O punho cerrado de Obama

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  • quarta-feira, 19 de maio de 2010
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  • No discurso de posse, com W. Bush e família saindo de cena rápido mas fininho, Obama disse algo lindo, sobre a relação que promoveria com os países em conflito com os EUA, como o Irã. Não lembro as palavras exatas, mas ele disse algo como:

    Se vocês abrirem seus punhos, nós lhes estenderemos a mão.

    Eu me emocionei. É tudo o que eu gostaria de ter ouvido um presidente dos EUA falar, naquele momento. Senti esperança de paz.

    Agora, Obama cerra o punho. Os céticos já diziam que a coisa seria assim, e eles têm razão, infelizmente. Não há diferença entre Obama e W. Bush para nós que não votamos para presidente dos EUA.

    O Brasil e outros países buscam soluções pelo diálogo, e fomos todos esbofeteados pela hybris estadunidense. Isso não quer dizer que perdemos, pois o perdedor claro é Obama, pois ele simplesmente repete a fórmula que tirou a credibilidade de W. Bush e Blair, além dos EUA e da Inglaterra. Não se pode dizer nem mesmo que Obama e os EUA ganham por ter a decisão final, no caso a opção pela guerra, dado que as sanções darão nisso. Não há vitória aqui, pois este é o beco sem saída no qual W. Bush enfiou os EUA, e do qual os estadunidenses achavam que Obama os tiraria. É um beco sem saída econômico, dados os custos trilionários da guerra. É um beco sem saída político, dada a insatisfação popular. E é um beco sem saída diplomático, por razões mais do que óbvias.

    PS - É claro que a comunidade internacional tem o direito de tentar impedir a proliferação de armas nucleares, se é que isto não é um dever. A crítica é ao meio escolhido, no caso as sanções. Por duas razões. Primeiro, é inefetivo, pois maltrata a população civil, o que leva à exacerbação e extremismo internos, com consequente enfraquecimento de posições mais ao centro e liberais. No caso do Irã, isto sim é explosivo. Segundo, porque a história recente nos mostra que usualmente o passo seguinte é a guerra ou o impasse, ao invés do diálogo. Tivemos guerra no caso do Iraque, e impasse nos casos de Cuba e das Coreias. O meio escolhido tem que ser o diálogo. Esta é uma lição importante do século 20, a qual levou à criação da ONU. Pode ser caro e doloroso esquecer disto.

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