Há quarenta anos, no carnaval de 1969 (dois meses após a decretação do tristemente célebre AI-5), o Império Serrano entrava na avenida com o enredo “Heróis da Liberdade”, embalado pelo belíssimo samba de Silas de Oliveira, Mano Décio e Manuel Ferreira. Em uma letra que exaltava as lutas pela liberdade ao longo da História brasileira - Inconfidência Mineira, Independência, Abolição - aparecem referências explícitas às manifestações contra o regime militar ocorridas no ano anterior: "Ao longe soldados e tambores/Alunos e professores/Acompanhados de clarim/Cantavam assim:/Já raiou a liberdade/A liberdade já raiou/Esta brisa que a juventude afaga/Esta chama que o ódio não apaga pelo Universo/É a evolução em sua legítima razão". Cantados pelos passistas na avenida, estes versos de Silas de Oliveira - que foram considerados por Carlos Drummond de Andrade uns dos mais bonitos da língua portuguesa - pareciam um desafio aos militares, com o agravante de que naquele coro de milhares de vozes a palavra "evolução" soava como "revolução". Chamado pelas "autoridades constituídas" para "prestar esclarecimentos" sobre o teor do seu samba, Silas - como bom malandro que era - negou qualquer conotação política em sua letra. Mas naquele carnaval, o primeiro depois do início do período mais feroz da ditadura, "Heróis da Liberdade" constituiu-se em um verdadeiro hino contra o obscurantismo e a repressão.
Heróis da Liberdade
(Silas de Oliveira, Mano Décio da Viola e Manuel Ferreira)
Ô ô ô ô
Liberdade, Senhor,
Passava a noite, vinha dia
O sangue do negro corria
Dia a dia
De lamento em lamento
De agonia em agonia
Ele pedia
O fim da tirania
Lá em Vila Rica
Junto ao Largo da Bica
Local da opressão
A fiel maçonaria
Com sabedoria
Deu sua decisão lá, rá, rá
Com flores e alegria veio a abolição
A Independência laureando o seu brasão
Ao longe soldados e tambores
Alunos e professores
Acompanhados de clarim
Cantavam assim:
Já raiou a liberdade
A liberdade já raiou
Esta brisa que a juventude afaga
Esta chama que o ódio não apaga pelo Universo
É a evolução em sua legítima razão
Samba, oh samba
Tem a sua primazia
De gozar da felicidade
Samba, meu samba
Presta esta homenagem
Aos "Heróis da Liberdade"
Ô ô ô
Ouça aqui "Heróis da Liberdade" na bela interpretação de Roberto Ribeiro:
Heróis da Liberdade
(Silas de Oliveira, Mano Décio da Viola e Manuel Ferreira)
Ô ô ô ô
Liberdade, Senhor,
Passava a noite, vinha dia
O sangue do negro corria
Dia a dia
De lamento em lamento
De agonia em agonia
Ele pedia
O fim da tirania
Lá em Vila Rica
Junto ao Largo da Bica
Local da opressão
A fiel maçonaria
Com sabedoria
Deu sua decisão lá, rá, rá
Com flores e alegria veio a abolição
A Independência laureando o seu brasão
Ao longe soldados e tambores
Alunos e professores
Acompanhados de clarim
Cantavam assim:
Já raiou a liberdade
A liberdade já raiou
Esta brisa que a juventude afaga
Esta chama que o ódio não apaga pelo Universo
É a evolução em sua legítima razão
Samba, oh samba
Tem a sua primazia
De gozar da felicidade
Samba, meu samba
Presta esta homenagem
Aos "Heróis da Liberdade"
Ô ô ô
Ouça aqui "Heróis da Liberdade" na bela interpretação de Roberto Ribeiro: