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Salários no Brasil crescem duas vezes mais rápido que média mundial


Salários no Brasil tem crescido a um ritmo duas vezes maior que a média mundial durante os anos da crise internacional. Mas os valores absolutos para a maioria dos trabalhadores ainda estão distantes da renda em países ricos.

Os dados estão sendo revelados hoje pela Organização Internacional do Trabalho que destaca a estagnação dos salários pelo mundo diante da recessão. Em média, os salários no mundo aumentaram em 1,2% em 2011. Mas, nos países ricos, salários diminuíram em 0,5%. Na Grécia, a queda foi de 11%, contra uma redução na Espanha de 4%.

Já no Brasil, a taxa registrada é de uma expansão de 2,7% no ano passado, depois de um crescimento de mais de 3% anualmente desde 2006.

Apesar da expansão, a OIT alerta que a disparidade salarial média de um operário brasileiro numa fábrica e um trabalhador num país rico é ainda profunda. Por hora, um funcionário de uma fábrica ganha em média US$ 5,5.

Na Grécia, o salário é de US$ 13,00 por hora, contra mais de US$ 23 nos EUA e US$ 35,00 na Dinamarca. (O colunista do Estragão preferiu não mencionar o custo de vida nesses países.)

Estragão
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Sem exemplos para seguir

Entrevista do cientista político Fernando Limongi, publicado no Valor

Fernando Limongi, um dos principais nomes da ciência política nacional, questiona tese de que governo Dilma corre riscos e diz que crise financeira põe em xeque modelos dos EUA e Europa.

No tempo em que se dizia que o país precisava de reforma política para se tornar governável, Fernando Limongi publicou o livro definitivo - "Executivo e Legislativo na Nova Ordem Constitucional" (1999) - mostrando voto a voto que o Executivo não tinha embaraços em formar maioria. Quando o debate passou a ser dominado pela fisiologia paralisante das comissões de Orçamento, novo livro, também em parceria com Argelina Figueiredo - "Política Orçamentária no Presidencialismo de Coalizão" (2008) - mostrava que as emendas comprometem migalhas do investimento e que, ao rifá-las da lei orçamentária, se arriscava a empobrecer a representação.

Aos 53 anos, professor titular de ciência política da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), que presidiu de 2001 a 2005, Limongi continua incomodado. Não aceita a tese de que a amplitude da base aliada é a raiz dos problemas da presidente Dilma Rousseff nem que seu governo começa sob mais turbulência que os precedentes.

Em entrevista ao Valor, afirma que a maior novidade da conjuntura política brasileira é a unidade do PMDB, mas ainda se confessa aturdido pela tendência de fragmentação do quadro partidário que acreditava estar em processo de reversão.

Diz que a crise política por que passa o governo Barack Obama revela uma crise decisória no sistema político americano que não deveria servir de inspiração para nenhuma das democracias emergentes. E lança uma provocação aos compatriotas que não conseguem enxergar nenhum outro país mais corrupto que o Brasil: "Não há como medir a corrupção. Todos os indicadores são baseados em percepção que é um nome bonito para "pré-conceito". É possível obter uma correlação quase perfeita entre índices desse tipo e pigmentação da pele. Os países africanos em geral aparecem como os mais corruptos e os escandinavos como os menos".
A seguir, a entrevista:

Valor: O governo Dilma Rousseff mal começou e já trocou dois ministros. Aliados se dizem apreensivos com seu estilo. Teme-se que colha troco lá na frente. Dilma corre o risco de se inviabilizar?

Fernando Limongi: Se você acompanha o início do [Fernando] Collor, do Fernando Henrique e do [Luiz Inácio] Lula [da Silva], todos começaram com um rearranjo muito profundo das bases. Collor superestimou seu poder e precisou reformular o ministério. FHC começou com um governo majoritário para aprovar legislação ordinária, mas minoritário para reforma constitucional. Para passar a reforma da Previdência, chamou o PP e rearrumou a coalizão. Lula também começou minoritário. Na primeira fase o [ex] PFL e o PSDB cooperaram, depois ele também refez o ministério.

Valor: A base excessivamente heterogênea do governo não é fonte permanente de tensão?

Limongi: O que ocorreu com o [Antonio] Palocci também ocorreu no governo FHC, que teve uma crise no caso de escuta telefônica na Casa Civil [conversa grampeada entre o embaixador Júlio Cesar dos Santos e o representante da Raytheon, empresa que disputava o Sivam, levou à queda do chefe de gabinete do presidente, Xico Graziano]. Esse tipo de problema sempre acontece. Os governos sempre custam a engrenar e a encontrar seu ponto de equilíbrio. Dilma, por ter maior continuidade com Lula - com o fim do governo, não com seu início -, parecia que não ia ter esse problema de ajuste, mas é sempre difícil botar a coisa pra funcionar. O governo começa, tenta achar o prumo e encaixar as peças. É o contrário da ideia da lua de mel, do período de graça. Só com o início de governo é possível saber se as pessoas combinam com os cargos e as lideranças são de fato exercidas. Lula só foi achar o prumo quando Dilma subiu para a Casa Civil e botou a máquina para andar. Até lá, a visão era toda negativa porque a coisa não funcionava. Tinha-se grande expectativa de que [José] Dirceu ia ser o condutor, mas ele se mostrou muito aquém das expectativas. Além do mensalão, só deu problema e nunca foi o homem da máquina que se esperava.

Valor: Essa fase inicial de ajustes pode ser semelhante a outros governos, mas a base dela é mais ampla do que a de qualquer outro. São 17 partidos na base, sendo 7 representados no governo. A dificuldade de abrigar todos no primeiro escalão não é parte da explicação?

Limongi: Pode ser, mas não há evidências de que esse é o problema. Do ponto de vista das evidências, o que chama a atenção, e não se dá a devida atenção, é que o PMDB tem votado absolutamente disciplinado. Ter votado 100% unido no salário mínimo e no Código Florestal não é pouca coisa. O PMDB nunca teve essa unidade.

Valor: Qual é sua leitura dessa unidade?

Limongi: Essa unidade é politicamente construída. [Michel] Temer exerce uma liderança sobre a bancada que ninguém nunca teve. O PMDB sempre esteve em todos os governos, mas nunca com essa disciplina. Isso é disciplina de PT. O PMDB hoje tem mais cadeiras e representação nacional do que qualquer outro partido. Está jogando diferente. Se há tensão no interior da base por espaço, o PMDB vai ocupá-lo. O partido já não era pequeno no fim do governo Lula. E agora joga com unidade para aumentar seu espaço. Todo mundo falou do seu lado fisiológico ou ruralista no Código Florestal. Até pode ser que o PMDB tenha sido majoritariamente ruralista, mas e o PCdoB, que votou igual?

Limongi: É parte da estratégia política do PMDB, e não necessariamente o partido é o mal. Não existe um lado do bem e do mal, como todo mundo tende a ler. Meus filhos de cinco e oito anos podem pensar assim, mas as coisas são muito mais complexas. O Código Florestal tinha muitos lados, vi alguns debates e não conseguia saber de que lado eu estava. Ninguém, no fundo, sabia de que lado estava.

Valor: Mas o fato é que o governo foi derrotado na votação...

Limongi: Em situações semelhantes outros governos sempre foram mais ambíguos, mais coniventes e dançaram conforme a música. Dilma bateu ficha numa questão difícil. FHC e Lula sempre fugiram pela tangente nessas horas, fizeram algum acordo que diluía o embate. Lula decidia por decreto no tema. Dilma não diluiu. Talvez tenha sobre-estimado forças, não tenha querido voltar atrás, perder imagem. Ex post foi desnecessário, até porque ainda tem Senado e a negociação vai e volta.

Valor: A base excessivamente heterogênea do governo não é fonte permanente de tensão?

Limongi: O que ocorreu com o [Antonio] Palocci também ocorreu no governo FHC, que teve uma crise no caso de escuta telefônica na Casa Civil [conversa grampeada entre o embaixador Júlio Cesar dos Santos e o representante da Raytheon, empresa que disputava o Sivam, levou à queda do chefe de gabinete do presidente, Xico Graziano]. Esse tipo de problema sempre acontece. Os governos sempre custam a engrenar e a encontrar seu ponto de equilíbrio. Dilma, por ter maior continuidade com Lula - com o fim do governo, não com seu início -, parecia que não ia ter esse problema de ajuste, mas é sempre difícil botar a coisa pra funcionar. O governo começa, tenta achar o prumo e encaixar as peças. É o contrário da ideia da lua de mel, do período de graça. Só com o início de governo é possível saber se as pessoas combinam com os cargos e as lideranças são de fato exercidas. Lula só foi achar o prumo quando Dilma subiu para a Casa Civil e botou a máquina para andar. Até lá, a visão era toda negativa porque a coisa não funcionava. Tinha-se grande expectativa de que [José] Dirceu ia ser o condutor, mas ele se mostrou muito aquém das expectativas. Além do mensalão, só deu problema e nunca foi o homem da máquina que se esperava.

Valor: Essa fase inicial de ajustes pode ser semelhante a outros governos, mas a base dela é mais ampla do que a de qualquer outro. São 17 partidos na base, sendo 7 representados no governo. A dificuldade de abrigar todos no primeiro escalão não é parte da explicação?

Limongi: Pode ser, mas não há evidências de que esse é o problema. Do ponto de vista das evidências, o que chama a atenção, e não se dá a devida atenção, é que o PMDB tem votado absolutamente disciplinado. Ter votado 100% unido no salário mínimo e no Código Florestal não é pouca coisa. O PMDB nunca teve essa unidade.

Valor: Qual é sua leitura dessa unidade?

Limongi: Essa unidade é politicamente construída. [Michel] Temer exerce uma liderança sobre a bancada que ninguém nunca teve. O PMDB sempre esteve em todos os governos, mas nunca com essa disciplina. Isso é disciplina de PT. O PMDB hoje tem mais cadeiras e representação nacional do que qualquer outro partido. Está jogando diferente. Se há tensão no interior da base por espaço, o PMDB vai ocupá-lo. O partido já não era pequeno no fim do governo Lula. E agora joga com unidade para aumentar seu espaço. Todo mundo falou do seu lado fisiológico ou ruralista no Código Florestal. Até pode ser que o PMDB tenha sido majoritariamente ruralista, mas e o PCdoB, que votou igual?

Limongi: É parte da estratégia política do PMDB, e não necessariamente o partido é o mal. Não existe um lado do bem e do mal, como todo mundo tende a ler. Meus filhos de cinco e oito anos podem pensar assim, mas as coisas são muito mais complexas. O Código Florestal tinha muitos lados, vi alguns debates e não conseguia saber de que lado eu estava. Ninguém, no fundo, sabia de que lado estava.

Valor: Mas o fato é que o governo foi derrotado na votação...

Limongi: Em situações semelhantes outros governos sempre foram mais ambíguos, mais coniventes e dançaram conforme a música. Dilma bateu ficha numa questão difícil. FHC e Lula sempre fugiram pela tangente nessas horas, fizeram algum acordo que diluía o embate. Lula decidia por decreto no tema. Dilma não diluiu. Talvez tenha sobre-estimado forças, não tenha querido voltar atrás, perder imagem. Ex post foi desnecessário, até porque ainda tem Senado e a negociação vai e volta.

Valor: E o combate à corrupção não passa pelo corte dessas ramificações?

Limongi: A gente não tem nenhuma forma de saber se a corrupção aqui é mais alta ou mais baixa do que no resto do mundo. O problema é óbvio: como se mede corrupção? Não pode ser medida objetivamente por razões óbvias. Os indicadores normalmente usados em pesquisas comparadas são indiretos e se referem à percepção. Muitas vezes essa percepção é um nome mais bonito para "pré-conceito". Eu brinco que é possível obter uma correlação quase perfeita entre esses índices e pigmentação da pele. Os países africanos em geral aparecem como os mais corruptos e os escandinavos como os menos. Todas as indicações são de que a corrupção aqui é como em qualquer outro lugar. A Inglaterra, com esse escândalo da imprensa, mostra que quando os interesses privados chegam junto do Estado você não consegue mais distingui-los. De repente o cara está na Scotland Yard, de vez em quando ele está no jornal, ele vai na Scotland Yard... Esse é o jeito que os interesses se constroem. Não tem saída para isso. É um problema de assimetria de informações. Como é que você vai ter um setor de empreiteiras que seja verdadeiramente competitivo? Três ou quatro grandes empresas vão controlar o mercado. E quem vai contratar esses caras? No fim é o cara que era da empreiteira e foi para o Estado e de lá para o setor privado, e esses interesses acabam não se distinguindo como se gostaria.

Valor: O sr. diz que não há como medir se o Brasil é mais ou menos corrupto do que outros países. A que o sr. atribui, então, a difusão dessa convicção entre os brasileiros?Limongi: É puro "pré-conceito". Quem acompanha política em outros lugares do mundo sabe que coisas feias acontecem em todo lugar. Uma vez fui fazer uma conferência para banqueiros na Europa. Eles queriam saber como funcionava o sistema político brasileiro. Fui lá e mostrei que funcionava bem, que tinha lógica, que a forma como eles entendiam os sistemas políticos europeus poderiam ser usadas para entender o Brasil. Daí, no debate, um senhor começou a me espinafrar, dizendo que estava cansado de ouvir que os políticos brasileiros eram confiáveis, que as coisas aqui eram OK, e quando ele abria o jornal só lia notícias desabonadoras quanto às nossas práticas políticas, que o governo brasileiro só fazia aumentar o déficit. Quando ele acabou de falar, eu estava meio nas cordas e para ganhar tempo perguntei de que país ele vinha. Ele respondeu: Itália. Não precisei responder. Só "I see" com riso meio cínico bastou.

Valor: O sr. vê alguma relação entre a perda de prerrogativas legislativas e a ocupação dos aliados em desencavar os podres da República? As MPs têm saído com mais de 50 temas, tanto que uma recebeu o nome de "árvore de Natal"...

Limongi:: Na entrevista do Temer para o Valor, ele começa falando: "Participei de um grupo que elaborou uma medida provisória. Nós ficamos estudando e todo mundo participou". Então quem fez a medida? Dilma não tem tempo para fazer isso. Quando sai uma MP, não é uma decisão unilateral do Executivo.

Valor: Pode ser uma costura partidária, mas que foge do âmbito legislativo...

Limongi: Se está saindo como "árvore de Natal" é porque todo mundo já deu "pitaco". Quando o texto começa a tramitar, não foi Deus quem o criou. Todo mundo já botou a mão. O texto não é confeccionado a portas fechadas.

Valor: Mas a oposição não participa...

Limongi: Nem é para participar. Tem a tramitação para espernear. Quando passou a reforma das MPs no governo FHC, todo mundo achou que estava fazendo uma grande coisa. E, na verdade, foi um desastre institucional. A MP tramitava no Congresso, em sessão conjunta da Câmara e do Senado. Não atrapalhava a tramitação dos demais projetos nem travava a pauta. Agora a medida passa pela Câmara, depois vai para o Senado, tem um tempo para correr, e tem que apresentar emenda aqui e lá, mas ninguém sabe como funciona. O fato é que se o Congresso quiser rejeitar uma medida porque não é pertinente à matéria em tramitação, derruba. O regimento garante. Não tem essa de nosso Legislativo estar subjugado, isso é tudo bobagem.

Valor: Num artigo polêmico, FHC disse que a política tem que ser buscada fora das instituições, nos jovens e na internet. A maior surpresa de 2010, Marina Silva, não veio desse mundo?

Limongi: Marina, de fato, surpreendeu. Mas só foi tão bem votada porque Serra e Dilma perderam votos. Lula polarizou demais no fim da campanha, chamou para a briga e tirou votos de Dilma, que, pelo desempenho da economia, teve um resultado eleitoral aquém do esperado no primeiro turno. Tanto que seguraram Lula no segundo. José Serra cresceu, mas puxando um voto que não era dele, de quem achava que, por ter religião, não podia votar em Dilma. Foi um voto que também beneficiou Marina. Teve a coisa religiosa que surpreendeu todo mundo. Marina não conseguiu segurar nem o PV. Então tem um apoio muito difuso e desorganizado para ser considerado um trunfo. Tirante o PT, nenhum partido consegue penetrar na sociedade, mas o que os petistas têm de voto é muito mais do que têm de militância e penetração. É outro modelo de partido daquele do pós-guerra, que tinha células, militância, cobrava contribuição, fazia jornal e tinha escolinha. Hoje partido não precisa disso, vai à TV. Se é isso que FHC quer dizer, realmente mudou e não apenas no Brasil. Mas não é de hoje.

Valor: A internet, então, ainda vai demorar a dar as cartas na política?

Limongi: Deve ter muita gente tentando transformar o que se passa na internet em voto. Não vai ser espontâneo. FHC é sociólogo e sabe que não há nada de espontâneo nesse mundo de meu Deus. Tem que ter coisa organizada, estruturada. Onde isso tudo junta? No modelo institucional da eleição majoritária. Por isso PT e PSDB têm vantagem. Porque polarizam as eleições e coordenam a competição. PT e PSDB saem na frente na hora de lançar candidato à Presidência. Vai ter um candidato do PSDB, um do PT e uma terceira via. Marina vai ter que correr por fora para montar uma estrutura de campanha. Não vai ter os governos estaduais do PSDB nem a estrutura de governo federal do PT. Não vai ganhar pelo Twitter, até porque as pessoas, para votarem nela, precisam saber que ela tem chance de ganhar. Uma candidatura desastrosa do PSDB poderia fazer isso. Mas o PSDB teria que pisar muito na bola. A história é cheia de partidos que dilapidam patrimônio brigando internamente. Serra já fez isso uma vez e ameaça repetir ao resistir a ceder a liderança.

Valor: Se a tendência de polarização na eleição presidencial é tão forte assim, por que não afeta a disputa pelo Congresso?

Limongi: O resultado mais intrigante dessas eleições foi o descasamento entre as eleições majoritárias e proporcionais. A eleição presidencial vertebra a disputa nos Estados, que foi totalmente casada com a presidencial. Em todo Estado teve o candidato da Dilma e do Serra. E o PMDB ora jogou com um, ora com o outro. Agora, no Congresso, os sinais de que o número de partidos estava diminuindo desapareceram. E não apenas porque PP, PDT, PTB, que eram partidos médios, caíram e se igualaram ao PR ou ao PSB. PMDB, PT e PSDB também caíram. Pode ter a ver com esse terreno pantanoso que saiu da órbita do PSDB e caiu na do PT, mas ainda não está fazendo muito sentido. O que parece de fato diferente é essa coisa de o PMDB votar unido.

Valor: Esse pacto político pela distribuição de renda, contra o qual ninguém se rebela, não é o substrato dessa fragmentação tão acentuada?

Limongi: Há uma certa indistinção entre o PT e o PSDB quanto às propostas. A gente não sabe o que o PSDB teria para fazer de diferente do PT. O discurso do Serra foi da eficiência, faço-melhor-do-que-eles-que-só-seguem-nossa-cartilha. Mas não deu certo. O PSDB não tem realmente uma agenda alternativa. O PT, enquanto na oposição, conseguia fazer uma imagem de que era diferente e tal, que depois com o mensalão se viu que não era tão diferente assim.

Valor: E como conseguem polarizar o eleitorado se não têm propostas diferentes?

Limongi: Não é fácil entender qual é a percepção que de fato os eleitores têm dos partidos, se os veem ou não como diferentes e se essas diferenças são programáticas ou de outra natureza. Para saber essas coisas é preciso fazer pesquisa de opinião, entender como os eleitores organizam a disputa partidária na cabeça. E quando a gente lê pesquisa bem feita sobre esse tipo de coisa sempre acaba se surpreendendo. O que me parece interessante é que os partidos brasileiros podem não estar organizados como estavam os da Europa do pós-guerra, mas a divisão do eleitor é forte. Todo mundo diz que brasileiro é pouco politizado. Mas é o contrário. Nessa última eleição presidencial, minha filha mudou de escola e passei a levá-la à casa das novas amiguinhas. Chegava lá e os pais me perguntavam: "Voto em tal partido, e você?" Ouvi inúmeras vezes no metrô gente falando em quem iria votar. Passei duas eleições presidenciais nos Estados Unidos sem ouvir nenhuma pessoa falar sobre eleição presidencial. E estava dentro do departamento de ciência política de uma universidade. Isso é impensável no Brasil. Todo mundo emite opinião política o tempo inteiro. E todo mundo declara suas preferências. E isso não pode se dar sem que os partidos desempenhem um papel. O voto é obrigatório, mas sempre se pode votar em branco ou nulo. E, se os partidos não fossem capazes de mobilizar eleitores, a taxa de votos brancos e nulos deveria ser muito alta. Até foram em algumas eleições, mas caíram violentamente com o voto eletrônico. É possível que votações como a de Enéas, Clodovil e Tiririca venham de eleitores que os partidos não conseguem mobilizar. Sempre há um candidato com discurso antipolítica para o qual um caminhão de eleitores converge.

Valor: Muito se especula sobre o vetor político da chamada nova classe média. Essa seria a última eleição da distribuição de renda?

Limongi: Acho que leva algumas gerações para a ascensão social virar conservadorismo. Não acredito que o cara que subiu na vida em dois anos vai ficar defendendo o dele e virar conservador. O eleitor pode ser extremamente volátil, no sentido de que, se o PT amanhã vem com uma crise econômica e esses ganhos são perdidos de um governo para o outro, o eleitor pode se bandear para a oposição. Com isso estou de acordo. Foi o que aconteceu no segundo mandato de FHC. No primeiro, ele estava com tudo, distribuiu renda e fez crescer. Veio a crise, o eleitor bandeou para o outro lado. Mas se o crescimento se mantiver não vejo esse cenário.

Valor: A última vez em que a política balançou o mercado foi na eleição de 2002. De lá para cá, entra mensalão, sai mensalão, entra PR, sai PR, e a política não abala mais a economia. Por que houve esse insulamento? Por que ninguém se arrisca a mexer no dito tripé da economia?

Limongi: Não sei se foi a política ou se foi a economia que se insulou. No fim do governo, Lula fez um certo keynesianismo e ninguém se insurgiu contra. Até porque se saíssem batendo poderiam colher rejeição eleitoral. Os políticos observam e esperam se vai dar resultado. Se der, não criticam. Na hora em que der errado, a oposição vai sair criticando e aí o PSDB vai montar seu discurso alternativo. Se a economia continuar bem até 2014, não vai haver plano alternativo. O fato é que todo mundo foi surpreendido pelas mudanças estruturais no mercado de trabalho do Brasil, muito mais significativas que a Bolsa Família. O mundo político também parece ter sido surpreendido pelas conexões do Brasil com a China, que o tornaram menos dependente dos Estados Unidos.

Valor: Se a gente olha para o Congresso americano, vê o fracasso tanto das tentativas de aprovar uma regulação mais rígida para o mercado financeiro quanto esse embate republicano com o Obama. Como é que o sr. vê a resposta da política à crise financeira?

Limongi: A má qualidade do sistema politico americano é uma coisa inacreditável. Quem fica falando que o sistema brasileiro não funciona é porque não conhece o americano. Se tem um sistema político travado, parado, incapaz de produzir decisão, é o americano. É um sistema em que a Presidência tem pouco poder efetivo, depende muito de um Congresso que é capaz de barrar e está repleto de traidores. [Paul] Krugman afirmou em artigo recente que esse limite de endividamento foi renegociado e ampliado mais de uma vez ao longo do governo Bush. Que rever e readaptar o limite à realidade não teria consequência econômica alguma. Que o ponto é pura ideologia. Que os republicanos querem nocautear o Obama. Creio que ele esteja certo. Acompanhei in loco a reforma da saúde pública. Vi e ouvi os argumentos dos republicanos. É pura ideologia. Desculpe o exagero, mas é realmente primitivo. O reacionarismo é impressionante. E já radicalizaram dessa forma no passado. Fecharam o governo Clinton ao não aprovar o Orçamento. Tomaram uma tunda depois. No que fechou o governo, a população se voltou contra os republicanos.

Valor: Foi naquele momento que Clinton conseguiu a reeleição, não foi?

Limongi: Clinton estava morto e aí eles resolveram pisar em cima e espicaçar. E aí o Clinton renasceu e foi reeleito. Então é mais ou menos a mesma situação que Obama, só que agora em proporções muito maiores. A única coisa que os republicanos querem é corte de gasto e de imposto. Estão criando um sistema inviável. Todos os dados que se tem sobre desigualdade nos Estados Unidos mostram que aumentou uma barbaridade no governo republicano porque se cortou imposto no topo e gasto para base sem se conseguir, com isso, dar impulso à economia. É um exemplo de mau funcionamento do sistema político inacreditável. Faz a gente falar "puxa, estamos numa maravilha!"

Valor: Os EUA, ao contrário do Brasil, não têm um Congresso que reproduz mais ou menos as mesmas divisões da eleição presidencial?

Limongi: Nos Estados Unidos você tem a eleição presidencial e o "coattail", que é o efeito do voto puxado pelo presidente sobre o Congresso. Mas depois você tem reversão no meio do ano - em geral, o partido do presidente perde cadeira no meio do mandato. Quanto perde é que varia. Obama perdeu muito porque o americano médio é da direita brava. Se existe um sistema político que dá veto a minorias, esse sistema é o americano. No Senado há o que se chama de "filibuster", que é basicamente o direto de a minoria estender indefinidamente o debate, evitando que a matéria venha a voto. Se a minoria é contra, a coisa não vem a voto. Bloqueia. Para tudo. O que Obama passou de reforma da Previdência foi um negocinho desse tamanho sob um custo inacreditável. Aqui o presidente passaria aquilo tranquilo.

Valor: Os dividendos políticos dessa crise que já dura três anos é o crescimento da direita, em alguns países, como a Noruega, tragicamente?

Limongi: A Europa tem um problema grave, que é a pouca tolerância para com o imigrante. Tem dificuldade para assimilá-lo, ao mesmo tempo em que precisa dele. Há países que estão com crescimento negativo, como a Itália. Todo mundo sabe que eles precisam de mão de obra, mas não querem imigrantes. Vão acabar com déficit populacional. Todos os estudos mostram. Isso pode ser fonte de tensão política grande, mas qualquer projeção seria arriscada de como é que isso vai se resolver. Olhando para o que está acontecendo nos EUA e Europa, essas ideias de que o Brasil tem um sistema político problemático, que atrapalha a economia, a distribuição de renda, é história para boi dormir. Tudo se provou errado. Tivemos todas essas coisas sem reforma do sistema político.

Valor: E por que sistemas políticos tão vigorosos não conseguem dar uma resposta à crise?

Limongi: Esses sistemas políticos que sempre foram modelos estão embaralhados com um problema de decisão. O que pode mostrar que o sistema político é muito menos importante do que se pode achar. Há uma supervalorização das escolhas institucionais, uma expectativa de que se possa reformar tudo por modelos institucionais. Li recentemente uma citação do [Pierre] Rosanvallon [historiador francês], dizendo que logo depois da Revolução Francesa os caras começaram a falar em reforma das instituições, sempre com a expectativa de que assim se poderia eliminar todas as impurezas do sistema político. Estamos pensando isso até hoje.

Valor: Em meio a essa crise, os países emergentes têm reivindicado maior parte da governança global, mas há resistências dos ricos, que não lhes reconhecem maturidade institucional para dividir essa governança. Com que argumento se pode sustentar a justeza dessas reivindicações?

Limongi: Quem quer que olhe para o sistema político americano e seu desempenho recente colocará em questão essa ideia. O governo de Bush filho - aliás, imagina só se tivéssemos pai e filho eleitos em tão curto espaço de tempo em um país latino-americano - já começou com uma lambança institucional sem igual. Não se pode dizer que a eleição na Flórida esteve livre de fraudes e, mais, que as fraudes não influíram no resultado. Ao longo do seu governo, explodiram vários escândalos envolvendo financiadores das campanhas de Bush. Basta lembrar a Enron. Isso para não citar a invasão do Iraque, toda ela montada em relatórios discutíveis. Qual é a maturidade institucional do grande líder? E o pior é que não são só os republicanos. O livro do [Joseph] Stiglitz ["O Mundo em Queda Livre"], deveria ser leitura obrigatória. Mostra que os economistas que dirigiam os bancos que causaram a crise de 2008 foram convocados por Obama para resolvê-la. Não é apenas ideologia ou ideias básicas que guiam as políticas. São as pessoas. São os mesmos caras. E eles fizeram o que se esperava que fizessem: protegeram os bancos e deixaram os eleitores pagar a conta.

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HOMENAGEM AOS BLOGUEIROS SUJOS


O Armarinho da Política homenageia os blogueiros(a) sujos(a) que tiveram a honra de entrevistar "O Cara". Nós também nos sentimos lá.

Na foto: "O Cara" e os blogueiros Altamiro Borges, do Blog do Miro, Renato Rovai, do Blog do Rovai, Leandro Fortes, do Blog Brasília, eu vi, José Augusto Duarte, do Blog Os Amigos do Presidente Lula, Túlio Viana, do Blog do Túlio Viana, Pierre Lucena, do Blog Acerto de Contas, William Barros, do Blog Cloaca News, Altino Machado, do Blog Altino Machado, Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania, Rodrigo Vianna, do Blog Escrevinhador. Também estava lá a d. Zeza, que toma Café enquanto o PIG toma Aspirinas.
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As notícias de hoje e a historiografia de amanhã

Pesquisadores nas áreas de história e comunicação já tem um excelente campo de estudos daqui para frente. Comparar, por exemplo, a cobertura jornalística do governo Lula com suas realizações. O descompasso será enorme.
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SERRA ABRIU AS PORTAS DO INFERNO

Apesar de todas as baixarias praticadas e acabar a eleição como líder do esgoto da política brasileira, não se pode dizer que Serra não tenha feito nada digno de nota. Seu grande feito, no pleito de 2010, e que vai garantir-lhe um lugar especial na história, foi o de abrir as portas do inferno.

É que durante o transcurso do Governo Lula, de forma sensível e continuada, foram ocorrendo profundas transformações na sociedade brasileira. Milhões de pessoas que até então apenas assistiam a burguesia e a classe média verem seus sonhos e necessidades atendidas, passaram a  vivenciar também a sensação da cidadania e ter acesso a coisas que jamais pensariam que um dia iriam experimentar.

A expectativa real da obtenção de um emprego, o acesso ao ensino superior, à casa própria, aos bens de consumo básicos e até mesmo a um automóvel, somente passou a ser realidade para estes milhões de brasileiros a partir das políticas certeiras de Lula, tanto no plano social como no econômico, a ponto do Brasil alçar, no cenário internacional, reconhecimento e respeito nunca dantes vistos por aqui.

No entanto, enquanto estas transformações virtuosas ocorriam, um bolsão de inconformidade se formava de forma sub-reptícia: a velha classe média burguesa passou a se sentir constrangida pelas hordas de pobretões que agora passaram a se arvorar em querer coisas que iam além das suas chinelas. Para aquela, as desigualdades sociais são naturais e, portanto, quem nasceu rico, tem o direito de nesta condição permanecer, mas quem nasceu pobre deve se resignar com a miséria e aguardar a redenção num paraíso futuro, mesmo que para obter o passaporte para o Éden seja necessário morrer antes.

Quem já não ouviu coisas do tipo "há engarrafamentos no trânsito porque agora qualquer um pode ter automóvel", "os aeroportos estão lotados porque agora qualquer um pode viajar". "As quotas tiraram vagas dos alunos que realmente estudam e podem passar no vestibular". Com referência ao Bolsa Família, é comum ouvir: "eu não pago impostos para sustentar vagabundos" e outras tantas barbaridades.

O prof. André Marenco, professor de Ciência Política da Universidade Federal do RS citando, em artigo recente publicado na imprensa gaúcha, o economista americano Albert Hirschmann, registrou com precisão que "períodos de grande mobilidade social costumam ser seguidos por ondas conservadoras, marcadas por uma retórica de intolerância em relação à mudança e à concessão de benefícios aos pobres."

Para a classe média tradicional, os pobres passaram a competir com os mais ricos, mas de forma "desleal": o governo Lula tomou partido de apenas uma parte da população e está dando um "empurrão" nestes segmentos sociais, ofendendo os adeptos da igualdade meramente formal, perante a lei, cunhada pelo liberalismo. Mas que não se envergonham em ver seus filhos ocupando vagas nas universidades públicas exatamente porque podem pagar uma educação preparatória que um jovem da periferia jamais poderá alcançar. Neste caso não há deslealdade. Os pobres que tratem de estudar como possam. Isto explica as ondas de ódio contra o governo Lula e contra os habitantes das regiões que seriam mais beneficiados pelo "paternalismo" do governo federal.

Assim, como bem observa o prof. Marenco, a questão do aborto não foi o elemento crucial na disputa eleitoral, nem deverá ganhar espaço no debate político que se seguirá. Segundo ele, "conflitos distributivos" é o nome do processo que separou os eleitores nas diversas regiões do País e isto poderá representar o combustível de um novo conservadorismo.

Nesta perspectiva, o grande feito de Serra nestas eleições, com sua agenda mesquinha e retrógrada, foi abrir as portas do inferno, deixando que saíssem para fora demônios e monstruosidades que estavam adormecidas. Mas não mortas. Faltava só alguém apertar o botão.
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COLUNISTA DA FOLHA SE DOBRA AO SUCESSO DO GOVERNO LULA



Eles têm que se dobrar..

Por mais que a mídia golpista tente diminuir os avanços mais do que visíveis na qualidade de vida da população brasileira em decorrência das políticas desenvolvidas pelo governo Lula, que de forma competente alia política econômica, desenvolvimento e avanços sociais, mesmo os celetistas das grandes súcias de comunicação têm que admitir que o que vai decidir a eleição no próximo dia 31 é este momento inigualável na sua história que o Brasil vive (e, acrescente-se, não as  promessas demagógicas e a pesada baixaria promovidas pela turma do Serra).

Foi exatamente o que fez, hoje, na Folha, o conhecido serrista Gilberto Dimenstein. Mesmo não perdendo os cacoetes das viúvas do FHC, que teimam em dizer que tudo que veio depois se deve a ele e ainda tentar diminuir a figura de Lula na eleição, o saudosista do governo que quebrou três vezes o Brasil teve que admitir, com grande tristeza, que "O fato objetivo e sentido no bolso é que não há registro de que, em algum momento da história do país, tenha se combinado, nesta intensidade, democracia, distribuição de renda, baixa inflação e desemprego em torno de 6%."

A jogada da toalha ocorreu em razão da divulgação, hoje, pelo IBGE, que o índice de desemprego, que caiu a 6,2%, a menor desde 2002, mais um índice da competência sem precedentes na dministração pública brasileira, do governo do "torneiro mecânico iletrado", na expressão preconceituosa da elite tacanha (como é difícil para eles admitir o sucesso de quem não vem do meio deles!).

Mas é bom que comecem a reconhecer, porque dia 31 o povo brasileiro vai dizer a eles que não quer voltar ao tempo do governo somente se preocupava em vender sem o menor pudor o patrimônio público e entregou de bandeja as riquezas no Brasil, deixando de lado a população.

Leia a confissão envergonhada aqui.
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Sabe o tal sonho americano, american dream?

Pois é, segundo o Luiz Carlos T. Cappi, presidente do Bradesco, o endereço do "sonho americano" será o Brasil, nos próximos dez anos.

60% da nossa população será "economicamente ativa", no próximo decênio. Nada mal, hein?
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Do imóvel ao automóvel, a grande notícia do dia

Aqui no mundo real dos brasileiros que só querem trabalhar e prosperar em paz, a notícia do dia é que o volume de grana no financiamento de imóveis superou o volume de grana no financiamento de automóveis.

Isto é algo tão obviamente necessário, e sensato, que só podemos comemorar o acontecimento, o qual trará mais empregos e renda para todos.
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Entrevista da Maria Conceição Tavares para a UFMG

Do site da UFMG, terça-feira, 24 de agosto de 2010, às 7h30

“É hora de romper com a maldição furtadiana”  

Uma análise sobre a forma como o Brasil lidou com a crise internacional será feita nesta terça-feira, dia 24, pela economista Maria da Conceição Tavares à UFMG, durante a primeira conferência do projeto Sentimentos do Mundo em 2010. Portuguesa naturalizada brasileira, Conceição Tavares formou-se em matemática ainda em terras lusitanas, mas acabou se transformando numa das mais importantes expoentes do pensamento econômico brasileiro. Influenciada por Celso Furtado, Caio Prado Jr. e Ignácio Rangel, Conceição foi aluna de Octávio Gouvêa de Bulhões e Roberto Campos, professora da candidata à presidência Dilma Rousseff e parceira acadêmica do também presidenciável José Serra.

Aos 80 anos, completados em abril passado, a economista revela, nesta entrevista ao Boletim UFMG, que está “mais mansa” – ela que sempre teve fama de brigona. Mas não perdeu a verve. Critica a suposta preferência de José Serra por uma política internacional ancorada no eixo Norte-Sul, diverte-se com a radicalização de Plínio de Arruda Sampaio (candidato à presidência pelo PSOL) – democrata-cristão que virou socialista – e elogia as políticas sociais em vigor, que ajudaram a elevar o padrão de vida de 30 milhões de brasileiros. “Temos agora que nos preocupar com a educação, com a universalização dos direitos sociais, com a segurança”, defende.

A senhora tem fama de brava, polêmica, sempre muito enfática na defesa de suas ideias. Ao completar 80 anos, esse traço de sua personalidade manteve-se ou arrefeceu?
(Risos) Estou mais mansa com a idade. A gente vai ficando mais velha e percebe que é preciso ter paciência, que as coisas nem sempre avançam como você quer. Tanto que no meu aniversário eu convidei a Dilma {Dilma Rousseff, candidata a presidente pelo PT} e o Zé {José Serra, candidato pelo PSDB}, que era meu amigo de infância – da infância dele, claro, não da minha que sou mais velha (risos).

A senhora foi professora dele?
Não. Fui professora da Dilma. Do Serra eu fui colega. Escrevemos, inclusive, um artigo a quatro mãos.

De brava e polêmica, a senhora então está se transformando em uma conciliadora?
Exatamente (risos). Apesar da Dilma ser minha candidata, evito falar mal do José Serra.

O tema de sua conferência na UFMG é o Brasil e a crise internacional.A senhora acredita que o Brasil soube enfrentar melhor a turbulência de 2009?
Sim. E saímos muito rapidamente dela. Este ano, vamos crescer 7%. Só China e Índia vão crescer tanto.

O governo teve papel importante nesse processo ou a superação foi resultado da força natural da economia brasileira?
Eles {o governo} não ficaram esperando, pois tiraram os impostos sobre o consumo. É a primeira vez que assistimos a uma crise sem ficar de cócoras. Antes, os Estados Unidos davam um espirro e a gente pegava uma pneumonia. Agora eles pegam uma pneumonia dupla e a gente se recupera rapidamente. A coisa se inverteu. Em plena crise, o Brasil conseguiu empregar um milhão de pessoas com carteira assinada. Só isso mostra que reagimos muito bem.

A senhora qualificou as crises econômicas recentes como bolhas que se sucedem. Tem mais alguma se aproximando?
Não posso garantir se há uma bolha se aproximando. O que posso dizer é que o sistema bancário dos países desenvolvidos está totalmente bichado. Há um desequilíbrio fiscal gigantesco nos Estados Unidos e na Europa. No cenário internacional, essa crise tende a ser prolongada, com períodos de maior turbulência nos Estados Unidos, Europa e Japão, que não estão bem das pernas. O fato é que há uma mudança na divisão internacional do trabalho, e o eixo Ásia-América do Sul tem futuro. Tenho esperança de que partiremos para o multilateralismo, no qual países como China, Índia, Brasil, África do Sul, Rússia e Argentina exercerão papel importante. Agora, os Estados Unidos preocupam, pois são o centro do sistema, e não têm mais a capacidade de antes para regulá-lo. Quem vai regular o sistema internacional? Eles não querem nem regular o deles. Já as propostas do G-20 {grupo formado pelas 19 maiores economias, mais a União Europeia} são muito fracas ou não há consenso entre eles.

O que falta ao Brasil para mudar de patamar?

Temos agora que nos preocupar com a educação, com a universalização dos direitos sociais, com a segurança. Precisamos eliminar esses problemas, e todos os candidatos, em seus programas, defendem avanços sociais. Há acordo sobre isso. Onde não há acordo é na política externa, principalmente no caso do Serra, que é mais tradicional. Ele pode desmobilizar o Itamaraty e não é a favor do eixo Sul-Sul. Prefere apostar no desenvolvimento Norte-Sul, tem mais esperança nos Estados Unidos, o que é um equívoco. É um vício que ele herdou do Fernando Henrique. No que diz respeito à infraestrutura, educação e segurança, há consenso entre todos os candidatos. Menos o Plínio {Plínio de Arruda Sampaio, candidato pelo PSOL}, que é socialista. Ele, ao contrário de mim, foi se radicalizando. Começou como democrata--cristão, foi para o PT e acabou no PSOL. Eu fui ficando mais moderada. Você vê que a idade atinge as pessoas de modo diferente (risos). Nos anos 60, o Plínio era a favor de uma reforma agrária moderada e agora quer uma mudança radical.

Mas, voltando ao consenso entre os candidatos sobre a questão social, percebo que chegou a hora de extinguir a pobreza, romper com a “maldição furtadiana”. Que maldição é essa?
O Furtado {o economista Celso Furtado} achava que a gente ia crescer, mas não ia se desenvolver. Mas agora acredito que estamos no caminho do desenvolvimento. Todas as questões estão postas na agenda, e há consciência delas. No caso da pobreza, todos querem eliminá-la. Mas vai ser difícil corrigir a questão metropolitana, o tráfico de drogas, promover uma educação de qualidade. Talvez em 20 anos a gente consiga resolver essas questões. Não conseguimos nos industralizar em 20 anos? Embora industrializar seja mais fácil do que corrigir desigualdades sociais.

A senhora é uma expoente do pensamento econômico brasileiro. Mas, nos últimos anos, percebe-se que anda um pouco afastada da mídia e do debate público. Você acha que velhice não pesa? 
 Pesa, sim, rapaz. Hoje, eu dou aulas de relações internacionais. E estou com vontade de voltar as atenções para a América Latina, para realizar um estudo comparado Brasil-América Latina. Sou a favor da integração e, como a maioria é contra, tendo a seguir no sentido oposto. A América Latina não é um bloco unitário. É preciso estudar as diferenças que existem entre os países. Continuo acompanhando a conjuntura do Brasil, mas não vejo grandes discrepâncias em sua política econômica. A não ser o Banco Central, que também já melhorou. Tanto que bati pesado quando percebi que o Banco Central estava disparatando no primeiro governo Lula. Fui a Brasília, conversei com o presidente, com o ministro da Fazenda.

Mas e os juros?
Não adianta dizer que temos as maiores taxas de juros do mundo. Eles são assim há mais de 50 anos. E agora estão abaixo da média histórica das últimas duas, três décadas.

Alguns intelectuais se decepcionaram com o governo Lula e do PT, entre os quais Francisco de Oliveira. Não foi o caso da senhora...
O Chico de Oliveira já tinha rompido com o PT logo no início do governo. No primeiro ano, o Lula pegou uma bomba pela cara, uma crise cambial, inflação subindo. Inventaram o “efeito Lula” e ele teve que se comprometer, na Carta aos Brasileiros, com um programa mais continuísta. Sempre achei chata essa política econômica, porque eu queria que o país crescesse mais. Mas hoje sou obrigada a reconhecer que o resultado foi satisfatório. Com a crise mundial, se tivéssemos ficado no oba-oba, aproveitando aquele momento de excessiva liquidez dos Estados Unidos, teríamos entrado pelo cano. Os espanhóis, portugueses, gregos e os próprios ingleses levaram uma porrada cavalar. E outra coisa que o Lula nunca deixou de fazer foi atacar a pobreza. Ele começou cedo e acelerou no segundo mandato. Pobre não tinha crédito neste país. Ele convertou 30 milhões de pessoas em classe média.

O que ainda a preocupa?
O câmbio. Com exceção da China, todos os demais países estão valorizando sua moeda em relação ao dólar. O problema é que o dólar ainda é a referência no comércio exterior. Os chineses exportam em dólar e nós levamos uma surra deles. O que me preocupa são as importações. Ou você controla o câmbio ou controla disfarçadamente as importações. Não podemos, sistematicamente, importar mais do que exportar. Ou montamos uma barreira para os capitais especulativos, uma espécie de quarentena semelhante à feita pelo Chile, ou estabelecemos um controle disfarçado de importações não essenciais. Estamos importando carros de luxo – e não precisamos deles, pois temos uma indústria automobilística muito forte – e equipamentos eletrônicos, exatamente os itens que provocam déficit na balança comercial.

A senhora está mais otimista?
Com o Brasil, sim. Não temos um Collor, nem um Jânio. Os candidatos são melhores. O povo assume que é cidadão, não para de votar, o emprego melhorou, o salário-mínimo também, e a renda se desconcentrou. Mas em relação ao mundo, não. O neoliberalismo acabou como ideologia explícita, mas não como prática. O mundo está muito conservador. A direita americana não deixa o Obama fazer nada.
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Estimativas para 3 de outubro

Marcos Coimbra, da Carta Capital 

Votos válidos: Marina Silva (e os pequenos) 11%, José Serra, 33%, Dilma Rousseff, 56%. Talvez seja arriscado fazer essa especulação. Talvez não 

Do jeito como vão, as eleições presidenciais não devem nos reservar surpresas de reta final. Ao contrário. Salvo algo inusitado, elas logo adquirirão suas feições definitivas, talvez antes que cheguemos ao cabo da primeira quinzena de veiculação da propaganda eleitoral na tevê e no rádio. 

Por várias razões, a provável vitória de Dilma Rousseff- em 3 de outubro será saudada como um resultado extraordinário. Ao que tudo indica, ela alcançará uma coisa que Lula não conseguiu nem quando disputou sua reeleição: vencer no primeiro turno. Não que levar a melhor dessa maneira seja fundamental, pois o próprio Lula mostrou ser possível ganhar apenas no segundo e se tornar o presidente mais querido de nossa história. 

É preciso lembrar que Lula não a obteve em 2006 por pouco, apesar de sua imagem ainda sangrar com as feridas abertas pelo mensalão. Ele havia chegado aos últimos dias daquele setembro com vantagem suficiente para resolver tudo ali mesmo e só a perdeu quando sofreu um ataque sem precedentes de nossa “grande imprensa”. 

Aproveitando-se do episódio dos “aloprados”, fazendo um carnaval de sua ausência no debate na Globo, ela balançou um eleitorado ainda traumatizado pelas denúncias de 2005. Lula deixou de vencer em 1º de outubro, o que, no fim das contas, terminou sendo ótimo para ele. No segundo turno, a vasta maioria da população concluiu o processo de sua absolvição, abrindo caminho para o que vimos de 2007 em diante: ele nunca mais caiu na aprovação popular e passou a bater um recorde de popularidade atrás de outro. 

Com as pesquisas de agora, é difícil estimar com precisão quanto Dilma Rousseff poderá ter no voto válido. Não é impossível que alcance os 60% que Lula fez, no segundo turno, na última eleição. E ninguém estranharia se ela ultrapassasse os 54% que Fernando Henrique obteve em 1994, com o Plano Real e tudo. 

Para fazer essas contas, é preciso levar em consideração diversos fatores. Um é quanto Marina Silva poderá alcançar, a partir dos cerca de 8% que tem hoje. Há quem imagine que ela ainda cresça, apesar do mísero tempo de televisão de que disporá. Com uma única inserção em horário nobre por semana e um tempo de programa praticamente idêntico ao dos candidatos pequenos, não é uma perspectiva fácil.

O segundo fator é o desempenho dos candidatos dos partidos menores, dos quais o mais relevante é Plínio de Arruda Sampaio. Muito mais que seus congêneres de extrema esquerda, ele pode se transformar em opção para a parcela de eleitores que vota de forma mais ideo-lógica ou que apenas quer expressar seu “protesto”. Embora as pesquisas a respeito desse tipo de eleitor não sejam conclusivas, isso pode, talvez, ocorrer em detrimento de Marina: à medida que Plínio subir, ela encolherá. O que não afetaria, portanto, o tamanho do eleitorado que não votará em Dilma ou Serra. 

Para, então, projetar o tamanho da possível vitória de Dilma, o relevante é saber o piso de Serra. Se ele cairá, considerando seu patamar atual, próximo a 30%. 

Só o mais otimista de seus partidários acredita (de verdade) que a presença de Lula na televisão será inútil para Dilma e que seu apelo direto ao eleitor não produzirá qualquer efeito. Ou seja, ninguém acredita que ela tenha já atingido seu teto, com os 45% que tem hoje.

O voto em Serra tem, no entanto, três fundamentos, todos, aparentemente, sólidos: 1. É um político respeitado no maior estado da federação, que governou, até outro dia, com larga aprovação. 2. Representa o eleitorado antipetista,- aquele que pode até tolerar Lula, mas que nunca votou e nunca votará no PT. 3. Tem uma imagem nacional positiva, conquistada ao longo da vida e, especialmente, quando foi ministro da Saúde. De São Paulo deve sair com 45% dos votos, o que equivale a 10% do País. O antipetismo lhe dá mais cerca de 10% e a admiração por sua biografia no restante do eleitorado, outro tanto (tudo em números redondos). 

Se essas contas estiverem corretas, Serra teria pouco a perder nas próximas semanas. Em outras palavras, já estaria, agora, perto de seu mínimo. 

Fica simples calcular o resultado que, hoje, parece mais provável para 3 de outubro: Serra, 30%; Marina e os pequenos, 10%; brancos e nulos, entre 8% e 10% (considerando o que foram em 2006 e 2002, depois da universalização da urna eletrônica); Dilma, entre 50% e um pouco menos que 55%. Nos válidos: Marina (e os pequenos) 11%, Serra 33%, Dilma 56%. 

Talvez seja arriscado fazer essas especulações. Talvez não, considerando quão previsível está sendo esta eleição.

Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi. Também é colunista do Correio Braziliense

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Minas: Diminui a vantagem de Hélio Costa (PMDB)

A primeira pesquisa IBOPE após o horário eleitoral em Minas Gerais apontou queda na vantagem de Hélio Costa (PMDB) contra o tucano Antônio Anastasia (PSDB). A diferença caiu de 18% para 11%. O peemedebista mantém a liderança com 38%, contra 27% do candidato tucano. Na pesquisa anterior, Hélio Costa tinha 39% (menos 1%) e Anastasia aparecia com 21% (mais 6%). 

Em Minas, as eleições são de continuidade, tanto no plano federal quanto estadual. Os governos de Lula e de Aécio Neves obtêm altos índices de aprovação no Estado, o que favorece a continuidade. Essa é a principal explicação para a subida de Dilma Rousself (PT) nas pequisas em Minas Gerais, ultrapassando José Serra (PSDB). Nesse sentido, era apenas uma questão de tempo a subida de Anastasia após o início do horário eleitoral. Afinal, o candidato tucano possui como principal cabo eleitoral justamente Aécio Neves, com seus altos índices de aprovação. 

A pergunta a ser respondida é se Anastasia conseguirá levar a eleição para o segundo turno, tendo em vista que os demais candidatos são inexpressivos. Caso se configure segundo turno, Anastasia entraria com franco favorito, podendo derrotar dois ex-ministros de Lula (Hélio e Patrus). 

Na disputa para o Senado, Aécio lidera com folga com 69% (contra 70% da última pesquisa). O segundo colocado, o ex-presidente e ex-governador Itamar Franco (PPS) subiu 4 pontos e atingiu 43%. Já o petista Fernando Pimentel teve leve alta, de 18% para 19%, mas ainda distante do segundo. A eleição de Pimentel está cada vez mais difícil, desenhando um quadro que pode dar tripla vitória para Aécio: sua própria eleição, o governo estadual e a eleição de Itamar. 

Em verdade, a coligação formada em Minas favorecia o Dilmasia, não a eleição estadual. O PT tinha os dois melhores candidatos para interromper o ciclo tucano no Estado (Patrus e Pimentel), mas como não houve entendimento, a eleição caiu no colo do PMDB de Hélio Costa. O problema é seu alto índice de rejeição, além da grande volatilidade verificada nas suas intenções de voto. 

Considerando a aliança PMDB-PT, como ocorreu, o melhor candidato ao Senado era o vice-presidente José de Alencar (PRB), atualmente o político mais popular de Minas depois de Lula e Aécio Neves. Com Alencar na disputa, dificilmente Itamar encararia o pleito, e mesmo que fosse candidato, dificilmente seria eleito. Assim, o futuro governo Dilma, caso seja confirmado nas urnas, teria um senador de oposição a menos. 

A presença de Alencar na chapa reforçaria enormemente a campanha da dupla Hélio-Patrus. Pimentel, por outro lado, puxaria votos para a Câmara Federal, ajudando a eleger uma grande bancada do PT e aliados (em Pernambuco, o popularíssimo ex-prefeito de Recife, João Paulo, desempenhará o papel de puxador de votos para o PT). 

Resta saber se o vice-presidente aceitaria a incumbência de candidatar ao Senado ou simplesmente foi alijado do processo eleitoral mineiro em virtude das ambições políticas de Pimentel. Pelo trator imposto ao PT mineiro pelo grupo de Pimentel, a segunda opção é mais provável. Sobrou voluntarismo e faltou cálculo político.
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Dos “milagres” do confuso quadro partidário brasileiro

De Renata Lo Prete (Coluna Painel), da Folha de São Paulo

O deputado Paulo Delgado (PT-MG) enumera os "cinco milagres" da atual campanha:

1) ninguém é ficha suja;
2) todo mundo ama Lula;
3) o PSB (PartidoSocialista Brasileiro) é capitalista;
4) a direita acabou;
5) o PC do B (Partido Comunista do Brasil) tem dinheiro.

Dispensa comentários!

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A futura bancada do PT

Publicado originalmente no Valor Econômico, de 20/08/2010.

Por Alberto Carlos Almeida, de São Paulo


Com frequência sou chamado para fazer previsões de resultados eleitorais. No último artigo desta coluna chamei a atenção para o fato de que Dilma Rousseff tende a derrotar José Serra no primeiro turno com uma margem de 15 a 20 pontos percentuais. Essa não é a previsão completa. Com tamanho favoritismo de um governo federal bem avaliado, não é possível evitar que a avalanche de votos para presidente respingue, ao menos, nas campanhas relacionadas com a Presidência. Nesse caso, são duas: deputados federais e senadores.

A previsão completa afirma que o PT vai crescer bastante na Câmara dos Deputados, tendendo a eleger algo em torno de 120, e o PT e seus aliados terão maioria no Senado. O cenário futuro só não é completamente catastrófico para o PSDB porque eleição nacional é uma coisa e eleição estadual, outra inteiramente diferente. Por isso, o PSDB caminha para eleger os governadores de Paraná, São Paulo, Minas, Goiás e Pará. Pode ser que vença também em Roraima e Rondônia, mas não são Estados-chave.

Apenas um breve parêntesis no que tange a Minas: o que torna Antonio Anastasia favorito é o mesmo que faz de Dilma virtual vencedora na eleição nacional: o eleitorado local vai votar naquele com mais chances de dar continuidade ao bem avaliado governo Aécio Neves. Anastasia saiu de zero e foi para 20%. Hélio Costa tem em torno de 40%. É apenas uma questão de tempo que 10 pontos percentuais de Costa migrem para Anastasia, resultando no empate. Depois, com um pouco mais de tempo, Anastasia tende a virar e derrotar Costa já no primeiro turno.

Feita a previsão completa, cumpre justificar neste artigo a grande bancada de deputados federais que o PT tende a eleger. Em primeiro lugar, mostrei quatro artigos atrás que cem é o número mágico quando se trata de cadeiras na Câmara dos Deputados. O todo-poderoso PMDB de 1986 veio perdendo deputados até se estabilizar em torno de cem. O crescimento do PSDB e o fortalecimento do antigo PFL durante os anos Fernando Henrique Cardoso se estabilizaram em torno de cem deputados. O PT elegeu oito deputados em 1982, cresceu, cresceu, cresceu, mas não ultrapassou a barreira dos cem. Por isso, naquele artigo previ que tanto PT quanto PMDB tenderiam a eleger algo em torno de cem deputados federais.

Há, porém, um dado novo no que diz respeito ao PT. Na primeira semana deste mês, um interessante texto na "Folha de S. Paulo" documentou a existência de uma forte associação entre a preferência partidária pelo PT e a proporção de deputados que o partido elege. Em 1990, a pesquisa do Datafolha indicou que 10% do eleitorado brasileiro nutria simpatia pelo PT. Naquele mesmo ano, o PT elegeu 7% de todos os deputados da Câmara. Quatro anos mais tarde, de acordo com o mesmo instituto, a preferência partidária pelo PT subiu para 13% e o PT elegeu 10% de todos os deputados federais. Em 1998, a preferência partidária ficou estável em 11% e o PT também, com 11% de deputados federais. A grande mudança ocorreu em 2002, quando disparou a simpatia pelo PT, indo a 20%, e o partido elegeu quase 18% de todos os representantes da Câmara.

O mensalão não impediu Lula de ser reeleito, mas feriu o PT. Por isso, em 2006 caiu a simpatia pelo partido: 16%. Coincidência ou não, caiu também o número de deputados eleitos: 16% do total. Agora em 2010, a simpatia pelo PT, em julho, portanto bem antes da eleição, atingiu o nível recorde de 25%. É possível que em setembro essa mesma simpatia esteja um pouco maior. Aliás, todos os dados de simpatia partidária acima, com exceção de 1990, foram colhidos em agosto ou setembro. Se o PT ficar com uma simpatia partidária entre 27 e 30%, fazendo uma projeção conservadora, tende a eleger entre 22 e 25% de todos os deputados. Isso resulta em no mínimo 110 deputados e no máximo 130. Uma bancada bastante expressiva.

No capítulo 2 do meu livro "Por Que Lula?", que trata da eleição de 2002, chamo a atenção para o fato de que nas eleições para deputados estaduais e federais o partido que menos dependia de dinheiro para conquistar votos era o PT, além de também contar com a maior simpatia entre as quatro grandes agremiações. Que há correlação entre a simpatia partidária e o voto proporcional no PT não há dúvidas. A grande questão é saber qual é o mecanismo causal que liga uma coisa a outra. Os céticos dirão que se trata de uma coincidência - o que, no linguajar técnico, significa "correlação espúria". Eles afirmarão, corretamente, que há muitas mediações entre a simpatia partidária e a conversão de votos em cadeiras: o sistema eleitoral, as coligações etc. Há as vicissitudes regionais e muitos outros fatores que, combinados, resultaram nessa feliz, porém enganadora, coincidência.

Pode ser que, contrariando os céticos, a simpatia partidária seja uma "proxy", uma aproximação, da disposição de votar em deputados do PT. Essa disposição, em seguida, é viabilizada tanto do lado da oferta, o mundo político, quanto do lado da demanda, os eleitores. Aliás, a simpatia partidária é a própria demanda. Quem gosta do PT tende a votar no PT, ainda mais quando sabemos que os outros partidos não têm a mesma consistência do PT quando se trata desse indicador. A grande questão, então, é como a conversão de simpatia em cadeiras é viabilizada pelo lado da oferta.

Sabemos que, em função de disputas internas regionais, coube ao ex-prefeito do Recife João Paulo, que administrou a cidade por oito anos, o prêmio de consolação de disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. É possível que João Paulo seja o candidato mais votado de Pernambuco, elegendo em seu vácuo uma grande bancada de deputados petistas. Sabemos de João Paulo porque ele é ex-prefeito do Recife. É provável, todavia, que haja muitos outros "João Paulo" petistas espalhados pelos Estados, não em todos, mas em vários. Adicione-se a isso o voto de legenda no PT, que é dos maiores entre todos os partidos políticos. Adicione-se a isso o esforço final de campanha, em geral organizado, que os petistas fazem para pedir votos a legisladores que apoiem o Poder Executivo.

Somando-se os fatores pelo lado da oferta, é possível, sim, encontrar mecanismo causal entre simpatia partidária e bancada federal petista. Em menos de 60 dias saberemos se isso funcionará pela sexta eleição consecutiva. Antes de finalizar: essa associação não funciona para os demais partidos.

Horário eleitoral gratuito
O que esperar nas três primeiras semanas? Como Dilma abrirá no primeiro turno uma margem de 15 a 20 pontos percentuais, devemos esperar que a associação entre Dilma e Lula, já nos primeiros dias da propaganda na TV, faça a candidata petista crescer forte nas pesquisas. Em geral, esse crescimento ocorre até a última semana de agosto ou a primeira semana de setembro. Foi assim com o Pitta de Maluf e com o Conde de César Maia.

Assim, as pesquisas publicadas a partir de agora indicarão um crescente distanciamento entre Dilma e Serra. Nos nossos modelos de análise da opinião pública, não esperamos que Serra caia abaixo dos 30%. Ele tende a ficar gravitando em torno desse número.

Hoje, de acordo com o Datafolha, Serra tem 33%. Se ele perder mais 3 pontos percentuais, isso tende a ir para Dilma, que, nesse caso, ampliaria a vantagem dos atuais 8 para 14 pontos percentuais. Os demais pontos de vantagem de Dilma virão de eleitores que hoje se declaram indecisos.

Creio ainda que entre os dias 7 e 10 de setembro e 3 de outubro as variações serão menores e causadas mais por eventos pontuais, como ocorreu no passado com o "dossiê dos aloprados". Naquele episódio, a variação foi pequena e não fez Lula perder a dianteira. Ele caiu alguns pontos percentuais e isso fez que a eleição fosse para o segundo turno. Passado o efeito de mídia do dossiê falso, Lula voltou a abrir a margem que tinha anteriormente.

Delineado este cenário, será inócuo o esforço de Serra junto ao eleitorado de Minas e de São Paulo. A campanha do candidato tucano anunciou que ele concentrará os esforços nesses Estados. É como se existisse um passe de mágica a ser encontrado em meio a esse eleitorado. A mágica desaparece quando se pergunta com qual discurso Serra abordará o eleitor mineiro e o paulista que avaliam o governo Lula como ótimo ou bom. Como Serra vai persuadir esse eleitor a não votar em Dilma? Segundo o Datafolha, Dilma com 37% já está tecnicamente empatada com Serra (40%) no município de São Paulo. Assim, não será surpresa se o tucano for derrotado por Dilma em sua própria base eleitoral.

Alberto Carlos Almeida, sociólogo e professor universitário, é autor de "A Cabeça do Brasileiro" e "O Dedo na Ferida: menos Imposto, mais Consumo"
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A ciência brasileira, daqui a quinze anos

Como será a pesquisa acadêmica brasileira em 2025?

A revista científica Nature, uma das mais importantes do mundo, deposita grandes esperanças na pesquisa brasileira, por causa das seguintes evidências sólidas:
  • O governo Lula, elogiado pela revista, aprovou medidas que garantem o financiamento da pesquisa depois de primeiro de janeiro de 2011, data na qual sai do Planalto. A próxima década da ciência brasileira está com melhores horizontes.
  • Novos centros de excelência estão sendo criados.
  • Há a proposta de incentivar o financiamento da pesquisa brasileira por empresas multinacionais.
  • O investimento no Ministério da Ciência e Tecnologia duplicou no governo Lula.
  • Os resultados brasileiros são surpreendentes se comparados aos dos outros países da América Latina, mas também se comparados aos dos outros BRICs, Rússia, Índia e China. Em 2008 o Brasil era responsável por 43% das publicações científicas da América Latina, em 2008 por 55%. E o Brasil investe muito mais em cada pesquisador do que os outros membros do grupo dos BRICs.
  • Com tudo isso, a previsão para a ciência brasileira publicada pela revista, e não contestada, é de crescimento orgânico nos próximos anos.
Essa é a visão da Nature, a qual não foi adequadamente repercutida no Brasil. Uma visão contrária, do professor Marcelo Hermes, da UnB, está ganhando mais espaço. Ele acha que o Brasil não será capaz de fazer pesquisa de ponta, daqui a quinze anos, "porque toda a geração [atual] se aposentou e os atuais não foram formados adequadamente".

Temos, então, duas visões sobre o futuro da pesquisa brasileira. Uma, da Nature, deposita fortes esperanças, e o faz baseada em bases sólidas. Outra, do professor Hermes, é pessimista, e se apoia na afirmação vaga de que os futuros doutores serão piores do que ele e os outros doutores da sua geração.

Eu prefiro acreditar na Nature, e não só porque sou um desses novos doutores. O faço porque prefiro formar uma opinião a partir de bases sólidas do que a partir de uma vaga generalização. Se queremos supor, de maneira sóbria, como será a pesquisa brasileira no futuro próximo, precisamos nos apoiar em bases sólidas, como os dados sobre o aumento de publicações, e a proliferação de centros de excelência. Se há boas bases para prever que os cientistas brasileiros do futuro próximo publicarão mais, como imaginar que o Brasil não será capaz de fazer pesquisa de ponta daqui a quinze anos?

A única maneira de imaginar isso é imaginar que só a geração atual publica, sendo a próxima geração incapaz disso. Mas essa é uma generalização sem bases sólidas.

Uma das evidências apresentadas pelo professor Hermes seria o fato -- a ser checado -- de que praticamente não há reprovação na pós-graduação. Mas isso, ainda que verdadeiro, não seria conclusivo, pois a não reprovação poderia ser indício, justamente, de que o trabalho está ok.

No entanto, ainda que aceitássemos que qualquer instituição que não reprova é por si só ruim, o que precisa ser visto de perto, é de se notar duas coisas. Primeiro, que as seleções para programas de pós-graduação são difíceis, rigorosas e concorridas. Assim, é explicável que haja pouca reprovação, pois quem entra é capaz. Segundo, nem todos os selecionados chegam à etapa final, da defesa da tese, não chegando nunca à etapa que, para o professor Hermes, é a de aprovação por assim dizer automática. Mas seria de se perguntar ao professor Hermes porque esses que ficam pelo caminho não submetem à banca uma receita de bolo em forma de tese, já que tudo é sempre aprovado, segundo ele. Eu diria que eles não fazem isso porque há cuidados e controles rigorosos quanto ao que é uma boa tese. Mas, é claro, essa é apenas a opinião do "doutor Mobral" que vos escreve.
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A revista Nature não poupa elogios a Lula

A revista Nature, uma das mais importantes revistas científicas do mundo, se não for a mais importante, rasga elogios ao presidente Lula.

Segundo a Nature, a política de Lula para a área científica tem e terá importante impacto no nosso país, pois irá revigorar a economia, através da inovação.

A Nature também nota que o número de publicações de brasileiros em revistas científicas dobrou entre 2003 e 2008, alcançando marcas impressionantes para qualquer membro dos BRICs, grupo de países que inclui Rússia, Índia e China, além do Brasil.

O artigo original pode ser lido aqui. Uma tradução automática pode ser lida aqui.
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Eixo Brasil-Turquia é nova força global, diz colunista de The Guardian

Para Stephen Kinzer, do jornal inglês The guardian, o acordo com o Irã mostra que o eixo Brasil-Turquia é uma nova força global.

Para Kinzer, o acordo com o Irã conquistado pelo eixo Brasil-Turquia é uma boa notícia para todos, a não ser para os membros dos governos dos EUA e de Israel que buscavam uma desculpa para isolar o Irã. e, apesar das declarações da secretária de Estado Hillary Clinton em direção contrária, há sinais de que Obama via com bons olhos a iniciativa do novo eixo.

Kinzer elogia a habilidade dos corpos diplomáticos do Brasil e da Turquia, e dos líderes Lula e Erdogan. Ele nota que, nos últimos anos, Brasil e Turquia foram os países que mais abriram embaixadas no mundo.

Além da conquista do acordo, Kinzer nota que o eixo Brasil-Turquia mostrou aos EUA, Israel e União Europeia que eles estavam errados ao presumir que somente ameaças e sanções fariam o Irã aceitar um acordo.

PS - É de se imaginar que a conquista do acordo tenha reflexos no Brasil. Por exemplo, já há quem diga que o PSDB entrará com ação no TSE contra o Irã, por campanha antecipada para Dilma. :)

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Lula: avanço com moderação

Apesar de conduzir um governo muito moderado, Lula foi responsável por mudanças emblemáticas em pelo menos 4 áreas:

- criação de um mercado consumidor de massas (propiciada por uma somatória de políticas, entre elas a recuperação do salário-mínimo, a recomposição dos vencimentos do funcionalismo, o Bolsa-Familia, e a política mais agressiva de crédito) – tudo isso teve papel fundamental no enfrentamento da crise de 2008, já que o Brasil deixou de depender só das exportações e pôde basear sua recuperação no mercado interno;
- relação de respeito com os movimentos sociais – parceria com sindicatos, diálogo com as centrais, com o MST;
- recuperação do papel do Estado – fim das privatizações, novos concursos públicos, recuperação do papel planejador do Estado (por exemplo, no campo da energia, em que Dilma apoiou a criação de uma estatal para planejar novos empreendimentos hidrelétricos), fortalecimento dos bancos públicos (não mais como financiadores de privatizações fajutas, mas como indutores do desenvolvimento), fortalecimento da Petrobrás, com o Pré-Sal;
- política externa soberana – enterro da Alca, criação da UNASUL, valorização de parcerias com China, India, Irã; fim do alinhamento com os EUA.

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Por que defender liberdade para os dissidentes cubanos?

Já que é um dos assuntos do momento, vamos falar sobre o caso dos presos políticos de Cuba. Minha posição é parecida com a do NPTO. Acho que Lula deve pedir liberdade para os presos políticos cubanos. Acho que nós com simpatias de esquerda perdemos, visto que não convencemos Lula disso. Acho importante insistir com Lula sobre o ponto.

Por quê? Por três motivos.

Primeiro, porque é isso o que nós fazemos: defendemos o direito das pessoas de pensar e de se organizar livremente. A limitação desse direito sempre ofende, seja nos trópicos, seja onde for.


Terceiro, e mais importante, porque o argumento mais em voga entre o pessoal que se diz de esquerda e defende a posição do governo cubano é algo do tipo "nós só precisamos fazer o que é certo se os críticos também fizerem", e este argumento é fraco. Esse tipo de argumento está por trás de todas as respostas que simplesmente justapõem a repressão avalizada pelos críticos de Cuba à repressão cubana. Isso é simples de se fazer, e posso até dar mais material não usado. Tipo, indo para outra querela atual, EUA versus Irã: "Que moral têm os EUA para falar contra o regime repressivo do Irã, visto que todo o sistema econômico dos EUA está em total simbiose com o sistema econômico da China, sendo que a China é muito mais autoritária e truculenta do que o Irã?"

O problema desse tipo de argumento é que ele erra o alvo. Ao invés de falar do que estava em discussão, no caso o tratamendo de Cuba aos dissidentes, o argumento ataca o interlocutor. Além da lógica, tal tipo de resposta abre espaço pra vários problemas, dentre os quais a possibilidade da desconsideração daquilo que preocupava inicialmente, no caso a liberdade e a igualdade. Pois imagine o seguinte diálogo:
Embaixador A: Vocês Bs precisam libertar os dissidentes!
Embaixador B: Só se vocês As reconhecerem que sustentam a repressão aos Bs em Tal-Lugar.
Embaixador A: Tem razão. Mas não queremos fazer tal coisa. Então façamos o seguinte: cada um reprime os seus, e não se fala mais nisso!
A meu ver, tal efeito seria a derrota da liberdade e da igualdade de pessoas concretas. E é por tais prerrogativas dessas pessoas reais que nós lutamos, certo?

É claro que, muitas vezes, argumentamos da maneira falaciosa indicada acima: quando alguém nos acusa de cometer uma barbaridade, respondemos que o interlocutor faz o mesmo. Essa é uma maneira muito comum de argumentar, mas, apesar do autoengano, sabemos muito bem, em tais ocasiões, que estamos agindo mal.

Esse tipo de argumento tem uma variação em circulação, a qual pode (1) comparar o relativamente bom tratamento dado aos dissidentes cubanos nas prisões ao tratamento absolutamente brutal dado aos "suspeitos de terrorismo" nos calabouços egípcios patrocinados pelos EUA e pela Inglaterra, e (2) alegar que os opositores em geral só podem se queixar caso o outro lado se aprume. Novamente, aqui se erra o alvo, pois não é isso o que se discute. Mas também há outro problema: talvez o crítico não seja um burocrata do governo federal dos EUA ou do reino da Inglaterra. Nesse caso a generalização precipitada colocaria no mesmo saco os defensores das práticas dos EUA/Inglaterra e os defensores dos direitos humanos da Anistia Internacional, o que seria falacioso.

No fundo, se bem entendo, o ponto do NPTO é que temos que defender que se faça o que é certo em boas bases. Acho, também, que essa é uma das coisas boas que as esquerdas em geral podem dar ao debate público sobre esse e outros assuntos, mantendo os princípios, isto é defendendo a igualdade e a liberdade das pessoas que fazem parte deste mundo, não importando origem, etnia, credo, cor ou gênero. Esta seria uma contribuição bem melhor do que a dos caras engraçados e bem-pagos que vociferam contra Cuba em fóruns e jornais, não não estão de fato preocupados com a repressão política por exemplo em Honduras. Nós estamos, e devemos estar.

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Metas do plano de banda larga

Trecho:

A proposta do plano de banda larga é que o governo intervenha onde o mercado está atuando de forma “imperfeita, monopolista e a preço exorbitante”, nas palavras de Alvarez. “Temos um mercado imperfeito. A este mercado imperfeito, o governo vai tratar de ver os seus elementos regulatórios”, disse.

O governo pretende, segundo projeto em discussão cobrar entre R$ 15 e R$ 35 por mês pelo acesso de internet rápida a todos os brasileiros. O valor dependerá da região e da velocidade contratada, que deverá ser, no mínimo, de 1 megabit por segundo.

Plano de banda larga pode custar R$ 14 bi
Valor Economico, 05 Feb 2010

Comentário: o plano tem duas quatro qualidades positivas. Primeiro, busca a inclusão social e digital. Segundo, é um plano que combate o monopólio, o qual é um vício inaceitável em uma boa sociedade capitalista. Terceiro, vai fazer o preço da minha conexão baixar! Quarto, vai fazer a velocidade da minha conexão aumentar!!

Atualizado 7h07.
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