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Para que servem as bases dos EUA na Colômbia?

Alguém já deve ter perguntado: para os EUA, desejando atacar a Venezuela, não seria relativamente fácil pelo mar do Caribe? Para que sete bases na Colômbia?

Na Folha, de 2/11/2009, quem sabe outra explicação:

Chávez é motivo para ter base na Colômbia, afirma Pentágono

Ao assinar o acordo militar com a Colômbia e garantir o uso da base área de Palanquero, no centro do país, o governo dos EUA considera ter aproveitado uma “oportunidade única” de obter “acesso e presença regional a custo mínimo” numa área sob ameaças constantes, entre elas as vindas de “governos antiamericanos” como o do venezuelano Hugo Chávez.
(...)
O documento do Pentágono submetido ao Congresso diz que Palanquero é “inquestionavelmente” o melhor lugar “para conduzir um completo espectro de operações pela América do Sul” – a importância da base já havia aparecido em documento da Força Aérea, que a inclui no esquema global de rotas para transporte estratégico global de carga e pessoal.

No grifo meu, o que seriam “rotas para transporte estratégico global de carga e pessoal”? O que me lembro do governo americano fazendo de transporte estratégico aparece no vídeo abaixo:



Partindo da Colômbia, podemos imaginar o que seria.

obs: peguei uma carona em post no Hermenauta.
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O crack e a mídia


Nossos jornalões e as TVs descobriram que o crack tem culpados: é o governo Lula e os favelados. Se derrubar o Lula e tacar fogo nas favelas, tudo se resolve. É o que se conclui das recentes reportagens, e o que dizem alguns comentaristas nos portais de notícias. Em nenhuma matéria há um dedo sobre informações históricas sobre essa droga que efetivamente destrói em pouco tempo seus usuários, e que foi criada para acabar com o forte movimento dos Panteras Negras nos EUA, obra do próprio estado americano. Inventei? Teoria da conspiração? Não. Quem disse foi esta mesma mídia gorda em uma série de reportagens do San Jose Mercury News, assinadas pelo valoroso e premiado repórter Gary Webb, em 1996.

Webb seguiu os passos do caso Irã-Contras, um dos momentos em que, por um descuido, a cortina que encobre o sistema é levantada e podemos ver a fábrica de salsichas funcionando. Simplesmente o governo americano, via sua central de inteligência, vendia armas para seu inimigo aiatolá Komeini e arrumava mais um bom troco no mercado negro de drogas. Tudo para financiar os caros mercenários que combatiam a revolução sandinista. Uma revista em Beirute deu o flagra, espanou o mau cheiro e deu em uma longuíssima CPI no Congresso Americano.

O jornalista fez seu trabalho com competência. Seguiu passos de traficantes, deu nomes, mostrou rotas de tráfico que eram do conhecimento da CIA, e exibiu todo o cenário. Depois, a série foi transformada em livro: Dark Alliance: The CIA, the Contras, and the Crack Cocaine Explosion. Bastou para o mundo cair sobre sua cabeça. Foi acusado por todos os lados de usar falsas fontes, de manipular informações, sua vida virou um inferno. Perdeu o emprego e entrou em lista negra na mídia americana. Morreu em 2004. Segundo a polícia e a mídia, foi suicídio.

Claro, a nossa mídia aqui não lembrou do fato agora. É muito complexo entrar em um terreno tão polêmico. Imagina então pesquisar, que absurdo.

Ah, só um detalhe, certamente sem relevância jornalística: Gary Webb cometeu suicídio com dois tiros na cabeça.

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Referências para saber mais:

Verbete sobre Gary Webb na Wikipedia (em inglês)

Ótimo texto do professor Ney Jansen sobre drogas. Como o crack derrotou os Panteras Negras.

Sobre o caso Irã-Contras (em inglês)

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A direita e suas armas


Como se fabrica uma farsa jornalística? Basta repetir uma mentira, distorcer uma informação, desde que ela sirva ao propósito de ajudar os interesses políticos de a quem a corporação presta serviço. A Folha fez hoje sua parte ao ajudar o governo Uribe. Destacou no título a versão deste: “Bogotá diz que Caracas calou sobre armas por 2 meses”. Mas, na mesma matéria, é dito que Bogotá se calou sobre o fato por 7 meses! Diz o texto:
Em nota, Bogotá disse, porém, que a apreensão dos três AT-4 em outubro de 2008 só foi tornada pública nos últimos dias devido ao fato de a Venezuela "não ter dado resposta alguma" após informada.

O fato teria sido comunicado pelo “chanceler colombiano, Jaime Bermúdez, ao homólogo venezuelano, Nicolás Maduro, na última cúpula da Organização dos Estados Americanos, em Honduras”, em 2 de junho. Mas, segundo a fonte da Folha, de “forma discreta”.

Quer dizer, nada foi registrado, apenas versões. Bastou aparecerem as cobranças da Venezuela contra a vergonhosa capitulação colombiana frente aos EUA, com o novo acordo político militar, para uma revista colombiana, já conhecida por ajudar Uribe, publicar uma matéria acusando a Venezuela de ter armado as Farc com os lança-foguetes.

E seguem nossos jornalões e seus colunistas na tentativa de ajudar aos planos colombianos. Hoje, o fundamentalista da Veja e a Miriam Leitão já apontaram seus AT-4 para o Celso Amorim, que corretamente pediu transparência a Colômbia sobre seus planos. Reclamam à direita que é postura pró-Chávez e antiamericana.

Baboseira grossa. A mídia, se tivesse um grama de imparcialidade, deveria já ter entrado no assunto Colômbia remexendo a estranha aliança entre o maior produtor de cocaína do planeta e seu maior consumidor. Nem precisariam mandar muitos repórteres ao local. Nem precisariam ler os inúmeros livros que desnudam o esquema de drogas no mundo, seus interesses, ou as infindáveis publicações alternativas sobre o assunto. Poderiam começar pela tradicional Newsweek, que aponta Álvaro Uribe entre uma das 100 personalidades ligadas ao narcotráfico.
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A grande drogaria americana


Hoje no Globo:


E segue matéria chupada do El País, cúmplice na mesma armação:

Um informe do Congresso dos EUA adverte para uma forte penetração do narcotráfico na Venezuela(...) Segundo o relatório parlamentar, houve um aumento de exportação de drogas, que teria quadruplicado, e de cumplicidade no negócio entre altos funcionários civis e militares do governo, que colaborariam e protegeriam a guerrilha e as organizações criminosas colombianas.

A receita é simples: basta já ter preparado seu leitorado para algumas repetidas mentiras, como a de que a guerrilha colombiana é ligada ao narcotráfico, e o governo venezuelano é o mal na terra, repleto de péssimas intenções. Não será na grande mídia que você irá aprofundar uma análise sobre o tema, já que ela esquece até o que já foi publicado. Nunca abrirá a cortina para dizer:

1) A guerrilha colombiana combate as oligarquias e seu governo ligado ao narcotráfico. Elas estão do outro lado. Uribe representa bem o setor, que movimenta a economia colombiana. Foi eleito com ajuda de narcotraficantes, segundo até o Estadão.

2) Os EUA dominam a política e a economia colombiana. Economia, entenda, a produção de cocaína. Sim, os EUA são os principais responsáveis pela produção e o tráfico de cocaína pelo mundo. Não sou eu quem diz. É fato já ligado à história americana, está em inconteste verbete da Wikipedia, repleto de referências. O Plano Colômbia foi fachada para a eliminação de pequenos e médios produtores concorrentes e combate às Farc.

3) Os EUA dominam a cocaína e também a heroína pelo mundo há muito. Depois da invasão, o Afeganistão é hoje o maior produtor de ópio do planeta. E o vizinho Paquistão, uma espécie de quintal americano, é o grande distribuidor planetário da heroína, produzida pela papoula.

4) Ah, a maconha eles não gostam, para eles isso é coisa de pobre. Ela é produzida no mundo por pequenos produtores. Cocaína e heroína é o grande negócio, peças de um grande jogo, financiam inclusive suas guerras. Nada novo, os ingleses já haviam mostrado o caminho há muito tempo.

5) A notícia é totalmente desqualificada. Surgiu por iniciativa de parlamentares republicanos, certamente com os olhos voltados para a armação contra a Venezuela e todas as conquistas da esquerda na AL. Querem mudar o jogo. Armar um novo circo. Para inclusive vender melhor suas drogas.

Imagem: Dalton/AP Photo em Rolling Stone

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Ps: O blogueiro some, mas reaparece. É que proleta tem uma cota alta de mais-valia para distribuir às nossas elites. Vez ou outra ele cansa e vai dar uns mergulhos em praias distantes.
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O diálogo das drogas

O Globo gastou ontem uma página inteira com o encontro em Viena da Comissão de Narcóticos da ONU. O relatório e as declarações de seus representantes admitem o fracasso do que foi até agora tentado para o combate às drogas. Segundo eles, os cartéis se modernizaram e estão ainda mais ricos do que há dez anos. O jornal usou uma enormidade de letras para descrever as ações e as modalidades existentes no mundo sobre combate ao tráfico e recuperação de viciados. Dava para resumir em 5 linhas, mas era tanto espaço que o editor não resistiu em contribuir com um agrado à sanha panfletária de seus chefes. No meio do texto, ligando nada a coisa alguma, a seguinte frase:



Já o presidente da Bolívia, Evo Morales, mascou folha de coca e pediu que a ONU retire a planta da lista de drogas ilícitas nos convênios internacionais.


Justificou a foto da página, Evo segurando uma folhinha. Assim, sem dizer, deixa no ar para o leitor desavisado a impressão de que o governo da Bolívia é um dos entraves ao combate do narcotráfico.

Só na metade do texto entendemos o motivo de tanto esbanjamento de papel e tinta, roubando espaço aos “horrores” da crise. Em Viena também trabalhou a Comissão Latino Americana sobre Drogas e Democracia, aquela do Fernando Henrique Cardoso. Nos 17 nomes da comissão, a presença de João Roberto Marinho, vice-presidente das Organizações Globo.

Se o Globo pode entrar no campo da ficção, inventando uma boba provocação ao Evo, este modesto blog pode também imaginar o diálogo no jatinho entre FH e João Roberto, na volta de Viena:


- FH, estive com tempo nos últimos dias e resolvi estudar melhor o problema das drogas.

- Como assim, João? Eu já te expliquei tudo.

- Sei, sei, mas é que ainda não estava me sentindo preparado, podiam me perguntar alguma coisa...

- Quem vai te perguntar? Fica tranquilo. E o que você está lendo?

- Comprei uns livros. Fiquei ainda mais curioso e pesquisei na internet...

- Cuidado! Não há a menor credibilidade nessa coisa. É terreno do inimigo, nossa grande batalha em breve, vamos acabar com esse lixo...

- Sei sei, mas tem muita coisa que faz sentido...

- Por exemplo?

- Governos, que agora dizem combater as drogas, foram responsáveis pela criação do consumo e do tráfico. Fiquei pensando nisso quando jantávamos com o embaixador inglês em Viena. Que hipocrisia! Lá no início do século XIX, a Inglaterra não tinha o que oferecer aos chineses para trocar por porcelana, seda e chá. Descobriram que ópio bombaria, é fácil “fidelizar” os clientes. Mercado aberto, altíssimo potencial. Criaram uma rota da índia para a China, maior sucesso, até os chineses perceberem o logro. O pau comeu em duas guerras com os ingleses.

- João, isso faz tempo...

- Mas não parou, FH. Em livro de um tal de Alfred W. McCoy, li que de 1945 a 1951 a CIA operou para tirar os sindicatos de Marselha da mão do Partido Comunista, os entregando para a máfia corsa. Bastou terem o controle das docas para Marselha se tornar à época a capital mundial da heroína.

- Mas os comunistas teriam feito estrago pior...

- Em outro livro, de Christopher Robbins, a mesma CIA, no início dos anos 50, organizava o Exército Nacionalista Chinês para combater os comunistas. Este exército se tornou o barão do ópio no Triângulo Dourado (Birmânia, Tailândia e Laos), a maior fonte de ópio e heroína do mundo. Na ajuda, aviões da Air América, companhia aérea da CIA, levavam as drogas...

- Mas eram os comunistas, sempre eles...

- Mas não só. O Nugan Hand Bank, de Sydney, era um banco da CIA. Todos o seu “bord” era de generais, almirantes e burocratas da CIA, incluindo William Colby, seu advogado. Li no livro de Jonathan Kwitny que a grande especialidade do banco era financiar o tráfico de drogas, a lavagem de dinheiro e os negócios internacionais de armas...

- Isso tem o maior cheiro de teoria da conspiração...

- E o caso do Manuel Noriega, algo bem conhecido. Ele foi muito bem pago pela CIA, apesar dos americanos saberem desde 1971 que o general estava pesadamente envolvido no tráfico e lavagem de dinheiro. E cúmulo do fingimento: autoridades dos EUA, incluindo o então diretor da CIA William Webster e vários responsáveis do DEA, enviaram a Noriega cartas de agradecimento pelos esforços para impedir o tráfico de drogas. Claro, ele e os EUA se ajudaram para acabar com a competição ao Cartel de Medellin. O governo dos EUA só se voltou contra Noriega, invadindo o Panamá em dezembro de 1989 e sequestrando o general, depois de descobrir que ele também fornecia informações e serviços aos cubanos e sandinistas. Ironicamente, o tráfico de drogas através do Panamá aumentou após a invasão dos EUA. Está em outro livro, Our Man in Panama, de John Dinges.

- Geopolítica, João. Já falamos sobre...

- E o caso Irâ-contras? Os EUA vendiam na surdina armas ao governo do Aiatolá Komeini e traficavam drogas para financiar os contra revolucionários na Nicarágua. O San Jose Mercury News fez um série de artigos, ta lá no resultado do comitê Kerry, de 1989.

- Deixa pra lá, esse jornal está morto...

- A CIA criou a Al Quaeda na década de 80 no Afeganistão. Os caras faziam tráfico de drogas enquanto combatiam o governo apoiado pelos soviéticos. O principal cliente da agência era Gulbuddin Hekmatyar, um dos principais senhores da droga e o principal refinador de heroína. A CIA forneceu caminhões e mulas para levar armas e trazer ópio para laboratórios ao longo da fronteira afegã-paquistanesa, onde era transformado em heroína. A produção abastecia a metade da heroína usada anualmente nos Estados Unidos e três quartos daquela usada na Europa Ocidental. Depois, em 2001, vencendo os talibãs, o Afeganistão voltou a produzir heroína, só que agora ele é responsável por 80% do consumo mundial.

- João, você anda lendo muito. Vamos mudar de assunto. Ontem, como sempre de madrugada, o Serra teve uma ótima idéia. Já contei para o Tasso. É o seguinte...
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Fumacê e anauê

Não me surpreendi com a proibição da chamada “marcha da maconha” no Rio. Minha aposta era a de que o estado, as classes que o sustentam, não permitiriam uma ação de propaganda que pode ajudar a acabar com a enorme hipocrisia sobre esta droga. Da mesma forma que nunca permitiram a legalização do jogo do bicho, o negócio mudaria de mãos. O atual, clandestino, é mais organizado e poderoso, pagando altos impostos, mesmo que “não contabilizados” pelo poder público.

Drogas é um assunto onde há muito mais em jogo do que mera discussão sobre gostar ou não de tal ou qual produto. Elas são das mais valorizadas commodities do mercadão, com enormes tubarões no negócio. Esqueça o vapor da esquina, a boca da favela, estas são apenas algumas das pontas do empreendimento. Sugiro pesquisar, se for interesse entender, as mudanças no estado colombiano nas últimas décadas. Ou o caso Irã-Contras, onde o governo dos EUA foi apanhado traficando. Aqui já falamos e demos alguns links.

Surpresa, mesmo, foi ver na orla carioca, na passeata contra a outra, uma bandeira integralista. Ao menos assim fica mais fácil entender de que lado nós estamos.
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A farsa do diário da guerrilheira



O diário colombiano El Tiempo publicou, em setembro de 2007, reportagem com trechos do diário da guerrilheira “Eillen”, supostamente achado em acampamento das FARC. A jovem, de 29 anos, foi identificada pelo jornal como a holandesa Tanja Nijmeijer, graduada em filologia hispânica, de família de classe média e na Colômbia desde 2002, quando chegou dentro de programa da ONG Pax Christi, para logo em seguir entrar na guerrilha.

A versão, divulgada pelo exército e publicada pelo jornal, repercutiu em toda a mídia mundial, e com grande comoção na Holanda. Um dos trechos no alegado diário dizia o seguinte:


Estou cansada, cansada das FARC, cansada desta gente, cansada de viver em comunidade, cansada de nunca ter algo para mim.


Desde então, a mídia e o governo Uribe sustentam que ela é mais uma seqüestrada, ao ser impedida de sair da guerrilha, o que sua família não confirma. Sua mãe disse que, pouco antes do episódio, a filha garantiu estar planejando férias em casa.

Seguindo a mesma tese, em 16 de fevereiro último, a revista colombiana Semana, pró-Uribe, publica que a guerrilheira está em julgamento militar e, como castigo, está sendo obrigada a fazer um documentário, nos moldes de Guerrilha Girl. E que tal produção , de uma equipe holandesa, era patrocinada com dinheiro das FARC.

A matéria é veementemente desmentida pelo próprio diretor do documentário, Ivan vd Boer, nome de guerra, em texto na Agência de Notícias Nova Colômbia, que reafirma que em nenhum momento Tanja foi obrigada a participar e que o seu interesse é o da Nova, produtora independente de TV holandesa. Diz ele:


Finalmente, quero deixar claro ao analista que não pode haver comparação alguma com outras produções e a determinação de produzir um filme sobre a vida da guerrilheira Eillen é uma determinação pessoal e livre, o processo está em marcha, queira-se ou não, junto ao direito irrenunciável de um povo que tem empreendido o caminho de sua definitiva independência para o socialismo e a Pátria Grande, que um povo que tem cultura é um povo que luta, resiste e se liberta.


Belas palavras, promete um imperdível filme. Uribe-Bush devem estar em pânico.
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Diálogo colombino



Conversa com um crédulo e acrítico leitor dos nossos bem informados jornais:


− Esse Uribe é um canalha!

− Ah, mas ele foi macho. Os caras estavam fazendo jogo duro para libertar os reféns.

− Muito pelo contrário. Assassinaram o principal negociador das Farc, o Raúl Reys. Agora tudo ficou mais difícil. O que Uribe queria era exatamente evitar a libertação. Coisa de traíra.

− Mas esses caras são terroristas, não dá para confiar.

− Terroristas? Eles são um outro estado dentro daquele país. São guerrilheiros, querem implantar um governo marxista-leninista. Foram organizados em 1964 quando perseguidos por militares e paramilitares à mando da elite corrupta e assassina.

− Se querem o poder, deviam sair da clandestinidade. Fazer um partido e disputar eleições, dentro da democracia.

− Mas foi o que fizeram em 1984. Assinaram um acordo de cessar-fogo com o então governo de Belisário Betancur, criando a União Patriótica, uma frente de várias tendências, que elegeu 350 conselheiros municipais, 23 deputados e 6 senadores.

− E desistiram? Aposto que não gostaram da experiência democrática.

− Claro que não gostaram. As elites e o governo se aproveitaram do momento e assassinaram vários parlamentares, incluindo dois candidatos presidenciais, em um total de 4 mil militantes.

− Ah, mas hoje eles são ligados aos narcotraficantes.

− É uma grande mentira, criada pelo ex-embaixador dos EUA na Colômbia, Louis Stamb, e até hoje repetida pela mídia. A Colômbia, sua elite, vive e depende do narcotráfico. Seu atual presidente tem negócios e interesses nas drogas.

− Aí você já está apelando. Isso é teoria da conspiração.

− É? Mas quem diz não sou eu, mas o próprio governo americano.

− Cumé?

− Saiu na Newsweek de 9 de agosto de 2004. Segundo ela, um relatório do Departamento de Defesa dos EUA, de 1991, faz um Quem é Quem do mercado de drogas colombiano. Em uma lista dos 100 o nome de Álvaro Uribe Velez é o número 82. E ainda afirma a revista que ele tinha negócios nos EUA que envolviam cocaína, além de ser grande amigo de Pablo Escobar.

− Que babado! Ah, mas tem o Plano Colômbia, os EUA querem acabar com a produção de cocaína no país.

− Querem? O Plano Colômbia aumentou a produção. O grande país do norte é parceiro e interessado na produção de cocaína mundial.

− Tá maluco! E o DEA?

− Foram apanhados juntos com paramilitares. O governo americano, CIA e drogas fazem uma combinação há muito controvertida. Pesquise no Google.

− Teoria da conspiração!

− Pesquise o caso Irã-Contras. Tinham drogas naquele mafuá.

− O fato é que mataram os caras de pijamas, isso eu concordo.

− Pois é. Tem vídeo que mostra que foi de madrugada, todos dormiam, uma covardia.

− Até concordo.

− Mas de pijamas? E guerrilheiro usa pijamas? Na selva?

− Ah, mas eu li nos jornais.
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Aviões de carreiras

O caso do jato Gulfstream II, acidentado no México com 4 toneladas de cocaína, ganha mais informações a cada dia, como a ligação deste episódio a um outro, 18 meses atrás. Na coluna de Claudio Humberto, o empresário brasileiro, João Luiz Malagó, sócio da Donna Blue Aircraft, oficialmente proprietária do avião, declara ser “vítima de jornalistas irresponsáveis”, que "queimaram meu negócio, que é vender e comprar aviões há quarenta anos sempre através de corretor".

Talvez existam um tanto mais “negócios” nas atividades do empresário. Basta uma pesquisa no Google com seu nome para descobrirmos um pronunciamento do Tribunal Supremo de Jurticia, da Venezuela, sobre o pedido de posse de dois aviões retidos no aeroporto de Maiquetía, em 2004, por suspeita de terem sido furtados no Brasil, segundo informações da Interpol, entre várias outras irregularidades na documentação. O Sr. Malogó se fez representar como um dos proprietários em procuração a um cidadão venezuelano, Cirilo Enrique Rada Tovar. O estranho é que o mesmo Google mostra que o Sr. Tovar tem seu nome ligado a vários processos na justiça venezuelana, entre eles, um contra seu nome por falsificação de documentos.

Ao que tudo indica, há no ar algo muito além dos aviões de carreira.
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Quem é o dono da boca?

Pautados pelo filme “Tropa de elite”, nossos jornalões e revistas dedicaram recentemente um razoável espaço para a discussão sobre drogas. Articulistas gastaram muitas letras para dividir culpas, fazer julgamentos e destilar prosa. Fariam melhor seu dever de casa se tivessem prestado atenção a uma pequena notícia , totalmente desprezada em suas páginas.

Em 24 de setembro um pequeno avião americano caiu em Yucatan, no México, com cerca de quatro toneladas de cocaína. Seria apenas mais uma pequena notícia se alguns repórteres não tivessem procurado saber a quem pertencia. A resposta foi confusa. O luxuoso jato era propriedade de uma empresa de Nova York, de um certo William Achenbaum que o vendeu dias antes da viagem a outra empresa, da Flórida, a Donna Blue Aircraft, de dois brasileiros, João Luiz Malago e Eduardo Dias Guimaraes. O tal Achenbaum nada quis comentar, os brasileiros disseram que apenas fizeram um negócio em comprar e vender o aparelho, logo em seguida, para dois pilotos, Clyde O’Connor e Greg Smith, os que pilotavam o avião. A Federal Aviation Administration disse que nada foi informada sobre as estranhas transações comerciais.

Não foram as grandes agência de notícias que procuraram conhecer a tal Donna Blue Aircraft. Quem o fez, descobriu que a empresa não tinha placas, ninguém os recebeu e, estranhamente, estacionados à porta, estavam seis carros da polícia, novos e sem distintivos. Seguindo a mesma reportagem, outros tentaram saber dos recentes registros de planos de vôo do avião, descobrindo que Guantanamo foi visitado algumas vezes.

Para não deixá-los com sensação de filme de James Bond, sugiro uma pesquisa sobre a notícia no Google. É claro que há o dedo da CIA. E você, imagino, estará dizendo agora que é impossível, o governo americano tem o DEA, que combate as drogas no mundo, isso é mais uma teoria da conspiração, blá blá blá... Legal. Sugiro começar a entender um tanto como os vários governos americanos colocaram a mão diretamente no tráfico de drogas internacional, começando no caso Irã-contras. Alguns posts à frente, voltamos ao assunto.
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