O Vasco está na final da Taça Guanabara. Não importa se a vitória contra o Fluminense foi nos pênaltis, não importa quem irá disputar conosco a decisão. Se tudo correr bem, no domingo o carnaval continua...
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Não agüento mais ouvir de algumas pessoas comentários do gênero: "com tanta miséria no Brasil, o nosso governo vai enviar este dinheiro todo para o Haiti, ao invés de ajudar os pobres e desabrigados daqui". No entanto, as mesmas figuras que fazem este tipo de comentário são aquelas que habitualmente se manifestam contra os programas assistenciais do governo Lula - que elas consideram “um absurdo “- e que costumam chamar o bolsa-família de "bolsa-esmola". Além de reclamar - é claro - de seu "caráter eleitoreiro"...
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Em tempos idos, a minha vida era um livro aberto; hoje ela é um notebook com um disco rígido de 1 TB, 4 GB de memória RAM, um processador de 4 GHz e todos os programas instalados!
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Sem nenhuma conotação bairrista: somente a força econômica e o gigantesco mercado consumidor representado por São Paulo justificam que a Rede Globo transmita por duas noites o desfile das escolas de samba paulistas, que não passa – apesar de, reconheço, ter evoluído bastante nos últimos anos – de uma pálida imitação do desfile das escolas cariocas. Espetáculo por espetáculo, a apresentação das escolas do grupo de acesso do Rio de Janeiro consegue ser infinitamente superior à do grupo principal de São Paulo.
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É impressionante como a grande imprensa “esqueceu-se” de que José Roberto Arruda era um dos nomes mais cotados para ser o vice na chapa de José Serra: atualmente, quase ninguém fala mais nisto, num patético esforço para desvincular o candidato tucano do mensaleiro do DEM. Mas quem quiser refrescar a memória é só dar uma olhada nesta entrevista do Arruda à revista Veja há seis meses atrás e perceber como a publicação da “Famiglia” Civita enchia a bola do atual presidiário-mor de Brasília...
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Vi há pouco, na Lapa, um trio fantasiado de maneira impagável: o rapaz estava vestido de Lula e as moças, que andavam abraçadas com ele, de Dilma e D. Marisa, respectivamente. “Lula” carregava uma placa no pescoço com o nome da fantasia tripla: “Ménage à Trois Presidencial – Eu quero é phoder”!
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Para não perder o hábito de contar histórias, mesmo durante o carnaval, aí vai uma das minhas favoritas: em 1912, o Barão do Rio Branco – um dos mais populares homens públicos da República Velha – morreu às vésperas do carnaval. As autoridades então decidiram adiar os festejos, jogando-os para o meio do ano, em respeito à memória do maior nome da nossa diplomacia (Abrindo parênteses: quantos políticos de hoje mereceriam o adiamento do carnaval por causa de suas mortes? Pelo contrário: se FHC ou Sarney morressem às vésperas do outrora chamado “tríduo momesco”, os festejos seriam prolongados por, no mínimo, mais dez dias!). Mas se as festas “oficiais” foram realmente adiadas, nos bairros populares do Rio de Janeiro, o povão não perdeu a oportunidade de brincar o carnaval duas vezes e saiu às ruas cantando a seguinte quadrinha: “Com a morte do Barão / Tivemos dois carnavá / Ai que bom, ai que gostoso! / Se morresse o marechá” (numa referência ao então presidente da república, o Marechal Hermes da Fonseca). Com certeza, o velho Juca Paranhos, boêmio inveterado e grande apreciador do carnaval, deve ter gostado imensamente desta “homenagem”, lá no além-túmulo. E é por isto que eu costumo dizer aos meus alunos de Política Externa Brasileira que o Barão deu uma enorme contribuição à cultura pátria: deve-se a ele a invenção da micareta, o carnaval fora de época!
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Trilha Sonora do Dia: "Todo Carnaval Tem Seu Fim", do Los Hermanos.

Alguns dias depois, em 19 de dezembro, às vésperas da partida do poeta para Roma, a cantora Amália Rodrigues organizou em sua casa um de seus famosos e habituais saraus, desta vez tendo como convidado de honra o seu amigo brasileiro. Além de Vinicius e Amália, este encontro contou com a presença de grandes nomes da literatura e da música portuguesas como David Mourão-Ferreira, Natália Correia e José Carlos Ary dos Santos. Assim, essa noite memorável transcorreu entre poemas, canções e histórias cantadas e contadas pelos presentes, ao som das guitarras portuguesas e do violão e animada por generosas doses de bebida e amizade. Na ocasião, o diretor da gravadora de Amália, ao saber do sarau que iria acontecer na casa de sua artista, para lá deslocou um engenheiro de som que, através de microfones ocultos, conseguiu registrar toda aquela reunião. Alguns meses depois, tais gravações foram lançadas em Portugal na forma de um álbum duplo, com o poeta David Mourão-Ferreira assumindo a função de narrador do que ocorreu nessa noite, em um registro feito posteriormente em estúdio. Em 2009, finalmente, este disco foi lançado no Brasil, em uma primorosa edição – como é de hábito – da gravadora Biscoito Fino: é um CD belíssimo intitulado “Amália/Vinicius”. Nele, poemas declamados, fados e sambas misturam-se harmonicamente, compondo uma rica amostra do que há de singular e original na cultura luso-brasileira.
Em 1969, de volta a Portugal, Vinicius participou de um recital na Livraria Quadrante, em Lisboa, onde declamou diversos de seus poemas. Este evento foi gravado e lançado em forma de disco pela gravadora Festa, de Irineu Garcia, naquele mesmo ano, com o título de “Vinicius em Portugal”. Desde a saída de cena desta gravadora no início dos anos 70, tal disco nunca mais foi relançado tornando-se uma raridade disputada por colecionadores. Há alguns anos atrás, porém, por iniciativa da sobrinha de Irineu, a artista plástica Gracita Garcia Bueno, o acervo da Festa começou a ser gradualmente relançado e finalmente, em 2007, “Vinicius em Portugal” voltou às lojas em forma de CD. Dentre os poemas gravados neste belo álbum, destaco “Sob o Trópico de Câncer”, composto pelo poeta entre 1960 e 1969 e o maravilhoso “O Desespero da Piedade”, que compartilho abaixo.




