A Casa Onde às Vezes Regresso.
A casa onde às vezes regresso é tão distante
da que deixei pela manhã
no mundo
a água tomou o lugar de tudo
reúno baldes, estes vasos guardados
mas chove sem parar há muitos anos
Durmo no mar, durmo ao lado de meu pai
uma viagem se deu
entre as mãos e o furor
uma viagem se deu: a noite abate-se fechada
sobre o corpo.
Tivesse ainda tempo e entregava-te
o coração.
(Mendonça, José Tolentino. A que distância deixaste o coração. Lisboa, Assírio&Alvim, 1998).