Polícia de Yeda persegue trovador

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  • quarta-feira, 21 de outubro de 2009
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  • No blog do Marco Aurélio Weissheimer:

    Cantor denuncia perseguição da Brigada Militar
    Oct 21st, 2009


    O cantor e compositor Pedro Munhoz denuncia que já sofreu duas tentativas de prisão por parte da Brigada Militar, uma em Alvorada e a outra em Porto Alegre, durante o ato-show Fora Yeda!, realizado dia 4 de outubro, no Parque Marinha do Brasil. Munhoz relata:

    “Depois de ter recitado novamente o poema, “Quando Matam Um Sem Terra”, houve a tentativa de me prender. Como ocorrera em Alvorada, na sexta-feira. Uma vez mais tive que sair às pressas. Sou um trovador, um narrador de tudo aquilo que acontece no tempo histórico que estou inserido. Nada temo. Cumpro a minha função de trovador, munido apenas de palavras e canções. Sou um solitário cantador. É a nossa função”.

    E acrescenta: “Não atiro pelas costas. Canto de frente”.

    Natural de Barra do Ribeiro, Munhoz gravou seu primeiro CD em 1998 (“Pedro Munhoz Encantoria) e já atuou no Uruguai, Canadá, Cuba, França, Chile e Itália, entre outros países.


    O poema que incomoda é este:

    Quando matam um Sem Terra” Por Pedro Munhoz

    1.
    Quem contar tráz à memória,
    sabendo que a dôr existe,
    quando a morte ainda insiste,
    em calar quem faz a História.
    Pois quem morre não tem glória,
    nem tão pouco desespera,
    é um valente na guerra,
    tomba, em nome da vida.
    Da intenção ninguém duvida,
    quando matam um Sem Terra.

    2.
    Foi assim nesta jornada,
    quando mataram mais um,
    o companheiro ELTON BRUM,
    não teve tempo prá nada.
    Numa arma disparada,
    o Estado é quem enterra
    e uma vida se encerra,
    em nome da covardia.
    Toda a nossa rebeldia
    quando matam um Sem Terra.

    3.
    È o desatino fardado,
    armado até os dentes,
    até esquecem que são gente,
    quando estão do outro lado.
    E vestidos de soldado,
    todo o sonho dilacera,
    violência prolifera
    tiro certeiro, fatal.
    Beiram o irracional,
    quando matam um Sem Terra.

    4.
    Quem és tu, torturador,
    que tanta dôr desatas,
    desanima e maltrata
    o humilde plantador?
    Negas a classe, traidor,
    do povo tudo se gera,
    te esqueces devéras,
    debaixo de um capacete.
    Dá a ordem o Gabinete,
    quando matam um Sem Terra.

    5.
    Em algum lugar da pampa,
    ELTON deve de estar,
    tranquilo no caminhar,
    jeito humilde na estampa.
    E algum céu se descampa,
    corajem se retempera,
    outras batalhas se espera,
    dois projetos em disputa.
    Não se desiste da luta,
    quando matam um Sem Terra.

    PEDRO MUNHOZ
    Barra do Ribeiro / RS
    27.08.09
     
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