ALIANÇA PT-PSDB EM BH: PIMENTEL ATROPELA PT E ALIADOS DE OLHO EM 2010

O PT tem fama de ser sectário, refratário a alianças. A fama construída ao longo da história do partido tem custado caro. Nas eleições municipais de 2004, o partido fez alianças de ganhos duvidosos com praticamente todos os partidos, inclusive DEM e PSDB. Só faltou mesmo o PSTU e o PSOL. O partido errou feio em sua estratégia eleitoral naquele ano, priorizando candidaturas de competição duvidosa – Porto Alegre e São Paulo – e deixando de lado candidaturas com chances reais de vitória – Fortaleza e Campo Grande. Nesta última o partido perdeu uma eleição praticamente ganha, pois não entrou nas prioridades do comando do partido. Há outros exemplos que poderíamos citar, mas não acrescenta muito à análise.

Novamente estamos em uma eleição municipal. E o partido não pode cometer o erro de condicionar a estratégia eleitoral deste ano com 2010. Primeiro, a eleição municipal não é termômetro para a eleição de 2010. Os vencedores serão aqueles candidatos que tratarem dos problemas de sua população, e não ficarem discutindo questões que extrapolam a administração local. Segundo, o cenário de 2010 não está dado, e não será a eleição municipal que definirá o cenário da disputa eleitoral de 2010.

Na eleição municipal de Belo Horizonte, os protagonistas (Aécio e Pimentel) querem fazer da futuridade o principal ativo em disputa. O jogo do governador mineiro tem endereço certo, mas o mesmo não pode ser dito para o PT. Mas o prefeito de BH, Fernando Pimentel, transforma o jogo de cena de Aécio numa disputa antecipada por uma candidatura a governador em 2010. E isso explica a inflexibilidade de Pimentel. O ministro Hélio Costa disse recentemente que é mais fácil negociar com Aécio, numa clara crítica à postura do prefeito.

Uma prova da maior flexibilidade do governador mineiro é que ele filiou ao PSB Ana Lúcia Gazzola, com ligações com Patrus e Luiz Dulci e outros petistas do antigo quadro do PSB na capital। O governador já sinalizou que aceitaria a troca, mas o Pimentel não aceita. Ou seja, sua disputa é outra. Ao excluir parcela do PT mineiro, o PMDB e outros aliados da negociação política em torno da aliança, a linha divisionista do bloco de apoio do governo federal pode começar a sofrer defecções. Como bem disse o ministro Hélio Costa, cabe ao prefeito consertar o estrago, mas ele se mostra reticente.

Um quadro eleitoral de Belo Horizonte teria Pimentel, Patrus, Aécio, Azeredo, João Leite e Virgílio Guimarães entre os nomes de maior densidade eleitoral na capital. Como os quatros primeiros estão fora do páreo, se deixasse o PSB decidir sozinho, provavelmente o partido sairia com João Leite com um vice do PT. Porém, desde quando Garotinho passou pelo PSB (1998), o partido em Belo Horizonte e Minas não tem nada a ver com aquele que elegeu Patrus. É apenas mais uma perna do PSDB mineiro para aglutinar as diferenças políticas. E como tal, de oposição ao governo municipal. Tem sido assim desde aquela época.

Do outro lado, Pimentel e o PT construíram uma ampla aliança: PT, PMDB, PRB, PTB, PV, PR, PC do B, etc. Tal política de alianças foi iniciada com Patrus Ananias e ampliada em muito com Célio de Castro. O DEM não tem votos na capital, o PSDB e PSB reduziram suas bancadas na Câmara nas últimas eleições. Ou seja, a base de sustentação do Pimentel contempla todos os partidos, menos PSDB e PSB. Não é que os dois partidos de oposição no município que aparecem como protagonistas. A justificativa é que a aliança se daria com um partido neutro e da base de sustentação do governo federal e estadual. Se esse fosse o critério de fato, a cabeça da chapa deveria caber ao PMDB, pois está na base de sustentação dos governos federal, estadual e municipal. E justamente o PMDB é excluído da negociação.

A manobra divisionista pode atingir Aécio indiretamente, na medida que afasta um pouco o PMDB mineiro de seu projeto político. Mas nada que não possa ser consertado futuramente. Talvez por isso que o governador mineiro seja mais flexível. Para ele interessa vender a idéia de união das forças políticas mineiras, em contraponto ao estilo mais centralizador de seu oponente dentro do partido, José Serra. Mas se os descontes lançarem uma candidatura à revelia, a cisão torna-se evidente. O copo estará meio cheio e meio vazio. Como sempre esteve.

Em qualquer aliança política deve existir algum denominador comum. Isso não tem nada a ver com ideologia partidária. Na Bahia, o PT e PSDB aproximaram-se para combater o carlismo. Faz todo o sentido. Podem manter suas diferenças ou conveniências. Qual seria esse denominador comum em Belo Horizonte? Não existe nenhum. Bom relacionamento administrativo como uns apontam não faz sentido. Porque o PSDB não aderiu ao bloco governista na Câmara Municipal? A parceira entre governo estadual e municipal só viabilizou porque era do interesse de ambos. A lógica é a mesma que Lula faz com os outros governadores do PSDB: Serra, Cássio Cunha Lima, Theotônio Vilela e Yeda Cruisius. As aparentes diferenças não existem, a não ser o estilo mais conciliador de Aécio Neves.

Dizer que o PT não tem candidato forte é mera saída política, porque ninguém vai tentar me convencer que o Márcio Lacerda é um candidato forte। Como ninguém tem candidato forte, um nome de baixa rejeição e que tem votos em Belo Horizonte como de André Quintão (PT), considerando a força do tamanho da aliança, pode desbancar qualquer candidato adversário. Na verdade, o único risco real seria João Leite (PSB), mas esse enfrenta forte rejeição.

A verdade é que o PSB e o PSDB não têm votos para levar a prefeitura, mas pode ganhá-la de bandeja। Simplesmente porque não terão competição। E com a ajuda do PT. Se o desejo é formar uma aliança mineira entre PT e PSDB, deveria primeiro rediscutir o apoio aos governos municipal e estadual. E isso, nenhum dos dois partidos querem. Se irão manter-se distante no plano estadual, e também municipal, a união atende apenas projetos políticos muito personalistas. Seria melhor para o PT fazer a aliança diretamente com o PSDB, entregando espaços políticos, mas conservando outros espaços. Corre-se o risco de ficar na berlinda. É claro que o Lacerda deverá manter alguns petistas ligados ao Pimentel, pelo menos até quando não há confronto no projeto político do Aécio e PSDB. Se no futuro o confronto não puder ser evitado, não tenho dúvidas de que lado o prefeito ficará. Não é com o PT, certamente.
Pimentel faz uma aposta de alto risco para alavancar sua candidatura ao governo do Estado. E pode destruir as relações do PT com outros partidos no Estado (PMDB, PR, PRB, PV e PTB). Em vez de buscar a unificação das forças para 2010 em Minas Gerais, o prefeito aposta na linha divisionista. Pode acabar tornando novamente o PMDB competitivo para o governo estadual e facilitar as pretensões do PSDB de manter-se no governo. Em 2010, Pimentel terá duas difíceis missões. A primeira é unificar o PT em torno de seu nome, que pode preteri-lo em favor de Patrus Ananias. A segunda será reconciliar com aliados de outros partidos insatisfeitos, pois o PSDB não estará do seu lado, a despeito do chamado bom relacionamento com Aécio.

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O condomínio da classe média

Um belo artigo do jornalista Mauro Santayana no Jornal do Brasil. Ele revela o que está por trás de reações injustificadas de setores da sociedade e da política nacional com relação ao governo do presidente Lula. Nunca o ódio esteve tão presente na cena política nacional. Jornalões, revistas e políticos de direita se unem com o apoio de parcela da classe média direitista na busca de criar crises "virtuais" ou verdadeiros "factóides". Enquanto isso, problemas reais como aqueles do congestionamento em São Paulo, carente de investimentos em transporte público de massa e nos corredores de transporte, ficam sem questionamentos. Mas vamos ao artigo.
Mauro Santayana

Os líderes da oposição conservadora – do antigo PFL, antigo PDS, antiga Arena, ainda mais antiga e golpista UDN – que hoje se identificam como democratas, argumentam que Lula faz campanha eleitoral antes do tempo e pretendem apresentar queixa ao TSE contra o presidente da República. Ao TSE cabe admiti-la, ou não, de acordo com a lei. Se, por hipótese, aceitá-la, cabe ao presidente recorrer ao STF. Seu propósito é o de buscar o desgaste do presidente, mediante ataques sistemáticos. Não a incomoda o que o presidente diz aqui ou ali, em reuniões restritas, ou em remotos municípios do Nordeste.

O que a irrita é a crescente popularidade do governo e do chefe de Estado, aferidas pelas pesquisas de opinião. Os homens públicos normalmente se acautelam com essas sondagens. Não sendo ciência exata, mas, sim, uma práxis, a atividade política está submetida às circunstâncias, e as circunstâncias mudam sem aviso prévio. Imprevisíveis dificuldades podem alterar, de uma hora para outra, a situação atual, e fazer decair o prestígio do governo e do presidente.

Para muitos observadores isentos, a popularidade do governo e do presidente não tem sido resultado de factóides – para usar o neologismo preferido do senhor Cesar Maia –, mas do início do processo de planejada redistribuição de renda, e de retomada dos investimentos públicos, como estímulo ao desenvolvimento econômico e social do país.

Os oposicionistas admitem que o presidente é socorrido pela sorte – e lhe negam as virtudes de comando. Em sua avaliação, o governo está dando certo à revelia de seu chefe. É como se as coisas surgissem por milagre, e não pela decisão do poder. Ainda que se admita a sorte como fator político, por que ver nela valor negativo? É melhor o bom governante que tenha sorte do que outro que não goze desse privilégio dos deuses ou do acaso. Outro argumento de que se valem – o de que o presidente cavalga situação internacional favorável – não o diminui. Ele, pelo menos, sabe cavalgá-la.

Lula consolida e amplia o apoio da maioria dos brasileiros a uma reforma social tanto mais ampla quanto mais pacífica. Durante séculos, as oligarquias nacionais impediam o povo de ter consciência de seus direitos. Ao negar aos pobres a educação e a informação, os oligarcas os mantinham atados ao eito e à servidão eleitoral.

Os pequenos favores, na hora da doença e da morte em família, eram depois pagos pelos pobres com votos. A literatura política brasileira é rica em estudos sobre essa opressão histórica, e tem no livro de Vitor Nunes Leal, Coronelismo, enxada e voto, a obra mais lúcida e mais bem documentada. As oligarquias mantinham o poder nas três esferas do Estado e se nutriam dos recursos públicos para a reprodução familiar dos privilegiados; nos créditos do Estado; nas carreiras burocráticas; no comando da vida nacional.

Lula, ao ampliar os programas sociais, com o cartão bancário substituindo as recomendações dos chefetes locais, rompeu a velha correia de transmissão. Os pobres dependem da entidade anônima que é o Estado, não dependem mais dos caciques municipais. Mais do que obter a segurança do almoço, eles se livraram da humilhação de pedir, e do constrangimento de receber. Não devem favores, recebem o que o Estado lhes entrega como direito. Argumenta-se com o velho provérbio que aconselha ensinar a pescar em lugar de oferecer o peixe. Mesmo para que o aprendiz possa preparar a vara e armar o anzol, é preciso comer antes. Por isso mesmo o número de novos empregos formais quase decuplicou nos últimos cinco anos. Os programas sociais dinamizaram a economia.

Os democratas devem assumir, sinceramente, que se contrapõem a essa promoção social e econômica dos pobres. É seu direito, como porta-vozes de setores minoritários da classe média, incomodados com os recém-chegados ao condomínio – que supunham fechado para sempre.
Artigo publicado no Jornal do Brasil.
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Aviso aos nossos navegantes

Alguns pequenos problemas técnicos estão atrapalhando nossas postagens no blog. Nada grave. Estamos com problemas na instalação elétrica na nossa lan house preferida. Depois, ainda agravado com a kit-gás pifado do velho Escort que servia de gerador. No final de semana estamos com esperanças de voltar a desabafar nossa ira contra esta canalhada que reinventa factóides a cada dia.
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ANÁLISE DA ALIANÇA PT-PSDB (PIMENTEL-AÉCIO) EM BELO HORIZONTE

Existe algo ainda a ser explicado na aliança entre Pimentel e Aécio. Ou será uma aliança de Lula e Aécio? A tese de apoio recíproco não se sustenta, pois o PT terá candidato presidencial em 2010. Alguém duvida disso? O PT comanda a capital desde 1993. Como tem uma gestão bem avaliada, a exclusão de seu nome da cabeça de chapa não tem o mesmo significado que a exclusão do PSDB. O único candidato competitivo do PSDB é Eduardo Azeredo, e seu nome já estava fora do páreo. O PT entra na aliança entregando espaços políticos e o PSDB entra na mesma aliança ocupando parte desses espaços. É assim mesmo, o PSDB ganha e o PT perde. E o PSB ganha de bandeja uma prefeitura importante.

A proposta de aliança PT-PSDB daria de forma indireta, na medida que o candidato seria do PSB com vice do PT. O PSDB seria contemplado com a futura participação no governo municipal. A idéia é de que o PSB seria um partido neutro, e com ligações com o PT. Será? É claro que o PSB é da base de sustentação do governo federal e historicamente tem ligações próximas com o PT. Na primeira administração petista, a aliança PT-PSB levou Patrus Ananias à prefeitura. Na eleição seguinte, o vitorioso foi Célio de Castro (PSB), com o PT ocupando os principais postos. Uma disputa interna dentro do PSB levou Célio de Castro e seu grupo a filiar ao PT, tendo sido reeleito em 2000 com Pimentel como vice. Após a saída do grupo de Célio de Castro do PSB, os caminhos dos dois partidos na capital nem sempre foi de convergência, como a candidatura oposicionista do ex-goleiro do Atlético de João Leite (PSB) em 2004.

Uma versão recorrente dentro do PT é que o PSDB aderiu à aliança que governa a cidade desde 1993। José Dirceu defendeu esta tese. Outros petistas foram na mesma linha. Não há nenhuma semelhança entre a aliança entre Patrus e Célio (PT-PSB) vitoriosa naquele ano e a aliança de agora. E como mostrei, não se pode dizer que há uma aliança entre PT-PSB desde 1993. Antes mesmo de 2000, o PSB não figurava mais entre os principais partidos da base de apoio do governo municipal. Na atual administração, isso fica mais evidente. A aliança torna protagonista o PSB, deixando de lado os partidos principais da base de sustentação do governo municipal. Perde o PT e seus aliados no município. Ganham o PSDB e o PSB. É o jogo.

Mas a base de sustentação do prefeito e também do governo federal em Minas saiu aranhada. O PMDB, PR, PTB, PRB e outros aliados importantes não aceitam a imposição da aliança pelo prefeito e o governador, bem como parcelas do PT mineiro e municipal. Estariam contra a aliança (ou pelo menos contra o modelo proposto da aliança) os ministros Patrus Ananias, Luiz Dulci e Hélio Costa. E também o vice-presidente José Alencar e presidente do PT mineiro Reginaldo Lopes. Para não dizer de Ricardo Berzoini, presidente do PT. Com a interferência do presidente Lula, o esforço de aglutinação de todas as forças políticas na candidatura de unidade deve ocorrer, mas é ilusão imaginar que não há feridas. A base governista em Minas ficou dividida, enquanto reina o governador mineiro.
O candidato escolhido, Márcio Lacerda, não tem história política com a capital mineira nem mesmo com o PSB de Belo Horizonte. Como bem disse o ministro Patrus Ananias, ninguém em BH conhece o candidato, suas idéias ou projetos para a cidade. É um estranho na política da capital mineira. Foi uma escolha do governador de Minas com o prefeito Fernando Pimentel. Sua filiação ao PSB se deu unicamente para o projeto político do prefeito e do governador. O risco é os descontentes unirem em torno de uma candidatura aceitável, o que poderia ser um teste para os limites da transferência de votos.

O óbvio seria buscar um nome dentro do PSB que seria aceito pelos dois partidos, não apenas por alas do PT ligadas ao prefeito e o PSDB. Com certeza, a ligação de Márcio Lacerda é bem maior com o Aécio e o PSDB que com o PT. Nesse sentido, justifica-se o temor de alas do PT de ficar fora (ou sub-representado) da participação do futuro governo municipal. O PT corre o risco de entregar uma prefeitura importante, bem avaliada, sem ao menos disputar a eleição. Se o partido não tiver participação importante na hipotética administração, poderá ter dificuldade em eleições futuras. O risco é real. E tem precedentes na relação de alianças envolvendo o PT e PSB.

Uma forma de garantir que o partido como um todo seja contemplado é buscar um nome mais próximo ao partido, como da ex-reitora da UFMG Ana Lúcia Gazzola. É também um nome que tem ligação com a cidade, bem como é próxima do governador mineiro. Porém, a indicação da professora esbarra na resistência do prefeito petista, em razão de sua proximidade com o ministro Patrus Ananias. Ou seja, é uma disputa política dentro do PT. O que está em jogo é a escolha do candidato a governador em 2010.

Uma outra forma de resolver o impasse e unificar o PT municipal seria a candidatura do próprio ministro Patrus Ananias. Ele que deu início à gestão petista no município não sairá porque têm outros projetos políticos. Oficialmente não sairá porque assumiu o compromisso com o governo Lula quando aceitou continuar no governo federal. Mas isso é apenas uma parte da explicação. O ministro procura manter-se na mira como presidenciável e também cogita o governo mineiro, da mesma forma que seu colega petista Fernando Pimentel. Ser candidato a presidente está ainda muito distante, mas caso outros candidatos do partido não emplaquem e Serra seja candidato pelo PSDB, Patrus torna-se uma boa opção para o PT, podendo unir Minas em torno de seu nome. E reforça suas pretensões com relação ao Palácio da Liberdade.

A política é mesmo cheia de surpresas. Há poucos anos atrás, Pimentel não existia politicamente. Com o apoio do grupo do ministro foi vice-prefeito e depois prefeito da cidade. Porém, suas ambições políticas com mira no governo estadual o levaram a distanciar de Patrus Ananias e também do ministro Luiz Dulci, e trilhar um caminho próprio. Resta saber até que ponto sua aliança municipal excluindo parcelas importantes do PT será útil para obter a indicação do partido em 2010. Sabe-se que tanto o PT estadual como o PT nacional resiste ao modelo de aliança. O partido aceita uma aproximação com o PSDB, inclusive uma aliança entre os partidos, porém desconfiam da aliança na forma que está sendo feita.

Por que não lançar uma aliança com o PT na cabeça da chapa e o PSDB de vice? A resposta é simples. Os dois partidos são adversários no município. O PSDB sempre foi e continua sendo oposição à administração petista de Belo Horizonte. Da mesma forma que o PT é da administração de Aécio no governo estadual. Se não há proximidade entre os partidos no município, mas somente bom relacionamento administrativo (que também existe entre Lula e Serra em São Paulo), fica difícil construir um entendimento para uma aliança. Não há qualquer semelhança com a aliança do petista Jacques no governo baiano.

O PSB surge como a salvação. A chamada tese de aliança indireta. É uma tese ruim, pois camufla as diferenças não só de projeto como as disputas de espaços de poder. Além disso, enquanto o PSB não tem qualquer relevância na administração municipal, o mesmo não ocorre no governo estadual. A idéia de partido neutro para sacramentar a aliança não é verdadeira. A proximidade entre PSB e PSDB em Minas Gerais, nos dias atuais, é bem maior que entre PT e PSB. E o candidato escolhido não foge à regra. Isso só reforça o argumento de setores do PT.

Como a aliança parece ter sido resultado de uma costura entre Aécio, Lula e Pimentel, ou seja, tem as digitais do presidente, torna-se mais complexa a análise de suas conseqüências. O presidente pode querer fortalecer Aécio, mas não a ponto de dividir sua base política. A estratégia do presidente tem sinal claro: fomentar a disputa política entre os presidenciáveis tucanos. Só que algo na aliança pode ter fugido de seu controle: a disputa dentro do PT mineiro colocando em lados opostos o prefeito e seus ministros. Nesse sentido, o prefeito pode ter isolado na aliança políticos da base política do presidente no Estado simplesmente por estarem próximos do ministro Patrus Ananias. Assim, a aliança provoca perdas no campo lulista em Minas.

A ausência de nomes fortes do PT – os ministros Patrus e Luiz Dulci não aceitam concorrer –, o partido fica sem condições de vetar a aliança nos diretórios estadual e nacional। Embora isso não esteja descartado. Nessa queda de braço, o prefeito pode sair vitorioso no primeiro round. Mas deverá colaborar para desintegrar precocemente a base política do governo Lula em Minas Gerais. Não dá para se fazer uma omelete sem quebras os ovos. Na política, a regra também vale.

Entre os ganhos e perdas, Aécio Neves obteve sua vitória política particular. Mesmo que a aliança não prospere, o governador mineiro dividiu a oposição política e lançou ares de conciliador para a sua virtual candidatura presidencial. Marcou pontos importantes em sua batalha dentro do PSDB. Uma jogada de mestre. Nesse caso, o governador mineiro saiu-se vencedor. Um possível perdedor é o ministro Patrus Ananias. Outro é José Serra. Só que não há garantias de que Pimentel seja também vencedor. Este precisará esperar 2010.
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DATAFOLHA: DISPARA A REJEIÇÃO AO PREFEITO CÉSAR MAIA

Ao completar sete anos e três meses como governante da cidade do Rio de Janeiro e, em meio à crise na área de saúde que atinge a segunda maior cidade do país, Cesar Maia (DEM) vê sua popularidade atingir o menor índice desde o início de seu segundo mandato, em 2001.

Maia obteve sua maior aprovação em julho de 2006 (37%), alcançando 33% em novembro de 2007 e, hoje, a sete meses do processo sucessório, 25% dos entrevistados avaliam seu governo como ótimo ou bom। Também diminuem os que consideram seu desempenho regular, de 35% no final do ano passado para 30% agora.


A queda na aprovação de Maia reflete-se diretamente na parcela dos que, atualmente, avaliam seu governo como ruim ou péssimo: 43%, doze pontos percentuais a mais que o verificado há quatro meses (31%)। A piora na imagem de Maia acontece durante grave crise na área da saúde. Vale lembrar que, ao final do primeiro mandato como prefeito do Rio de Janeiro, em dezembro de 1996, cerca de cinco em cada dez cariocas (52%) consideraram sua gestão como ótima ou boa. Em uma escala de zero a dez, Maia obtém nota média de 4,6, a menor desde maio de 2006. Vale notar que 17% atribuem nota zero ao prefeito, enquanto 19% atribuem-lhe cinco.

A reprovação ao atual prefeito da capital carioca cresce proporcionalmente conforme aumenta a faixa etária, a escolaridade e a renda familiar mensal. Enquanto 29% entre os que têm entre 16 a 24 anos avaliam atualmente seu governo como ruim ou péssimo, esse percentual alcança 42% entre os que têm 25 a 34 anos, 47% entre os de 35 a 44, e chega a 51% entre os que têm 45 anos ou mais. Entre os mais escolarizados, a reprovação ao prefeito atinge 50%, contra quatro em cada dez (41%) entre os que estudaram até o ensino médio. Já, aproximadamente 38% dos que declaram renda familiar até cinco salários mínimos reprovam-no, parcela que é de 50% na faixa de cinco a dez salários mínimos, atingindo 63% entre os que têm maior renda (acima de dez salários mínimos). Não há diferenças significativas de aprovação quando se observa o sexo dos entrevistados.

Comentário do blogueiro:

A crise no sistema de saúde do município do Rio de Janeiro é apenas um dos sintomas mais evidentes do desgoverno municipal. Mas demonstra que o país precisa urgentemente de uma Lei de Responsabilidade Sanitária, proposta do ex-ministro Humberto Costa (PT). Estranhamente, por uma razão qualquer, com a queda do ministro simplesmente a proposta não entrou na pauta política. É uma pena, pois milhões de brasileiros esperam por um atendimento melhor.

Atualmente, a maior responsabilidade no financiamento à saúde racai sobre o governo federal, mas este não gerencia as ações de saúde na ponta. É o município o principal ator nesse processo. Como não há definição clara das responsabilidades, prefeitos como César Maia simplesmente ignoram seu papel no Sistema Único de Saúde - SUS. Fogem de suas responsabilidades. Sem contar nos prefeitos de cidades do interior que por omissão não investem recursos no atendimento à saúde, apenas enviam pacientes para as grandes metrópoles com ambulâncias compradas com dinheiro federal ou estadual, em licitações municipais claramente direcionadas.

Com uma avaliação dessa, torna-se difícil o prefeito emplacar a candidatura da deputada federal Solange Amaral (DEM). Por outro lado, a crise no sistema de saúde carioca fortalece a candidatura de Jandira Feghalli (PC do B), historicamente ligada à questões envolvendo saúde. Fernando Gabeira (PV), que não é bobo, captou de início a mensagem e colocou a saúde como sua prioridade emergencial. Ou seja, a saúde tem espaço garantido na agenda dos candidatos a prefeito do Rio de Janeiro. Isso é bom. A população principalmente mais pobre e dependente do SUS espera por melhorias na saúde a algum tempo. É hora de acordar.
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