Mas as coisas findas muito mais que lindas, essas ficarão.

Para fechar neste blog - espaço de minhas "viagens" e idiossincrasias -, o difícil e complicado ano de 2008, resolvi postar alguns dos mais belos versos escritos por um dos maiores poetas desta língua pela qual sou apaixonado, Carlos Drummond de Andrade, cujos poemas, desde a minha infância (juntos com os de Pessoa, de Sophia, de Bandeira e de tantos outros), têm sido meus companheiros de todas as horas. Adeus, 2008! E que 2009 seja um ano "onde a dor não tem razão"!

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.
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As duas faces da crise





O ano que ora se encerra parece destinado a ser avaliado a partir do espectro da crise.

A tendência analítica prevalecente destaca a crise financeira que assola o mundo como dotada de gravidade e profundidade suficientes para ameaçar o pouco que havia de otimismo e sugerir que ingressamos em uma fase na qual o capitalismo está novamente desafiado a reiterar sua autoproclamada racionalidade. Reconhece-se, aqui, a natureza eminentemente incerta e “imprevisível” do sistema capitalista, que a cada ciclo parece maximizar os elementos de risco e anarquia inerentes à sua estrutura de produção.

Este viés dominante embute um outro. É que, sendo a crise de “proporções históricas”, ela não só criaria dificuldades para a reprodução organizada da vida como também abriria oportunidades para a inovação, a revisão de convicções e a reprogramação do futuro. Afinal, todo processo carrega consigo problemas e soluções, falências e novas oportunidades. Não só de dor e sofrimento é feita a história.

Mas crises são crises, e nem sempre a criatividade que as acompanha mostra-se de imediato, de modo automático. Crises só são espaços de invenção quando encontram circunstâncias particularmente favoráveis, que agregam pessoas e despertam vontades desativadas, pondo-as em movimento. Requerem também atores qualificados para traduzir e potencializar tais circunstâncias, de modo a extrair o máximo delas.

Neste ponto, ingressamos num território confuso e controvertido, pois é consensual que vivemos num tempo refratário a mobilizações coletivas e à emergência de lideranças políticas maiúsculas. Além do mais, a própria explicação da crise divide as pessoas em múltiplos campos, que não se reduzem à dicotomia otimismo vs. pessimismo, embora estejam atravessados por ela.

Enfatizar o lado mais sombrio da crise tanto pode expressar um prudente brado de alerta contra os que banalizam e minimizam seus desdobramentos, quanto ter um efeito paralisante, que bloqueia o encontro de saídas e adaptações. Efeitos paralisantes deste tipo não conhecem ideologias; podem ser de esquerda ou de direita, quer dizer, podem explorar de modo invertido um arcabouço ideológico inspirado na idéia de que somente seria possível conceber um mundo “sem crises” se se vivesse em um outro mundo, inteiramente diferente do atual – um novo mundo, que viria na esteira ou de uma “revolução em nome da ordem”, pela direita, ou da completa subversão da ordem existente, pela esquerda.

A ênfase no lado sombrio da crise também pode ocultar estratégias de intimidação, com as quais se proporiam soluções autoritárias ou providenciais, na linha de que situações difíceis exigem soluções amargas e “chefes” especialmente dotados.

Já os que se dizem tranqüilos e “confiantes” diante da crise não são necessariamente sinceros. Alguns talvez desejem contrariar a rational choice e incentivar as pessoas a não cederem diante das dificuldades para não aumentá-las ainda mais. Outros podem manifestar confiança na capacidade que teria o sistema de se auto-regular ou simplesmente revelar algum tipo de cegueira diante da realidade, um tipo de antolho ideológico ou alienação. Tanto podem mobilizar energias coletivas adormecidas quanto impulsionar taras conservadoras. Podem servir para que se cristalizem fés fanáticas no sistema ou para que se recuperem velhas utopias, como a do mercado auto-regulável ou do Estado todo-poderoso.

Entre uns e outros, inserem-se os realistas autênticos, que trabalham para que as circunstâncias existentes se traduzam em uma teoria da ação que faça história e produza transformações em cadeia, isto é, dispostas progressivamente em um círculo espaço-temporal concatenado, no qual cada alteração, cada reforma, cada medida positiva, seja a plataforma para novas medidas ainda mais profundas e contundentes.

Momentos como o atual preparam o palco para que políticos e intelectuais realistas exibam seu estoque de recursos, mostrem-se à altura, equacionem os problemas na medida mesma da gravidade deles. É em momentos assim que surgem os estadistas, os grandes políticos, aqueles que dialogam com as massas mas não se negam a contestá-las, que não são paternalistas, mas generosos e ousados. É neles que os intelectuais deixam-se agitar pela urgência cívica, põem-se uma agenda teórica aberta e elaboram novos paradigmas.

À primeira vista, os dias atuais não parecem reunir condições para que se generalizem tais posturas realistas. A reorganização hipercapitalista a que o mundo está sendo submetido carrega no ventre um cenário embaçado e preocupante, simbolizado pela corrosão dos talentos políticos e intelectuais, pela desmontagem dos arranjos coletivos com que se protegiam as sociedades, pelo esvaziamento das instituições e pela subversão dos circuitos espaço-temporais que forneciam parâmetros para a vida.

Devemos, porém, pensar o tema com os olhos para frente. Se é verdade que o capitalismo turbinado das últimas décadas tem sido devorador da sociedade – estilhaçando a vida coletiva e roubando protagonismo dos grupos em benefício dos mercados – também é verdade que ele manteve ativa a dimensão estrutural e subjetiva do conflito, da contradição, da luta pela vida. A sociedade não morreu, somente foi redefinida. A política não desapareceu, somente foi desorganizada e posta em um plano mais técnico que ético, que não emociona nem inspira confiança.

Por sua gravidade e contundência, a crise pode forçar a que certas coisas voltem ao devido lugar. Há indícios de que algo novo começa a surgir nesta direção. E não deixa de ser uma excelente promessa de fim de ano nos comprometermos todos, cada um a seu modo, a brigar para que 2009 escape da mesmice, das fórmulas conhecidas, das frases feitas, do fanatismo ideológico e das posturas servis de conveniência. [Publicado em O Estado de S. Paulo, 27/12/2008, p. A2.]

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Eta esquadrão de ouro - 2

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Boas festas e um feliz 2009

Agradeço aos leitores desse blog trazendo meus votos de um feliz 2009. Quero aproveitar para desculpar das ausências, de não ter conseguido manter ao longo do ano uma atualizaçao mais constante do blog. Espero a compreensão de vocês. A promessa para 2009 é tentar fazer um blog mais provocativo no bom sentido, interragindo com as discussões da pauta política.
Um forte abraço a todos.
Jefferson Milton Marinho
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O discurso da oposição para 2010 e as pré-candidaturas de Serra e Aécio

A oposição baseada no discurso de quanto pior melhor tem tudo para não emplacar, pois a população é esclarecida o suficiente para entender que a crise não é responsabilidade do governo Lula. As medidas que o governo vem tomando podem não debelar os efeitos da crise sobre o Brasil, mas é do reconhecimento da maioria que elas estão na direção correta. Ou seja, o governo está cumprindo seu papel de governar, fazendo aquilo que está ao seu alcance. A economia provavelmente não conseguirá sustentar o ritmo atual de crescimento, mas nada catastrófico. Na crise atual, o país tem tudo para sair dela mais fortalecido no cenário econômico mundial. Não adianta pensar que a população colocará a culpa no governo Lula, pois sabe que não é o culpado. Para vencer as eleições de 2010, não basta para a oposição a torcida do quanto pior melhor. O eleitor vota em liderança não em algozes. Se a oposição não for capaz de convencer o eleitor que pode conduzir o país melhor que um candidato de continuidade (governista) pode acabar morrendo na praia. Um escorregão da oposição pode consagrar o triunfo lulista.

Os operadores políticos dos principais postulantes oposicionistas (Serra e Aécio) já entenderam o sinal, e dificilmente embarcarão no discurso tosco do aprofundamento da crise buscando colá-la no governo Lula. A tendência é pouparem o governo Lula, que seguirá popular, apostando num discurso em direção ao futuro, pois o passado recente não é bom para a oposição política. O discurso pós-Lula de Aécio e a incessante tentativa de Serra de mostrar-se próximo a Lula em temas importantes é prova de que os únicos políticos da oposição com chances de chegar ao Planalto preferem aproximação com o eleitorado lulista que bater de frente com um presidente popular. Não é por acaso que são líderes da oposição. Afinal, uma dose de inteligência política nunca é demais.

Mas a batalha travada nos bastidores entre os dois postulantes do PSDB é emocionante. Aécio aposta na sua habilidade de seduzir políticos das mais diferentes matizes, o que inclui um bom trânsito com partidos que hoje estão abrigados no consórcio governista. Todavia, Serra conquistou de vez os aliados tradicionais do seu partido, a saber, DEM e PPS. Assim como Aécio transita bem dentro do PMDB, e também faz assédio ao PV. Aécio, por outro lado, fala em ampliação da base de apoio ao governo, incluindo partidos que sempre caminharam no campo governista como PSB e PDT, e uma possível aproximação com o PT num futuro governo. É a famosa convergência política.

A idéia de convergência é antiga entre os mineiros, que preferem a composição à disputa política. De fato, não há nada de novo não tão propagada tese de convergência de Aécio, pois o sonho mineiro sempre embutiu a eliminação da competição política (nem precisa retomar a eleição de Belo Horizonte).Uma política sem ideais ou ideologias. O choque de gestão tucano não deixa de ser a perseguição desse sonho antigo, em que as elites tomam as decisões com critérios supostamente técnicos. Aquilo que deveria representar um meio (critérios técnicos) passa ser um fim em si mesmo. Não importa as escolhas, as opções da política, tudo fica escamoteado no discurso tecnicista. O problema da política se resume à escolha dos meios, de uma solução técnica, sem qualquer relação com seus fins.

A tese de Aécio pode representar uma grande inovação política, mas pode esconder a fraqueza de sua candidatura dentro do seu próprio partido. O governador mineiro ao ver que seu adversário no partido ocupou os espaços nos tradicionais aliados busca trazer novos aliados para contrabalançar o jogo não muito favorável. O discurso é que os tradicionais aliados caminharão juntos com qualquer candidato que o partido escolher. É uma hipótese tão verdadeira que soa como falsidade. A verdade é que Serra tem o total controle de seus aliados dentro e fora do partido, já Aécio não controla o seu destino (nem dentro e muito menos fora do partido). A dificuldade de Aécio com o PMDB mineiro, apesar dos insistentes pronunciamentos em contrário, é mostra de quão complexa é sua empreitada. A boa relação de Aécio com o PSB, por exemplo, não garante apoio deste partido a uma eventual candidatura. Afinal, na hora da onça beber água o que vale são interesses regionais (toda política é local), ou seja, manter nas mãos do PSB os governos de Pernambuco e Ceará (com ajuda preciosa do PT). E não é só.

Serra procura dinamitar a candidatura Aécio com três pilares: (i) é o candidato mais bem colocado nas pesquisas; (ii) a chapa puro-sangue do PSDB, isto é, Serra presidente e Aécio vice; e (ii) o fim da reeleição. E ainda tem gente que diz que política tem fila, e Aécio está numa posição atrás na fila presidencial. O PSDB perdeu as eleições de 2006 e ficou aquela impressão de que não escolheu o melhor candidato. Aécio diz que não basta ter melhor colocação nas pesquisas, porque elas refletem apenas um retrato momentâneo, mas também a capacidade de aglutinar apoios políticos. O candidato Aécio pode ter razão, mas terá que comprovar que tem melhores condições de reunir uma candidatura mais ampla. Até o momento esse candidato é Serra, pois ele unificou a oposição política em torno de sua candidatura, enquanto Aécio tem apenas uma boa tese política, a chamada convergência.

A chapa puro-sangue e o fim da reeleição trazem a idéia de fila na política, com Serra numa posição na frente nessa fila presidencial. Na primeira, os aliados de Serra, principalmente o DEM, abrem mão da vice-presidência para Aécio, com o intuito de unificar as forças políticas e obterem mais condições de trocar de lado com o consórcio governista, ou seja, retomar o poder. É aquilo que Aécio chama de desprendimento, mas dessa vez contra sua candidatura. No caso da reeleição, Serra abre mão de novo mandato, sob a promessa de que Aécio será o candidato em seguida, algo que só mais adiante poderá ter-se certeza de sua eventual candidatura. É o PSDB novamente trazendo uma candidatura para 10 anos de poder. É um filme antigo que nem sempre termina bem (lembrar-se da previsão de Sérgio Motta de 20 anos de poder para o partido). O risco político de Aécio é alto (só é menor que embarcar no PMDB).

Aécio tem total noção do tamanho de sua empreitada. Ela é complexa, difícil, mas não quer dizer impossível. Não se pode subestimar o talento político do governador mineiro. Este aposta nas prévias, ou seja, tenta fazer com que a escolha do candidato seja de forma mais ampla e democrática, por meio do mecanismo de prévias partidárias. Não aceita que o candidato seja ungido apenas pelos caciques partidários. É até cômico falar de ampliação da democracia partidária quando se trata de Aécio. Ele fez parte do trio (Aécio, FHC e Tasso Jeressaiti) que reuniu num restaurante em São Paulo para escolher o candidato do partido para 2006. Nas eleições de Minas, junto com o prefeito petista Fernando Pimentel, escolheu o próximo prefeito de Belo Horizonte num verdadeiro dedaço. Em suma, Aécio representa o caciquismo partidário, as decisões tomadas de cima para baixo. É uma forma legítima de fazer política, embora pouca democrática.

Como os ventos da política mudam, Aécio precisa das prévias partidárias para forçar a disputa interna dentro do PSDB, o que aumenta suas chances, bem como fornece uma justificativa política aos mineiros para o caso de não sair candidato. Ou seja, ele pode perder a indicação do partido, mas não aceita ser atropelado por uma decisão dos caciques partidários. Pimenta nos olhos dos outros é refresco. Obviamente, Aécio não quer provar do próprio veneno.
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And so this is christmas...

Desde bem garoto, percebo que o Natal se aproxima devido a alguns sinais: as rádios começam a tocar “Happy Xmas” – a original, com o próprio John Lennon ou a indefectível versão em português, com a Simone -, a Rede Globo começa a pôr no ar os seu tradicionais – e muito chatos – comerciais de fim-de-ano (“hoje a festa é sua, hoje a festa é nossa...”) e a anunciar o especial do Roberto Carlos, os grandes bancos fazem comoventes anúncios em que se apresentam quase que como instituições de caridade e a palavra “solidariedade” passa a freqüentar a boca de alguns dos mais execráveis representantes da espécie humana. Confesso que, a cada ano que passa, tenho menos paciência para estas coisas. Esta alegria forçada e este “espírito natalino” imposto - traduzidos na lógica do “consuma, consuma e o que sobrar dê aos pobres”- me indignam cada vez mais. Deve ser a idade: os quarenta anos começam a pesar. Será que é tão complicado perceber que “solidariedade” não é sinônimo de “esmola”, que a ação contra as desigualdades deve ser permanente e durar o ano todo - e todos os anos - e que isto passa necessariamente pela prática política, no mais nobre sentido dessa palavra tão prostituída? Ah, sei lá. Só sei que uma das melhores definições deste nosso Natal consumista foi dada em forma de poema pelo poeta português António Gedeão (1906-1997). Reproduzo-o abaixo:

Dia de Natal

Hoje é dia de era bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.

É dia de pensar nos outros – coitadinhos - nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.

Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
Entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes.

De novo a melopéia inunda a Terra e o Céu
e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)

Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante.
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.

Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.

Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.

A Oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra— louvado seja o Senhor!— o que nunca tinha pensado comprado.

Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.

Cada menino
abre um olhinho
na noite incerta
para ver se a aurora
já está desperta.
De manhãzinha,
salta da cama,
corre à cozinha
mesmo em pijama.

Ah!!!!!!!!!!

Na branda macieza
da matutina luz
aguarda-o a surpresa
do Menino Jesus.

Jesus
o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora.

Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas
e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
Tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.

Já está!
E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papá
fingiam
que caíam
crivados de balas.

Dia de Confraternização Universal,
Dia de Amor, de Paz, de Felicidade,
de Sonhos e Venturas.
É dia de Natal.
Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas.
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Assustador, medonho, horroroso!!!



Até lá, se não rolar, um feliz Natal e um maravilhoso Ano Novo para nossos queridos leitores.
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Eta esquadrão de ouro!

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Reforma agrária

Hoje pela manhã eu estava conversando com um colega sobre a desapropriação da Fazenda Southall e a concessão da posse da área aos assentados. Comentava sobre o fato de que as ocupações e as reintegrações de posse eram amplamente divulgadas pelos jornalecos guascas, mas o assentamento passou em brancas nuvens. Nada de surpreendente, em se tratando da nossa imprensa.

Um pouco mais tarde, comecei a procurar por umas charges sobre ecologia, para um trabalho que me encomendaram, e acabei encontrando o cartum abaixo. É de 2006 e foi feito para uma exposição que foi organizada pelo MST, com curadoria do Fraga, se não me falha a memória.

Para ver em tamanho decente, clique na imagem.

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Carta a meus filhos sobre os Fuzilamentos de Goya.

Há quase cinquenta anos, Jorge de Sena (1910-1978), um dos maiores poetas portugueses do século XX, escreveu uma belíssima carta-poema intitulada "Carta a meus filhos sobre os Fuzilamentos de Goya", a partir do quadro "El tres de mayo", pintado em 1814 por Francico Goya. Hoje, ao findar 2008, os seus versos permanecem tristemente atuais em um mundo onde estão ocorrendo atualmente, pelo menos, catorze conflitos armados de grandes proporções. Não pude deixar de pensar nesta carta-poema neste momento em que o ano termina e em que o "Espírito Natalino" se apresenta como sinônimo de consumo e não de solidariedade. Assim, os desejos de Jorge de Sena para seus filhos são os de todos nós que acreditamos que resistir é possível e preciso.

Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso.
É possível, porque tudo é possível, que ele seja aquele que eu desejo para vós.
Um simples mundo, onde tudo tenha apenas a dificuldade que advém de nada haver que não seja simples e natural. Um mundo em que tudo seja permitido, conforme o vosso gosto, o vosso anseio, o vosso prazer, o vosso respeito pelos outros, o respeito dos outros por vós.

E é possível que não seja isto, nem seja sequer isto o que vos interesse para viver. Tudo é possível, ainda quando lutemos, como devemos lutar, por quanto nos pareça a liberdade e a justiça, ou mais que qualquer delas uma fiel dedicação à honra de estar vivo.

Um dia sabereis que mais que a humanidade não tem conta o número dos que pensaram assim, amaram o seu semelhante no que ele tinha de único, de insólito, de livre, de diferente, e foram sacrificados, torturados, espancados, e entregues hipocritamente à secular justiça, para que os liquidasse «com suma piedade e sem efusão de sangue.»

Por serem fiéis a um deus, a um pensamento, a uma pátria, uma esperança, ou muito apenas à fome irrespondível que lhes roía as entranhas, foram estripados, esfolados, queimados, gaseados, e os seus corpos amontoados tão anonimamente quanto haviam vivido, ou suas cinzas dispersas para que delas não restasse memória.

Às vezes, por serem de uma raça, outras por serem de uma classe, expiaram todos os erros que não tinham cometido ou não tinham consciência de haver cometido. Mas também aconteceu e acontece que não foram mortos.

Houve sempre infinitas maneiras de prevalecer, aniquilando mansamente, delicadamente, por ínvios caminhos quais se diz que são ínvios os de Deus.
Estes fuzilamentos, este heroísmo, este horror, foi uma coisa, entre mil, acontecida em Espanha há mais de um século e que por violenta e injusta ofendeu o coração de um pintor chamado Goya, que tinha um coração muito grande, cheio de fúria e de amor. Mas isto nada é, meus filhos.

Apenas um episódio, um episódio breve, nesta cadeia de que sois um elo (ou não sereis) de ferro e de suor e sangue e algum sémen a caminho do mundo que vos sonho.

Acreditai que nenhum mundo, que nada nem ninguém vale mais que uma vida ou a alegria de tê-la. É isto o que mais importa - essa alegria.
Acreditai que a dignidade em que hão-de falar-vos tanto não é senão essa alegria que vem de estar-se vivo e sabendo que nenhuma vez alguém está menos vivo ou sofre ou morre para que um só de vós resista um pouco mais à morte que é de todos e virá.

Que tudo isto sabereis serenamente, sem culpas a ninguém, sem terror, sem ambição, e sobretudo sem desapego ou indiferença, ardentemente espero. Tanto sangue, tanta dor, tanta angústia, um dia - mesmo que o tédio de um mundo feliz vos persiga - não hão-de ser em vão.

Confesso que muitas vezes, pensando no horror de tantos séculos de opressão e crueldade, hesito por momentos e uma amargura me submerge inconsolável.
Serão ou não em vão? Mas, mesmo que o não sejam, quem ressuscita esses milhões, quem restitui não só a vida, mas tudo o que lhes foi tirado?

Nenhum Juízo Final, meus filhos, pode dar-lhes aquele instante que não viveram, aquele objecto que não fruíram, aquele gesto de amor, que fariam «amanhã».

E, por isso, o mesmo mundo que criemos nos cumpre tê-lo com cuidado, como coisa que não é nossa, que nos é cedida para a guardarmos respeitosamente em memória do sangue que nos corre nas veias, da nossa carne que foi outra, do amor que outros não amaram porque lho roubaram.


Lisboa, 25/6/1959
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Seitas suicidas

Esta charge não é sobre nada em particular. Mas serve para quase tudo o que se discute no RS: Ford, papeleiras, estádios-arenas-fifas, pontais e outros que tais.

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Pensem, por favor

Minhas profundas divergências ideológicas com a Folha de S.Paulo abundam até para a critica de cinema. Não é a primeira vez. O crítico Inácio Araújo não gostou de “Rebobine, por favor”, de Michel Gondry, segundo ele de um humor sem brilho. Não, não é. Não esperem apenas boas piadas, embora existam. O filme tem uma bela poesia e traz uma reflexão interessante para todos, paradoxalmente feita pela própria indústria cultural: o cinema tem agora um novo desafio com a digitalização e a internet. Como será esse novo modelo de negócio? O que amplas massas querem e estão dizendo a esse monopólio? Basta pensar. Sugiro que leiam Felipe Macedo, no Diplô. Segundo ele, o cinema mudou pouco até o advento das tecnologias digitais. O modelo básico de produção, de circulação e de exibição permaneceu o mesmo. Agora há um paradigma novo, com novos processos onde até a difusão já não precisa ser física. E acrescenta que este novo desafio tem muitas semelhanças com a época do surgimento do cinema. Quando, por duas décadas, muito foi tentado e discutido para formatar o cinema como o conhecemos hoje.

É o que a comédia consegue provocar. Elroy Fletcher (Danny Glover) é dono de uma decadente locadora de blockbusters. Vive pressionado pela prefeitura para mudar ou adaptar seu prédio a novas posturas. Sem dinheiro, faz uma viagem para pensar e deixa seu negócio nas mãos do atolado empregado Mike (Mos Def) e inadvertidamente na de seu amigo mecânico Jerry (Jack Black). A primeira e decisiva trapalhada de Jerry é desmagnetizar todo o arquivo de fitas VHS. Em pânico, a dupla resolve refilmar cada fita, conforme sua demanda. São os melhores momentos, onde títulos notórios do cinemão americano são recriados nos mais toscos e criativos recursos. Um exemplo: descobrem que na antiquada câmera há um botão para a imagem ficar em negativo, o que poderia sugerir a filmagem à noite. Mas como os atores ficavam irreconhecíveis, xerocam seus rostos em negativo para serem usados como máscaras. O resultado é hilário.

O negócio bomba quando a comunidade local descobre a nova arte da dupla. E de meros espectadores passam para participantes ativos nas produções, como técnicos e atores. Uma ótima metáfora com a nova geração YouTube, onde alguns toscos filmes são hoje mais vistos do que muitas produções da indústria. Quando sabemos que no Brasil mais de 60% dos jovens entre 15 e 29 anos nunca foram ao cinema e 92% dos municípios não têm sequer uma sala para exibição, o filme da indústria americana tem muito mais a dizer além das piadas.
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O que vi no Roda Viva

Não foi muito diferente do que imaginava. Os entrevistadores do Roda Viva levantaram a bola para Gilmar Mendes fazer seu joguinho, repleto de dissimulações, diversionismos e empáfia. Não me impressionei com Eliane Catanhêde, como hoje leio em alguns comentários em blogs. A jornalista da febre amarela fez pose para a foto. A previsibilidade foi antecipada ontem em post do Rodrigo Vianna. Bem sacado, lembrou de quando Brizola esteve no programa, os entrevistadores eram claramente seus inimigos. Um deles, jornalista do Estadão, de notória vocação reacionária, provocou Brizola com uma antiga lenda sobre dinheiro de Cuba para a guerrilha, supostamente embolsada por ele, o que motivou seu apelido de “El Raton” dado por Fidel. O resultado foi antológico. Brizola virou o jogo e chamou o entrevistador diversas vezes de Raton, que a cada momento mais ficava parecido com um rato, acuado na sua maldade.

Gilmar teve vida fácil. E saiu pela tangente nos pouquíssimos momentos de perguntas mais constrangedoras. Indagado sobre os vários processos a seu irmão, em Diamantino (MT), respondeu que eles não existem por não terem chegado à primeira instância, tal questionamento só havia por parte de uma “revista desqualificada”. Não levou em conta que em sua terra não existe estado de direito. A justiça é feita à bala, tal como a que matou a jovem Andréa Paula Pedroso Wonsoski, que fazia oposição a seu irmão. Ninguém ousou questionar, defender o sério jornalismo da Carta Capital, nada a acrescentar. E foi possível ouvir risinhos dos entrevistadores ao fundo.

É a cara de nossa elite, ainda com os dois pés na casa grande. Escárnio com o andar de baixo em caricatos momentos orwellianos, quando falam de “jornalistas de aluguel”. Não, não são os que recebem gratificações de Dantas, que estão com seus nomes arrolados nas investigações da Satiagraha. Não. Segundo Mendes são os blogueiros, que existem por patrocínios obscuros.

É muita canalhice para um dia só.
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E hoje na TV Cultura...



Atualizando: Na pergunta de telespectador sobre as acusações sobre o irmão de Gilmar, a resposta foi escrota: se não chegaram à primeira instância, elas não existem. Simples, disse. E segundo ele representam a falta de credibilidade da revista que fez a reportagem. Alguns risos dos presentes foram ouvidos. Interessante, não leva em conta que lá naquele rincão a justiça é mais embaixo, resolvem pendengas à bala. Tal como as que mataram a jovem Andréa Paula Pedroso Wonsoski.
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Imprensa livre guasca

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Sapatada

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Song To A Siren

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Homônimo

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Carta aberta aos pichadores do Brasil



Meus jovens, não façam isso. Vejam o exemplo de Caroline Pivetta da Mota. Ela, junto com outros pichadores, fez uma intervenção em sala vazia da caduca Bienal de São Paulo. Imaginava ali, em ato de rebeldia, poder expressar seus sentimentos artísticos, inclusive com um enorme “Fora Serra”. Tal obra não foi bem recebida pelo curador da Bienal, que acha que rebeldia não mais combina com arte. Para ele, esse desvio terminou com Marcel Duchamp, quando em 1917 expôs um urinol em salão, denunciando o fetiche da mercadoria na arte. O fetiche ganhou, hoje o urinol vale 3 milhões de euros.

Caroline sofre agora nas mãos da severa justiça brasileira. Está presa há mais de 50 dias e o pedido de hábeas corpus, entrado no último dia 5, até agora não foi julgado. Vejam só a lição. Se a arte de vocês fosse voltada ao uso de informações privilegiadas para obter vantagens econômicas, como Daniel Dantas praticou no plano Collor, ou ao se locupletar no processo de privatização das telefônicas, tentado subornar um delegado da polícia federal, teriam conseguido um hábeas corpus em 24 horas diretamente do presidente do Supremo Tribunal Federal.

Entendam as diferenças (e minha ironia). Pensem nisso e façam melhores escolhas artísticas.
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Festa de fim de ano na firma

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Arquiteto detona a Cidade da Dança de Serra



José Serra tem no atual prefeito carioca um modelo. Cesar Maia, do DEM, vai deixar aos cariocas uma péssima herança e uma obra inacabada que desde seu projeto inicial, que custaria R$ 80 milhões, foi motivo de forte polêmica: a Cidade da Música, agora já custando quase R$ 500 milhões aos cofres públicos, não tem ainda um projeto claro de ocupação, recebe críticas variadas da sociedade, músicos reclamam da falta de prioridade para melhorar o que já existe, pedido de CPI e ação no Tribunal de Contas do Município. Em São Paulo, Serra tenta algo semelhante com a sua “Cidade da Dança”, aqui já comentado pelo fato de custar inicialmente 6 Aerolulas.

A mídia paulista, notoriamente serrista, cobre o assunto burocraticamente. Nada comenta sobre a oposição ao projeto. Ela existe e em parte já está manifestada no próprio site do Sindicato dos Arquitetos de São Paulo. Destaco a opinião de Euclides Oliveira na caixa de comentários da notícia, publicada pelo sindicato:

Meu nome é Euclides Oliveira e exerço a profissão de arquiteto há 39 anos aqui em Sampa, e gostaria de deixar registrado no SASP minha revolta pela contratação de um escritório do "star-system" arquitetônico internacional, sem concorrência.

Os fatos

1 - O governador de São Paulo que contratou este escritório está em campanha aberta para a Presidência da República e pretende gastar 300 milhões de reais (que já sabemos que se transformarão, durante a obra, em 600 ou 700 milhões) visando um já manjado "Efeito Bilbao", em um estado com enormes carências na área habitacional, educacional, de saúde, fundiária, etc. E pagar ao Herzog & de Meuron 25 milhões de reais enquanto que a FDE, por exemplo, paga cerca de 15 mil reais por projeto de escola aos arquitetos tupiniquins, não deixa de ser uma afronta à nossa classe.

2 - O Secretário da Cultura, João Sayad, é um banqueiro (ex?) e político, que ajudou a ferrar o Brasil lá atrás, no plano cruzado do Sarney, além de, quando dono do banco SRL S.A., ter participado ativamente da privatização das Cias. de eletricidade e do Banespa. Só no Brasil mesmo: cultura, artes plásticas, bienais, ficam na mão de banqueiros e políticos profissionais.

3 - Para estar no "star system" internacional não é necessário muito talento arquitetônico, mas sim carisma, ambição social e uma boa assessoria de imprensa. O arquiteto catalão Ricardo Bofill, membro deste "jet-set", disse certa vez que almejava a fama, mas não a do tipo que tiveram Le Corbusier e Walter Groupious, mas sim como a dos Beatles; já Phillip Johnson, ícone maior do estrelismo arquitetônico certa vez respondeu candidamente a um interlocutor que lhe perguntava o porquê de uma solução inusitada: "because I am a bad architect", explicou. Pritzker por Pritzker prefiro mil vezes o Paulo Mendes da Rocha do que o de Meuron.

4 - Os estudantes de arquitetura devem estar indignados; por que os fazem estudar arquitetura brasileira, arte brasileira, cultura brasileira, se no final das contas contratam um escritório suíço cujos titulares mal devem saber onde fica o Brasil e sua capital, Buenos Aires.

5 - Podemos impedir esta barbaridade sim; no Rio de Janeiro os arquitetos foram a luta contra a pretensão do César Maia de contratar o Jean-Nouvel (outro "pop-star" da arquitetura) para construir o Guggenheim-Rio e venceram a batalha.
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Vamos cobrar de nossos jornalistas da mídia oficial o seu dever de casa, que ouçam outros arquitetos sobre o assunto e ofereçam a seus leitores o necessário debate. Afinal, eles pagarão de seus bolsos a conta, precisam de informações. Ou será que com a atual crise da mídia já está em falta esta mercadoria?
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Laerte Braga sobre Cesare Battisti

Neste blog já me manifestei pela liberdade e asilo a Cesare Battisti, ex-militante de grupo de esquerda italiano, que está preso no Brasil desde março de 2007, com pedido de extradição do governo italiano.

Hoje, recebi por e-mail artigo do jornalista Laerte Braga, que também defende o mesmo ponto de vista e aborda vários aspectos desta prisão. Vale a leitura:



CESARE BATTISTI


Laerte Braga


Um vídeo mostra o primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi limpando o nariz com o dedo, contemplando o peloto retirado e em seguida olhando para os lados. Estava tentando perceber se alguém olhava diretamente para ele. Como achasse que não, colocou o peloto na boca e engoliu-o com o cafezinho*.

Berlusconi é o todo poderoso governante da Itália, dono da equipe da Milan, banqueiro, empresário, reedição contemporânea de Benito Mussolini. E asqueroso. O fato narrado no primeiro parágrafo embora sugira apenas algo nojento é bem mais que isso, é conseqüência de um desvio de personalidade, digamos assim, traço revelador de um caráter perverso.

O simples fato de ser banqueiro já mostra a natureza do seu caráter. Banqueiros não têm idéia que existam outros, tão somente acreditam num bando de dependentes de seu dinheiro. Os explorados. Que, por sua vez, não percebem que o dinheiro dos banqueiros é deles explorados. Banqueiros são saqueadores e quando governantes ampliam a área do saque.

O governo da Itália com base em premissas falsas pediu a extradição do escritor Cesare Battisti, preso faz quase dois anos no Brasil. Battisti é acusado de “terrorismo” por ter pertencido a um grupo de luta armada na Itália. Da prática de “atentados” contra instituições, próprios e cidadãos italianos.

Um dos integrantes do grupo, quando preso, negociou penas menores e vantagens no seu processo atribuindo a culpa dos atos de guerra a Battisti. No caso específico quatro “homicídios”.

O escritor, que havia abandonado o grupo por divergências políticas ficou exilado na França durante o período em que o socialista François Mitterand foi presidente daquele país e em seguida veio para o Brasil. Os governos franceses à direita e que sucederam Mitterand pretendiam entregá-lo à “justiça” italiana, onde está condenado, como conseqüência da delação de um antigo companheiro, a prisão perpétua.

Há indícios, vestígios, que o pedido de extradição de Battisti feito pelo governo da Itália tenha sido negociado com o governo do Brasil em troca de Salvatore Cacciola. O banqueiro foi preso no principado de Mônaco onde passava um fim de semana e num processo longo e demorado foi extraditado para o Brasil. Cacciola havia passado outros fins de semana em Mônaco e nunca fora importunado pelas autoridades do principado. Um dos pilares do governo de Mônaco é acolher indistintamente todos os milionários que lá aportam sem perguntar como ficaram milionários, o que fazem, ou o que fizeram. É uma espécie de oásis para esse tipo de criminoso.

Cacciola, nas vezes anteriores que lá esteve, foi tratado como cidadão de primeira categoria.

Se o acordo é vero não sei, mas que os fatos apontam na direção de algum acordo isso apontam.

Onde há fumaça há fogo.

O Conselho Nacional de Refugiados (CONARE) rejeitou em 28 de novembro o pedido de refúgio político feito por Battisti através de seus advogados. Acusado de pertencer ao grupo Proletários Armados para o Comunismo, Battisti foi condenado à revelia por quatro homicídios.

A decisão do CONARE não foi unânime, embora não tenham sido dados detalhes. Mania das autoridades de um modo geral em quase todos os países do mundo de se eximirem de responsabilidades diante de fatos ou injustiças como a decisão do Conselho.

A sorte de Battisti está em mãos do ministro da Justiça Tarso Genro. Há um recurso a ser apreciado pelo ministro que pode conceder ao escritor a condição de refugiado. Caso contrário Battisti terá o processo de extradição julgado pelo stf (antigo supremo tribunal federal hoje dantas &e dantas s/a) e se for julgado procedente o pedido do governo italiano Battisti será extraditado.

No Brasil não existe a prisão perpétua. Uma das condições para que Battisti possa ser extraditado será um compromisso do governo italiano para que o exilado não seja condenado a pena superior a 30 anos. Na prática prisão perpétua. Battisti tem 53 anos e sairia da cadeia com 83.

Os supostos crimes cometidos por Battisti foram julgados pela justiça comum italiana. Não foram, como o são, considerados crimes políticos.

Já não existe mais o amparo para estrangeiros casados com mulher brasileira, ou pai de filhos brasileiros como condição para que sejam negados pedidos de extradição, como aconteceu com o célebre Ronald Bigs, assaltante do trem pagador inglês.

É da tradição do Brasil abrigar exilados políticos dos mais variados matizes ideológicos. Foi assim com George Bidault, ex-primeiro ministro francês e que aqui se refugiou quando De Gaulle assumiu o governo e decidiu conceder a independência à Argélia. Uma guerra civil que se prolongava há anos e arrasava, em todos os sentidos, a França. Bidault foi contra a política de De Gaulle e fez parte de uma organização formada por militares e civis de extrema direita que se opunha às determinações e às políticas de Charles De Gaulle.

Com a revolução dos cravos em Portugal o ex-primeiro Marcelo Caetano, de extrema-direita, buscou asilo no Brasil e foi acolhido, a despeito dos crimes cometidos pela ditadura salazarista, como refugiado político.

Cito dois exemplos, existem vários.

Uma coisa é abrigar mafiosos e criminosos comuns. Outra coisa é entregar à sanha de um governo fascista como o de Berlusconi, um refugiado político lato senso. Condenado pela justiça comum por supostos crimes cometidos entre 1977 e 1979.

Não é da tradição brasileira (ressalvado o período fascista de Vargas e a ditadura militar) ignorar pedidos de asilo como o feito por Battisti, dar-lhe a condição de refugiado político.

O fato de não ter havido unanimidade na votação do Conselho Nacional de Refugiados (CONARE) já sugere que, no mínimo, independente de acordo ou não, existem os que pensam contra a maioria dos membros daquele conselho.

O governo brasileiro recentemente, por decisão do judiciário, entregou o traficante Abadia ao governo dos Estados Unidos. E até essa foi uma decisão complicada, na prática, se bem pesada, de subserviência, característica distinta da tradição pautada no direito internacional, ou na fumaça de bom direito, como gostam de dizer juristas.

Abadia cometeu vários crimes, por anos seguidos, no Brasil e antes de qualquer extradição deveria ter sido submetido a julgamento aqui, cumprido pena aqui, para depois então ser extraditado e prioritariamente ao seu país de origem, a Colômbia. Muitos especialistas entenderam assim.

Causou estranheza a pressa com que as autoridades brasileiras cederam às norte-americanas. Não é novidade esse tipo de concessão, em qualquer área, mas foi estranha a pressa.

É fundamental resgatar valores e princípios de solidariedade e justiça dos brasileiros a partir do Estado brasileiro. Do mínimo que resta de Estado como instituição pública, longe de interesses privados ou de políticas mesquinhas.

O ministro da Justiça Tarso Genro tem em mãos a caneta que pode devolver ao Estado parte desses valores e princípios concedendo a Cesare Battisti a condição de refugiado político.

Não é um ato humanitário tão somente, diante das perspectivas sinistras no caso da extradição. É um ato de reafirmação da soberania do Brasil calcada em valores universais de direitos humanos.

* O arquivo mostrando o comportamento do primeiro-ministro Berlusconi não foi carregado neste artigo, mas está à disposição de quem o quiser.


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Bem, o Laerte Braga é um cavaleiro, teve pudores em mostrar tamanho exemplo de depravação. Como sou menos educado e acho que o povo precisa olhar a cara e os atos imundos das classes dominantes, mostro aqui.
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A volta da Tribuna da Imprensa

A Tribuna da Imprensa volta às bancas nesta quinta-feira. Segundo Hélio Fernandes, temporariamente será semanal, diz a nota do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro:

A edição impressa da Tribuna da Imprensa volta às ruas amanhã, pela primeira vez, desde que teve sua circulação suspensa no último dia 2. O jornalista Helio Fernandes disse que a partir de agora, temporariamente, a Tribuna terá distribuição semanal, sempre na quinta ou na sexta-feira. “O jornal não pode morrer”, destacou.

Nesta quarta-feira, em Brasília, o senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) sugeriu que os senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Mão Santa (PMDB-PI) apresentem requerimento para realização de uma audiência pública sobre o fechamento da Tribuna. Para Mesquita Jr., que presidia a sessão, o periódico tem “uma importância histórica” e os motivos da interrupção de sua circulação precisam ser discutidos.

Os senadores Mão Santa e Simon tinham acabado de criticar, em pronunciamentos na tribuna, a suspensão da circulação do jornal, ocasionada por dois motivos: problemas de ordem financeira e em protesto contra o ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF), que há dois anos analisa um processo da Tribuna da Imprensa contra a União, por danos materiais.

Fernandes disse que está otimista com as declarações de solidariedade que recebe dos representantes do Congresso Nacional e da Assembléia Legislativa do estado do Rio, além das pessoas que o encontram e cumprimentam na rua. “A recepção é magnífica”, acentuou. A edição eletrônica do jornal pela Internet será mantida e atualizada diariamente, com a ressalva de estar momentamente com o seu conteúdo reduzido.

No pronunciamento desta quarta-feira, Mão Santa disse que anunciava "com tristeza" a interrupção da circulação do jornal. Ele destacou a "beleza histórica" do periódico, que "surgiu para acabar com a ditadura (de Getúlio) Vargas e enfrentou a (ditadura) militar".

Pedro Simon pediu que fosse transcrita nos anais do Senado a entrevista concedida por Helio Fernandes ao jornal Zero Hora, de Porto Alegre, na qual ele diz que, caso a Justiça atendesse a sua demanda referente à indenização, a Tribuna teria recursos para voltar à normalidade.

Os profissionais da Tribuna da Imprensa, que continuam mantendo o vínculo empregatício com a empresa, foram dispensados no dia 1º dezembro com a promessa de voltarem ao trabalho tão logo o jornal receba a indenização referente à ação que tramita no STF.


O que chama minha atenção é que entre a briga por uma melhor gestão, as devidas cobranças ao STF, a corda arrebenta do lado dos mais fracos: os trabalhadores da empresa, que estão sem receber salários.
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Novas velharias (de novo e de novo...)

Pois é, mais uma vez o blog ficou às traças. E, ao invés de eu tomar vergonha na cara e fazer uma charge nova, resolvi aplicar o golpe da publicação de charges históricas, vulgo velharias.

A primeira que eu achei no meu baú virtual é de 2001. Fala da ajuda humanitária gentilmente oferecida pelos estadunidenses aos afegãos. Foi publicada na revista Talebang.

A segunda é de 2002. Foi feita à época do assassinato de Tim Lopes que, entre outras reações, mais ou menos legitimas, gerou um bizarro debate sobre liberdade de imprensa. Por meio de alguma estranha linha de raciocínio, alguém da Globo conseguiu ver no assassinato, com requintes de crueldade, uma forma de censura. O Elias Maluco foi transformado de sociopata homicida a censor. E essa verdadeira estupidez não foi contestada por ninguém na grande imprensa. Nem chargistas, nem colunistas!

A charge foi feita para o Pasquim 21, mas não foi publicada.



A terceira também é de 2002. É sobre um avião batendo em um prédio - no caso, a Torre da Pirelli, em Milão. Mas o fato, em comparação com o 11 de setembro do ano anterior, não teve o mesmo impacto, literalmente...

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Botando o PIB na mesa


A charge é um remix de outra, de 24 de abril último. O que posso fazer se a realidade teima em se copiar?
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Quem vai ouvir o grande Evanildo Bechara?

Ontem estava me preparando para escrever sobre a decisão do TJ do Rio de Janeiro que condenou Daniel Dantas a pagar R$ 100 mil à juíza Márcia Cunha por danos morais. Mas, o tempo curto me fez adiar o post. Escreveria sobre o grande júbilo que sinto pela justiça feita. Márcia Cunha foi barbaramente perseguida. Lembraria do que esse blog falou a respeito, publicando a vergonhosa entrevista feita pela jornalista Janaína Leite, onde a juíza foi acuada por perguntas do interesse de Dantas. A justiça foi feita e as palavras do juiz foram severas:

"salta aos olhos (...) a forma vil, ardilosa e perseguitiva" usada para atacar a juíza e atingir sua "honra, reputação e conceito profissional".

Hoje, li algo no blog do Nassif que me deixou curiosíssimo. Evanildo Bechara, famoso lingüista, autor de inúmeras obras de gramática que freqüentaram nossos estudos, foi consultado para receber R$ 30 mil por um parecer favorável a Dantas, apenas dizendo que a sentença da juíza não era dela, o que recusou. Tal surrealismo já era conhecido, e coube ao “imortal” Antonio Olintho aceitar tal encomenda, aparentemente com um desconto no valor do agrado. O que fica é a minha enorme curiosidade para ouvir as precisas palavras do nosso grande gramático sobre o episódio. Que mídia temos para ouvi-lo?
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As gracinhas de Serra

O que seria da oposição sem a bela ajuda da mídia? Na Folha de hoje há um claro exemplo de como a desinformação é usada para confundir e ajudar o grupo que está com saudades do butim:


REAÇÃO

Partidos de oposição dizem que PT é culpado pela crise econômica

Os presidentes do PSDB, DEM e PPS criticaram ontem a cúpula do PT, que culpou a oposição pela crise. Em nota, Rodrigo Maia (DEM), Sérgio Guerra (PSDB) e Roberto Freire (PPS) disseram que a culpa pela atual situação é do PT, que se mostra incapaz de apresentar um programa contra a crise. O governador José Serra (SP) foi irônico: "O PSDB saiu do governo em 2002. Então tem um poder extraordinário".


Como a maioria dos leitores de um jornal não acompanha as notícias todos os dias, fica fácil manipular para que entendam algo diferente. Quem leu hoje a nota vai achar que há uma discussão sobre gestão. E é este o objetivo da oposição, a de responsabilizar o atual governo por qualquer efeito da crise. Mas o que disse a cúpula do PT, que motivou esta reação e que a Folha não reproduz?

Em seminário no domingo, o secretário nacional de comunicação do PT, Gleber Nalme, disse:

“A crise tem pai e mãe. Ela é uma crise do modelo neoliberal, daqueles que no Brasil defenderam as idéias de desregulamentação do Estado, ou seja, o PSDB e o DEM. E esse debate o PT vai fazer. Os neoliberais perderam”.

Certíssimo. Isso se chama discussão política. A atual crise representa o fim de um modelo, repetido e reproduzido em quantidade pela mídia ao longo de muitos anos. Perderam. A vai ser muito difícil juntarem os pedaços de seus velhos discursos para emendar um novo. Daí, vem um José Serra fazer gracinha como se não tivesse entendido a questão.
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C.R. Vasco da Gama: Uma Elegia.


Em 1923, um modesto clube de futebol suburbano, que havia acabado de subir para a Primeira Divisão, sagrou-se campeão carioca derrotando os grandes clubes de então. No entanto, havia algo no C.R. Vasco da Gama que o diferenciava de seus oponentes: enquanto os times que disputavam a divisão principal eram formados basicamente por jovens da elite carioca, o Vasco chegava ao campeonato com uma equipe formada fundamentalmente por jogadores negros e operários, recrutados nos campos de várzea dos subúrbios do Rio de Janeiro. Em 1924, a Associação Metropolitana de Esportes Atléticos, que organizava o campeonato carioca naquela época e que era controlada pelos grandes clubes, impôs uma série de condições esdrúxulas para que o Vasco pudesse continuar a disputar a Primeira Divisão. Dentre as alegações da AMEA estavam a de que o clube não possuía um estádio em boas condições e a de que sua equipe era formada por jogadores de “profissões duvidosas”. No entanto, o “acordo” proposto pelo presidente da Associação para que o Vasco pudesse disputar o torneio deixou bem claro quais eram os reais motivos da exclusão do clube: a AMEA queria que o Vasco afastasse da sua equipe um total de 12 jogadores, não coincidentemente os negros e operários. Ao recusar-se a cumprir esta exigência, o presidente do C.R. Vasco da Gama escreveu uma das mais belas páginas da história do futebol brasileiro, reiterando uma postura democrática e anti-racista existente no clube desde a sua fundação (ainda como clube de regatas), que ficou demonstrada com a primeira eleição de um não-branco para a presidência de um clube esportivo no Brasil (o mulato Cândido José de Araújo, em 1904). Em 1925, em resposta aos argumentos que levaram à sua expulsão da AMEA, o Vasco iniciou uma campanha popular para arrecadação de fundos – os principais colaboradores foram os comerciantes portugueses e o povo pobre dos subúrbios – que lhe permitiu comprar um terreno e construir aquele que foi, por alguns anos, o maior estádio da América Latina: São Januário.
Muitos anos depois, por volta de 1973 ou 74 , um garoto da periferia, então com seus 4 ou 5 anos, decidiu, do nada, que seu time era o C.R. Vasco da Gama (apesar das pressões de algumas pessoas da família que o queriam Flamengo). Destino? A força do DNA lusitano? Uma inconsciente percepção infantil do que representava aquele clube? Sei lá. Só sei que hoje, trinta e tantos anos mais velho, com algumas cicatrizes na alma e bem menos cabelo sobre a cabeça, esta escolha continua a me marcar profundamente. Assim, costumo dizer que torcer pelo Vasco é, acima de tudo, uma opção ideológica.
Bem, por que lembrar de tudo isto? Porque este clube de tantas glórias acaba de cair para a série B do Campeonato Brasileiro, naquele que a grande mídia vem descrevendo como o “momento mais triste” de sua história. Porém, na verdade, esta queda só simboliza o ponto final de um longo ciclo, este sim, que constituiu-se no período mais triste e obscuro da existência do clube: a era Eurico Miranda. Por isto, quem sabe, esta queda seja necessária para expiar o clube e purificá-lo, depois de anos de desmandos, truculência e autoritarismo. Choramos nós, torcedores. Mas quem sabe não sejam os desígnios dos Deuses do futebol que desçamos à escuridão do Hades para, a seguir, reconquistarmos a glória?
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E os Aerolulas de Serra, nada?

Vocês lembram da mídia fazendo campanha contra o novo avião presidencial de Lula? Virou o Aerolula. Uma chacota contra a decisão de abandonar um velho avião obsoleto e notoriamente perigoso por algo mais moderno e útil, nas inúmeras e necessárias viagens presidenciais. Diziam que era um gasto altíssimo e desnecessário. Perderam o gás depois, inventando novas campanhas. Pois... Pelo preço de seis Aerolulas o governo José Serra decidiu, sem concorrência, fazer uma sede para a Companhia de Dança de São Paulo. Foi contratada a caríssima equipe de arquitetos suíços que fez o Estádio Olímpico de Pequim, o Ninho de Pássaro. Tal fato motivou uma intensa discussão entre arquitetos tupiniquins, intrigados com o valor, com a opção pelos suíços e com a real necessidade de tal obra, em detrimento de outras.

Quantas reportagens foram feitas para reproduzir esta discussão? Nenhuma. Fiquei sabendo do assunto em uma nota na última Carta Capital e pesquisando e descobrindo que foi post no blog do Favre.

Um belo exemplo da “imparcialidade” de nossa mídia.
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A crise da mídia (2)

Notícia desta segunda. O grupo Tribune, que controla os tradicionais Los Angeles Times, Chicago Tribune, The Baltimore Sun, Orlando Sentinel e mais um penca de jornais, além de um time de beisebol, o Chicago Cubs, pediu concordata. Provavelmente é o início da falência de um modelo, algo que também tem ou terá em breve reflexos no Brasil. Junto veio a informação de que o New York Times vai hipotecar sua nova e suntuosa sede.

Foi explosiva a combinação de empresas familiares sendo obrigadas a rápido processo de troca de gestão, pressionadas por radicais mudanças tecnológicas com a suicida perda de credibilidade depois de oito anos de era Bush, onde foram partícipes do pior da política. O resultado é este desprazer que sentem em vivenciar algo parecido com o gosto de derrota que a indústria fonográfica sentiu com o mundo digital. Novos leitores, e alguns tradicionais, preferem hoje as variadas notícias e seus comentários na internet. Perderam o hábito do jornal no café da manhã e desprezam as esvaziadas e comprometidas coberturas jornalísticas na TV. Acham melhor escolher o que ver no YouTube.

O capitalismo está sempre arquitetando saídas, uma cura. Mas não pára de inventar novos venenos.
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Sintomas da guerra perdida

Vou confessar uma perversão: adoro ver os meus inimigos estrebucharem na derrota. É o que assisto quando Diogo Mairnardi dedica um podcast para tentar desqualificar blogueiros. Êta guerra gostosa. “Velhos jornalistas de terceira linha, com a carreira definitivamente acabada”, diz sobre eles. Ah, quanta alegria. A voz da senzala ofusca no Olimpo as belas-letras dos escolhidos de Mercúrio. Quem diria? A seção de cartas ganhou importância neste mundo novo, para desespero da terceira linha do jornalismo, que ainda resiste em suas arcaicas trincheiras.


Talvez não seja só isso. Perceba que apenas dominar a língua, essa velha arma das classes dominantes para se colocar em distância ao gentio, não garante todo o seu poder. É um repertório básico, pode ser conseguido com um bom curso fundamental. Nem precisa de mestrado, doutorado. Carlos Drummond de Andrade o fez, formando-se depois em farmácia para agradar aos pais. Depois ingressou no serviço público. Seria possivelmente hoje apenas mais um blogueiro para atormentá-lo. Ainda bem que existiu um Correio da Manhã e um Jornal do Brasil para divulgar aquela profusão de belas palavras, concatenadas para expressar uma incontida ligação com a vida, nosso povo, suas alegrias e angústias.

Algo onde vejo que a obra mainardiana nunca terá reconhecimento. O tempo é cruel com o conteúdo formado apenas por clichês preconceituosos. Se ao menos existisse aí uma bela forma...

Sinto, Mainardi, você perdeu. E estou brindando por esta alegria. É a guerra, entenda.
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Chora Serra!

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Crise, que crise?

Ok, ok. O Lula disse que estávamos blindados. Que seria uma marola a crise. A imprensa certamente conhece, e usa sem parcimônia uma das máximas - quantas há, aliás? - da economia que as profecias se auto-cumprem. Caligaris hoje fala de novo sobre a confiança que temos que ter na confiança alheia para que a "economia" funcione. Li artigos e mais artigos sobre como essa lógica funcionaria. Em Copacabana, isso seria chamado de maria vai com as outras.
Vamos aos fatos. Miriam Porcao et alli devem saber mais que eu sobre o tal funcionamento do mercado. Mas não. Tampouco sabem sobre lógica, mas conhecem muito bem como acionar o pânico para que esse se dissemine. Ela e outros vão, todos os dias, acreditando que a crise chegou, vai piorar e que qualquer ação anti crise que seja minimamente otimista deve ser evitada como o diabo foge da cruz. E cá estamos, com medo da crise que os banqueiros bonzinhos - oxímoro lido no Veríssimo de hoje - criaram, de fato exista.

Mas já que estamos tratando de crenças, eu prefiro crer que quem anda com fé vai, que a fé não costuma faiá :)

. ei, sei que o bicho tá pegando, mas precisamos repetir tal como mantra (sic)?
. esses caras estão ganhando com isso. Não precisa pensar muito pra sacar.
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Grande Hélio Fernandes!

"A coletividade ganha mais com 10 mil exemplares de BRAVURA, do que com 282.182 exemplares de COVARDIA."


Na coluna de Hélio Fernandes, agora apenas na internet, comparando seu jornal fechado a Folha de S.Paulo, que, entre tantos sintomas de depravação, usou sua frota de carros para transportar presos políticos para serem torturados.
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A crise da mídia

A sentença do juiz De Sanctis marca mais um capítulo das infâmias recentes do cartel midiático brasileiro. A imprensa foi participante ativa do massacre ao juiz, junto a parlamentares e ao presidente do STF. A opinião pública saiu majoritariamente com a alma lavada. Não entrou no jogo e comemorou a decisão. Esta nova derrota, que soma às variadas tentativas frustradas de organizar oposição ao atual governo, leva às inevitáveis reflexões sobre o papel da mídia, sua atual força e sua notória crise. E são nestas dificuldades econômicas onde há algo a ser pensado, que talvez ajude a melhor explicar tantos desastres.

Vale agora a releitura de um texto de março de 2004 do professor Guastavo Gindre, membro do Comitê Gestor da Internet do Brasil. Nele, um bom relato das dificuldades da mídia para entender a mudança de seus negócios, os erros praticados e a tentativa de pressionar o Estado para salvar suas empresas. Em um resumo da ópera: durante o governo FHC, certamente alertados por seus consultores, as empresas de comunicação entenderam que no breve futuro celulares falariam com as TVs, os jornais em papel perderiam força, a internet chegaria a muitos e tudo iria mudar em sua forma de fazer negócios. Convergência era palavra nova. Tomaram várias decisões. A Folha criou o UOL, em parceria com a Abril, depois com a Portugal Telecom. O Estado de São Paulo investiu na BCP, de telefonia celular, assim como a RBS se associou à Telefônica de Espanha. A Abril investiu em provedor de acesso, portais temáticos, canais de televisão paga, etc. A Globo diversificou indo da eletrônica (NEC) à transmissão de dados (Vicom), passando por pager, TV a cabo e Internet. Neste mundo novo, nem tudo deu certo, com micos notórios, que foram somados às dívidas anteriores, em dólar, resultado de outros erros de avaliação. Talvez tenham lido e acreditado na Miriam Leitão, prata da casa, paciência.

O resultado foi um rombo de R$ 10 bilhões no setor, onde a Globo detinha 60%. Isto em um cenário de perda de publicidade e queda de circulação de seus impressos. Para se ter uma idéia do estrago, em abril de 2007 o ex-ombudsman da Folha, Marcelo Beraba, em entrevista ao Observatório da Imprensa, reproduzida no Vermelho, dizia: “Os três grandes jornais perderam nos últimos cinco anos aproximadamente um terço da circulação. Isso equivale a dizer que um deles já teria acabado”.

Mas, para efetivamente entender o ponto: assim que o governo Lula tomou posse, os representantes do setor formalizaram em Brasília um pedido de ajuda. Chegaram à época comentar algo em torno de R$ 2 bilhões, dinheiro via BNDES. O que nunca aconteceu. O resto da história fica agora melhor conhecido.
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Em dia com as novas tecnologias

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Enquanto isso, em Washington...

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A fórmula

Assistir aos telejornais pode ser uma experiência transcendental. Tive uma verdadeira revelação durante o Jornal da Globo do dia 2 de dezembro de 2008, quando a apresentadora fez a chamada das matérias da edição:

-A expectativa de vida dos brasileiros aumentou. Mas poderia ser ainda maior, não fossem as mortes violentas.

Que análise profunda! Dito de outro modo, se eliminarmos as mortes violentas, os brasileiros viverão mais. E, seguindo o raciocínio, ao eliminarmos também as não-violentas, viveremos para sempre! Genial! Graças ao Jornal da Globo, descobri a fórmula da imortalidade: basta não morrer.
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O fechamento da Tribuna da Imprensa

É uma pena, sou leitor diário do Helio Fernandes, o acho mais interessante que uma penca dos colunistas de nossa mídia. Mas o fato é que o fechamento do jornal era esperado há muito. A Tribuna é o diário carioca com o maior índice de ações trabalhistas, mesmo com uma redação menor que a de seus concorrentes. Há dívidas diversas com fornecedores. Segundo o sindicato dos jornalistas do Rio, a empresa sempre foi mal administrada, vivendo apenas pelo personalismo de seu dono. O que Hélio agora deseja é receber uma indenização pelas perseguições durante a ditadura, recebendo um troco para pagar fornecedores e possivelmente a alguns funcionários. Dificilmente resolvendo em definitivo o problema do jornal. O que é uma pena. O Rio já teve diversos diários, alguns extremamente combativos. O fechamento da Tribuna parece enterrar de vez a possibilidade de haver alguma opção ao cartel midiático.

Ps: A empresa declarou que pretende continuar na internet. Conseguindo, será talvez um forte sinal da chegada do futuro na mídia brasileira.
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Hélio Luz e a nova senzala

Como fazer tese é de graça, faço uma agora: a atividade policial leva o sujeito a viver algumas das mais agudas contradições da sociedade. Ele vê em seu dia-a-dia os mecanismos do poder, da exploração, nossas mais abjetas mazelas. Quando conseguem se livrar das inúmeras atrações da cooptação à bandidagem, se transformam em cidadãos pensantes de primeira linha. É o motivo da longa admiração que tenho pelo ex-delegado e ex-deputado Hélio Luz. Há 8 anos se viu na mira dos holofotes da mídia, que tentava sua desqualificação o envolvendo em negócios com a máfia das quentinhas para presidiários no Rio de Janeiro, quando era delegado em 1990. O objetivo era claro, semelhante ao que agora fazem com o delegado Protógenes e Paulo Lacerda: enfraquecer suas inúmeras e firmes denúncias ao funcionamento do esquema podre da polícia, que envolvia políticos e onde a mídia tinha suas ações preferenciais. A acusação pouco resistiu, sumindo rapidamente do noticiário. Principalmente depois que o então deputado contra-atacou com pedido de CPI para mostrar suas próprias contas e a de todos os funcionários que se relacionaram com a empresa de quentinhas.

Sua capacidade de análise é grande. Sua experiência é enorme. E consegue pensar politicamente, denunciando como a corrupção está relacionada ao próprio sistema capitalista, o que transforma suas críticas em algo muito mais contundente. Hoje, afastado da política e da atividade policial, por incompatibilidades várias e problemas de saúde, li artigo seu publicado no portal do PT. É um dos mais claros textos onde a cortina que esconde o funcionamento da podridão do nosso sistema é aberta e podemos entender com clareza seus mecanismos. Publico aqui com comentários:


A Favela é a Senzala do Século XXI

Por Hélio Luz

Onde, realmente, está o crime organizado? Como podem os desapropriados, explorados e oprimidos se organizarem numa máfia? A questão do estado paralelo foi colocada em evidência por ocasião da morte de um jornalista, com a notícia de que ele foi seqüestrado, julgado, condenado e morto por um bando. Isso, no Tribunal, foi considerado estado paralelo e, em cima, a colocação de crime organizado. Acredito que exista o estado paralelo, mas não é isso. A marginalidade não constitui estado paralelo.

A favela é um gueto que substituiu o local da senzala. É a senzala do século XXI, onde se situa a reserva de mão de obra, os negligenciados pelo Estado - reserva mantida pelo sistema de exploração. É aí que vamos tocar na origem da polícia, criada para fazer o controle dessa população. Em 1808, era o controle social dos escravos, agora é o controle dos favelados - os negligenciados.

Obs1: E prova que a principal tarefa desta polícia é controlar esta população é o uso do Caveirão nas favelas. Alguém acredita que ele funciona para prender traficantes? Claro que seu objetivo é o de aterrorizar os moradores. Fazem hoje o mesmo que há muito era feito contra a senzala.

Falemos do Rio de Janeiro, porque fica mais específico. A tendência aqui é jogar para as áreas de exclusão a prática do crime organizado e o estado paralelo. Estado paralelo é aquele que dá enfrentamento ao Estado e modifica as suas decisões. Aquele bando que existe lá no Morro do Alemão não tinha condição de fazer isso. Eventualmente, uma quadrilha identificou um repórter que atravessava informações. Ela o considerou inimigo e o executou. Assim, fica mais explícita a tendência de jogar para as áreas de exclusão a prática do crime organizado. Ao se falar em Estado paralelo, aqui no Rio de Janeiro, estamos falando, por exemplo, na Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros). Ela, sim, enfrenta e impõe suas decisões ao governo. Ela coloca oito mil ônibus nesta cidade, que não têm capacidade para isso.Todos os poderes do Estado se submetem à sua vontade. Mantém o controle do Metrô e de todo o transporte urbano no Estado do Rio de Janeiro, para fazer sua frota circular, independente de que isso contribua, ou não, para melhor qualidade de vida do cidadão. No Rio de Janeiro é constante o congestionamento, porque fazemos transporte urbano de massa em ônibus, o que é inadmissível numa metrópole.


Obs2: Bingo! Quantas reportagens você já leu na mídia com denúncias contra a Fetranspor? Nada. Por que será? Nenhuma política pública de transportes existirá com a Fetranspor.

A Fetranspor sempre atuou com força decisiva dentro da Assembléia Legislativa e nos demais poderes do Estado, inclusive no Poder Judiciário. Também em Brasília ela mostra suas garras. É a esta capacidade de agir que eu chamo poder paralelo. O criminoso comum não tem esta capacidade financeira e de organização.

"Ah! Ele está no tóxico, no narcotráfico, tem muito dinheiro."

É outra inverdade. O narcotráfico vem sendo usado como senha para fazer o controle social, em todo o país. É simples. Se o pessoal da favela tivesse mesmo o poder e a quantidade de dinheiro que dizem, faria o controle de fora, mas aquele varejista que controla a droga fica na própria favela. Ele nem sabe para quem trabalha.


Obs3: É a proletarização do narcotráfico nas favelas, bem diferente da idéia que tentam vender. Quem leva as drogas para lá? Quem controla? Quem lucra?


O jogo do bicho está infiltrado em todos os Poderes constituídos!

Um dos crimes organizados no Brasil, não só no Rio de Janeiro, é o jogo do bicho. A definição que temos de crime organizado é: primeiro, ser cartelizado. No Rio de Janeiro, o controle do jogo do bicho na zona oeste é da família do Castor de Andrade, o da área da Tijuca é do Haroldo da Tijuca, em Nilópolis reina o Anísio Abraão Davi, em Niterói são outros.

Segundo: o jogo do bicho existe em nível nacional. O Estado da Bahia dá descarga para a família do Castor de Andrade, o Acre faz a descarga com o Luizinho da Imperatriz, o de Minas Gerais faz a descarga no Anísio, e por aí vai. O jogo é controlado e organizado em nível nacional.

Terceiro: este crime está infiltrado nos poderes constituídos. Ele elege a representação política dele dentro da Assembléia Legislativa, da Câmara dos Deputados e da Câmara dos Vereadores. Banca campanhas voltadas para o Poder Executivo. No geral, ele tem influência em todos os poderes, inclusive no Judiciário. Porém, nos estados do Norte e do Nordeste a miséria é tanta que ele não consegue nem chegar. É uma situação diferenciada, mas no Sudeste e Leste ele tem peso.

É bem visível no Carnaval, a presença do crime organizado no poder constituído: a Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro), a liga que eles montaram, é a direção do jogo do bicho, do crime organizado. Ela aluga o espaço público, o Sambódromo - a direção do crime organizado é parceira do Estado. Aí está a característica do crime organizado. Nós vamos ver o prefeito do Rio de Janeiro com colete, em que de um lado está escrito Riotur e do outro Liesa. É o crime organizado bancando e organizando o Carnaval do Rio, o maior evento turístico do país!


Obs4: E ao vivo e a cores para todo o Brasil. Chega a ser vergonhoso o tratamento que a mídia dá aos contraventores no Carnaval, sendo entrevistados como autoridades.

O jogo do bicho opera com o homicídio, é mantido pelo sangue!

O jogo do bicho não é um negócio inocente. Todo mundo acha que não tem problema nenhum, até a vovozinha joga. Não é isso, não! O jogo do bicho é mantido pelo sangue. Numa área determinada, ninguém faz concorrência, porque no dia seguinte vai ser morto. O jogo do bicho opera com o homicídio, o mais grave dos crimes que existe para o homem.

A desculpa do administrador público incompetente é que o crime organizado está na favela. Favelado não constitui crime organizado, mas bandos. Lógico, tem bando lá no Alemão, no Jacarezinho, mas esse pessoal não é cartelizado.

"Ah ! Tem Comando Vermelho, tem Terceiro Comando!"

Mas eles se engalfinham. Eles se enfrentam permanentemente - diferente dos banqueiros do bicho que não se enfrentam, nem delatam o outro. O Disque Denúncia vive em função da delação que o Terceiro Comando faz do Comando Vermelho e vice-versa. Para justificar a incompetência, eles dizem que os bandidos do Rio de Janeiro estão vinculados com os bandidos de São Paulo.

Só quem não conhece a polícia acredita nisso. Pode, eventualmente, um marginal do Rio ter relação com outro de São Paulo, mas isso não quer dizer que seja um nível de relação de organizações criminosas. Em São Paulo, eles acabaram com a direção do PCC (Primeiro Comando da Capital). Acabou o PCC. Onde está a direção aqui do Rio?

O que acontece no Rio de Janeiro? O chamado crime organizado é mantido pela organização que existe dentro do próprio Estado. É a própria polícia que mantém isso. Uma boa parte da polícia do Rio de Janeiro é corrupta! Essa afirmação não constitui novidade. Basta procurar nos jornais nos últimos três meses. É essa polícia corrupta que mantêm o narcotráfico no Rio de Janeiro. Não só as polícias civil e militar do Rio de Janeiro mantêm os pontos do narcotráfico do Estado, mas também a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Federal. O aparelho de repressão do Estado do Rio de Janeiro é corrupto de tal forma, que concorre com ele mesmo.

Este é o problema que ninguém quer tocar: o Estado brasileiro é um Estado altamente corrupto! Só este Estado corrupto pode manter o sistema capitalista, porque a corrupção é inerente ao sistema capitalista. Então fica tudo em casa. Essa polícia corrupta não vai tocar no rico, pôr o burguês na cadeia; não vai investigar o dinheiro desviado do Fisco e do Tesouro; tampouco vai investigar o Estado por dentro. É o grande acerto de contas que existe. Quando falo Estado Brasileiro, estou falando de Poder Executivo, governador, prefeito, presidente da República, seus secretários e ministros; do Poder Legislativo, Câmara Federal, Senado, Assembléia Legislativa e Câmaras de Vereadores, Poder judiciário e todos os tribunais.

A função desse Estado é arrecadar dinheiro: uma parte vai para a classe dominante fazer a sua manutenção e o restante é gasto no controle dos negligenciados. Não vê isso quem não quer! Quando a "mídia" fala em crime organizado e estado paralelo nas áreas de exclusão ela está desinformando o povo. Não é lá que eles estão!

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Hélio Luz foi deputado estadual pelo PT na última legislatura, não aceitando renovar sua candidatura. Foi Secretário de segurança do Governo do Estado, prestando inúmeros e corajosos depoimentos sobre a truculência e corrupção no aparato policial.


Perfeito. Vale mais que muitas teses de doutorado.
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