.

TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA
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EUA - A "bandeira" do novo prefeito de NY.

Diário do Centro do Mundo

O novo prefeito de Nova York se elegeu com uma bandeira que devia ser brasileira: o combate à desigualdade social

by Paulo Nogueira
Uma família diferente
Uma família diferente
Diz o NY Times: “Ele deu voz aos nova-iorquinos esquecidos – os 46% que vivem na pobreza ou perto dela, os 50 000 sem teto, os milhões que estão fora das áreas de segurança econômica e afluência aristocrática.”
O Times estava se referindo a Bill de Blasio, 52 anos, democrata que se elegeu espetacularmente prefeito de Nova York. Surgido do nada dentro do mundo político americano, Blasio venceu as eleições com 40 pontos de diferença sobre o candidato republicano. Não foi uma vitória, foi um esmagamento.
Blasio se elegeu com a seguinte plataforma: combater a desigualdade social, combater a desigualdade social e ainda combater a desigualdade social.
Para isso, em sua plataforma estavam coisas como o aumento dos impostos para os ricos.
Pausa para uma reflexão: você vê algum candidato à presidência no Brasil falando em aumentar imposto dos ricos?
Bem, Blasio foi duramente atacado pela plutocracia novaiorquina. Vasculharam seu passado e brandiram contra ele um passado ativista no qual ele se colocou a favor dos sandinistas na Nicarágua. Até sua lua de mel em Cuba foi usada contra Blasio.
Mas os novaiorquinos não ouviram a elite financeira. E abarrotaram Blasio de votos numa vitória que, para muitos, simboliza o retorno aos Estados Unidos de uma coisa chamada ‘esquerda’. Blasio se declara um “socialista democrático”.
Blasio é uma figuraça. Ele é casado com uma mulher negra que, antes do casamento, só tivera relacionamentos lésbicos. Os dois têm dois filhos adolescentes, um menino e uma menina.
O garoto tem um cabelo afro que acabou virando destaque na mídia americana. Um vídeo em que o menino fala do pai viralizou nos Estados Unidos.
Blasio, de origem italiana, teve uma infância conturbada. O pai perdeu uma perna numa guerra e mesmo assim, ao voltar, foi perseguido pelo Estado, sob a acusação de ser comunista.
O homem se perdeu: passou a beber, se divorciou e se afastou da família. Acabou por se matar com um tiro de rifle no peito. “Com ele aprendi o que não fazer”, diz Blasio. Ele tirou o sobrenome paterno em sua vida profissional e ficou com o da mãe.
Blasio conta que teve conversas interessantes com empresários que o viam com desconfiança. A um deles, cujo avô era um homem sem nada, ele lembrou que em outros tempos gente pobre tinha oportunidade de ascender. “O empresário, ao lembrar do avô, entendeu o meu ponto”, diz Blasio.
Obama, que apoiou Blasio, foi uma enorme decepção para os pobres americanos.
Blasio parece ser diferente. Tem mais conteúdo e foi eleito para promover a desigualdade social. Ele falou muito na parábola de Dickens de “duas cidades” dentro de uma só, uma riquíssima e outra miserável. (É uma imagem absolutamente adequada ao Brasil.)
Os novaiorquinos deram uma chance à sorte ao escolhê-lo maciçamente e preterir o candidato republicano sob o qual as “duas cidades” permaneceriam e, com elas, a pobreza abandonada de milhões de pessoas.
Parabéns, mais que a Blasio, aos novaiorquinos.
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EUA - Quem é o rottweiler americano.

O rottweiler americano: quem é o republicano Ted Cruz

by Harold Von Kursk
Ele
Ele

O senador Ted Cruz, prodígio republicano do Texas, decidiu revelar -se o guardião sagrado da ortodoxia do Tea Party, um homem com a missão de salvar a  América de Obama e sua horda marxista. Raramente um senador novato surgiu no cenário político americano com tanto talento e fervor como Cruz. Sua vontade de tomar o controle da direita republicana o transformou num dos homens mais odiados da política. A marca de bajulador do populismo puritano provocou comparações com o falecido Joseph McCarthy, outro grande demagogo cuja tática era espalhar o terror no início dos anos 50.
Mas a paranóia é apenas uma das táticas empregadas por Cruz. Ex aluno de Princeton, debatedor reconhecido, Cruz tem a retórica escorregadia e o charme brega de um vendedor de óleo de cobra. Felizmente para o mundo, seus argumentos ideológicos não são páreo para sua oratória - há uma base limitada de fãs para alguém que se opõe ao aborto, a programas saúde e a praticamente toda iniciativa de ajudar os pobres, proteger o meio ambiente e limitar os efeitos mais extremos do capitalismo de livre mercado. Além disso, Cruz usa seus argumentos de tal forma reptiliana que fez de si mesmo um alvo fácil para a caricatura, ao invés da adoração. Há algo terrivelmente perturbador em seu estilo, que lembra um fundamentalista cristão prepotente dando sermão para seu rebanho.
No centro de sua ladainha populista está a desconfiança nas instituições democráticas. Sua obstrução infame ao ObamaCare deixou furiosos colegas da velha guarda republicana, como John McCain, que o chamou de “pássaro maluco” por ter ajudado a atirar a popularidade do Partido Republicano a seus níveis mais baixos em décadas.
A verdade é que Ted Cruz é uma aberração política, um auto-intitulado "libertador" que acredita que só Ele tem a verdade e só Ele pode conduzir sua nação à terra prometida.
O verdadeiro perigo que Cruz representa está em sua capacidade de agitar a histeria conservadora em uma paisagem política americana cada vez mais polarizada. Desde 2009, o Partido Republicano foi arrastado mais para a direita por causa do Tea Party, financiado por uma quantidade enorme de dinheiro fornecida pelos irmãos Koch e outros industriais covardes.
O FATOR CRUZ
Cruz envenena o clima político sem oferecer quaisquer objetivos políticos coerentes além do enxugamento do estado e de reduzir o debate a afirmações selvagens de ideologia que não deixam espaço para um terreno comum.
De acordo com Cruz, o Partido Republicano deve reafirmar-se como o partido da promessa econômica e, portanto, de maior mobilidade social, apesar de toda a evidência econômica sugerir que a desregulamentação desenfreada serve apenas para aumentar o fosso entre ricos e pobres.
A conseqüência disso é que, enquanto democratas e republicanos eram capazes de discutir compromissos, agora é praticamente impossível. Liderados pelo irresponsável John Boehner, esses congressistas estão cada vez mais ligados ao mantra da direita de não aumentar impostos e não se opor a qualquer medida contra Wall Street ou ao combate a emissões de carbono.
A marca do narcisismo político de Cruz pode muito bem ter vida curta. Os eleitores provavelmente vão cansar da arrogância viscosa, da pausa calculada e do arsenal de expressões faciais e gestos que parecem ter sido praticados na frente de um espelho no circo.
Mas, até lá, a coisa vai piorar. O Obamacare, por exemplo, foi aprovado por lei em 2010, quando os democratas controlavam tanto o Senado quanto a Câmara. É quase inédito para qualquer partido de oposição tentar, como Cruz tentou, forçar a revogação ou a anulação de legislação aprovada em governos anteriores. Ele e seus companheiros talebãs do Tea Party se recusam a admitir o absurdo de suas reivindicações.
Ele sabe que seus argumentos são sofismas. É por isso que se trata de um demagogo mais perigoso do que Joe McCarthy, que estava tão cego pelo ódio aos comunistas que acreditava em grande parte de seu próprio discurso de duplo sentido. Apesar de seu objetivo declarado de limpar a nação norte-americana de elementos comunistas - reais ou imaginários -, o macarthismo empregava os mesmos métodos que os governos nazistas e de estilo soviético na Europa Oriental para se livrar de “inimigos do Estado”.
Antes que se pense que as comparações com McCarthy são exageradas, precisamos apenas recordar os ataques de Cruz ao indicado de Obama para secretário da Defesa, Chuck Hagel, durante sua audiência de confirmação no início do ano. Cruz havia sido empossado como senador do Texas um mês antes, mas estava ansioso para crescer em cima de Hagel -- ex- senador republicano, aliás. Cruz especulou que Hagel tinha recebido um suborno de US$ 200 000 de um governo estrangeiro como a Coreia do Norte ou a Arábia Saudita. Esta alegação foi tão insidiosa que ele recebeu uma reprimenda da colega Lindsay Graham, acusando-o de ultrapassar todos os limites.
Detonando o Obamacare
Detonando o Obamacare
Cruz e seus companheiros republicanos talibãs estão com as cepas mais antidemocráticas do mundo. Seu populismo não é muito diferente do do movimento de extrema-direita liderado pelo primeiro-ministro húngaro Victor Orban, que chegou ao poder em 2010, e que corre o risco de ressurgir na Polônia.
A mensagem de Cruz consiste em empregar táticas para convencer os americanos raivoso de que Obama é um muçulmano no armário, empenhado em transformar a América em um estado socialista.
Não são ameaças vazias. Graças à enorme riqueza de vários doadores do Partido Republicano, como os irmãos Koch, muitos republicanos moderados se desviaram para a direita a fim de passar no teste de pureza ideológica do Tea Party. É como na Alemanha. Sob Hitler, os alemães foram pressionados a fazer um juramento de lealdade ao partido nazista, método escolhido pelo Führer para impor disciplina partidária rígida.
Sua conduta oscila entre a perturbação e a traição, na medida em que tenta minar a autoridade do presidente dos EUA e questionar sua lealdade e motivações ao tentar introduzir um modelo de saúde pública mais abrangente.
A doutrina constitucional americana de "razoabilidade", que manteve os partidos Democrata e Republicano em um estado de simbiose mútua, está agora à beira de um colapso.
Historicamente, o Partido Republicano tem defendido os direitos do indivíduo à vida, à liberdade e à busca da felicidade em um país que minimiza o papel do governo federal na regulação de tais práxis. Entretanto, ao atacar o princípio do governo da maioria, Cruz e o Tea Party estão invocando o tipo de intolerância antidemocrática mais comum na extrema direita europeia.
Pode-se apenas esperar que, assim como na era McCarthy, sempre haverá homens suficientemente razoáveis, ​​em ambos os lados do espectro político, dispostos a expor o mal e a mentira no coração e na mente de um palhaço perigoso como Ted Cruz.
Fonte:DCM
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EUA - O labirinto político dos Estados Unidos.

Controvérsia
A escola é um edifício com quatro paredes
e o amanhã dentro dele

George Bernard Shaw
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Noam Chomsky e o labirinto político dos Estados Unidos
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Em entrevista, intelectual discorre sobre crise política, Síria e América Latina

Noam Chomsky


Noam Chomsky é, aos 84 anos, um dos maiores intelectuais no mundo. Seu trabalho e suas realizações são bem conhecidos – ele é linguista norte-americano, professor emérito no Massachussets Institute of Technology (MIT) há mais de 60 anos, analista e ativista político constante, crítico original do capitalismo e da ordem mundial que tem como centro os Estados Unidos.
Nesse entrevista, Chomsky debate a paralisação do governo norte-americano, por disputas incessantes no sistema político e, em especial, chantagem das forças de direita mais primitivas. Também aborda os sinais de perda de influência de Washington na Síria e da emegência, na América do Sul, de um conjunto de governos que afasta-se dos EUA, pela primeira vez em dois séculos.

Harrison Samphir: Gostaria de começar com a paralisação recente do governo dos EUA. Por que ela é diferente dessa vez, se já aconteceu no passado?

Noam Chomsky: Paul Krugman fez há dias, no New York Times, um ótimo comentário a respeito. Lembra que o partido republicano é minoritário entre a opinião pública. Controla a Câmara [House of Representatives, que junto do Senado representa o Legislativo nos EUA]. Está levando o governo à paralisação e talvez ao calote de suas dívidas. Conseguiu a maioria por conta de inúmeras artimanhas. Obteve uma minoria de votos, mas a maioria das cadeiras. Está se utilizando disso para impor uma agenda extremamente nociva para a sociedade. Foca particularmente a questão do sistema de saúde público.

Os EUA são o único, entre os países ricos e desenvolvidos, que não possue um sistema nacional de saúde pública. O sistema norte-americano é escandaloso. Gasta o dobro de recursos de países comparáveis, para obter um dos piores resultados. E a razão para isso é ser altamente privatizado e não-regulado, tornando-se extremamente ineficiente e caro. Aquilo que alguns chamam de “Obamacare” é uma tentativa de mudar esse sistema de forma suave – não tão radicalmente como seria desejável – para torná-lo um pouco melhor e mais acessível.

O Partido Republicano escolheu o sistema de saúde como alavanca para conquistar alguma força política. Quer destruir o Obamacare. Essa posição não é unânime entre os republicanos, é de uma ala do partido – chamada de “conservadora”, de fato, profundamente reacionária. Norman Orstein, um dos principais comentaristas conservadores, descreve o movimento, corretamente, como uma “insurgência radical”.


EUA passam por grave crise política

Então, há uma insurgência radical, que implica grande parte da base republicana, disposta a tudo – destruir o país, ou qualquer coisa, com o intuito de acabar com a Lei de Assistência Acessível (o Obamacare). É a única coisa a que foram capazes de se agarrar. Se falharem nisso, terão de dizer a sua base que mentiram para ela, ao longo dos últimos cinco anos. Por isso, estão dispostos a ir até onde for necessário. É um fato incomum – penso que único – na história dos sistemas parlamentaristas modernos. É muito perigoso para o país e para o mundo.

Como a paralisação poderia terminar?

Noam Chomsky: Bem, a paralisação por si só é ruim – mas não devastadora. O perigo real surgirá nas próximas semanas. Há, nos Estados Unidos, uma legislação rotineira – aprovada todo ano – que permite ao governo tomar dinheiro emprestado. Do contrário, ele não funciona. Se o Congresso não autorizar a continuação da tomada de empréstimos, talvez o governo peça moratória. Isso nunca aconteceu e um calote do governo norte-americano não seria muito prejudicial apenas aos EUA. Ele provavelmente afundaria o país, de novo, numa profunda recessão – mas talvez também quebre o sistema financeiro internacional. É possível que encontrem maneiras para contornar a situação, mas o sistema financeiro mundial depende muito da credibilidade do Departamento do Tesouro dos EUA. A credibilidade dos títulos de dívida emitidos pelos EUA é vista como “tão boa quanto ouro”: esses papéis são a base das finanças internacionais. Se o governo não conseguir honrá-los, eles não possuirão mais valor, e o efeito no sistema financeiro internacional poderá ser muito severo. Mas para destruir uma lei de saúde limitada, a extrema direita republicana, os reacionários, estão dispostos a fazer isso.

No momento, os EUA estão divididos sobre como o tema será resolvido. O ponto principal a observar é a divisão no Partido Republicano. O establishment republicano, junto com Wall Street, os banqueiros, os executivos de corporações não querem isso – de maneira nenhuma. É parte da base que deseja, e tem sido muito difícil controlá-la. Há uma razão para terem um grande grupo de delirantes em sua base. Nos últimos 30 ou 40 anos, ambos os partidos que comandam a política institucional dos EUA inclinaram-se para a direita. Os democratas de hoje são, basicamente, aquilo que se costumava chamar, há tempos, de republicanos moderados. E os republicanos foram tanto para a direita que simplesmente não conseguem votos, na forma tradicional.

Tornaram-se um partido dedicado aos muito ricos e ao setor corporativo – e você simplesmente não consegue votos dessa maneira. Por isso, têm sido compelidos a mobilizar eleitores que sempre estiveram presentes no sistema político, mas eram marginais. Por exemplo, os extremistas religiosos. Os EUA são um dos expoentes no que se refere ao extremismo religioso no mundo. Mais ou menos metade da população acredita que o mundo foi criado há alguns milhares de anos; dois terços da população está aguardando a segunda vinda de Cristo. A direita também teve de recorrer aos nativistas. A cultura das armas, que está fora de controle, é incentivada pelos republicanos. Tenta-se convencer as pessoas de que devem se armar, para nos proteger. Nos proteger de quem? Das Nações Unidas? Do governo? Dos alienígenas?

Uma enorme parcela da sociedade é extremamente irracional e agora foi mobilizada politicamente pelo establishment republicano. Os líderes presumem que podem controlar este setor, mas a tarefa está se mostrando difícil. Foi possível perceber isso nas primárias republicanas para a presidência, em 2012. O candidato do establishment era Romney, um advogado e investidor em Wall Street – mas a base não o queria. Toda vez que a base surgia com um possível candidato, o establishment fazia de tudo para destruí-lo, recorrendo, por exemplo, a ataques maciços de propaganda. Foram muitos, um mais louco que o outro. O establishment republicano não os quer, tem medo deles, conseguiu nomear seu candidato. Mas agora está perdendo controle sobre a base.

Sinto dizer que isso tem algumas analogias históricas. É mais ou menos parecido com o que aconteceu na Alemanha, nos últimos anos da República de Weimar. Os industriais alemães queriam usar os nazistas, que eram um grupo relativamente pequeno, como um animal de combate contra o movimento trabalhista e a esquerda. Acharam que podiam controlá-los, mas descobriram que estavam errados. Não estou dizendo que o fenômeno vai se repetir aqui, é um cenário bem diferente, mas algo similar está ocorrendo. O establishment republicano, o bastião corporativo e financeiro dos ricos, está chegando em um ponto em que não consegue mais controlar a base que mobilizou.


Na política externa, as notícias sobre a Síria sumiram da mídia convencional, desde a aprovação do acordo para confiscar as armas químicas do arsenal de Assad. Você pode comentar esse silêncio?

Noam Chomsky: Nos EUA, há pouco interesse sobre o que acontece fora das fronteiras. A sociedade é bem insular. A maioria das pessoas sabe bem pouco sobre o que acontece no mundo e não liga tanto para isso. Está preocupada com seus próprios problemas, não têm o conhecimento ou o compreensão sobre o mundo ou sobre História. Quando algo, no exterior, não é constantemente martelado pela mídia, esta maioria simplesmente não sabe nada a respeito.

A Síria vive uma situação muito ruim, atrocidades realmente terríveis, mas há lugares muito piores no mundo. As maiores atrocidades das últimas décadas têm ocorrido no Congo – na região oriental –, onde mais ou menos 5 milhões de pessoas foram mortas. Nós – os EUA – estamos envolvidos, indiretamente. O principal mineral em seu celular é o coltan, que vem daquela região. Corporações internacionais estão lá, explorando os ricos recursos naturais Muitas delas bancam milícias, que estão lutando umas contra as outras pelo controle dos recursos, ou de parte deles. O governo de Ruanda, que é um cliente dos EUA, está intervindo maciçamente, assim como Uganda. É praticamente uma guerra mundial na África. Bem, quantas pessoas sabem disso? Mal chega à mídia e as pessoas simplesmente não sabem nada a respeito.

Na Síria, o presidente Obama fez um discurso sobre o que chamou de sua “linha vermelha”: não se pode usar armas químicas; pode-se fazer de tudo, exceto utilizar armas químicas. Surgiram relatórios credíveis, afirmando que a Síria utilizou essas armas. Se é verdade, ainda está em aberto, mas muito provavelmente é. Nesse ponto, o que estava em jogo é o que se chama de credibilidade. A liderança política e os comentaristas de política externa indicavam, corretamente, que a credibilidade norte-americana estava em jogo. Algo precisava ser feito para mostrar que nossas ordens não podem ser violadas. Planejou-se um bombardeio, que provavelmente tornaria a situação ainda pior, mas manteria a credibilidade dos EUA.

O que é “credibilidade”? É uma noção bem familiar – basicamente, a noção principal para organizações como a Máfia. Suponha que o Poderoso Chefão decida que você terá que pagá-lo, para ter proteção. Ele tem de “bancar” essa afirmação. Não importa se precisa ou não do dinheiro. Se algum pequeno lojista, em algum lugar, decidir que não irá pagá-lo, o Poderoso Chefão não deixa a ousadia impune. Manda seus capangas espancá-lo sem piedade, ainda que o dinheiro não signifique nada para ele. É preciso estabelecer credibilidade: do contrário, o cumprimento de suas ordens tenderá a erodir. As relações exteriores funcionam quase da mesma maneira. Os EUA representam o Poderoso Chefão, quando dão essas ordens. Os outros que cumpram, ou sofram as consequências. Era isso que o bombardeio na Síria demonstraria.

Obama estava chegando a um ponto do qual, possivelmente, não seria capaz de escapar. Não havia quase apoio internacional nenhum – sequer da Inglaterra, algo incrível. A Casa Branca estava perdendo apoio internamente e foi compelida a colocar o tema em votação no Congresso. Parecia que seria derrotada, num terrível golpe para a presidência de Obama e sua autoridade. Para a sorte do presidente, os russos apareceram e o resgataram com a proposta de confiscar as armas químicas, que ele prontamente aceitou. Foi uma saída para a humilhação de encarar uma provável derrota.

Faço comentário adicional. Você perceberá que este é um ótimo momento para impor a Convenção sobre Proibição de Armas Químicas no Oriente Médio. A verdadeira convenção, não a versão que Obama apresentou em seu discurso, e que os comentaristas repetiram. Ele disse o básico, mas poderia ter feito melhor, assim como os comentaristas. A Convenção sobre Proibição de Armas Químicas exige que sejam banidas a produção, estocagem e uso delas – não apenas o uso. Por que omitir produção e estocagem? Razão: Israel produz e estoca armas químicas. Consequentemente, os EUA irão evitar que tal convenção seja imposta no Oriente Médio. É um assunto importante: na realidade, as armas químicas da Síria foram desenvolvidas para se contrapor às armas nucleares de Israel, o que também não foi mencionado.

Você afirmou recentemente que o poder norte-americano no mundo está em declínio. Para citar sua frase em Velhas e Novas Ordens Mundiais, de 1994, isso limitará a capacidade dos EUA para “suprimir o desenvolvimento independente” de nações estrangeiras? A Doutrina Monroe está completamente extinta?

Noam Chomsky: Bem, isso não é uma previsão, isso já aconteceu. E aconteceu nas Américas, muito dramaticamente. O que a Doutrina Monroe dizia, de fato, é que os EUA deviam dominar o continente. No último século isso de fato foi verdade, mas está declinando – o que é muito significativo. A América do Sul praticamente se libertou, na última década. Isso é um evento de relevância histórica. A América do Sul simplesmente não segue mais as ordens dos EUA. Não restou uma única base militar norte-americana no continente. A América do Sul caminha por si só, nas relações exteriores. Ocorreu uma conferência regional, cerca de dois anos atrás, na Colômbia. Não se chegou a um consenso, nenhuma declaração oficial foi feita. Mas nos assuntos cruciais, Canadá e EUA isolaram-se totalmente. Os demais países americanos votaram num sentido e os dois foram contra – por isso, não houve consenso. Os dois temas eram admitir Cuba no sistema americano e caminhar na direção da descriminalização das drogas. Todos os países eram a favor; EUA e Canadá, não.

O mesmo se dá em outros tópicos. Lembre-se de que, algumas semanas atrás, vários países na Europa, incluindo França e Itália, negaram permissão para sobrevoo do avião presidencial do boliviano Evo Morales. Os países sul-americanos condenaram veementemente isso. A Organização dos Estados Americanos, que costumava ser controlada pelos EUA, redigiu uma condenação ácida, mas com um rodapé: os EUA e o Canadá recusaram-se a subscrever. Estão agora cada vez mais isolados e, mais cedo ou mais tarde, penso que os dois serão, simplesmente, excluídos do continente. É uma brusca mudança em relação ao que ocorria há pouco tempo.

A América Latina é o atual centro da reforma capitalista. Esse movimento poderá ganhar força no Ocidente?

Você está certo. A América Latina foi quem seguiu com maior obediência as políticas neoliberais instituídas pelos EUA, seus aliados e as instituições financeiras internacionais. Quase todos os países que se orientaram por aquelas regras, incluindo nações ocidentais, sofreram – mas a América Latina padeceu particularmente. Seus países viveram décadas perdidas, marcadas por inúmeras dificuldades.

Parte do levante da América Latina, particularmente nos últimos dez a quinze anos, é uma reação a isso. Reverteram muitas daquelas medidas e se moveram para outra direção. Em outra época, os EUA teriam deposto os governos ou, de uma maneira ou de outra, interrompido seu movimento. Agora, não podem fazer isso.

Recentemente, os EUA testemunharam o surgimento de seus primeiros refugiados climáticos – os esquimós Yup’ ik – na costa sul na ponta do Alaska. Isso coloca em mórbida perspectiva o impacto humano no meio ambiente. Qual é sua posição acerca dos impostos sobre emissões carbono e quão popular pode ser tal medida nos EUA ou em outro país?

Acho que é basicamente uma boa ideia. Medidas muito urgentes têm de ser tomadas, para frear a contínua destruição do meio ambiente. Um imposto sobre carbono é uma maneira de fazer isso. Se isso se tornasse uma proposta séria nos EUA, haveria uma imensa propaganda contrária, desencadeada pelas corporações – as empresas de energia e muitas outras –, para tentar aterrorizar a população. Diriam que, em caso de criação do tributo, todo tipo de coisa terrível aconteceria. Por exemplo, “você não será mais capaz de aquecer sua casa”… Se isso terá sucesso ou não, dependerá da capacidade de organização dos movimentos populares.
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Ouvidoria Geral

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EUA - Os Estados Unidos são assim.

Kennedy e o Brasil

Foto: http://glo.bo/Sfbfh
Há 50 anos, no dia 22 de novembro de 1963, uma sexta-feira, morria John Kennedy, presidente dos EUA, atingido por três tiros em Dallas. Lyndon Johnson assumiu a presidência, e, quatro meses depois, um golpe militar fez o Brasil mergulhar em 21 anos de ditadura. Como se sabe, o governo americano deflagrou na época a operação Brother Sam, revelada no Brasil, em 1976, por Marcos Sá Corrêa, então repórter do “Jornal do Brasil”. Tratava-se de uma força-tarefa americana para dar apoio logístico aos militares golpistas caso eles tivessem que enfrentar a resistência por parte de forças leais ao presidente João Goulart. Meio século depois, o historiador Carlos Fico, autor de O Grande Irmão: da operação Brother Sam aos anos de chumbo”, analisa a intervenção americana nos assuntos brasileiros, que continua até hoje.
A entrevista foi publicada na coluna de Ancelmo Gois, jornalista, pubicada no jornal O Globo, 27-10-2013.
Eis a entrevista.
Se Kennedy não tivesse sido assassinado, a Brother Sam teria acontecido?
Teria. Era uma política de Estado. Desde Eisenhower havia uma preocupação para que não surgissem novas Cubas na América Latina. Kennedy autorizou em 1962 preparativos para desestabilização e queda do governo João Goulart. Ele tinha uma ideia de que a América Latina era a região mais perigosa do mundo. Por influência do irmão Robert, ele ficou impactado pela estratégia de guerrilha, estudou muito o assunto. Em relação ao Brasil, isso implicava desestabilizar Goulart, inclusive mandando dinheiro para políticos de oposição. Kennedy passava uma imagem de renovação, mas a operação aconteceria mesmo se ele estivesse vivo.
A existência da operação influenciou Jango para que não houvesse reação armada ao golpe?
Foi decisiva. Ele foi avisado da operação por San Tiago Dantas (ex-ministro de João Goulart) com o golpe já em curso. Jango não resistiu porque tinha índole pacifista, mas também porque soube da decisão dos EUA de reconhecer o novo governo logo em seguida ao golpe.
A divulgação de que os EUA espionam e-mails até de presidentes mundo afora, inclusive no Brasil, é uma nova forma de intervenção?
Não mudou nada. Os EUA são um país bélico, vivem em estado de guerra. A reação da nossa presidente e da Angela Merkel à espionagem é retórica. As documentações de espionagem antes, durante e depois do golpe militar eram abundantes e sofisticadas. É lógico que a revelação de espionagem, como aconteceu agora, é sempre chocante. Mas os EUA são assim.
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EUA - Os aliados dos EUA estão mesmo chocados com a espionagem ou é jogo de cena?

Diário do Centro do Mundo


Os aliados dos EUA estão mesmo chocados com a espionagem ou é jogo de cena?

by Diario do Centro do Mundo
US President Barack Obama meets with Ger


Se a Agência de Segurança Nacional americana (NSA, na sigla em inglês) realmente grampeou o celular de Angela Merkel, como os alemães acreditam, os americanos terão quebrado uma regra fundamental da espionagem - cortesia do ex-funcionário da inteligência fugitivo Edward Snowden.
Em termos simples, eles foram pegos. Nos últimos dias, uma série de reportagens indicaram o alcance das atividades de vigilância americanas - na França, na Alemanha e na Itália. Governos europeus aliados dos Estados Unidos estão um tanto irritados e a administração Obama está um tanto envergonhada.
Eu digo "um tanto" porque, pelo que indicam os comentários desde o início destas revelações, há uma espécie de jogo de sombras acontecendo aqui.
É um pouco como naquele momento do filme clássicoCasablanca, quando o chefe de polícia demonstra surpresa ao saber que acontecem jogos de azar em um estabelecimento que ele sabe muito bem ser um cassino - momentos antes de que um funcionário o entregue o dinheiro que ele também ganhou apostando.
Quase todos os governos realizam operações de vigilância e espionagem contra outros países cujas atividades são importantes para eles.
Alguns são amigos; alguns são inimigos; alguns podem só estar em locais interessantes ou ter laços com países que são de interesse.

'Coisas acontecem'

O que as diferencia são o alcance e a escala destas operações. Isso depende da motivação e dos recursos disponíveis.
Não surpreende que os Estados Unidos, com seu sentido de missão global, sua constelação de agências de segurança diferentes e suas habilidades técnicas tenha um alcance maior que a maioria.
Os governos podem até expressar surpresa quando tais atividades aparecem à luz do dia. Às vezes, isso pode ter sérias consequências.
Israel e os Estados Unidos são aliados próximos, mas cada um deles tenta conseguir vantagens coletando informações sobre o outro.
Mas quando, em 1985, um analista civil da Marinha americana, Jonathan Pollard, foi revelado como um espião israelense - algo que Israel demorou a reconhecer - ele foi julgado e permanece na prisão.
Por algum tempo, os laços de inteligência entre os países foram fortemente ameaçados.
Em outras situações, a vigilância pode ser desmascarada, mas nenhum culpado é identificado.
Em maio de 2012, muitas "portas dos fundos" foram encontradas em programas de computador nos escritórios mais recônditos do Elysee Palace - a residência do presidente francês.
Os franceses suspeitaram fortemente da Agência de Segurança Nacional, apesar de os americanos negarem qualquer responsabilidade.
Isso impediu que o presidente François Hollande continuasse ao lado dos americanos apoiando uma ação militar na Síria?
Não - assim como Israel e os Estados Unidos ultrapassaram o caso Pollard e mantêm laços militares e de segurança.
Então "coisas acontecem", como disse certa vez o ex-secretário de Defesa americano Donald Rumsfeld.
Quando tais episódios são revelados, a parte prejudicada - neste caso os governos francês, alemão, brasileiro e mexicano (e a lista vai crescer) fica incomodada.
Eles protestaram. Eles estão dizendo todas as coisas que seus eleitorados esperam que eles digam nestas circunstâncias.
A Alemanha e a França querem ir mais além e arrancar algum tipo de documento de Washington, certificando que irá "comportar-se" no futuro.
Mas além de um ato público de contrição, tal documento provavelmente não valeria nem o papel em que estiver escrito.
Logo mais os espiões voltaram ao trabalho como antes. Mas será?
Por outro lado, apesar da possibilidade de que parte da surpresa sobre o alcance da vigilância americana seja falsa, nem tudo é atuação.
Há preocupações reais e seria errado dizer que toda condenação a Washington é hipérbole. Coisas importantes estão acontecendo no mundo e duas delas são de importância central aqui.
Uma delas é que esta é a era do "big data" (coleta de dados complexos e em larga escala), da nuvem e da nossa crescente dependência das máquinas.
snowden
Ao lado disto está o fato de que a habilidade técnica para monitorar, armazenar e separar informações cresce exponencialmente.
Isso levanta todo tipo de preocupações reais sobre a privacidade, a extensão das ações do Estado e assim por diante, questões que foram jogadas sob os holofotes pelas revelações de Edward Snowden.
O "big data" também nos expõe potencialmente a um risco maior de ciberataques.
Então a questão sobre onde devem ser os limites da vigilância é quase sempre problemática. De fato, até agora a discussão só se concentrou em vigilância e contraterrorismo
Mas há debates igualmente importantes no campo da defesa contra ciberataques, onde alguns dizem que bancos de dados também grandes - a maioria privados, mas que transitam na esfera pública - podem precisar ser analisados.
A outra grande mudança é na arena internacional. Novas potências econômicas estão surgindo.
Os Estados Unidos continuam sendo um dos principais atores, mas em termos absolutos, são menos dominantes.
Por isso, o país precisará agir mais com seus aliados para conseguir as coisas, mas ação conjunta requer confiança.
A liderança americana também requer uma imagem positiva. Hoje, o "soft power" americano - sua força de exemplo - importa tanto quanto sua força militar.
E esta imagem foi prejudicada pelas revelações de espionagem.
Aqueles que são céticos a respeito do poder americano ganharam mais razões para manter essa visão.
E os que comemoraram o desejo do presidente Barack Obama de afastar a política externa americana da tortura e de Guantánamo - e torná-la mais baseada nos valores americanos - ficarão frustrados.
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EUA -Entenda como foi, passo a passo, a renegociação da crise nos Estados Unidos

Enviado por Juliana Damasceno
Jornal GGN - Só se fala nisso: a briga no congresso e senado norte-americanos e a paralisação do governo Barack Obama há 16 dias. E então, em apenas uma madrugada, tudo volta aparentemente à normalidade e até os funcionários públicos, em férias forçadas retornam aos seus postos.
Mas é importante saber o que foi definido na reunião de ontem que acabou em um acordo que postergou os assuntos pendentes no governo americano e, principalmente, acalmou países e mercados mundo afora.
Por 285 votos a 144 no congresso, foram aprovadas as seguintes medidas para evitar uma crise fiscal imediata, de acordo com o jornal inglês Financial Times:
Paralisação do governo
As centenas de milhares de funcionários do governo federal precisam voltar ao trabalho nesta quinta-feira (17). Eles serão remunerados pelos 16 dias de desligamento forçado pela paralisação até 15 de janeiro.
Teto da dívida
O Tesouro dos EUA pode pedir uma nova revisão até 7 de fevereiro de 2014 e deve ser capaz de continuar funcionando ainda por algumas semanas, usando medidas de emergência.
Orçamento
Negociações bipartidárias entre congresso e senado passam a valer para reduzir o déficit orçamentário, que deverá ser concluído até 13 de dezembro. Qualquer acordo deve ser aprovado por ambas as casas.
O que o acordo não inclui:
Sequestro
Os cortes automáticos em todo o board iniciados em março não foram levantadas. A próxima rodada de cortes devem entrar em vigor em janeiro, quando as medidas temporárias “vencem”. Sua remoção é esperada como uma parte chave das negociações orçamentais.
Obamacare
O Affordable Care Act, assinatura da legislação de saúde do presidente Barack Obama que os republicanos esperavam mudar em troca de elevar o teto da dívida e reabrir o governo, sobrevive em grande parte ilesa. A única mudança: medidas para confirmar os rendimentos de alguns beneficiários de subsídios do governo para o seguro de saúde.

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EUA - O complexo de Sansão.


O Complexo de Sansão - Por Immanuel Wallerstein


Wallerstein sustenta: crise do sistema-mundo capitalista produz divisão rara entre poderosos e gera enorme instabilidade. Será preciso definir projetos alternativos
Na Bíblia, há a famosa lenda do herói Sansão. São muitas as interpretações sobre seu significado; mas Sansão, um israelita cuja força era originária de Deus, põe abaixo o templo os inimigos filisteus (também muito poderosos), morrendo no processo. Seu sentido, imagino, é dizer que um ato aparentemente irracional (Sansão morre) pode ser ao mesmo tempo heróico e inteligente, porque se converte na saída (possivelmente a única) para derrotar um inimigo forte e “salvar seu povo”.
Parece que temos um punhado de supostos Sansões, atualmente. Estão bloqueando, ou procurando bloquear, o que consideram ser “compromissos” perigosos com o inimigo. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, está dizendo que “um mau acordo é pior que nenhum acordo”. Ele refere-se ao que enxerga como o acordo entre os EUA e a Rússia, em torno da Síria; e a um possível acordo entre Washington e Teerã. Na Colômbia, o ex-presidente conservador [Alvaro Uribe] está investindo contra seu sucessor, também conservador [Juan Manuel Santos], porque este está em negociações com as FARC, sob os auspícios de Cuba e do Brasil.
E, é claro, temos as não-negociações maciças, em curso nos Estados Unidos. Nelas, os membros de ultra-direita do Congresso, em especial na Câmara dos Representantes, estão usando sua força para vetar qualquer comprimosso com as forças inimigas lideradas pelo presidente Obama e o Partido Democrata. Veem como “inimigo interno” todos os republicanos que buscam algum tipo de “compromisso”.
Não é difícil mostrar que todos estes Sansões estão botando a casa abaixo não apenas sobre seus inimigos mas também sobre si mesmos. Para eles, contudo, mesmo que isso seja verdadeiro, há um timing a considerar. Estão convencidos de que precisam agir agora, enquanto têm forças para fazê-lo. Do contrário, o inimigo vencerá e poderá institucionalizar – ou manter – o mal que estaria sendo cometido.
Este tipo de luta ideológia, impermeável ao chamado pragmatismo, não foi inventado nos últimos dez ou vinte anos. É tão velho quanto a socialização humana. Mas assumiu uma característica especial agora, precisamente porque estamos nos espamos de uma crise estrutural em nosso sistema-mundo capitalista. Numa crise estrutural, pode-se esperar dois grandes fenômenos: enorme confusão intelectual e, como consequência, mudanças selvagens de atitude, que conduzem, por sua vez, a guinadas ainda mais bruscas.
Como há cada vez mais grupos prontos para botar o templo abaixo, mesmo que sejam também esmagados, quem parece mais confuso e indeciso sobre o que fazer é o chamado Establishment. Foram-se os dias em que ele podia cinicamente manobrar e obter o que queria. Não é mais verdade que “plus ça change, plus c’est la même chose” – ou seja, que as mudanças são apenas aparentes.
Que podemos fazer, os que buscamos mudanças reais, um sistema-mundo distinto do que prevaleceu ao menos nos últimos 500 anos? A primeira coisa é não nos prendermos aos debates e guinadas selvagens entre os Sansões e os Establishments. Realmente não importa qual deles vença, no curto prazo.
A segunda coisa que deveríamos fazer é não disperdiçar toda nossa energia lamentando o fato de que quem deseja mudanças fundamentais (a chamada esquerda global) não parece estar unida, ou ter clareza sobre seus objetivos, ou envolvida em ações e organização urgentes. O fato é que ela própria está envolta na confusão, pelo menos no momento.
O fato de o templo estar caindo é algo muito além de nossas forças para contê-lo – mesmo que o desejássemos. Mas não somos obrigados a permanecer sob a avalanche das rochas. Precisamos tentar escapar. Podemos estar certos de que os membros mais poderosos do Establishment também estão tentando.
Mas como escapar, e com que objetivos? Também nós precisamos ter senso de timing, e lembrar a diferença entre o curto prazo (três anos ou menos) e o médio prazo (os próximos vinte a quarenta anos).
No curto prazo, as pessoas (os 99%) estão sofrendo. Precisamos lutar para reduzir sua dor, uma luta que deve assumir múltiplas formas. Podem ser pressões por leis, ou decisões de órgãos do Estado, que ajudem de modo imediato os necessitados, ou evitem danos maiores ao ambiente, ou protejam direitos de populações como os indígenas ou as chamadas minorias sociais.
Mas no médio prazo, precisamos tentar esclarecer a natureza das estruturas que queremos construir, se formos bem-sucedidos na encruzilhada que nosso sistema-mundo atravessa. Precisamos tentar entender não apenas os objetivos de médio prazo da direita mundial, mas a natureza de suas profundas divisões internas. A chamada esquerda está profundamente dividida, também. Precisamos trabalhar para superar isto.
Nada é fácil, neste tempo de transição de um sistema-mundo para outro. Mas tudo é possível – ainda que inteiramente incerto.
Imagem: Francisco Goya, Duelo com porretes (1823, detalhe) | Tradução: Antonio Martins
Fonte: http://outraspalavras.net/ 
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