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Fernando Haddad esmaga porcalistas iletrados no Roda Viva

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Enem: Um exemplo terrível para São Paulo

Subtrair espaços à exclusão equivale no Brasil a estreitar o horizonte político do conservadorismo. E vice versa.

A atordoante derrota de Serra em SP credencia a maior cidade do país, uma das três maiores manchas urbanas do planeta, a se tornar uma gigantesca referencia políticas sociais emancipadoras.

Os derrotados sabem que uma seta do tempo foi disparada no dia 28 de outubro de 2012; ela tem potencial para traçar um novo divisor de ciclos na política brasileira.
Desdenhar do feito de Lula é uma forma de acusar o golpe. Outra é tentar implodir seu autor e seu entorno.

'Veja', os mervais, robertos freires e que tais estão soltos na praça sem focinheira.
Estão fazendo as duas coisas ao mesmo tempo. E com o mesmo objetivo: segurar a seta do tempo histórico.

O êxito do Enem nesse momento, uma semana depois da derrota maiúscula do PSDB em casa, não poderia acontecer em hora mais ingrata.

Com Haddad e Lula, o exame criado pelos tucanos virou uma porta de entrada de pobres na universidade.

Um exemplo terrível de coisas que podem acontecer em SP.

Carta Maior
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Entrevista com Ana Estela Haddad



Terra Magazine – Neste domingo (28), seu marido foi eleito prefeito de São Paulo com 3,38 milhões de votos (55,57%). Quando o resultado oficial foi anunciado, no início da noite, vocês estavam em uma suíte do hotel Intercontinental. Qual foi a primeira reação de Haddad?

Ana Estela Haddad - Estávamos em família, na suíte do hotel, quando Gabriel Chalita (PMDB) e a ministra Marta Suplicy (Cultura) chegaram na hora do resultado. Vibramos e aplaudimos muito. Estávamos muito felizes. O Fernando (Haddad) não falou nada em especial, que me lembre, apenas vibrou muito. Foi um momento maravilhoso e de muita emoção.

Durante o discurso da vitória, na Avenida Paulista, Haddad disse que recebeu quatro telefonemas importantes: do ex-presidente Lula, da presidente Dilma Rousseff, do prefeito Gilberto Kassab (PSD) e do tucano José Serra, seu adversário no segundo turno. Qual foi o efeito de cada uma dessas ligações?

Olha, ele recebeu a ligação do presidente Lula, da presidenta Dilma e do presidente do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, Alceu Penteado Navarro. Também recebeu a ligação do prefeito Kassab, mas o Serra só telefonou mesmo após as 22 horas, quando saímos da comemoração na Paulista. Fernando (Haddad) ficou muito contente com os telefonemas. O do presidente do TRE-SP significava uma oficialização do resultado.

Haddad comentou o que falou com Lula e Dilma ao telefone?

Os dois parabenizaram Fernando (Haddad) pela eleição. Conversaram um pouco, mas não entramos em detalhes sobre o que foi falado.

Seu marido estava em campanha desde o início do ano e, por muito tempo, apareceu com apenas 3% das intenções de voto nas pesquisas. Em algum momento, Haddad ou você pensaram que disputar a eleição tinha sido um erro?

Nunca. Sempre tivemos a certeza de que era uma coisa importante e que tínhamos que fazer.

E que Haddad não seria eleito? Em algum momento, sinceramente, isso passou pela cabeça de vocês?

A gente já vivenciou outros processos eleitorais e sabe que uma eleição é um processo que pode trazer muitas surpresas, mas acreditamos no trabalho e no projeto e não podíamos parar para pensar muito sobre isso. Lutamos por aquilo que acreditamos e isso nos deu tranquilidade e sensação de dever cumprido. Mas tem sempre uma parte que não depende da gente, variáveis que deixam impossível prever o resultado.

Na sua avaliação, por tudo o que observou no comportamento do seu marido nos últimos meses, qual foi o pior momento da campanha para Haddad?

Sem dúvida nenhuma, o início da campanha foi o mais difícil. O resultado das pesquisas mostrava o Fernando (Haddad) com 3% das intenções de voto. Não sabíamos quanto faltava (para vencer a eleição) ou até quanto iríamos chegar.

No final do primeiro turno, Celso Russomanno (PRB), então líder nas pesquisas, iniciou uma forte ofensiva contra Haddad. Disse que seu marido "mente descaradamente" e colocou em dúvida a atuação política de Haddad até a disputa pela Prefeitura. Qual foi o reflexo desses ataques na sua família? Como reagiram seus filhos, Frederico e Carolina?

Desde o começo da campanha a gente sabia que poderia enfrentar adversidades em relação a ataques pessoais. A gente acompanhou a campanha presidencial, em 2010, em que a presidente Dilma disputou contra José Serra… Claro que a gente queria uma campanha pautada pelos projetos e ideias. Quando vai para o lado do ataque pessoal, baixa o nível e, dessa forma, desrespeita o eleitor. Nós só pudemos lamentar a atitude de Russomanno. Mas não houve efeito na minha família, porque a gente sabia que isso poderia acontecer.

Quando conversamos pela primeira vez, em setembro, você disse que seria uma primeira-dama atuante, mas frisou que não teria papel de gestora. Qual será sua função como mulher do prefeito de São Paulo?

Acho que ainda é muito cedo para se falar disso. Não se passaram nem 48 horas do resultado. Essa semana, Fernando (Haddad) se prepara para planejar o trabalho daqui pra frente. Já se encontrou com o presidente Lula e com a presidenta Dilma e, nesta terça-feira (30), teve reunião com o prefeito Kassab (PSD) e com o governador Geraldo Alckmin (PSDB). Ainda não tenho claro qual será meu papel, mas quero esperar que ele (Haddad) dê os primeiros passos, componha o seu secretariado e, assim, estarei à disposição para contribuir como primeira-dama, sempre seguindo aquilo em que eu acredito.

Você disse que não gosta do termo "primeira-dama". Como quer ser chamada?

Esse termo vem acompanhado de uma visão patriarcal, de coisas mais antigas mesmo. Vivemos em uma realidade com a primeira mulher presidenta do Brasil. Por isso, acho que existem espaços interessantes e que a gente pode trabalhar essa função de forma mais contemporânea, alinhada com o papel da mulher hoje. Estou tranquila, podemos seguir, mas sem se prender à questão do termo e, sim, à atuação.

Você acha que a rotina de sua família vai mudar muito com Haddad sendo prefeito de São Paulo?

No que estiver ao meu alcance, quero me esforçar para que nossa vida mude o mínimo possível. Mesmo em Brasília, durante os seis anos em que o Fernando (Haddad) foi ministro da Educação, mantivemos o espaço da vida pessoal do jeito mais normal e natural possível. Claro que, na Prefeitura, morando em São Paulo, a exposição deve ser maior, mas faremos o possível para que nossa vida não mude bruscamente.

Em sua primeira entrevista coletiva como prefeito eleito, na segunda-feira (29), Haddad disse que ainda não tinha nomes definidos para o seu secretariado, mas que não trabalharia "com indicações de caráter pessoal". Você é uma das pessoas que ele mais escuta. Quais os conselhos que já lhe deu nesse sentido?

Não dei nenhum conselho porque ele é o prefeito eleito e vai, tenho certeza, dentro do que ele se propôs a fazer, tomar as melhores decisões. A decisão final é dele, sempre levando em conta o perfil do trabalho a ser desenvolvido para que consiga realizar o plano de governo que ele prometeu. E, claro, considerando os partidos aliados, as pessoas envolvidas, que trabalharam na campanha. Mas ainda não tem nada definido.
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A busca das saídas para São Paulo

Luis Nassif 

Eleito prefeito de São Paulo, o economista, cientista social e filósofo Fernando Haddad terá pela frente um dos maiores desafios da gestão pública mundial: como humanizar uma grande metrópole, no caso, uma das maiores e mais desiguais do planeta.

É tarefa ciclópica que exigirá não apenas determinação política mas, também, diagnósticos precisos.

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Tome-se o caso do ex-prefeito José Serra. Foi um belo Ministro da Saúde porque encontrou prontos, no Ministério, diagnósticos, conceitos e planos de ações, esperando apenas o empurrão. E atuou politicamente com coragem e determinação.

Na Prefeitura, sem dispor dessa visão completa que havia na Saúde, e aparentemente abrindo mão de qualquer esforço de aprendizado, Serra nada fez. Foi incapaz de pensar diagnósticos, não atraiu pensadores, gestores e, de olho nas campanhas futuras, flexibilizou o sistema de licenciamento de construção em níveis anteriormente só vistos na gestão Paulo Maluf.

Entrou prefeito e, depois, deixou a Prefeitura, sem entender pontos básicos de administração de metrópoles. A ponto de, tempos atrás, em um evento em São Paulo- presente um economista norte-americano especialista em economia das cidades - criticar os ônibus por "atravancarem" o trânsito.

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Haddad entra com outro pique. Com uma formação mais vasta que Serra, já na montagem do seu plano de governo conseguiu trazer de volta para o PT grupos intelectuais que haviam debandado em função do escândalo do "mensalão". E também toda uma geração de urbanistas que desiludiu-se com a prefeitura depois que ela subordinou as principais decisões urbanísticas aos interesses da indústria imobiliária.

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Haddad assume com a intenção de retomar as rédeas do plano diretor, mas sabendo que a construção civil é um aliado imprescindível para a melhoria da cidade - desde que a prefeitura defina claramente as prioridades. O descontrole imobiliário, atendendo a temas imediatistas, no final do processo acaba sendo ruim para todos, inclusive para o setor imobiliário.

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Um dos pontos centrais da reforma urbana será o de aproximar os moradores do emprego. Haddad já apontou a política fiscal como indutora para levar mais empresas para as regiões pobres da cidade.

Há outros temas mais complexos, especialmente o da segregação de moradias, que faz com que toda a cadeia produtiva das classes de maior poder aquisitivo - empregados domésticos, prestadores de serviços, empregados de comércio - morem a quilômetros de distância do local de serviço.

Há um enorme espaço de reurbanização em zonas de interesse social nas quais se deverá experimentar a convivência de moradias caras com moradias populares.

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Mas o ponto central de uma administração moderna - enfatizada por Haddad em seu discurso inicial - será promover o diálogo com todas as formas de organização que habitam o microcosmo riquíssimo da metrópole.

Tomem-se as Organizações Sociais (OSs) de saúde. Úteis, sim. Mas, a exemplo do PAS de Paulo Maluf, anunciou-se mas não se implementou a perna principal: dar força aos conselhos de saúde, capazes de fiscalizar não apenas a qualidade dos serviços como os gastos de cada unidade.

A promoção desse diálogo amplo - com intelectuais, especialistas, organizações populares e empresariais - poderá ser o ponto de partida para o reencontro da metrópole com seus moradores.

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Obsessão produtiva já faz Haddad prefeito de fato

Encontro com Dilma vira reunião de trabalho, visita a Alckmin será para buscar acesso para a capital a convênios estaduais, ida a Kassab visa montar transição e benção a Lula foi para iniciar montagem de governo: imediatamente após vitória eleitoral, Fernando Haddad ocupa todos espaços como administrador objetivo, frio e calculista; 247 traça retrato, a partir de dezenas de entrevistas, de que como será esse prefeito


Nas últimas 72 horas, 247 ouviu mais de duas dezenas de personagens que participaram diretamente da formulação, aplicação e ajustes da estratégia eleitoral de Fernando Haddad – a começar pelo próprio prefeito eleito.

Ministros de Estado, parlamentares, intelectuais que ajudaram a escrever o programa de governo, jornalistas que andaram atrás, à frente e ao lado do candidato pelo bairros de São Paulo, assessores diretos e, também, adversários. Dessas audições, emergiram informações inéditas, detalhes de relevância e impressões que, cada qual ao seu modo, contribuem para adiantar que tipo de prefeito terá a maior cidade da América Latina a partir de 1º de janeiro de 2013.

A primeira conclusão é: Haddad será um prefeito operoso. A tal ponto que, em quatro movimentos sucessivos e rápidos, ele imediatamente ocupou o espaço político que lhe foi concedido pelas urnas e, na prática, já vai ultrapassando a condições de prefeito eleito para ser o prefeito de fato.

Nos dois primeiros dias após a vitória, ele esteve com a presidente Dilma Rousseff nesta segunda-feira 29, pela manhã, no Palácio do Planalto, visitou o ex-presidente Lula e tem em sua agenda, para a terça 30, uma ida ao Palácio dos Bandeirantes, onde estará com o governador Geraldo Alckmin, e à Prefeitura, para dialogar com Gilberto Kassab.

O que poderiam ser, apenas, reuniões protocolares obrigatórias se transformaram em encontros de trabalho. Com Dilma, Haddad economizou tempo nos salamaleques e partiu, graças ao seu alinhamento direto com ela, para discutir a formação de grupos de trabalho que, na prática, irão levar para São Paulo pacotes federais de bilhões de reais para as áreas de Saúde, Educação, Transportes e Social.

Diante de Alckmin, a conversa iria girar, de acordo com os planos do futuro prefeito, em torno de parcerias concretas que poderão ser firmadas entre a municipalidade e o governo estadual.

"Queremos participar de todos os convênios abertos pelo governo estadual em benefício dos municípios paulistas", disse Haddad que, em meio as reuniões fechadas, concedeu uma longa entrevista coletiva da qual participaram mais de uma centena de profissionais da mídia. Ali, abriu uma idéia que será apresentada a Alckmin já no primeiro encontro: a que encampa uma das propostas de governo do adversário eleitoral José Serra, a de construir creches em terrenos estaduais próximos a estações de metrô.

"Se esses terrenos existem, vou saber do governador quais são e como podemos fazer uma parceria tripartite. O governo do Estado cede as áreas, o governo federal libera recursos para a construção das creches e a Prefeitura se encarrega de mantê-las em funcionamento", resumiu Haddad. Tão simples assim.

Sobressaiu, na resposta, um traço forte do perfil do futuro prefeito. "Ele deve ser visto por três ângulos: o administrador, porque é formado na matéria, o advogado, outro título acadêmico que ele tem, e o filósofo, porque Haddad é mestre nessa matéria", lembra um de seus colaboradores mais próximos durante a campanha.

Diante de Dilma, Alckmin e Kassab, com quem irá tratar sobre a fase de transição de informações de governo, de fato Haddad já pareceu agir muito mais como administrador do que como político. Em lugar de um discurso partidário, ele preferiu sublinhar, diante dos três executivos públicos, aspectos que tendem a fazer diferença no dia a dia de sua ação na Prefeitura.

O administrador Haddad igualmente mostrou sua marca durante a campanha, ao exigir de sua equipe de técnicos a conta precisa de gastos no orçamento municipal, a título de subsídios, para sustentar o valor para o público do bilhete único com validade de seis horas para o sistema de transporte coletivo na capital.

"Até que a conta fechasse, ele, pessoalmente, barrou a divulgação da proposta no programa de televisão", contou ao 247 um integrante da campanha. "Essa análise levou uma semana para ficar pronta. Havia quem quisesse lançá-la o quanto antes, porque precisávamos de fatos novos, mas ele não deixou. Só colocou a proposta no ar depois que teve a certeza que poderia cumprir a promessa em caso de ser eleito".

Na torturante marcha da campanha eleitoral, na qual ele, primeiro empacou abaixo dos 3% das intenções de voto, em seguida ficou parado na casa dos 8% para, só então, e até mesmo por um golpe de sorte (aqui), avançar paulatinamente até os 29% que o levaram ao segundo turno, Haddad exerceu mais de uma vez sua face de advogado. Ele pediu rigor no acompanhamento dos programas eleitorais do adversário José Serra, o que lhe valeu a conquista, ao longo do segundo turno, de quase vinte minutos na exposição tucana.

Filósofo, relatou um de seus parceiros, Haddad procurava ser nos momentos de corpo a corpo com a população. "Ele assumiu, discretamente, diante das pessoas mais humildes, um papel de mestre com sabedoria suficiente para ouvir mais do que falar. Quando gostava de uma idéia vinda de quem quer que fosse entre o público, telefonava em seguida para o João Santana (responsavél pelos programas de tevê do PT) e pedia o aproveitamento daquilo de alguma forma".

Metódico, Haddad reservou diversas terças-feiras, ao longo de toda a campanha, para ir à sede do Sindicato dos Engenheiros de São Paulo. Ali, a cada semana coordenava debates que iam à exaustão em torno de diferentes pontos de seu programa de governo. Firmados os consensos, o próprio Haddad orientava os técnicos de sua equipe sobre como incluí-los em seu programa de governo. É certo, aliás, que o livro com as propostas do candidato para a cidade será bem mais que uma peça de propaganda. Será a sua bíblia. "Nosso programa foi discutido, compreendido e muito bem aceito. Tudo o que iremos fazer está ali", anuncia o próprio Haddad.

Outra de suas promessas é o que chama de transparência da informação. "Vai ser tudo online", crava, em relação à divulgação de informações sobre a Prefeitura. "Iremos estabelecer datas para a divulgação de dados do município. A data combinada a informação vai estar acessível pela internet. Vai acontecer, muitas vezes, de você (quem acessar) ter a informação antes que eu, se acessou antes. E isso não será problema nenhum. O governo municipal será transparente. Não iremos brigar contra fatos e números".

Das conversas de 247 com os mais próximos a Haddad, a palavra "político", para defini-lo, quase não apareceu. Certamente porque, agora, ele pretende ser cada vez menos político, mas, no fundo, sê-lo mais. Explica-se: com sua missão impossível cumprida, Haddad sabe que não precisa ocupar manchetes com o que se conhece como 'factóides' – a expressão usada pelo hoje vereador eleito no Rio de Janeiro Cesar Maia para justificar a necessidade permanente de os políticos ocuparem manchetes com juras que eles mesmos sabem que não irão cumprir.

Dá para enxergar, ainda, Haddad como um prefeito que será obsessivo pela produtidade. Reduzir o atual número de 27 secretarias municipais deverá ser a primeira medida que ele irá anunciar oficialmente. Ao mesmo tempo, um novo organograma para a máquina municipal já vai sendo desenhado, com mais poderes para os subprefeitos. Funções intermediárias na máquina administrativa igualmente serão prestigiadas, como forma de fortelecer elos de cadeias de comando. Para enfrentar, com agilidade, a endêmica corrupção na máquina municipal, Haddad já disse que irá criar a Controladoria Geral do Município, órgão anterior ao Tribunal de Contas. Deverá funcionar como um juizado de causas de todos os tamanhos, apontando falcatruas administrativas onde quer que elas aconteçam. Pode-se esperar, assim, uma grande cascata de denúncias sobre o mau funcionamento da máquina administrativa.

Esse modelo de trabalhar como prefeito, abrindo o leque de cargos com responsabilidade maior, e que pode ser visto como descentralizador -- bem ao contrário do modismo de décadas, pelo qual pegava bem um político deixar correr sobre si mesmo a fama de ser "centralizador" -- foi apresentado por Haddad ao presidente Lula, numa distante conversa, travada em 2005, quando o futuro prefeito acabara de assumir o Ministério da Educação. Presente estava a primeira-dama Marisa Letícia. Haddad disse a Lula que, diante da crise política que o cercava, com a eclosão dos primeiros estrondos do mensalão, o governo só teria uma saída. A de aumentar a produtividade da gestão. Não só Lula, mas também d. Marisa gostou daquele papo do novo colaborador presidencial. Ele começou, ali, a ganhar a confiança de ambos -- e parte do resultado dessa conexão se vê agora.

"Haddad tem claro que foi eleito prefeito para 'prefeitar' e não para politizar", conta um dos quadros de sua área política. "Não se concebe outro projeto para ele que não seja o de cumprir integralmente o mandato e se candidatar, com naturalidade, à própria reeleição", completa. "Isso quer dizer que ele sabe exatamente o que tem fazer pelos próximos quatro anos para ter outros quatro anos para fazer mais do mesmo. Só depois disso será vida que segue", filosofa o amigo do prefeito.

São Paulo, após ter em Gilberto Kassab um prefeito que dedicou todo o seu tempo livre e grande parte do horário de expediente para criar um partido político, o PSD; lembrar do anterior José Serra como aquele que ficou apenas um ano e sete meses para se trampolinar para o governo do Estado; recordar de Marta Suplicy, antes de ambos, pela gestão marcada pela emotividade; ter eleito o anódino Celso Pitta; consagrado, à época, o neoaliado petista e indefectível Paulo Maluf; surpreendido ao dar o voto à classista Luíza Erundina; e ter dado uma importantíssima contribuição ao folclores político com o histriônico (e, em muitos setores, competente) Jânio Quadros; essa São Paulo agora elegeu um prefeito que não quer ir além das sandálias que lhe foram oferecidas pelo povo. O negócio dele vai ser, como disse a boa fonte de 247, prefeitar.
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Entrevista com Antonio Donato

Haddad reaproximará PT da classe média na cidade, diz chefe da campanha
De São Paulo

Folha - O que a eleição de Haddad representa para o PT?
Antonio Donato - É muito importante ganhar na maior cidade do país. Os governos Lula e Dilma já permitiram ao partido superar alguns preconceitos e reatar o diálogo com setores que tinham se afastado.
A crise do mensalão ajudou a afastar a classe média do PT, mas em São Paulo isso já vinha acontecendo antes. Sem dúvida, o perfil de Haddad vai ajudar na tarefa de reaproximação.

Qual será a diferença do novo governo para as gestões petistas de Marta e Erundina?
Vamos ter traços de continuidade e de superação. De continuidade, a forte presença de políticas sociais. De superação, uma visão mais consolidada do futuro da cidade e do seu desenvolvimento.
Isso está expresso no projeto do Arco do Futuro, que prevê uma reorganização da cidade rompendo com o paradigma de Prestes Maia [que concentrou as atividades econômicas no centro].

As outras gestões do PT desprezaram a necessidade de planejar o futuro?
Não. É um processo de maturação. Nós governamos em duas situações difíceis socialmente. Marta e Erundina enfrentaram cenários de recessão e estagnação econômica.
Pela primeira vez, vamos governar com os mais pobres melhorando de vida. É preciso continuar com as políticas sociais, mas também precisamos ter uma visão global da cidade, do seu futuro e dos desafios como metrópole mundial.

Marta e Erundina tiveram problemas com a classe média, concentrada na região central. O que essa área da cidade pode esperar do governo de Fernando Haddad?
Uma postura de quem quer unir a cidade. Haddad vai cuidar dos mais pobres, mas com a preocupação de ter uma cidade democrática, em diálogo com todos.
Queremos uma prefeitura que se preocupe com o meio ambiente e tenha cuidado com os bairros centrais.
Haddad não será um prefeito que dará as costas para o centro da cidade.

Qual é o impacto nacional da eleição paulistana?
Nossa vitória tem consequências políticas porque o candidato derrotado é o principal líder da oposição.
Mas o governo não será pautado pela disputa de 2014. Isso foi um recado do eleitor. Ele quer um prefeito 100% voltado para a cidade.

A derrota encerra a carreira política de Serra?
Em política é perigoso ser tão definitivo, mas é evidente que ele sai muito enfraquecido. O PT está fazendo um esforço de renovação geracional, e o PSDB não foi capaz de perceber que também precisava fazer isso.

Se o candidato tucano fosse outro, seria mais difícil?
É difícil falar em hipótese. Havia muito desgaste da gestão Kassab, da qual o PSDB fez parte, e isso não seria apagado com outro candidato. Por outro lado, ficou patente um cansaço do eleitor com a figura de Serra.
Disseram que o Geraldo Alckmin estava acabado quando perdeu a eleição para prefeito em 2008, e ele virou governador. É precipitado dar uma sentença definitiva. Hoje, 70 anos [idade de Serra] não é o fim da vida.

O que explica a vitória de Haddad?
O determinante foi a vontade de mudança diante de uma administração municipal muito mal avaliada.
O PT teve sensibilidade para escolher um nome que expressou bem este sentimento da cidade.

Kassab quase apoiou Haddad, com aval de Lula. Isso teria impedido a vitória?
O que elegeu Haddad foi o discurso de mudança. Isso não seria possível com o Kassab ao lado.

O PSD do prefeito deve aderir formalmente ao governo da presidente Dilma. Ele também pode apoiar o governo Haddad em São Paulo?
Na Câmara, não teremos nenhum problema em fazer aliança com o PSD. Se eles estiverem na base do governo Dilma e vierem se aliar a um programa de mudança, quem terá que se explicar são eles, não nós. Não vamos vetar apoios.

Qual foi o momento mais difícil da campanha?
O fim do primeiro turno. A campanha foi montada para um embate com o Serra. Quando vimos, havia duas eleições acontecendo. Na propaganda, era Haddad e Serra. Na vida real do povo, na periferia, era Haddad e Celso Russomanno. Ele era uma trava que nos impedia de crescer com nosso eleitor.
A decisão [de atacar o candidato do PRB] era difícil porque incluía muitos riscos. Se a gente errasse a abordagem, o Serra se fortaleceria.

O sr. e o PT se arrependem do acordo com Maluf?
Era uma aliança necessária. Nosso sistema político tem suas contradições, mas é nele que nós estamos. O PP está na base do governo federal, tem um ministério e não podia nos apoiar em São Paulo?
Tínhamos um candidato novo, que precisava de tempo de TV. A figura do Maluf não estaria presente na campanha. E não esteve.

A foto de Haddad e Lula abraçados a ele vai entrar para a história.
É, mas não foi decisiva para a eleição.

A aliança levou Erundina a desistir de ser vice de Haddad. Ela fez falta?
Ela fez campanha do seu jeito. Nós não tínhamos condições de voltar atrás [com Maluf]. E nem queríamos.

Como foi chefiar a campanha de um estreante que tinha vergonha até de cumprimentar eleitores na rua?
Haddad cresceu muito ao longo da campanha. Ao mesmo tempo em que se mostrou preparado, ele foi pegando traquejo e conseguiu se aproximar do eleitor mais pobre.
Ele é muito disciplinado, sempre se empenhou muito. É evidente que estava num mundo que não era dele, que ele nunca frequentou [nas visitas à periferia].
A ligação com a população mais pobre foi construída quando ele abandonou a postura fria de pesquisador e deixou o coração falar mais.

A eleição de alguém com esse perfil mostra que o marketing pode transformar qualquer pessoa num candidato competitivo?
Haddad não foi um produto de marketing. O primeiro programa de TV expressou o que ele falava há um ano: o Brasil mudou da porta de casa para dentro, mas a vida do povo não melhorou da porta para fora.
O marketing deu a forma, mas o conteúdo era dele.

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Discurso de vitória de Haddad

"Boa noite a todos os cidadãos paulistanos, aos moradores da cidade de São Paulo. Minhas amigas e meus amigos, pela vontade soberana dos paulistanos, sou agora o prefeito eleito de São Paulo. Uma alegria imensa e uma enorme responsabilidade dividem espaço no meu peito. O sentimento mais forte, porém, é de gratidão. Eu quero agradecer em primeiro lugar aos milhões de homens e mulheres que me confiaram o voto. Muito obrigado aos moradores de São Paulo. Em seguida à minha família, minha mulher Ana Estela, minha filha Carolina, meu filho Frederico, que fizeram juntos muito sacrifício para me ajudar nessa jornada.

Quero agradecer do fundo do coração ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Viva o presidente Lula. Agradeço ao presidente Lula do fundo do coração pela confiança, pela orientação e apoio sem os quais seria impossível eu lograr qualquer êxito nas eleições. Quero agradecer fortemente a uma outra grande liderança nacional, a presidenta Dilma Rousseff. Agradeço à presidenta Dilma pela presença vigorosa na campanha desde o primeiro turno, pelo estímulo pessoal e o conforto nos momentos mais difíceis dessa campanha. Quero agradecer aos partidos coligados no primeiro turno, nos quais sintetizo minha homenagem na figura da valorosa companheira, minha vice, Nádia Campeão.

Quero agradecer aos apoiadores que ampliaram nossa corrente no segundo turno, nos quais sintetizo minha homenagem e meu agradecimento nas figuras do querido deputado Gabriel Chalita e do vice-presidente Michel Temer. Muito obrigado, Michel Temer.

E quero fazer um agradecimento super especial ao meu grande partido, o Partido dos Trabalhadores. Partido que se lançou de corpo e alma nessa luta pacífica em favor do povo de São Paulo. Como seria impossível numerar os milhares de batalhadores diretos, sintetizo o meu agradecimento e homenagem na figura decisiva e equilibrada do coordenador da minha campanha, vereador Antonio Donato.

Quero agradecer por último, mas não menos importante, agradecer a todos os meus opositores, porque me obrigaram nessa campanha a extrair o melhor de mim para poder superá-los numa disputa limpa e democrática. A todos, indistintamente, o meu muito obrigado.

Minhas amigas e meus amigos, fui eleito por um sentimento de mudança que domina a alma do povo de São Paulo e sei da enorme responsabilidade de todos que são eleitos pela força deste signo, o signo da mudança. Ser prefeito pela força da mudança significa não ter tempo a perder, não ter medo de enfrentar, nem ter justificativas a dar para tornar esse sonho realidade. Significa não ter paciência nem pedir paciência, mas significa, antes de tudo, traçar prioridades e unir a cidade em torno de um projeto coletivo, de todos os paulistanos, de todos os moradores de São Paulo.

Meu objetivo central está plenamente delineado, discutido e aprovado pela maioria do povo de São Paulo: é diminuir a grande desigualdade existente em nossa cidade, é derrubar o muro da vergonha que separa a cidade rica e a cidade pobre.

Somos uma das mais ricas e ao mesmo tempo uma das mais desiguais do planeta. Não podemos deixar que isso siga assim por tempo indeterminado, exatamente num período que o Brasil vem passando por umas das mudanças sociais mais vigorosas do mundo. A prefeitura tem um papel importante nisso, pois é ela que cuida da oferta e da qualidade de alguns dos serviços públicos mais essenciais, como a saúde, o transporte, a educação, a habitação, entre outros. Melhorar esses serviços é também uma forma concreta de distribuir renda, diminuir os desequilíbrios, aumentar e garantir a paz social.

Sei que esta não é uma tarefa fácil, dada a complexidade dos problemas que vêm se acumulando ao longo dos últimos anos, Mas se São Paulo não conseguir resolver seus problemas, que cidade no Brasil e no mundo conseguirá fazê-lo?

O fracasso de São Paulo seria o fracasso desse genial modelo de convivência que a humanidade desenhou ao longo dos séculos para sobreviver e ser feliz. Esta invenção insuperável do gênero humano, que se chama cidade. E as cidades foram inventadas para unir, e não para desunir, para proteger, e não para fragilizar, para acarinhar, e não para violentar, para dar conforto e não sofrimento. São Paulo tem seus grandes problemas, mas tem e terá as suas próprias soluções.

O Brasil moderno nasceu aqui, e o surpreendente Brasil do novo milênio também nascerá aqui, se corrigirmos os nossos erros, se superarmos a inércia, se quebrarmos o imobilismo, e se recuperarmos a alma criativa e o espírito de empreendedorismo que sempre foram a marca de São Paulo. O mais fundamental, porém, é agregarmos a tudo isso uma profunda consciência social. É hora, repito, de fazer nascer uma nova São Paulo, capaz não apenas de se autocriticar, ou de se lamentar, mas de se reconstruir.

O primeiro passo que quero dar a partir de hoje é fazer com que a prefeitura recupere seu papel de liderar as forças criativas e produtivas e sociais da cidade. Nossa intelectualidade nunca perdeu sua capacidade de pensar, mas a prefeitura por vezes perdeu o interesse de atraí-las para um trabalho parceiro. Nossas forças produtivas nunca deixaram de crescer e progredir, mas a prefeitura por vezes se inibiu no papel de desenhar políticas urbanas de desenvolvimento, capazes de corrigir as distorções urbanísticas e abrir novas perspectivas para a cidade. Nossos movimentos sociais nunca deixaram de pensar, defender e expressar as ideias e sentimentos dos setores mais desprotegidos, porém, a prefeitura por vezes deixou de ouvi-los com a constância e sinceridade necessárias.

É hora, portanto, de atrair, unir e estimular as forças vivas o pensamento paulistano para um trabalho acima de interesses individuais ou partidários. São Paulo é nossa, São Paulo é de todos nós.

Para esta ação convido todas as mulheres e todos os homens de São Paulo, jovens e velhos, de todas as classes sociais, e de todas as colorações partidárias. Mas não conseguiremos essa meta se também não nos abrirmos cada vez mais para o Brasil e para o mundo. São Paulo não é uma ilha política, tampouco uma cidade de muralhas. São Paulo precisa firmar parcerias vigorosas, na esfera pública com o governo federal, com o governo estadual, e na esfera privada, com o que exista de mais avançado em pensamento e tecnologia no mundo.

Sei que contarei com o apoio decisivo do governo da presidenta Dilma, mas potencializarei esse apoio apresentando propostas e projetos criativos e irrecusáveis. Não adianta o governo federal se dispor a ajudar se nós, moradores de São Paulo, não fizermos nossa parte, apresentando a contrapartida da criação e da execução.

São Paulo tem que voltar a ser farol e antena. Farol pra iluminar seus passos e os passos do Brasil. Antena para captar o que existe de mais moderno, e para transmitir o que crie de mais diferenciado para nosso país e para o mundo.

Mas, como já disse, São Paulo tem que ser antes de tudo uma cidade-lar, um teto digno, limpo e decente, debaixo do qual toda família possa realizar seu sonho de ser feliz.
São Paulo é de todos os nascidos aqui, é de todos os que vieram para cá, São Paulo é de todo o Brasil. Muito obrigado."

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O muro da vergonha

“Meu objetivo é separar o muro da vergonha que divide áreas ricas e pobres. Não podemos deixar que isso siga de modo indeterminado, enquanto o Brasil está avançando nisso”.

Fernando Haddad

Detalhes no site do UOL: Raio-X

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São Paulo venceu

O que os paulistanos esperam de Haddad 
PAULO NOGUEIRA 

São Paulo venceu.

Nas urnas, hoje, os paulistanos disseram não ao mundo velho, obsoleto, cínico e inepto representado por Serra e os que gravitaram em torno de sua candidatura a prefeito de São Paulo.

Em escala municipal, a cidade tem que enfrentar tenazmente o grande drama do mundo moderno: a iniquidade social que tem feito com que tão poucos desfrutem das coisas boas que o capitalismo pode trazer.

Falo do capitalismo puro, tal como pregado por Adam Smith, no qual a ganância da plutocracia é neutralizada por um conjunto poderoso de princípios morais que podem ser sintetizados numa frase. “O impulso em admirar, e quase venerar, os ricos e os poderosos, e desprezar ou, ao menos, negligenciar os pobres é a maior e mais universal causa da corrupção de nossos valores”, escreveu Smith.

Com Serra e seu foco nos “ricos e poderosos” de que falou Adam Smith, ou no “1%” da campanha do movimento Ocupe Wall St, São Paulo não teria chance de se modernizar socialmente.

Haddad não é uma certeza, evidentemente. Mas é uma esperança que faz sentido. São Paulo pode ser mais rápido que o Brasil como um todo  — por sua riqueza, por sua pujança, por seu dinamismo — na construção de uma sociedade harmoniosa, nos moldes do que existe na admirável, exemplar Escandinávia.

Se Haddad for competente, São Paulo pode começar a se transformar, sob ele, numa Dinamarca e, por sua força, acelerar a dinamarquização do país.

Os sinais disso serão vistos facilmente no correr dos longos dias, caso Haddad seja um bom prefeito: menos miséria, menos gente nos faróis esmolando, menos favelas deformando a cidade. Mais bicicletas nas ruas, certamente.

É uma caminhada longa. Mas, para lembrar a sabedoria chinesa, toda caminhada começa no primeiro passo. Romper com tudo que Serra significa de atraso já é, em si, um primeiro passo.
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Em sua primeira eleição, Haddad vai de 3% à vitória, a exemplo de Dilma

Ex-ministro da Educação durante os governos Lula e Dilma, o prefeito eleito de São Paulo tinha 3% no Ibope em maio. Acabou saindo do 6º lugar para superar, nas urnas, um candidato bem mais rodado, porém desgastado
Por: Raimundo Oliveira, da Rede Brasil Atual


O ex-ministro da Educação Fernando Haddad, que ocupou a pasta entre julho de 2005 e janeiro de 2012, nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, é filiado ao PT desde 1983 e esta é a primeira eleição de sua vida pública. Antes desta campanha, as únicas experiências em urnas foram na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, na capital, quando cursava o terceiro ano e foi eleito vice-presidente do Centro Acadêmico 11 de Agosto em uma chapa encabeçada pelo jornalista Eugenio Bucci. No ano seguinte foi o presidente. Indicado por Lula para disputar a prefeitura paulistana, Haddad apareceu com apenas 3% das intenções de voto na primeira pesquisa, divulgada em maio pelo Ibope.

Para comparação, o adversário a ser batido então despontava com quase 40% das sondagens. Aos 70 anos, José Serra (PSDB) já havia disputado nove eleições, tendo vencido duas para deputado, uma para senador, uma para governador e uma para prefeito; e perdido duas à Presidência da República e outras duas à prefeitura – agora três, sendo que na reta final comportou-se mais como franco-atirador, interessado em preservar, para os que vierem depois dele, o que há de rejeição ao PT. Haddad estava ainda atrás de Paulinho da Força (PDT), Gabriel Chalita (PMDB), Soninha Francine (PPS), Netinho de Paula (PCdoB) e Celso Russomano (PRB). 

Nestes cinco meses o intelectual com sólida carreira acadêmica, e tido como gestor eficiente à frente do Ministério da Educação, foi perdendo o acanhamento e a falta de traquejo em campanha eleitoral e no corpo a corpo com os eleitores, ganhando pontos nas pesquisas, pedidos de autógrafo e também de fotografias junto a moradores durante comícios e caminhadas. O Haddad que teve seu nome exposto nas urnas eletrônicas do maior colégio eleitoral do país, neste domingo é, pelo menos um pouco, diferente daquele dos 3% que mal tinha companhia de militantes nas andanças pela cidade e era bastante desconhecido dos eleitores, principalmente da periferia.  

Paulistano, nasceu no dia do aniversário da cidade, 25 de janeiro, em 1963, e cresceu no bairro Planalto Paulista. Aos 18 anos entrou para a Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da Universidade de São Paulo (USP). Também na USP, fez mestrado em Economia e doutorado em Filosofia. Filho de Khalil Haddad, libanês que deixou seu país com 22 anos de idade e imigrou para São Paulo em 1947, e de Norma Thereza Goussain Haddad, filha de libaneses, Fernando é o único homem entre as irmãs Priscila e Lúcia, uma mais velha e outra mais nova do que ele.

O pai era camponês no Líbano e estudou até os oito anos. Quando veio para São Paulo foi trabalhar como atacadista de tecidos na rua 25 de Março e depois de 11 anos no Brasil casou-se com Thereza. A mãe formou-se no curso de Magistério no Liceu Pasteur, onde aprendeu francês. Ela se casou com 20 anos e foi ser dona de casa. Encheu as estantes com as principais enciclopédias do mercado na época e fez de tudo para garantir boa educação aos filhos.

Haddad fez o ensino básico no Ateneu Ricardo Nunes e o secundário no Colégio Bandeirantes e sonhava em ser engenheiro. Mas acabou trocando os cálculos pelos códigos de leis quando seu pai perdeu a casa ao se ver envolvido por um golpe de um estelionatário. A difícil situação da família fez Haddad  prometer a si mesmo que não queria passar por uma situação similar. “O caminho para isso dava no Largo de São Francisco, onde se encontra a velha Academia de Direito. E para lá eu fui.” Em 1988, depois de formado e aos 25 anos casou-se com a dentista Ana Estela Haddad. Quatro anos depois o casal teve o primeiro filho, Frederico. Em 2000 nasceu Ana Carolina. 

Atuou em incorporação e construção civil, foi analista de investimento, professor no Departamento de Ciência Política na USP, consultor na Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Nesse ínterim, em 1997, a família se desfez do negócio mantido na Rua 25 de Março, por conta de problemas de saúde do pai. 

Em 2001, convidado por João Sayad, então secretário de Finanças na Prefeitura de São Paulo na administração de Marta Suplicy, Haddad, assume a chefia de gabinete da Secretaria. Trabalhou na estratégia de escalonamento dos débitos junto aos credores e ajudou a organizar as finanças municipais, o que permitiria a retomada da capacidade de investimento depois de dois anos de mandato. Em 2003, deixou a prefeitura para se tornar assessor especial no Ministério do Planejamento, sob o comando do então ministro Guido Mantega, atual ministro da Fazenda.

Em 2004 assumiu o posto de secretário-executivo no Ministério da Educação – função logo abaixo da do ministro na hierarquia do órgão, então comandado por Tarso Genro, atual governador do Rio Grande do Sul. Na verdade, ministro responde pelo comando político na estrutura de um ministério; e secretário-executivo responde pela gestão operacional. Haddad estava para Genro como Dilma, chefe da Casa Civil, estava para o então presidente Lula. 

Com a ida de Tarso Genro para o Ministério da Justiça, em 2005, Haddad assumiu o comando da Educação.

Ali criou o Programa Universidade Para Todos (Prouni), que atendeu a mais de 1 milhão de estudantes desde que foi implementado, em 2005, até o segundo semestre de 2012, e a maioria (67%) com bolsa de estudo integral. No período em que Haddad esteve no ministério, as vagas no ensino superior público federal passaram de 139,9 mil em para 218,2 mil, foram criados 126 campus universitários federais, 214 escolas técnicas e 587 polos de educação à distância. O número de formandos cresceu 195% nos últimos dez anos. Haddad foi um dos poucos ministros da era Lula mantido pela presidenta Dilma, eleita em 2010. Só deixou o posto no início deste ano para participar da disputa pela sucessão paulistana.
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Um novo tempo

Fernando Haddad 


De uns tempos para cá, nossa cidade ficou para trás, longe do ritmo geral da nação -a atual gestão não fez o que era preciso contra a desigualdade

Se for eleito prefeito de São Paulo, meu objetivo central será diminuir a distância que separa a cidade rica da cidade pobre. Hoje, vivemos numa cidade desequilibrada. Sofremos com a falta de planejamento urbanístico. Não temos grandes obras gerando transformação e trabalho. Não temos soluções criativas.

Nos livros de urbanismo, São Paulo só aparece como referência negativa. E a verdade é que merecemos mais que isso. Quero recuperar a autoestima desta cidade cheia de energia e de criatividade, com sua extraordinária capacidade de sonhar e de realizar sonhos.

São Paulo como que carrega 31 cidades dentro de si. Cada subprefeitura tem mais de 300 mil habitantes. Mas, de uns tempos para cá, estamos ficando para trás. Não estamos acompanhando o ritmo geral da nação. Não estamos contribuindo como poderíamos para o desenvolvimento do país. Não estamos exercendo nossa liderança nem ativando nossas vocações de vanguarda.

Nossos indicadores sociais retratam uma realidade perversamente desigual. Falam de uma cidade com pontos altos no centro expandido, que vão declinando à medida que nos aproximamos dos bairros mais distantes.

As regiões central, oeste e o início das zonas sul e leste concentram os empregos, os melhores hospitais, as melhores universidades, a renda, a infraestrutura urbana e as oportunidades. Mas não são as mais populosas. As seis subprefeituras do centro expandido contam com 64,1% dos empregos e 17,1% dos habitantes do município. As demais têm 82,9% dos habitantes e só 35,9% dos empregos.

As regiões menos desenvolvidas são também aquelas em que a desigualdade gera mais violência. Embora o Plano Diretor Estratégico de Marta Suplicy já tivesse apontado essa realidade e indicado ações e instrumentos para enfrentá-la, a atual administração não fez o que era preciso em matéria de desenvolvimento regional.

Nosso modelo de desenvolvimento continua concentrador e excludente. Se a cidade vem acompanhando o crescimento econômico do país, o mesmo não se pode dizer da distribuição da riqueza e de nossa situação socioterritorial.

A dimensão social não tem recebido a atenção necessária. Com isso, as regiões ricas ficam mais ricas e as pobres permanecem pobres.

Esse desequilíbrio explica por que São Paulo enfrenta graves problemas de mobilidade, como ruas congestionadas e trabalhadores gastando horas no trânsito. Se não superarmos o desequilíbrio, a distância entre moradia e emprego, outros problemas também não terão solução.

Sei que o que me espera, caso eleito, é um tremendo desafio. E vamos enfrentá-lo. O prefeito de São Paulo tem de ser o catalisador de todos aqueles que querem caminhos novos e soluções. De todos os que estão dispostos a se engajar num grande projeto de transformação social.

Se vejo a prefeitura como instrumento dessa transformação, sei também que isso só será alcançado com uma administração baseada no planejamento e na definição de metas de resultados. Trago um plano de governo claro e viável, que nasceu de conversas e discussões com a cidade. Milhares de pessoas participaram dos seminários Conversando com São Paulo. Das caravanas e debates por vários bairros e comunidades, num belo exemplo de compromisso cívico e citadino.

A cidade mais humana que pretendemos construir será boa para ricos e pobres. Não aceitamos mais uma São Paulo partida, com baixa qualidade de vida e uma população amedrontada pela violência. Queremos uma São Paulo unida e à altura de sua grandeza.

Fernando Haddad , 49, é mestre em economia, doutor em filosofia e professor licenciado da USP. Foi ministro da Educação (2005-2012, governos Lula e Dilma)
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Zé de Abreu reafirma apoio a Haddad

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Razões para votar em Haddad

São Paulo: tão rica, tão estagnada 

Fernando Haddad eleito prefeito, São Paulo pode se transformar de novo numa referência, em matéria de políticas públicas que tornem a vida em comum mais rica, justa e proveitosa.

Nossa cidade tem todas as condições para sair da mesmice: um dos maiores orçamentos e energia criativa de sobra. O lugar-comum no qual se estagnou é incompatível com a vocação cosmopolita da metrópole.

O projeto de uma cidade mais solidária e menos desigual beneficia a todos, sem dividi-la entre ricos e pobres. Primeiro, porque o PT construiu o programa de governo com metas claras, ouvindo a sociedade. Segundo, porque esse plano tem um horizonte realista de quatro anos. Ele não será interrompido nem abandonado.

Uma prefeitura para todos os paulistanos prioriza as necessidades das pessoas em maior dificuldade. É possível fazer o que São Paulo precisa, com as parcerias dos governos federal, estadual e da iniciativa privada.

O Arco do Futuro articula iniciativas que ajudam a integrar as regiões da cidade. A criação de polos de prosperidade ao longo do cinturão viário aproxima o centro da periferia e desobstrui a circulação. A escola em tempo integral é a melhor maneira de educar as crianças para uma convivência pacífica e harmoniosa. Além das disciplinas tradicionais, proporciona acesso ao esporte e à arte.

Haddad também propõe investir na prevenção da violência e no policiamento comunitário. Para enfrentar o crack, não conta com meios truculentos. Seu plano envolve outras áreas, como saúde e assistência social, em conjunto com a União e o Estado.

Prefiro essa candidatura não só pela consistência do projeto. Em Haddad se realiza um ideal de político equilibrado, que alia visão lúcida das prioridades e talento administrativo para realizá-las. Tem posições firmes, mas é capaz de dialogar. Transita com desenvoltura da universidade ao sindicato. Pode construir pontes com a oposição. Não é homem de facções.

Com menos de 50 anos, conjuga a disposição dos jovens com a sabedoria dos mais velhos. É um candidato preparadíssimo para o desafio de governar a capital.

Sua sólida bagagem cultural é direcionada para a solução de problemas práticos. Economista, cientista político, professor e empresário, tem uma experiência de vida diversificada. Mas não fez outra coisa exceto dedicar suas energias a projetos de melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. Tem vocação para servir ao público.

Sabe descobrir soluções viáveis e criativas para os problemas, dentro das regras do jogo democrático. É sinceramente comprometido com valores progressistas e uma ética laica de respeito ao bem comum. Sua conduta é irrepreensível.

Haddad conhece as necessidades dos paulistanos: saúde, trânsito, segurança, educação e transporte. Participou do planejamento dos CEUs, que projetaram internacionalmente a gestão de Marta Suplicy.

Dou meu testemunho pessoal sobre sua capacidade de trabalho. Fui seu colega de ministério, no governo do presidente Lula. Como ministro de Estado, Fernando expandiu o acesso à educação superior, por meio de um programa pioneiro como o ProUni, além de expandir e fortalecer a avaliação do ensino médio. Sua experiência administrativa, como gestor, está comprovada.

Estou convencido de que sua eleição abre um novo caminho para a cidade e pode melhorar a vida de seus habitantes. Dos dois candidatos sérios selecionados pelos eleitores, espera-se que promovam um ambiente urbano mais saudável. Para mim, lembrando Drummond, Fernando é quem melhor pode ajudar as flores a romperem o asfalto.

Márcio Thomaz Bastos, 77, é advogado. Foi ministro da Justiça (de 2003 a 2007, governo Lula) e fundou o Instituto de Defesa do Direito de Defesa
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Família de Haddad faz campanha de rua com agenda própria

Por Cristiane Agostine | Valor Econômico 

Na reta final do segundo turno, a família do candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, intensificou agendas de rua sem a presença do petista. A mulher, Ana Estela, e o filho, Frederico, têm buscado votos para Haddad em minicomícios, caminhadas e visitas a grupos organizados.

A poucos dias da eleição, Frederico, de 20 anos, reforçou a campanha na região central da cidade, onde o PT historicamente enfrenta dificuldade. Dias antes, participou de eventos na periferia, em bairros como Cidade Tiradentes e São Miguel Paulista e reuniu-se com integrantes da Liga das Escolas de Samba.

Frederico é um dos trunfos do PT para tentar atrair os jovens e reduzir os votos em branco e nulos, que, neste ano, atingiu um alto percentual. Em São Paulo, a abstenção foi de 18,48% e os votos nulos, 7,35%.

"No começo, as pessoas me perguntavam mais sobre o Bilhete Único Mensal, mas depois as principais demandas eram na área de saúde e educação", diz Frederico. "Em todos os lugares falam da falta de creches. Eu explico que os recursos federais estão disponíveis e foi a prefeitura que não quis", afirma.

Na manhã de terça-feira, Frederico reuniu-se com catadores de material reciclável da Cooper Glicério, na região central. Vestido com calça jeans e camiseta, o jovem de 20 anos mais ouviu do que falou. Frederico diz não ter, a princípio, pretensões de seguir na carreira política.

A estudante do primeiro ano de Ciências Sociais, Luna Zarattini, sobrinha de Carlos Zarattini, deputado e um dos integrantes da campanha petista, acompanhou Frederico no encontro com catadores.

Já Ana Estela focou nas áreas mais distantes do centro. No segundo turno, participou de um evento para debater a saúde, fez um minicomício em Parelheiros com a ministra Eleonora Menicucci (Secretaria de Política para Mulheres) e reuniu-se com a vice da chapa, Nádia Campeão. No domingo substituiu Haddad em uma carreata na zona norte.
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Marilena Chauí: São Paulo Quer Mudança

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Haddad vence Serra até entre os conservadores

Apoio conservador garante liderança folgada de Haddad
Datafolha mostra que petista vence Serra em 4 de 5 segmentos ideológicos
Grupo identificado com valores conservadores é o maior de SP; nesse universo, Haddad ganha por 46% a 33%

RICARDO MENDONÇA
EDITOR-ASSISTENTE DE “PODER”

Na simulação de segundo turno da eleição paulistana, o candidato do PT, Fernando Haddad, vence o tucano José Serra mesmo entre os eleitores classificados como conservadores numa escala de posicionamento ideológico criada pelo Datafolha.

Nesse grupo, Haddad tem 46% das intenções de voto contra 33% de Serra. No conjunto, vence por 49% a 32%.

O dado chama a atenção porque em pesquisa semelhante feita pelo instituto em setembro o petista tinha o pior desempenho entre os conservadores, com 12%.

Naquela ocasião, o líder isolado nesse grupo, com 41%, era Celso Russomanno (PRB), hoje fora da disputa. Serra tinha 21%.

Os que se identificam com valores conservadores representam 33% dos paulistanos, o maior contingente na escala do Datafolha que agrupa os eleitores em cinco grandes lotes ideológicos.

Extremamente liberais são 6%. Liberais, 28%. Medianos (nem conservadores, nem liberais) somam 23%. E extremamente conservadores, 9%.

Haddad bate Serra em 4 dos 5 agrupamentos, principalmente entre os liberais.

Na pesquisa, o Datafolha usou como referência os métodos e a tipologia política do Pew Research Center em estudos sobre o voto americano.

Cada entrevistado na pesquisa de intenção de voto foi convidado a responder questões sobre valores sociais, políticos e culturais.

Os resultados revelam as opiniões dos paulistanos em vários temas da atualidade.

Pendendo ao conservadorismo, 62% acham que a maior causa da criminalidade é a maldade -34% a atribuem à falta de oportunidades iguais para todos.

Para 71%, adolescentes infratores devem ser punidos como adultos. Entre os mais conservadores, a opinião é compartilhada por 95%.

A maioria também é conservadora em questões sobre drogas e religião. Para 79%, acreditar em Deus torna as pessoas melhores. Para 81%, o uso de drogas deve permanecer proibido.

Pendendo ao lado liberal, 68% associam a pobreza mais à falta de oportunidades do que à preguiça, e 69% dizem que o homossexualismo deve ser aceito pela sociedade.
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É 13, é 13, é 13! É Haddad, é Haddad, é Haddad!!


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O mapa eleitoral e meu voto em Haddad

Por Paul Singer 

Existe uma diferença inegável entre PT e PSDB: a priorização da luta contra a miséria. E os eleitores sabem disso, basta ver em qual partido a periferia vota

Do ponto de vista da população mais pobre de qualquer cidade, a eleição que tem mais possibilidade de mudar sua vida para pior ou melhor é a municipal.

As políticas do governo federal e estadual também afetam os mais pobres, mas de modo mais indireto. O governo estadual, por exemplo, tem a seu cargo a segurança pública no Estado -algo importante para qualquer cidadão, mas sobretudo para os que são obrigados a morar em áreas em que a criminalidade é mais presente e ameaçadora.

Não obstante, é o governo municipal que responde pela iluminação pública e, especialmente, por políticas sociais que impactam as condições de vida dos moradores mais humildes. A atenção à população mais carente é um aspecto fundamental na escolha do prefeito.

É preciso votar levando em consideração que é a prefeitura que responde pelo registro das famílias mais carentes no Programa Bolsa Família, por exemplo. Ela tem grande possibilidade de agir em parceria com o governo federal no programa Brasil sem Miséria, de ajudar a resgatar famílias que vivem em bolsões de extrema pobreza. A redução da miséria, aliás, certamente ajudará a diminuir inclusive a criminalidade, na cidade inteira.

Eis, então, a razão pela qual votarei em Haddad desde o primeiro turno: estou certo de que ele priorizará a luta contra a miséria, como fazem os diferentes governos chefiados por políticos do PT.

Nesta questão, a diferença em relação aos governos chefiados pelo PSDB é inegável.

E os eleitores sabem disso. Basta ver o mapa eleitoral de São Paulo em qualquer eleição municipal para verificar que os candidatos do PSDB vencem nas áreas mais opulentas, enquanto os candidatos do PT são os preferidos na periferia.

Quanto maior a pobreza em uma região, maior a vantagem relativa do PT. No primeiro turno destas eleições municipais, novamente tal fato foi comprovado.

Além de Fernando Haddad ser o candidato do PT, minha preferência por ele se deve ao fato de que eu o conheço há muito tempo e, assim, sei de sua inteligência e do seu empenho em tornar a sociedade brasileira mais justa, menos desigual.

Nesse sentido, o que Haddad fez como ministro de Educação é notável, sobretudo na expansão do ensino público em nível universitário, área em que os governos do PSDB se notabilizaram pela ausência.

Na gestão do PSDB, os jovens de famílias de baixa renda estavam praticamente condenados a tentar estudar em universidades privadas, já que eram barrados pelos vestibulares nas universidades públicas.

Os governos de Lula e Dilma, em que Haddad serviu como ministro de Educação, priorizaram a expansão das universidades públicas, permitindo o acesso de estudantes mais pobres. Além disso, o ProUni abriu centenas de milhares de vagas em universidades privadas a eles.

Outra política importante foi a multiplicação dos Institutos de Educação Científica e Tecnológica, que foram localizados nas áreas desprivilegiadas do país. Nesses institutos, está sendo efetivado o Programa Mulheres Mil, que dá formação profissional a mulheres de baixa renda. O programa já resgatou dezenas de milhares da pobreza. Quem ouve os depoimentos dessas mulheres percebe que não são poucas as que querem continuar estudando até alcançar um diploma universitário.

No ministério, Haddad se cercou de uma equipe disposta a fazer da educação uma arma na luta contra a opressão da mulher e contra a exclusão preconceituosa de negros e indígenas das oportunidades de exercer plenamente seus direitos como seres humanos e trabalhadores. Agora, ele tem tudo para ter grande sucesso como prefeito.

Paul Singer é economista e secretário nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego.

(Artigo originalmente publicado no jornal Folha de S. Paulo, edição de 19/10/2012)
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O debate que virou um abate

Serra, por que vocês não fizeram os 66 km de corredores de ônibus prometidos pelo Kassab?

Serra, por que vocês não entregaram os três hospitais  que prometeram construir há quatro anos  --e ainda ameaçam privatizar 25% dos leitos do SUS ? 

Serra, por que até hoje vocês não conseguiram desapropriar um terreno na zona leste para instalar uma universidade federal na região? 

Serra, por que vocês não conseguiram preencher um simples formulário eletrônico para ter acesso a R$ 250 milhões do Ministério da Educação destinados à construção de creches em SP --um formulário que três mil prefeitos  do interior preencheram sem nenhum problema? 

Serra, você não vê que a cidade está vivendo uma crise depois de oito anos de administração sua e do Kassab? 

Serra...

Fernando Haddad empareda Serra no debate da Bandeirantes, onde o petista já entrou com 17 pontos de vantagem sobre o tucano. Mas o Datafolha segurou a divulgação do desastre até encerrar o duelo. Faria um 'ajuste', talvez, se o seu candidato fosse bem? 

A eleição entra na reta final do desespero tucano em SP. E o retrospecto mostra que tudo é possível.

Carta Maior

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Haddad assina compromisso com o povo de São Paulo


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