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Um dos preços que os judeus pagam por defender um estado terrorista
EFEITO COLATERAL
É sempre bom lembrar que não há nada mais perigoso que um fascista estimulado.
Mas Israel, ao fazer de Gaza um campo de concentração nos moldes nazistas, está fazendo por merecer.
Leandro Fortes, no Facebook
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Ao se tornar um Estado opressor, terrorista e de vários tons fascistas, Israel começa a colher esse tipo de fruto podre em toda parte, inclusive aqui no Brasil: a tese de que o Holocausto, o assassinato em massa de seis milhões de judeus pelos nazistas, na Europa, nunca ocorreu.
A hipótese, uma cretinice que volta e meia é levantada por idiotas de inspiração fascista, ganhou uma versão atualizada no Brasil por conta de um certo Antonio Caleari, aluno do curso de graduação em Direito da Universidade de São Paulo (USP). Na mensagem, o autor escreve que o livro teve por base sua Tese de Láurea de 2011. Caleari recebeu nota máxima de 10 e foi indicado ao “Prêmio Jovem Jurista” do Banco Santander.
É sempre bom lembrar que não há nada mais perigoso que um fascista estimulado.
Mas Israel, ao fazer de Gaza um campo de concentração nos moldes nazistas, está fazendo por merecer.
Leandro Fortes, no Facebook
Um soldado israelense expressa sua frustração
«Em Hebron senti uma frustração profunda. Senti que tô cometendo uma injustiça, e ninguém se importa. Ninguém se importa mesmo, e ninguem tá tentando fazer alguma coisa pra me tirar disso, ou nos tirar disso.»
-- Depoimento de um soldado israelense em Witness View
Telegramas apresentam Autoridade Palestina com duas caras
Olmert advertiu Jones de que ele deve compreender as muitas camadas de linguagem no mundo árabe. Por exemplo, em suas reuniões um a um, o presidente Abbas sempre pede a Olmert para tomar medidas mais duras contra o Hamas e sua liderança em Gaza. Mas quando o exército israelense realiza operações na Faixa de Gaza, que matam os terroristas, Saeb Erekat escreve uma carta à ONU reclamando sobre isso. Olmert disse que os palestinos dizem uma coisa à secretária Rice e depois pedem-lhe para fazer o oposto.De um telegrama de 2007 sobre a segurança de Israel.
O Wikileaks chega à Palestina
A impressão geral que emerge dos documentos, que se estendem de 1999 a 2010, é que a fraqueza e o desespero crescente dos líderes da Autoridade Palestina com a falta de acordo, ou mesmo em suspender todos os assentamento temporariamente, mina a sua credibilidade em relação aos seus rivais do Hamas; os documentos também revelam a confiança inabalável dos negociadores israelenses e muitas vezes a atitude de desprezo dos políticos dos EUA em relação aos representantes palestinos.Este é o trecho principal de uma reportagem do Guardian sobre telegramas vazados sobre as negociações Israel Palestina.
OS “MISERÁVEIS” E O AUTOMÓVEL
Uma jovem francesa de nome Sabrina foi trocada pelos pais como parte do pagamento por um carro usado. À época tinha 23 anos e hoje tem 30. Doente, foi deixada à porta de um hospital em estado lastimável. O fato não aconteceu no Irã, mas na França, na cidade de Melun.
O jornal francês LE POST cita os nomes dos proprietários do carro, Franck Franoux e Florence Carrasco. O valor estimado da prestação paga em forma de Sabrina foi de 750 euros, algo como 1 760 reais.
Sabrina viveu em cativeiro entre 2003 e 2006, acorrentada a um abrigo. Tomava conta dos filhos do casal, foi queimada várias vezes com pontas de cigarros, ferro quente, espancada com barras de ferro e obrigada a manter relações sexuais com outros homens que pagavam ao casal para isso (naturalmente por conta de outras prestações atrasadas).
Quando largada às portas de um hospital em Paris ela não tinha dentes, pesava 34 quilos e foi submetida a várias cirurgias para reconstrução de nariz, orelhas e ainda hoje se encontra em “estado físico e psicológico deploráveis”.
Os pais e os que receberam Sabrina em pagamento estão sendo julgados e podem ser condenados a até 15 anos de prisão, mas dependendo das tais prestações, quem sabe, a pena mínima é de dois anos.
Luís Carlos Prates é um comentarista da RBS/GLOBO em Santa Catarina. Segundo ele “esse governo espúrio popularizou o automóvel e quem nunca leu um livro tem um carro”. Comentava o número de acidentes e mortos no feriadão do dia 15 de novembro. O livro a que se refere deve ser MEIN KAMPF, o único que provavelmente folheou. Leu as orelhas, mas absorveu o espírito. Registre-se que o comentário foi em estilo furibundo, salvador da pátria, faltou só o anauê ao final.
Na opinião do distinto os onze mortos em acidentes no feriadão de finados e os vinte nesse da proclamação da República se devem a isso. Para Luís Carlos Prates as pessoas ficam desatinadas para sair a qualquer custo. Maridos que não se entendem com mulheres, ou vice versa, tentam, através do automóvel, vencer curvas invencíveis na frustração do casamento fracassado. Já imaginou ficar um feriadão olhando a cara metade, ou o cara metade? É o raciocínio do comentarista padrão global.
E é bem o padrão GLOBO, aquele do BBB onde o diretor tem o hábito de jogar água suja nas pessoas que julga vadias. Nem Lúcia Hipólito no dia que estava bêbada.
O comentário do cidadão está em
O prefeito da cidade de Detroit, a maior concentração da indústria automobilística em todo o mundo, está abrindo mão de 40% da área do município abandonada por desempregados hoje vivem em abrigos, nas ruas, em trailers, num país onde a taxa oficial de desemprego é de pouco mais de nove por cento, mas o governo nos bastidores admite que ultrapassa a vinte por cento. Qualquer semelhança com manipulação de números durante a ditadura militar ou o governo FHC não é mera coincidência.
É culpa da China.
A consultoria ECONOMATICA fez um levantamento sobre empresas na América Latina e nos EUA e concluiu que a PETROBRAS é a segunda maior empresa latino americana e nos EUA, com um patrimônio líquido de 175,5 bilhões de dólares.
O desespero do comentarista deve ser rescaldo da derrota de José FHC Serra. É que esse patrimônio foi recuperado pelo governo brasileiro e a perspectiva é que a empresa se torne a maior do setor petrolífero do mundo nos próximos anos.
Não vira PETROBRAX como queriam os tucanos.
Breve nos classificados de jornais de alto gabarito aquele anúncio troco filha loura, um metro e setenta, forma física de assombrar, carinhosa e meiga, faz serviços domésticos e de cama, por OPALA em boas condições, tratar pelo telefone 00000000.
O espetáculo “é o momento histórico que nos contém” (DEBORD).
E vai daí que, sem saída, o modelo falido, os norte-americanos decidiram apelar para a máquina de imprimir dinheiro, despejar toneladas de dólares verdadeiros/falsos mundo inteiro, no afã de recobrar o status de Disneyworld dos “miseráveis”, na falácia da “guerra do ópio” neoliberal.
Um relógio produzido em compartimentos segmentados de trabalho escravo, mão de obra barata e vendido na Quinta Avenida a não miseráveis que concentram todo o poder e riqueza do mundo, enquanto Obama finge que governa alguma coisa.
Leão desdentado é um trem, leão enfurecido é outra coisa, leão fracassado é um perigo maior ainda. O risco de perder a juba torna os EUA um conglomerado doentio e ameaçador.
No chamado vale do silício, na Califórnia, executivos de grandes empresas falidas na crise da soberba capitalista, abençoados por Bento XVI, como o fora por João Paulo II, passam o chapéu e alguns, os que aprenderam, ensaiam acordes em violões desafinados sem a menor sintonia com o sentido João Gilberto de ser.
As empresas? Imensos desertos varridos pela loucura dos arsenais capazes de destruir o mundo cem vezes.
O ser humano?
No filme O INCRÍVEL EXÉRCITO BRANCALEONE, de Mário Monicelli, o notável Vitório Gassman, quando percebe esgotadas todas as tentativas de ascender ao baronato, toma o rumo da Terra Santa. À frente um profeta e um sino à moda daquelas tropas de burros.
O problema todo é que a Terra Santa é propriedade privada do terrorismo sionista, escritura outorgada pelo Todo Poderoso, o deles evidente e lá se cobra ingresso para pedir perdão e para espetáculos de palestinos/palestinas sendo torturados, estuprados. Assassinatos custam um pouco mais caro, afinal os custos são altos e com a crise do patrocinador, os EUA, é preciso fechar o balanço no mínimo empatando a casa das despesas com a das entradas.
Se o distinto turista tiver sorte e dispuser de informações privilegiadas pode ser seduzido por uma agente do MOSSAD. Existem autorizações expressas na lei e nos fundamentos do sionismo para esse tipo de ação. O diabo é depois.
Acaba morto num quarto de hotel em Dubai.
Há anos atrás o programa GLOBO REPÓRTER mostrou uma simulação interessante produzida por um tevê norte-americana. Se todos os carros saíssem a um só tempo numa determinada cidade, acho que New York, nem haveria como chegar e nem haveria como voltar.
Cerca de 15% da população dos EUA teve dificuldades em colocar comida à mesa no ano de 2009. Passaram fome. Como registra Milton Temer, já imaginou se isso fosse em Cuba onde a saúde e a educação pública de boa qualidade alcançam a totalidade das pessoas?
O que a REDE GLOBO não faria?
Balela? Informação do próprio Departamento de Agricultura do governo do império.
Nos castelos de Wall Street tudo bem, lagosta.
Nos arredores de Detroit quem sabe calangos?
Será que a indignação do comentarista da RBS/GLOBO, assim como alguém que se revolta com uma baita injustiça foi a mesma quando o filho de um diretor da empresa da qual é empregado estuprou com alguns amigos uma colega?
Foi não, enfiou a viola no saco. A indignação com “miseráveis” andando de automóvel é puro preconceito e a dedução sobre maridos e mulheres insatisfeitos é patologia comum a globais de qualquer dimensão. No caso, ele é de quinta ou sexta.
Importante são as receitas de Ana Maria Braga e os passeios de Susana Vieira no shopping com os cãezinhos e o namorado.
Um dia, quem sabe não custa ter esperança, televisão brasileira chega a um estágio em que a debilidade mental que resulta do ódio e do preconceito não seja a regra. Sem robôs como Bonner e sem comentaristas do naipe de Luís Carlos Prates.
Olhe, houve um tempo que num só jornal se juntaram, Nélson Rodrigues, Sérgio Porto, Antônio Maria, Luís Jatobá, isso apesar de Flávio Cavalcanti, mas noutro canal.
Que pena, a invenção de Ford para as elites saírem do pesadelo das diligências acabou nas mãos de “brasileiros miseráveis”, por obra e graça de um governo “espúrio”.
Cretinice não é bem a palavra, nem canalhice, difícil mensurar.
Deve estar pensando em servir em São Paulo, em posição de sentido para o esquema FIESP/DASLU. Só pode. Ou então nas pessoas que comem por conta do “governo espúrio”. Medo de faltar caviar.
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Sobre a política de isenção de IPI dos automóveis, uma boa leitura crítica pode ser feita no Diário Gauche AQUI.
E sobre o "Caso Prates" leiam o Raul Longo e o Mirgon.
Onda fascista que assola o mundo
A onda fascista que assola o Brasil, pela mão do candidato de direita José Serra [PSDB-PIG], não é um "privilégio" só nosso. Outros países, na Europa "civilizada," que se tem na conta de democráticos, também abraçam, com entusiasmo, a via fascista.
E Israel, que se pretende o baluarte da democracia em meio às "ditaduras" do Oriente Médio, todas apoiadas pelos EUA, não fica atrás!
11/10/2010, Informed Comment
O gabinete de Israel aprovou projeto de lei que exige que pessoas que requeiram a cidadania israelense prestem um ‘juramento de lealdade’ a Israel definida como “estado judeu e democrático”. Atualmente, a exigência só afeta relativamente poucos, quase exclusivamente os palestinos que vivam fora de Israel, que casem com cidadãos palestino-israelenses e que desejem que a família viva do lado israelense da linha verde (hoje, podem fazê-lo). Mas o padrinho da ‘lei da lealdade’, Avigdor Lieberman (ex-crupiê de cassino, da Moldávia), deseja que o mesmo juramento, ou juramento ainda mais estrito seja imposto a todos os palestinos-israelenses – que são cerca de 20% da população de Israel.
Apoiadores do projeto, como o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, dizem que a definição de Israel como estado judeu democrático já existe na lei orgânica.
Mas líderes da comunidade palestino-israelense e membros do Parlamento denunciaram o projeto de lei, por racismo.
A expressão “judeu”, como marcador de identidade, tanto pode referir-se à religião quanto à etnia (em Israel, é judeu quem nasça de mãe judia). O traço de etnia é talvez o mais importante dos dois marcadores de identidade, porque um judeu praticante e cidadão israelense, se filho de mãe não judia, não terá papéis que o identifiquem como “judeu”.
O mais recente censo mostra que havia 7,2 milhões de israelenses, dos quais 5,5 milhões são judeus, 300 mil são não judeus e 1,4 milhões são árabes, ditos “palestinos-israelenses”. Os não judeus são, quase todos, filhos de famílias mistas nas quais a mãe não é judia. A maioria desses consideram-se judeus, e alguns lamentam não serem oficialmente reconhecidos como judeus. Nos 5,5 milhões de judeus, estpa incluído grande número de russos que não praticam o judaísmo, mas declaram-se ‘judeus étnicos’, por terem tido algum ancestral judeu – argumento que as autoridades israelenses aceitam sem qualquer investigação. (É ideia generalizada entre os intelectuais israelenses que bem poucos desses russos são judeus seja ‘religiosos’ seja ‘étnicos’.)
Parece bem evidente, pois, que a expressão “judeu”, no juramento de lealdade de Netanyahu não é um marcador religioso. Se fosse, muitos dos 300 mil não judeus seriam identificados como judeus nos documentos de identidade e muitos dos russos seriam definitivamente não judeus, o que facilmente se comprovaria pelo amor que manifestam a sanduíches de porco.
Não há dúvida de que alguma religião está incluída no pacote, é claro, porque em algum momento do passado as matriarcas que pariam judeus foram, sim, praticantes da religião dos judeus. No passado, a religião predominava sobre a etnia; hoje, pela lei israelense, a etnia predomina sobre a religião.
Mas exigir que alguém declare que Israel é “estado judeu democrático”, como condição para que receba a cidadania israelense, equivale a exigir que um indiano hindu que emigre para os EUA declare, para ser acolhido como cidadão, que os EUA são “estado branco, cristão e democrático”. Nessa fórmula, a etnia (brancos) estaria sendo adotada como critério privilegiado, definida em parte por haver ancestrais brancos, mesmo que fossem protestantes. (No início do século 20, juízes racistas decidiram que os indianos hindus poderiam ser considerados arianos porque falavam língua indo-europeia, mas nem por isso podiam ser considerados “brancos”.)
É óbvio que exigir que imigrantes africanos ou asiáticos, ou mesmo latinos, prestem aquele juramento, naqueles termos, como preço exigido pela cidadania israelense é discriminatório e racista, posto que o próprio juramento rouba-lhes a cidadania de primeira-classe.
Especialistas em teoria política distinguem entre o nacionalismo “cívico” – como há nos EUA e na França – e o nacionalismo “étnico”, mais comum na Europa Central no século 19. O nacionalismo cívico é baseado em ideais (respeito à Constituição dos EUA, por exemplo) e na história. Crispus Attucks, afro-americano, é considerado o primeiro mártir da independência dos EUA – o que consagra os ideais, não a etnia.
Há, contudo, algum racismo latente no nacionalismo dos EUA, pelo qual há quem creia que os “verdadeiros” norte-americanos seriam os protestantes brancos. O ideal do nacionalismo cívico, portanto, várias vezes aparece misturado com sentimentos de nacionalismo étnico. Ao longo do tempo, contudo, o nacionalismo cívico parece estar derrotando o nacionalismo étnico nas cortes de justiça – resultado, sim, de uma longa luta.
O nacionalismo étnico já produziu monstros como a Alemanha nazista e a Sérvia de Milosevic. Se a nação for definida por uma etnia dominante, cria-se a ideia de que quanto ‘mais pura’ a etnia dominante, mais direitos terá. O nacionalismo étnico também sempre gera confrontos contra outras etnias que vivam em áreas próximas (e se os casamentos interétnicos diluírem a etnia dominante?)
Em mundo global, com migração massiva de trabalhadores, o nacionalismo étnico é germe de guerras raciais.
Claro que, como historiador, rejeito completa e absolutamente a ideia de “raça”, da qual falavam os nacionalistas românticos do século 19. Brian Sykes descobriu, em pesquisa com o DNA mitocondrial dos europeus, que todas as mulheres apresentavam pelo menos um de sete pares de alelos nos cromossomas; e que os mesmos sete pares apareciam em todos os grupos nacionais e lingüísticos, inclusive, por exemplo, nos bascos, embora em diferentes proporções. Nesse sentido, os alemães são idênticos aos irlandeses e aos búlgaros. Vasta maioria de mulheres judias azquenazes têm os mesmos sete pares de alelos que se encontram nas mulheres palestinas. Todas, portanto, são descendentes de matriarcas ancestrais não judias.
Não há raças. Todos os seres humanos são mestiços. Basta recuar 10, 12 mil anos, para encontrar um ancestral comum de todas as populações mediterrâneas. Escavações recentes em Roma, em camadas arqueológicas do tempo de Augusto, encontraram a ossada de um trabalhador chinês. Descobrir como chegou ao Império Romano é enredo para um romance. Mas, se aquele chinês algum dia deitou-se com mulher romana e nasceram-lhes filhos, praticamente todos os italianos hoje vivos são descendentes daquele casal e, pois, são primos de todos os chineses hoje vivos.
O nacionalismo étnico não é apenas intrinsecamente discriminatório: ele é sobretudo contrário a todas as evidências, é uma falsidade. Não há nem jamais houve raças.
Em Israel, o nacionalismo étnico sempre predominou, embora haja alguns traços do nacionalismo cívico na política israelense. Os palestinos-israelenses são cidadãos, votam, podem organizar-se em partidos políticos e podem eleger representantes ao Parlamento. Ao mesmo tempo, podem, também, ser sumariamente expulsos da sociedade e privados da cidadania. Seus direitos civis são frágeis e menos estáveis que os dos israelenses judeus.
Agora, Lieberman e Netanyahu, com a nova ‘lei da lealdade’, deslocaram a ênfase a favor do nacionalismo étnico, contra o nacionalismo cívico, garantindo aos judeus o posto de etnia privilegiada. Estão convencidos de que nada fizeram de extraordinário. E erram gravemente, se supõem que o que fizeram não terá consequências profundas. Sempre que, por vias políticas, se faz aumentar o peso da etnia contra o peso dos valores cívicos, as consequências são profundas.
É exatamente essa mudança de peso, a favor de uma etnia privilegiada, que políticos e líderes da comunidade dos palestinos-israelenses estão denunciando como política racista.
Vejo algum exagero em dizer que a ‘lei da lealdade’ converte Israel em estado de apartheid dentro dos limites da Linha Verde e suas 67 fronteiras. Os palestinos-israelenses são cidadãos, convivem com os judeus israelenses, frequentam as mesmas escolas, as mesmas universidades. Podem casar com judeus israelenses, em Israel ou em qualquer lugar do mundo. A ‘lei da lealdade’ não expande o apartheid para todo o estado de Israel, mas fortalece, sim, um nacionalismo étnico muito semelhante ao que se viu na Alemanha hitlerista ou na Sérvia. É escândalo e é vergonhoso que judeus, precisamente, acolham esse tipo de lei discriminatória e antidemocrática, da qual os próprios judeus foram as mais trágicas vítimas.
Há apartheid, sim, em Israel, mas contra os palestinos não-israelenses que vivem na Cisjordânia e em Gaza. Ali, sim, já se criaram bantustões, idênticos aos que se viram na África do Sul, criados pelos europeus, para manter cercados os africanos.
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Declaração de artistas e intelectuais israelenses contra a lei ‘da lealdade’:
“Não somos cidadãos da Israel fascista”
“Não somos cidadãos da Israel fascista”
11/10/2010, The Jewish Chronicle Online, Telavive
Artistas e intelectuais israelenses reuniram-se hoje em Telavive, em protesto contra a ‘lei da lealdade’, no Boulevard Rothschil, em frente ao museu onde David Ben Gurion leu a Declaração de Independência em 1948.
Aos pés da estátua de Meir Dizengoff, primeiro prefeito de Telavive, a atriz Hanna Meron leu, daquela Declaração de Independência: “O Estado de Israel será baseado na Liberdade, na Justiça e na Paz, como o anteviram os profetas. Assegurará completa igualdade de direitos políticos e sociais, independente de religião, raça ou gênero; garantirá a liberdade de culto, de consciência, de idioma, de educação e de cultura; protegerá os locais de culto de todas as religiões; e respeitará os princípios da Carta das Nações Unidas.” Em seguida, lamentou que a Israel de hoje já nada tenha daquele sonho democrático e conclamou os presentes a assinarem a nova “Declaração de Independência: Contra o Fascismo Israelense” [texto abaixo].
Participaram da manifestação Shulamit Aloni, Uri Avnery, Alex Ansky, Shery Ansky, Menachem Brinker, Ran Cohen, Ruth Cohen, Yaron Ezrachi, Galia Golan, Haim Guri, Sna'it Gisis, Yoram Kaniuk, Dani Karavan, Yehoshua Knaz, Elia Leibowitz, Alex Libak, Hanna Meron, Sammy Michael, Merav Michaeli, Sefi Rachlevsky, Gabi Solomon, David Tartakower, Micha Ullman, dentre muitos outros.
Declaração de Independência: Contra o Fascismo Israelense
[texto integral]:
[texto integral]:
Estado que use a força para invadir o domínio sagrado da consciência individual dos cidadãos, que imponha castigos àqueles cujas opiniões e crenças não coincidam com as do poder ou que não manifestem ‘o caráter’ que o estado exige, deixa de ser estado democrático e converte-se em estado fascista.
O estado de Israel foi proclamado nesse local, nessas escadas onde estamos hoje. O estado que aos poucos vai substituindo o estado democrático de Israel – e que impõe a todos leis racistas aprovadas pelo Gabinete e pelo Parlamento – exclui-se, ele mesmo, da família das nações democráticas.
Por isso nós, cidadãos da Israel consagrada na Declaração de Independência de 1948 aqui reunidos, declaramos que não somos cidadãos dessa falsa Israel, que se faz passar por Israel e que viola todos os compromissos básicos do estado de Israel, de igualdade, defesa das liberdades civis e sincero empenho em construir a paz, princípios sobre os quais se fundou o verdadeiro estado democrático de Israel.
[Contact: Sefi Rachlevsky 052-7078075]
A República Obscurantista Judia de Israel
10/10/2010, Gideon Levy, Haaretz, Telavive
Hoje é dia que não se esquecerá. Hoje, Israel mudou de caráter. Resultado da mudança, pode também mudar de nome: passará a chamar-se “República Judia de Israel”, como a “República Islâmica do Irã”. Sim, a lei “da lealdade” que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tenta aprovar visa, diretamente, só aos novos cidadãos não judeus. Mas afeta o destino de todos os israelenses.
De agora em diante, viveremos em país oficialmente autodefinido como etnocrático, nacionalista e racista.
Erra quem pense que não será afetado. Há uma maioria silenciosa que está aceitando tudo com apatia apenas levemente preocupada, como se dissesse: “Pouco me importa o país onde vivo”. E também erra quem suponha que o mundo continuará a relacionar-se com Israel como se aqui houvesse democracia, se essa lei for aprovada; no mínimo, é gente que não vê o que está acontecendo. A lei de Netanyahu é mais um passo que agride gravemente a imagem de Israel.
O primeiro-ministro Netanyahu provará hoje que, de fato, é ele o Avigdor Lieberman do Partido “Israel Nosso Lar”, e o ministro da Justiça Yaakov Neeman provará que, de fato, é membro leal do mesmo partido. O Partido Labor provará que é partido capacho. E Israel provará que nada sabe e nada pensa, de fato, sobre coisa alguma. Hoje, o projeto de lei “da lealdade”; amanhã, a lei do juramento de lealdade.
Hoje, cederá a última barreira que ainda contém a inundação que afogará o que resta da democracia israelense, até que só nos reste talvez um estado judeu cujo caráter ninguém entende, mas que, com absoluta certeza, já não será estado democrático. Os que hoje exigem aquele juramento de lealdade são os mesmos que se apropriam e traem o dever de lealdade democrática a estado democrático.
Na próxima reunião do Parlamento israelense serão discutidas cerca de 20 outros projetos de leis antidemocráticas. No fim de semana, a Associação pelos Direitos Civis de Israel divulgou uma lista negra de projetos de leis: lei de lealdade para os deputados; lei de lealdade para os produtores de filmes; lei de lealdade para as ONGs; lei que descriminaliza todas as ações que levaram à catástrofe, à Nakba dos palestinos; proibição absoluta de qualquer tipo de boicote a Israel; e uma lei que permite cassar a cidadania de cidadãos israelenses por crime de deslealdade ao estado.
É perigoso balé à moda McCarthy, dançado por deputados ignorantes que absolutamente não sabem o que é a democracia. É perigoso, mesmo que nem todos os projetos sejam aprovados, porque, ainda que só um deles seja convertido em lei, o destino e a essência de Israel terão sido alterados para sempre.
É fácil entender o pas-de-deux Netanyahu-Lieberman. Nacionalistas obcecados, ninguém espera que entendam que a democracia não é apenas o governo da maioria, mas antes, e muito mais importante, só há democracia onde se garantam os direitos das minorias. Muito mais difícil é entender a complacência das massas. Todas as ruas e praças de Israel já deveriam estar tomadas por cidadãos que não desejam ver seu país convertido em terra em que as minorias são oprimidas por leis draconianas, como essa que se prepara hoje, pela qual muitos israelenses serão obrigados a jurar em falso e prometer fidelidade impossível ao Estado judeu. Estranhamente, a maioria parece nada ver, nada entender, nada sentir.
Durante décadas, tratamos com futilidade a questão de saber o que é ser judeu. Agora, já não nos servirá de nada discutir essa questão. Trata-se agora de saber que tipo de estado corresponderá à “nação dos judeus”. A quem pertence esse estado: mais aos judeus da diáspora, ou mais aos cidadãos árabes-israelenses? Os árabes-israelenses decidirão, com seu voto, o destino do estado judeu e definirão sua democracia? Os judeus ultra-ortodoxos da seita Neturei Karta, que se opõem à existência do estado de Israel, e mais centenas de milhares de judeus que não se mudaram para Israel farão, doravante, o que bem entenderem da democracia israelense? O que será judeu? Só os feriados judeus? Só as regras da comida Kosher? A garra do establishment judeu fundamentalista aperta-se cada vez mais, como se não bastasse o que já fizeram até hoje, para perverter a democracia israelense?
A aprovação da lei de fidelidade a um estado judeu decidirá o destino de Israel. É bem possível que Israel converta-se em teocracia, como a Arábia Saudita.
Sim, sim, por hora, a frase ainda soa como slogan vazio, ridículo. Não se encontram três judeus que concordem sobre o que seja um estado judeu. Mas a história ensina que, também de slogan vazios se pavimenta o caminho para o inferno. Enquanto isso, o projeto de lei a ser votado no Parlamento de Israel só fará excluir ainda mais os árabes-israelenses. Com o tempo, conseguirá excluir segmentos cada vez maiores da população de Israel.
É o que acontece quando se jogam para baixo do tapete brasas ainda fumegantes, as brasas do pouco que os israelenses acreditam na justeza do caminho que Israel tem trilhado.
Só essa falta de confiança poderia produzir distorção tão gigantesca como a que há no projeto de lei a ser aprovado pelo Parlamento. Jamais ocorreria ao Canadá obrigar os canadenses a jurar fidelidade ao estado canadense. Nenhum outro país precisa desse tipo de juramento. Mas Israel, sim, carece dele.
A lei está sendo proposta, também, para provocar ainda mais a minoria árabe, para empurrá-los a atos cada vez mais desesperados e a ‘deslealdades’, de modo que, em breve, fique evidente que será necessário dizimar os árabes, livrar-se deles. Ou, então, a lei aparece agora para abortar qualquer possibilidade de paz com os palestinos. De um modo ou de outro, o estado judeu já foi fundado em Basel, no Primeiro Congresso Sionista, em 1897, como disse Theodor Herzl. Hoje, será fundada a República Obscurantista Judia de Israel.
Tradução dos textos: Vila Vudu
“COM PEDAÇOS DE PAU E PEDRAS”
Laerte Braga
O presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad disse em discurso na inauguração da usina nuclear de Bushehr, em presença de autoridades russas e de seu país (a usina tem tecnologia russa e se destina à produção de energia) que a defesa da revolução islâmica no caso de um ataque norte-americano ou por parte de Israel, que “nossas opções não terão limites, envolverão todo o planeta”.
Documentos liberados pelo site WikiLeaks e criados pela unidade especial da CIA – CENTRAL INTELIGENCY AGENCY – apontam casos em que cidadãos norte-americanos financiaram atividades terroristas. [1]
Em documentos anteriores o mesmo site, perto de noventa e dois mil documentos sobre as guerras do Iraque e do Afeganistão, mostra que o governo dos Estados Unidos exporta terrorismo na forma de seqüestros, assassinatos seletivos, prisões indiscriminadas em qualquer parte do mundo, práticas acentuadas no governo de George Bush como reação ao ataque às torres gêmeas do World Trade Center.
Uma das grandes dificuldades do atual presidente dos EUA Barack Obama é desmontar esse aparato repressivo, bárbaro, que, no todo, acaba se vendo presa fácil de quadrilhas de grande porte no tráfico de drogas, de mulheres e agora tráfico de petróleo a partir do México.
As políticas de terceirização de atividades de inteligência e militares postas em curso por Bush geraram distorções de tal ordem que nem a Casa Branca sabe mais a real extensão de todo o conjunto de insensatez do governo anterior.
Essas dificuldades se apresentam visíveis na reação de republicanos comandados agora pelo senador John McCain, derrotado nas eleições presidenciais por Obama e deixam claros os novos contornos do que era uma nação e hoje é um conglomerado de interesses privados de bancos, corporações do petróleo, das armas, com tentáculos capazes de paralisar o Estado e transformar a maior nação do mundo numa grande empresa voltada para o terrorismo.
Obama até agora não conseguiu entrar no salão oval.
A guerra global é uma realidade e pode ser entendida na afirmação feita por Hans Blinx, mês passado, sobre as advertências feitas a Bush que não existiam provas da presença de armas químicas e biológicas no Iraque. Blinx fala que os norte-americanos estavam “em estado de embriaguez pelo poder do arsenal que dispunham”. E continuam a dispor. Blinx foi um dos inspetores da ONU no Iraque à época que precedeu a invasão daquele país pelos EUA, à revelia do Conselho de Segurança da ONU.
Só que agora boa parte do que se convencionou chamar de forças armadas é controlada por empresas privadas e muitas ações pertinentes àquelas forças, são executadas por essas empresas. Generais norte-americanos são fachadas para executivos de companhias que tanto operam contra os Talibãs no Afeganistão, como traficam drogas, mulheres, armas, petróleo, lavam dinheiro, toda a sorte de operações criminosas de grande porte e possíveis.
A união de todas as máfias sonhada e desejada por cada chefe mafioso na história dessas organizações criminosas. Chegaram ao topo. Vendem democracia, drogas, mulheres, lavam dinheiro e têm milhares de ogivas nucleares capazes de destruir o planeta pelo menos cem vezes.
A vala com corpos de cidadãos latino-americanos que foi encontrada no México exibe o estado de caos que permeia aquele país. Ou “ex-país”. Colônia dos EUA desde a assinatura do NAFTA (tratado de livre comércio entre EUA, Canadá e México).
Uma das conseqüências ou exigências para que o conglomerado terrorista formado pelos EUA e por Israel opere é a presença de governantes dóceis e isso se consegue com corrupção. Foi o caso de FHC no Brasil, Menem na Argentina, Uribe na Colômbia e é agora com Calderón no México. Para citar apenas latino-americanos.
O chamado mundo institucional é a face visível em cor laranja dos operadores do terrorismo de estado.
No Brasil trabalham a partir do PSDB, DEM, PPS, mídia privada (GLOBO, FOLHA DE SÃO PAULO, RBS, VEJA, ÉPOCA, etc) e corporações de banqueiros, empresas nacionais e multinacionais e latifúndio. Se abrigam simbólica e realmente na sigla FIESP/DASLU.
O golpe militar em Honduras e a farsa democrática montada com o governo terrorista de Pepe Lobo (mais um jornalista foi assassinado hoje, quinta-feira, dia 26 de agosto, o nono neste ano), não difere de ações na Colômbia a partir do governo central, ou no México, tanto quanto o massacre de palestinos por Israel e as guerras do Iraque e do Afeganistão.
Despejam seus dejetos em containers democráticos no mar da Somália, ou em navios que enviam ao Brasil.
São perto de quinhentas bases militares dos EUA em todo o mundo e uma série de operações em todo o planeta para manter intato o poder dos grupos que controlam a mega empresa EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.
Ahmadinejad não disse nada diferente do que acontece na prática, disfarçada de democracia cristã e ocidental. Quis apenas mostrar que seu país está pronto para reagir a esse terrorismo e tem condições militares de fazê-lo.
O Irã detém a terceira maior reserva de petróleo do mundo. Ao transformar-se numa potência coloca em risco os “negócios” das grandes corporações que detêm o controle acionário de EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.
São assassinatos de civis no México, na Colômbia, em Honduras, no Iraque, no Afeganistão, ou de líderes de movimentos de resistência por agentes de Israel com documentos oficiais, mas nomes falsos, de países controlados pelos EUA (Grã Bretanha, Itália e Alemanha) e tudo isso mostrado ao mundo em forma de torta de maçã com canela pela mídia privada e corrompida.
Ou como disse a um grupo de professores e alunos de uma universidade paulista em visita à redação do JORNAL NACIONAL, o apresentador do dito cujo, sobre determinada notícia. “Esta não, pois contraria os nossos amigos americanos”.
Um dos fatos mais significativos desse estado de terrorismo oficial está no último discurso do presidente Lula ao referir-se ao diretor da FOLHA DE SÃO PAULO como alguém que queria saber se ele falava inglês. Se não fala, como vai governar o País? É que a FOLHA pensa em inglês, e empresta caminhões para que mortos por tortura sejam desovados em pontos de São Paulo. Preconceito puro, estampado em cores vivas na imbecilidade dos subordinados ávidos de poder.
O que tem uma coisa a ver com a outra? O discurso de Lula, o Irã, a guerra global?
Todos os fatos se encadeiam num projeto terrorista gerado em Washington desde o fim da guerra fria, para controle do resto do mundo, o que Fidel Castro chamou de “governo mundial”.
Quem acha que Hitler perdeu está equivocado. Por enquanto, em boa parte do mundo está ganhando e levando. Só mudou de bandeira. Tem as estrelas do Tio Sam e a de Davi.
E de nome.
Quem tiver boa memória vai se lembrar dos momentos que antecederam ao anúncio da invasão do Iraque. O terrorista George Bush apareceu em rede mundial de tevê sendo maquiado. Transformado por pós e cremes em anjo de guarda da democracia. Dias depois, quando ainda era viva a resistência iraquiana à invasão, proclamou que se necessário fosse “para evitar a destruição em massa do planeta, os EUA usarão armas atômicas no Iraque”.
Essa destruição em massa está acontecendo desde que Ronald Reagan assumiu o governo dos EUA. O papel de presidente bonzinho vivido por Jimmy Carter terminou com o próprio.
No filme DOCTOR STRANGELOVE, do extraordinário cineasta Stanley Kulbrick, um general comandante de uma base nuclear norte-americana decide por conta própria atacar a ex-URSS. Afirma que o comunismo está chegando ao seu país “pela água”.
O terrorismo norte-americano/sionista chega por bases militares (a Europa Ocidental hoje é colônia dos EUA), por golpes de estado, pela mídia privada vendendo idéias e factóides montados para transformar o ser humano em mero objeto.
Reduzir o Irã, a Venezuela, a Coréia do Norte, a Bolívia, Cuba, Nicarágua e alguns outros países a classificação de “ditaduras” é parte desse jogo de dominação, é a guerra global em curso.
Assassinar civis latino-americanos e jogá-los em covas rasas (México, Colômbia e Honduras) é apenas construir outras formas de muros para que o genocídio de palestinos se transforme em algo corriqueiro.
E palestinos restamos sendo todos nós.
Comemorar a morte de civis iraquianos com expressões como “matamos os bastardos”, quer dizer apenas que boçais fardados tomaram o petróleo do Iraque. Que os “negócios” vão continuar prosperando.
Sustentar governos de fachada como na Colômbia, no México, em Honduras, Costa Rica (“sem a polícia, sem a milícia...” A canção cantada por Milton Nascimento já não tem mais sentido, só saudades, uma base militar dos EUA já está sendo montada em San José), Afeganistão, Iraque, etc, controlar os países europeus, avançar sobre a América Latina, matar a África de fome, isso é a guerra global.
A barbárie capitalista. Tem sede em Washington e em Tel Aviv e filiais em todos os cantos do mundo.
No Brasil a mídia privada vende vinte e quatro horas por dia a idéia que Hollywood é o paraíso.
Se você conseguir pular o muro e escapar dos “grupos organizados de extermínio”.
A não ser que seu nome seja William Bonner, Boris Casoy, ou outros menores como Miriam Leitão, Lúcia Hipólito, Pedro Bial, Reinaldo Azevedo, Diogo Mainardi, um monte. E lógico, o tal Frias da FOLHA da ditabranda.
Com sorte, consegue virar ex-BBB e escapar para as cavernas, pois a próxima guerra, a quarta, a terceira está em curso, como dizia Einstein, será travada “com pedaços de pau e pedras”.
O que Ahmadinejad disse foi apenas que seu povo resistirá. E está pronto para isso.
[1] Leia também o Ficha Corrida: VEJA quem defende o terrorismo de estado no Brasil
Usina nuclear de Bushehr: o Irã revida
24/8/2010, Kaveh L Afrasiabi, Asia Times Online – http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/LH24Ak04.html
No sábado, 21/8/, a usina nuclear na cidade de Bushehr, no sul do Irã, projeto várias vezes adiado, foi abastecida com combustível atômico. Foi o primeiro passo para a usina, construída pelos russos, entrar em funcionamento em setembro. É a realização de objetivo há muito buscado pelo Irã e que várias vezes foi ameaçado por custosos adiamentos e pelo esforço de EUA e Israel para convencer Moscou a impedir que a usina começasse a operar, pelo menos até que o Irã aceitasse render-se às resoluções da ONU e respectivas sanções.
A secretária de Estado Hillary Clinton disse várias vezes que, na opinião de Washington, Bushehr só poderia começar a operar, se o Irã convencesse o mundo de que não enriqueceria urânio, ou que mudasse de atitude, por efeito das sanções internacionais.
Pelo que se vê, o Irã continua a desafiar essas ‘ordens’. Alaedin Boroujerdi, presidente da Comissão de Segurança Nacional e Política Exterior do Parlamento, disse categoricamente que “as duas questões, do enriquecimento de urânio e de segurança nacional são questões interconectadas”. Em outras palavras, congelar a atividade de enriquecimento de urânio implicaria riscos à segurança nacional do Irã.
“Os russos têm dado sinais de que são confiáveis”, disse Boroujerdi. “Pode estar próxima a hora de reparar nossas relações, para os dois lados, de modo que se possam extrair melhores resultados do potencial que há para atender objetivos das duas nações.” Essas palavras implicam que poderá haver acordo de mais ampla cooperação nuclear entre russos e iranianos, à luz de vários memorandos de entendimento que Teerã e Moscou já assinaram, para outras usinas a serem construídas no Irã.
Agora, dadas as considerações políticas globais e internas na Rússia – onde o primeiro-ministro Vladimir Putin capitalizou os louros por ter apoiado a decisão de construir Bushehr, apesar da resistência do presidente Dmitry Medvedev, mais 'ocidentalizante' –, caberá ao Irã dar sinais de flexibilidade nas negociações nucleares, para diminuir a pressão, sobre a Rússia, que virá das nações ocidentais.
Políticos iranianos, entre os quais Ali Akbar Velayati, conselheiro do Líder Supremo Aiatolá Ali Khamenei, manifestou uma nova disposição dos iranianos para engajarem-se em negociações nucleares com Washington no contexto do Grupo de Viena – EUA, Rússia, França e a Agência Internacional de Energia Atômica [ing. International Atomic Energy Authority (IAEA) – e do grupo “Irã-6” (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha).
É muito provável que esse outono seja estação frutífera para a diplomacia nuclear, se o início das operações da usina de Bushehr for o primeiro passo para acordo multilateral com vistas à troca de combustível nuclear para o pequeno reator de pesquisas em Teerã – ou, em outras palavras, dois movimentos para construir confiança e tentar esvaziar uma crise nuclear. No início do mês, Fidel Castro, muito oportunamente, alertou para o risco de a crise nuclear evoluir para guerra nuclear (ver Castro: Nuclear sage or siren, Asia Times Online, 12/8/2010, em http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/LH12Ak01.html).
Do ponto de vista do Irã, alcançar seus dois objetivos-gêmeos – inaugurar a usina de Bushehr e pô-la a funcionar depois de 12 anos de atrasos e adiamentos; e conseguir combustível para o reator de Teerã – é sucesso absoluto, estabelece um novo marco e serve de garantia de pensamento novo, no difícil tema do diálogo com Washington.
“A decisão final nessa questão virá do Supremo Líder Aiatolá Khamenei, o qual já enviou sinais positivos por seus conselheiros, ao ocidente. Se a proposta do ocidente, sobre o diálogo, for proposta séria, o Irã está pronto para dialogar”, disse um professor de ciência política da Universidade de Teerã, conhecido por ser do círculo pessoal de relações do presidente.
Mas permanece o principal desafio que Teerã enfrenta: como alcançar seus objetivos de converter-se em potência nuclear e como sobreviver à pressão das sanções, sem ser obrigado a fazer concessões substantivas?
Afinal, a capacidade para enriquecer urânio já deu ao Irã um status de potência ‘proto-nuclear’, que atende vários dos objetivos de segurança nacional do país, e ganho do qual, portanto, dificilmente o país abrirá mão em troca de algum outro tipo de ganho –, o que não impede que se considerem opções intermediárias. Entre essas opções está a chamada ‘opção de reserva’ e uma inspeção mais rigorosa, pela IAEA, das instalações iranianas. Teerã já negou várias vezes as acusações, por governos ocidentais, de que estaria construindo armas nucleares para aumentar seu poder ofensivo.
Os EUA já disseram que não veem “risco de proliferação” em Bushehr, apesar de Israel ter declarado “inaceitável” o suprimento de urânio enriquecido para combustível do reator nuclear fornecido pelos russos. O canal Fox News citou Yossi Levy, porta-voz do ministro de Negócios Exteriores de Israel, para o qual “A comunidade internacional deve aumentar a pressão para obrigar o Irã a aceitar as decisões internacionais e suspender as atividades de enriquecimento e construção de reatores.”
Isso posto, deve-se considerar também a decisão dos russos, os quais (i) ignoraram a pressão dos EUA para que a inauguração de Bushehr fosse adiada (alegadamente, para que se pudesse analisar melhor o ambiente geoestratégico, que poderia ter consequências também para a segurança da Rússia, se o ocidente decidir manter a estratégia de enfraquecer o Irã) –, (ii) resistiram à expansão da OTAN e (iii) resistiram ao intervencionismo norte-americano.
Em outras palavras, é possível que também se devam considerar, para analisar esse quadro, (i) a razão (geopolítica) pela qual Putin desafiou e derrotou os políticos mais ‘ocidentalizantes’ em Moscou; (ii) as obrigações contratuais que os russos assumiram; e (iii) interesses puramente econômicos.
Quanto a isso, os EUA e a União Europeia (além de Israel) são responsáveis pelas dificuldades geradas pela grandiloquência, pelo radicalismo e pelo exagero de suas posições, seja pela imposição de novas sanções econômicas, que Moscou e Pequim desmoralizaram, seja pelas ameaças excessivas, superdramatizadas, contra o Irã, que criaram cenário inaceitável, do ponto de vista dos interesses de russos e chineses.
Se a situação de ‘confronto’ nuclear não tivesse sido inflada até o ponto em que está hoje, a inauguração de um reator atômico para finalidades de pesquisa e sob total supervisão da IAEA jamais seria objeto de tantos discursos sobre ‘riscos’ e ‘perigos’ e ‘efeitos colaterais’ e respectivas implicações.
Mas, porque os EUA conduziram o processo como o conduziram, a inauguração da usina de Bushehr tem hoje o efeito de torpedo que atingiu em cheio os que defenderam a aplicação de mais sanções – e, isso, apesar de a usina de Bushehr aparecer como exceção nas resoluções da ONU que aplicaram sanções ao Irã.
“A inauguração da usina de Bushehr é prova de que as ameaças que tantos rugem contra o Irã não passam de propaganda e tentativas de intimidar psicologicamente” – disse Kazem Jalali, porta-voz da Comissão de Segurança Nacional e Política Exterior do Parlamento. Mesmo assim, além do efeito psicológico, o bem evidente efeito político da inauguração de Bushehr é sinalizar ao ocidente que nem sanções nem ameaças conseguirão deter o Irã, na marcha para converter-se em potência nuclear.
O Irã exibe sua musculatura militar
Simultaneamente, ante tantas ameaças de ataque externo às suas instalações nucleares, o Irã, nos últimos meses, tem cuidado de exibir melhor musculatura militar: já apresentou um avião-robô, que o presidente Mahmoud Ahmadinejad chamou de “embaixador da morte, contra os inimigos do Irã”. A expressão causou (outra vez!) excessivo ‘escândalo’ no ocidente: avião-robô semelhante ao iraniano, mas norte-americano, chama-se “Predador”, nome que jamais escandalizou alguém.
É a terceira geração de mísseis fabricados no Irã, parte do projeto estratégico de defesa do país, de preparar-se para uma “guerra de mísseis” contra alvos duros e “soft” em toda a região do Golfo Persa – e além –, no caso de o país ser atacado. O programa inclui produção em massa de minissubmarinos, barcos equipados com torpedos e mísseis, além de um míssil terra-terra, o Qiam 1. Esse míssil é descrito pelos militares iranianos como “de alta velocidade, invisível ao radar” e pode ser “lançado de vários tipos de plataformas”.
Sempre insistindo em que o Irã investe em melhorar sua capacidade militar para fins exclusivamente defensivos, Teerã tenta, ao mesmo tempo, abrir caminho para o mercado global exportador de armamentos. Semana passada, o ministro da Defesa do Irã Ahmad Vahidi anunciou que o Irã já pode exportar armamentos para cerca de 50 países.
Apresentando as novas armas como prova de que o Irã está cada vez mais “autoconfiante” e cada dia “mais acredita em si mesmo”, altos oficiais do exército têm chamado atenção para o quadro regional, que explica a atual orientação, no Irã, para preparar-se para o que se conhece como “guerra assimétrica”.
Essa estratégia exige, dentre outras coisas, veículos táticos de alta mobilidade; produção em massa de mísseis; capacidades para operar minas; além do que se chama “estratégia de contenção expandida” que visa a “expandir o teatro do conflito” – o que significa atingir os interesses do atacante, no Oriente Médio e em todo o planeta. Khamenei disse recentemente que “se o Irã for atacado, o contra-ataque não será só regional e alcançará cenário muito mais amplo”.
Não há como negar, no Irã, que o país tem grandes setores militares ainda extremamente vulneráveis, sobretudo nos sistemas de defesa antiaérea – motivo pelo qual o Irã espera ansiosamente que a Rússia entregue o sistema de defesa S-300, já comprado e pago, cuja entrega Moscou tem adiado por razões políticas, dentre outras, inclusive por pressão da Arábia Saudita. (...)
Seja como for, a verdade é que nem todos estão satisfeitos com a atenção que o Irã dá à própria postura exclusivamente defensiva. Nas comemorações do Dia da Indústria Militar Iraniana, Ahmadinejad disse que “o Irã jamais iniciará um ataque”. É ideia que talvez ajude a aplacar as angústias de alguns vizinhos árabes no Golfo Persa, mas, ao mesmo tempo, rouba do Irã as vantagens do “ataque preventivo”, tão essencialmente crucial na estratégia militar dos poderes ocidentais – EUA, França e Israel, com certeza.
Em outras palavras, há um fosso disfuncional entre os interesses da segurança nacional do Irã e, do outro lado, uma doutrina militar unidimensional, puramente defensiva, que se autolimita, ao excluir categoricamente a possibilidade de ataque preventivo. É fosso perigoso, que pode paralisar os esforços de contraterrorismo, sobretudo no que tenham a ver com as operações nas regiões fronteiriças, com Paquistão e Iraque.
Vários analistas da política iraniana disseram a esse autor que o Irã entra perigosamente fragilizado, na cada vez mais clara corrida armamentista na região, e não deveria atuar “unidimensionalmente” (o que está fazendo hoje, ao declarar-se “exército de defesa” e rejeitar por princípio o “ataque preventivo”). O “ataque preventivo” é instrumento que o Irã deveria manter acessível, no caso de haver informação sobre ameaça real de ataque ao país. A linha que separa “defesa” e “ataque” pode ter sido traçada com excessiva precisão (movimento que pode ter sido resultado da pressão do ocidente) – em detrimento dos interesses da segurança nacional do Irã.
A secretária de Estado Hillary Clinton disse várias vezes que, na opinião de Washington, Bushehr só poderia começar a operar, se o Irã convencesse o mundo de que não enriqueceria urânio, ou que mudasse de atitude, por efeito das sanções internacionais.
Pelo que se vê, o Irã continua a desafiar essas ‘ordens’. Alaedin Boroujerdi, presidente da Comissão de Segurança Nacional e Política Exterior do Parlamento, disse categoricamente que “as duas questões, do enriquecimento de urânio e de segurança nacional são questões interconectadas”. Em outras palavras, congelar a atividade de enriquecimento de urânio implicaria riscos à segurança nacional do Irã.
“Os russos têm dado sinais de que são confiáveis”, disse Boroujerdi. “Pode estar próxima a hora de reparar nossas relações, para os dois lados, de modo que se possam extrair melhores resultados do potencial que há para atender objetivos das duas nações.” Essas palavras implicam que poderá haver acordo de mais ampla cooperação nuclear entre russos e iranianos, à luz de vários memorandos de entendimento que Teerã e Moscou já assinaram, para outras usinas a serem construídas no Irã.
Agora, dadas as considerações políticas globais e internas na Rússia – onde o primeiro-ministro Vladimir Putin capitalizou os louros por ter apoiado a decisão de construir Bushehr, apesar da resistência do presidente Dmitry Medvedev, mais 'ocidentalizante' –, caberá ao Irã dar sinais de flexibilidade nas negociações nucleares, para diminuir a pressão, sobre a Rússia, que virá das nações ocidentais.
Políticos iranianos, entre os quais Ali Akbar Velayati, conselheiro do Líder Supremo Aiatolá Ali Khamenei, manifestou uma nova disposição dos iranianos para engajarem-se em negociações nucleares com Washington no contexto do Grupo de Viena – EUA, Rússia, França e a Agência Internacional de Energia Atômica [ing. International Atomic Energy Authority (IAEA) – e do grupo “Irã-6” (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha).
É muito provável que esse outono seja estação frutífera para a diplomacia nuclear, se o início das operações da usina de Bushehr for o primeiro passo para acordo multilateral com vistas à troca de combustível nuclear para o pequeno reator de pesquisas em Teerã – ou, em outras palavras, dois movimentos para construir confiança e tentar esvaziar uma crise nuclear. No início do mês, Fidel Castro, muito oportunamente, alertou para o risco de a crise nuclear evoluir para guerra nuclear (ver Castro: Nuclear sage or siren, Asia Times Online, 12/8/2010, em http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/LH12Ak01.html).
Do ponto de vista do Irã, alcançar seus dois objetivos-gêmeos – inaugurar a usina de Bushehr e pô-la a funcionar depois de 12 anos de atrasos e adiamentos; e conseguir combustível para o reator de Teerã – é sucesso absoluto, estabelece um novo marco e serve de garantia de pensamento novo, no difícil tema do diálogo com Washington.
“A decisão final nessa questão virá do Supremo Líder Aiatolá Khamenei, o qual já enviou sinais positivos por seus conselheiros, ao ocidente. Se a proposta do ocidente, sobre o diálogo, for proposta séria, o Irã está pronto para dialogar”, disse um professor de ciência política da Universidade de Teerã, conhecido por ser do círculo pessoal de relações do presidente.
Mas permanece o principal desafio que Teerã enfrenta: como alcançar seus objetivos de converter-se em potência nuclear e como sobreviver à pressão das sanções, sem ser obrigado a fazer concessões substantivas?
Afinal, a capacidade para enriquecer urânio já deu ao Irã um status de potência ‘proto-nuclear’, que atende vários dos objetivos de segurança nacional do país, e ganho do qual, portanto, dificilmente o país abrirá mão em troca de algum outro tipo de ganho –, o que não impede que se considerem opções intermediárias. Entre essas opções está a chamada ‘opção de reserva’ e uma inspeção mais rigorosa, pela IAEA, das instalações iranianas. Teerã já negou várias vezes as acusações, por governos ocidentais, de que estaria construindo armas nucleares para aumentar seu poder ofensivo.
Os EUA já disseram que não veem “risco de proliferação” em Bushehr, apesar de Israel ter declarado “inaceitável” o suprimento de urânio enriquecido para combustível do reator nuclear fornecido pelos russos. O canal Fox News citou Yossi Levy, porta-voz do ministro de Negócios Exteriores de Israel, para o qual “A comunidade internacional deve aumentar a pressão para obrigar o Irã a aceitar as decisões internacionais e suspender as atividades de enriquecimento e construção de reatores.”
Isso posto, deve-se considerar também a decisão dos russos, os quais (i) ignoraram a pressão dos EUA para que a inauguração de Bushehr fosse adiada (alegadamente, para que se pudesse analisar melhor o ambiente geoestratégico, que poderia ter consequências também para a segurança da Rússia, se o ocidente decidir manter a estratégia de enfraquecer o Irã) –, (ii) resistiram à expansão da OTAN e (iii) resistiram ao intervencionismo norte-americano.
Em outras palavras, é possível que também se devam considerar, para analisar esse quadro, (i) a razão (geopolítica) pela qual Putin desafiou e derrotou os políticos mais ‘ocidentalizantes’ em Moscou; (ii) as obrigações contratuais que os russos assumiram; e (iii) interesses puramente econômicos.
Quanto a isso, os EUA e a União Europeia (além de Israel) são responsáveis pelas dificuldades geradas pela grandiloquência, pelo radicalismo e pelo exagero de suas posições, seja pela imposição de novas sanções econômicas, que Moscou e Pequim desmoralizaram, seja pelas ameaças excessivas, superdramatizadas, contra o Irã, que criaram cenário inaceitável, do ponto de vista dos interesses de russos e chineses.
Se a situação de ‘confronto’ nuclear não tivesse sido inflada até o ponto em que está hoje, a inauguração de um reator atômico para finalidades de pesquisa e sob total supervisão da IAEA jamais seria objeto de tantos discursos sobre ‘riscos’ e ‘perigos’ e ‘efeitos colaterais’ e respectivas implicações.
Mas, porque os EUA conduziram o processo como o conduziram, a inauguração da usina de Bushehr tem hoje o efeito de torpedo que atingiu em cheio os que defenderam a aplicação de mais sanções – e, isso, apesar de a usina de Bushehr aparecer como exceção nas resoluções da ONU que aplicaram sanções ao Irã.
“A inauguração da usina de Bushehr é prova de que as ameaças que tantos rugem contra o Irã não passam de propaganda e tentativas de intimidar psicologicamente” – disse Kazem Jalali, porta-voz da Comissão de Segurança Nacional e Política Exterior do Parlamento. Mesmo assim, além do efeito psicológico, o bem evidente efeito político da inauguração de Bushehr é sinalizar ao ocidente que nem sanções nem ameaças conseguirão deter o Irã, na marcha para converter-se em potência nuclear.
O Irã exibe sua musculatura militar
Simultaneamente, ante tantas ameaças de ataque externo às suas instalações nucleares, o Irã, nos últimos meses, tem cuidado de exibir melhor musculatura militar: já apresentou um avião-robô, que o presidente Mahmoud Ahmadinejad chamou de “embaixador da morte, contra os inimigos do Irã”. A expressão causou (outra vez!) excessivo ‘escândalo’ no ocidente: avião-robô semelhante ao iraniano, mas norte-americano, chama-se “Predador”, nome que jamais escandalizou alguém.
É a terceira geração de mísseis fabricados no Irã, parte do projeto estratégico de defesa do país, de preparar-se para uma “guerra de mísseis” contra alvos duros e “soft” em toda a região do Golfo Persa – e além –, no caso de o país ser atacado. O programa inclui produção em massa de minissubmarinos, barcos equipados com torpedos e mísseis, além de um míssil terra-terra, o Qiam 1. Esse míssil é descrito pelos militares iranianos como “de alta velocidade, invisível ao radar” e pode ser “lançado de vários tipos de plataformas”.
Sempre insistindo em que o Irã investe em melhorar sua capacidade militar para fins exclusivamente defensivos, Teerã tenta, ao mesmo tempo, abrir caminho para o mercado global exportador de armamentos. Semana passada, o ministro da Defesa do Irã Ahmad Vahidi anunciou que o Irã já pode exportar armamentos para cerca de 50 países.
Apresentando as novas armas como prova de que o Irã está cada vez mais “autoconfiante” e cada dia “mais acredita em si mesmo”, altos oficiais do exército têm chamado atenção para o quadro regional, que explica a atual orientação, no Irã, para preparar-se para o que se conhece como “guerra assimétrica”.
Essa estratégia exige, dentre outras coisas, veículos táticos de alta mobilidade; produção em massa de mísseis; capacidades para operar minas; além do que se chama “estratégia de contenção expandida” que visa a “expandir o teatro do conflito” – o que significa atingir os interesses do atacante, no Oriente Médio e em todo o planeta. Khamenei disse recentemente que “se o Irã for atacado, o contra-ataque não será só regional e alcançará cenário muito mais amplo”.
Não há como negar, no Irã, que o país tem grandes setores militares ainda extremamente vulneráveis, sobretudo nos sistemas de defesa antiaérea – motivo pelo qual o Irã espera ansiosamente que a Rússia entregue o sistema de defesa S-300, já comprado e pago, cuja entrega Moscou tem adiado por razões políticas, dentre outras, inclusive por pressão da Arábia Saudita. (...)
Seja como for, a verdade é que nem todos estão satisfeitos com a atenção que o Irã dá à própria postura exclusivamente defensiva. Nas comemorações do Dia da Indústria Militar Iraniana, Ahmadinejad disse que “o Irã jamais iniciará um ataque”. É ideia que talvez ajude a aplacar as angústias de alguns vizinhos árabes no Golfo Persa, mas, ao mesmo tempo, rouba do Irã as vantagens do “ataque preventivo”, tão essencialmente crucial na estratégia militar dos poderes ocidentais – EUA, França e Israel, com certeza.
Em outras palavras, há um fosso disfuncional entre os interesses da segurança nacional do Irã e, do outro lado, uma doutrina militar unidimensional, puramente defensiva, que se autolimita, ao excluir categoricamente a possibilidade de ataque preventivo. É fosso perigoso, que pode paralisar os esforços de contraterrorismo, sobretudo no que tenham a ver com as operações nas regiões fronteiriças, com Paquistão e Iraque.
Vários analistas da política iraniana disseram a esse autor que o Irã entra perigosamente fragilizado, na cada vez mais clara corrida armamentista na região, e não deveria atuar “unidimensionalmente” (o que está fazendo hoje, ao declarar-se “exército de defesa” e rejeitar por princípio o “ataque preventivo”). O “ataque preventivo” é instrumento que o Irã deveria manter acessível, no caso de haver informação sobre ameaça real de ataque ao país. A linha que separa “defesa” e “ataque” pode ter sido traçada com excessiva precisão (movimento que pode ter sido resultado da pressão do ocidente) – em detrimento dos interesses da segurança nacional do Irã.
Tradução: Vila Vudu
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