Indignação tardia
O artigo de Míriam Leitão contra Reinaldo Azevedo está atrasado, exatamente, 10 anos.
Os rosnados e latidos do blogueiro da Veja, recém contratado como colunista da Folha de S.Paulo, só suscitaram indignação na colega de O Globo, agora, porque a estrutura de mídia (e de poder) ao qual ambos pertencem está desmoralizada e prestes a desmoronar.
Na última década, a direita hidrófoba latiu, rosnou e babou do mesmo jeito, inclusive dentro das Organizações Globo, mas Míriam, profissional zelosa em anunciar, toda manhã, o fim do mundo patrocinado pelo PT, manteve-se calada. Conivente.
Jornalista elegante e de belo texto, não duvido que há muito Míriam Leitão despreze Reinaldo Azevedo, cujo único talento, a bajulação dos ricos, infelizmente está agregado à absoluta falta de talento para escrever coisas minimamente inteligíveis.
Para ela, como para muitos da direita brasileira, era como um psicopata domesticado que, enquanto se mantivesse apenas no espaço radical da Veja, seria de boa valia para o serviço.
Fora dessa perspectiva, Míriam deve ter sempre olhado para o texto do colega de luta liberal com o devido desprezo que qualquer jornalista mediano tem pela má escrita, sobretudo quando se trata de um amontoado de clichês retirados de velhas apostilas da ESG enfeitado por espasmos de falsa erudição roubada ao Google e a orelhas de clássicos da literatura universal.
Agora que o cão raivoso deixou o canil da TFP e veio latir mais perto, no mesmo espaço singular do triste colunismo da mídia nacional, Míria Leitão decidiu, finalmente, se pronunciar.
Tarde demais.
Vão todos - mírians, reinaldos, jabores, magnolis e gullares - afundar juntos e abraçados na mesma lama em que se meteram por conta própria.