Seis frases-clichês para as quais não tenho mais saco.

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  • sábado, 5 de junho de 2010
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  • Deixou o Mengão chegar, já era!
    Este é o mantra repetido pelos torcedores do Flamengo, toda vez que o time consegue chegar às fases finais de alguma competição importante. Há aí a crença mística de que alguma força metafísica empurra o Flamengo para o título, sempre que ele consegue avançar em um campeonato. Como eventualmente o time consegue ganhar alguma coisa – como o brasileiro do ano passado -, este clichê passa a ser repetido como uma verdade inquestionável (contando com o decidido apoio da “Flapress”, é claro). Mas confesso que agora, finalmente, consegui entender o verdadeiro significado desta frase: afinal, já estamos no meio do ano e "já era" a Taça Guanabara, "já era" o Campeonato Estadual, "já era" a Libertadores...

    Caê é gênio!
    Esta é a indefectível exclamação dos inúmeros adeptos do culto caetanista para qualquer coisa que seu ídolo-mor diga ou faça. Caetano apareceu nu em um documentário “egotrip” sobre ele? “Nossa, que transgressão! Caê é gênio!”; Caetano canta “Um tapinha não dói” em um show? “Super-vanguardista! Caê é Gênio!”; Caetano chama o Lula de analfabeto? “Que máximo! Ele está sempre contra a corrente. Caê é gênio!”.

    O brasileiro não sabe votar.
    Esta frase e suas variantes – “Isto só acontece no Brasil”, “Mania de brasileiro” – é um dos clichês favoritos daquele típico cidadão classe-média, leitor da “Veja” e que tem como guru o Diogo Mainardi. Tendo como sonho de consumo morar em Miami, este indivíduo critica as supostas mazelas nacionais, excluindo-se do conjunto de seus concidadãos: afinal, “brasileiros” são sempre os outros. No entanto, esta figura costuma “molhar” a mão do guarda para não ser multado, tende a se considerar acima das leis e na hora do voto para deputado ou vereador escolhe sempre um candidato que é sobrinho do primo de algum amigo de infância ou qualquer coisa que o valha, pois é sempre bom ter algum conhecido nas altas esferas para resolver qualquer probleminha que possa aparecer.

    Se o Brasil é assim, a culpa é da colonização portuguesa.
    Esta é a explicação básica para os problemas brasileiros dada por qualquer indivíduo que possui um diploma superior em qualquer coisa, obtido sabe-se lá onde e sabe-se lá como. Afinal, por ter instrução superior, ele considera-se apto a opinar sobre todo e qualquer assunto. Se alguém com um mínimo de senso crítico procura contra-argumentar – já vi alguns pobres alunos meus, que ainda acreditam na humanidade, a tentar fazer isto - , esta figura dá um risinho condescendente e pensa: “Coitadinho! Só porque leu estas besteiras em alguns livros de qualidade duvidosa, ele acha que pode discutir com alguém com a minha formação e experiência de vida”. Ah, o “gênio” Caê também já andou repetindo este clichê!

    Como um analfabeto como o Lula pode ser presidente do Brasil?
    Este é o clichê tradicional do(s) tipo(s) de cidadão(s) descritos nos itens anteriores, em qualquer discussão sobre política. Não adianta listar os avanços obtidos durante o governo Lula e nem falar do reconhecimento internacional alcançado pelo Brasil nos últimos anos: esta frase é sempre repetida como uma espécie de mantra e, como qualquer delírio de fundo religioso, não é passível de questionamento.

    Apesar de reconhecer alguns méritos no governo Lula, não voto na Dilma, porque defendo a alternância de poder e porque acho que o PT tem um certo viés autoritário.
    Este é o argumento de dez entre dez pretensos intelectuais que pretendem votar na Marina Silva nas próximas eleições (e que em 2006 votaram no Cristovam e, em um eventual segundo turno, votarão no Serra). O interessante é que este discurso da “alternância do poder” só se aplica ao governo federal, já quem São Paulo os tucanos governam há mais de duas décadas e esta turma não abre a boca para se pronunciar sobre isto. Ah, e nenhum deles viu qualquer viés autoritário na afirmação do falecido Sérgio Motta, ainda no primeiro mandato de FHC, de que o plano dos tucanos era o de permanecer vinte anos no poder...
     
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