Altamiro Borges: Miriam Leitão e o jornalismo “independente”
Miriam Leitão e o “fogo amigo” no PIG
Por Altamiro Borges, em seu blog
A contratação de Reinaldo Azevedo como novo colunista da Folha tem gerado divisões e intrigas na velha mídia. A primeira a bombardear a aquisição foi a própria ombudsman do jornal, Suzana Singer, que chamou o blogueiro da Veja de “rottweiller” – o que revoltou os colecionadores da raça.
Agora é uma das maiores expressões do chamado Partido da Imprensa Golpista (PIG), a urubóloga Miriam Leitão, que dispara o tal fogo amigo. Em artigo neste domingo (3) no jornal O Globo, ela critica a “direita hidrófoba”, representada por Reinaldo Azevedo e Rodrigo Constantino, que escreve na Veja e no próprio O Globo.
É certo que a colunista tenta se apresentar como jornalista independente, acima do bem e do mal. Suprassumo da inteligência, ela afirma que “o Brasil não está ficando burro. Mas parece, pela indigência de certos debatedores transformaram a ofensa e as agressões espetaculosas em argumentos.
Por falta de argumentos. Esses seres surgem na suposta esquerda, muito bem patrocinada pelos anúncios de estatais, ou na direita hidrófoba que ganha cada vez mais espaço nos grandes jornais”.
A jornalista independente, tão preocupada com os anúncios de estatais, até hoje nada escreveu sobre a sonegação milionária da Rede Globo e os milhões recebidos em publicidade oficial pela “sua” empresa. Baita independência desta moça supostamente tão inteligente!
Apesar disso, o artigo de Miriam Leitão é corajoso – a exemplo de outros textos seus sobre o período sombrio da ditadura militar. No trecho sobre Reinaldo Azevedo, ela é áspera: “Recentemente, Suzana Singer foi muito feliz ao definir como ‘rottweiler’ um recém- contratado pela ‘Folha de S.Paulo’ para escrever uma coluna semanal.
A ombudsman usou essa expressão forte porque o jornalista em questão escolheu esse estilo. Ele já rosnou para mim várias vezes, depois se cansou, como fazem os que ladram atrás das caravanas.
Certa vez, escreveu uma coluna em que concluía: ‘Desculpe-se com o senador, Miriam’. O senador ao qual eu devia um pedido de desculpas, na opinião dele, era Demóstenes Torres”.
Já sobre Rodrigo Constantino, que ela nem cita o nome, a porrada também foi dura: “Não costumo ler indigências mentais, porque há sempre muita leitura relevante para escolher, mas outro dia uma amiga me enviou o texto de um desses articulistas que buscam a fama. Ele escreveu contra uma coluna em que eu comemorava o fato de que, um século depois de criado, o Fed terá uma mulher no comando. Além de exibir um constrangedor desconhecimento do pensamento econômico contemporâneo, ele escreveu uma grosseria: ‘O que importa o que a liderança do Fed tem entre as pernas?’ Mostrou que nada tem na cabeça”.