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MÍDIA - A "alta" carga tributária brasileira.

A campanha cínica contra a ‘alta’ carga tributária do Brasil

by Paulo Nogueira do DCM
Otávio Frias Filho, dono da Folha
Estava na Folha, num editorial.
A carga tributária brasileira é alta. Cerca de 35% do PIB. Esta tem sido a base de incessantes campanhas de jornais e revistas sobre o assim chamado “Custo Brasil”.
Tirada a hipocrisia cínica, a pregação da mídia contra o “Custo Brasil” é uma tentativa de pagar (ainda) menos impostos e achatar direitos trabalhistas.
Notemos. A maior parte das grandes empresas jornalísticas já se dedica ao chamado ‘planejamento fiscal’. Isto quer dizer: encontrar brechas na legislação tributária para pagar menos do que deveriam.
A própria Folha já faz tempo adotou a tática de tratar juridicamente muitos jornalistas – em geral os de maior salário – como PJs, pessoas jurídicas. Assim, recolhe menos imposto. Uma amiga minha que foi ombudsman era PJ, e uma vez me fez a lista dos ilustre articulistas da Folha que também eram.
A Globo faz o mesmo. O ilibado Merval Pereira, um imortal tão empenhado na vida terrena na melhora dos costumes do país, talvez pudesse esclarecer sua situação na Globo – e, transparentemente, dizer quanto paga, em porcentual sobre o que recebe.
A Receita Federal cobra uma dívida bilionária em impostos das Organizações Globo, mas lamentavelmente a disputa jurídica se trava na mais completa escuridão. Que a Globo esconda a cobrança se entende, mas que a Receita Federal não coloque transparência num caso de alto interesse público para mim é incompreensível.
A única vez em que vi uma reprovação clara em João Roberto Marinho, acionista e editor da Globo, foi quando chegou a ele que a Época fazia uma reportagem sobre o modelo escandinavo. Como diretor editorial da Editora Globo, a Época respondia a mim. O projeto foi rapidamente abortado.
Roberto Irineu Marinho, presidente da Globo
Roberto Irineu Marinho, presidente da Globo
Voltemos ao queixume do editorial da Folha.
Como já vimos, a carga tributária do Brasil é de 35%. Agora olhemos dois opostos. A carga mais baixa, entre os 60 países que compõem a prestigiada OCDE, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, é a do México: 20%. As taxas mais altas são as da Escandinávia: em redor de 50%.
Queremos ser o que quando crescer: México ou Escandinávia?
O dinheiro do imposto, lembremos, constrói estradas, portos, aeroportos, hospitais, escolas públicas etc. Permite que a sociedade tenha acesso a saúde pública de bom nível, e as crianças – mesmo as mais humildes -- a bom ensino.
Os herdeiros da Globo – os filhos dos irmãos Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto – estudaram nas melhores escolas privadas e depois, pelas mãos do tutor Jorge Nóbrega, completaram seu preparo com cursos no exterior.
A Globo fala exaustivamente em meritocracia e em educação. Mas como filhos de famílias simples podem competir com os filhos dos irmãos Marinhos? Não estou falando no dinheiro, em si – mas na educação pública miserável que temos no Brasil.
Na Escandinávia, a meritocracia é para valer. Acesso a educação de bom nível todos têm. E a taxa de herança é alta o suficiente para mitigar as grandes vantagens dos herdeiros de fortunas. O mérito efetivo é de quem criou a fortuna, não de quem a herdou. A meritocracia deve ser entendida sob uma ótima justa e ampla, ou é apenas uma falácia para perpetuar iniquidades.
Recentemente o site da Exame publicou um ranking dos 20 países mais prósperos de 2012 elaborado pela instituição inglesa Legatum Institute. Foram usados oito critérios para medir o sucesso das nações: economia, empreendedorismo e oportunidades, governança, educação, saúde, segurança e sensação de segurança pessoa, liberdade pessoal e capital social. A Escandinávia ficou simplesmente com o ouro, a prata e o bronze: Noruega (1ª), Dinamarca (2ª) e Suécia (3ª).
Se quisermos ser o México, é só atender aos insistentes apelos das grandes companhias de mídia. Se quisermos ser a Escandinávia, o caminho é mais árduo. Lá, em meados do século passado, se estabeleceu um consenso segundo o qual impostos altos são o preço – afinal barato – para que se tenha uma sociedade harmoniosa. E próspera: a qualidade da educação gera mão de obra de alto nível para tocar as empresas e um funcionalismo público excepcional. O final de tudo isso se reflete em felicidade: repare que em todas as listas que medem a satisfação das pessoas de um país a Escandinávia domina as posições no topo.
O sistema nórdico produz as pessoas mais felizes do mundo.
A Escandinávia é um sonho muito distante? Olhemos então para a China. À medida que o país foi se desenvolvendo economicamente, a carga tributária também cresceu. Ou não haveria recursos para fazer o extraordinário trabalho na infraestrutura – trens, estradas, portos, aeroportos etc – que a China vem empreendendo para dar suporte ao velocíssimo crescimento econômico.
Hoje, a taxa tributária da China está na faixa de 35%, a mesma do Brasil. E crescendo. Com sua campanha pelo atraso e pela iniquidade, os donos da empresa de mídia acabam fazendo o papel não de barões – mas de coronéis que se agarram a seus privilégios e mamatas indefensáveis.
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MÍDIA - O terrorismo midiático.


RETROSPECTIVA 2013 DO TERRORISMO MIDIÁTICO


Por Assis Ribeiro

“O ano [de 2013] começou com o terrorismo midiático informando que o Brasil corria 'sérios riscos de apagão elétrico' e que 'o racionamento de energia seria inevitável'.

Em janeiro, a revista "Isto É" estampou em letras garrafais a manchete:

"Possibilidade de racionamento afeta confiança de empresários, dizem economistas"

Risco de apagão pode reduzir expansão do PIB em 2013” – (Isto É




Ao contrário do apagão, o que se viu foi a inauguração de várias hidrelétricas que já estavam em construção, tantas outras que serão entregues nos próximos anos e a expansão de outras matrizes aumentando a nossa capacidade de fornecimento energético, além do governo ter feito despencar o preço da energia.

Em abril, a “crise do tomate” que levou uma conhecida apresentadora da “Rede Globo” a usar um colar de tomates para pressionar o Banco Central a elevar os juros. Na próxima, talvez a obriguem de colocar uma melancia no seu traseiro.




Durante todo o ano, o governo foi bombardeado com matérias pseudojornalísticas que exploraram de maneira sórdida:

1) INEFICIÊNCIA DO MODELO DE CONCESSÕES E FALTA DE PLANEJAMENTO.

O que se viu foram as concessões vitoriosas dos portos, aeroportos, rodovias e no pré-sal.

2) INFLAÇÃO DESCONTROLADA.

Desde o primeiro semestre, o comentarista do blog “foo” veio apresentando, mês a mês, quadros comparativos de inflação com anos anteriores demonstrando que a inflação estava completamente dentro das margens e equivalentes aos meses correlatos de vários anos anteriores a 2013. Resultado, estamos fechando o ano com a inflação dentro das expectativas do governo e, provavelmente, ainda menor do que o ano anterior.

3) RISCO DE ALTA NO DESEMPREGO.

Terminamos o ano com índices recordes de emprego.

4) MOVIMENTOS DE RUA DE JUNHO.

A grande mídia tentou colocar as manifestações como se fossem contra o governo Dilma e aproveitaram para tentar alavancar as candidaturas de Aécio (no desespero, Serra) e Eduardo Campos (no desespero, Marina). Resultado, todas as pesquisas posteriores demonstraram que Dilma ganha no primeiro turno.

5) MAIS MÉDICOS.

A cobertura jornalística priorizou entrevistas com médicos e dirigentes dos CRM que atacaram em defesa do corporativismo da classe, e omitiu o sucesso desse tipo de plano de atendimento em países que o implementaram, levando saúde às populações esquecidas e abandonadas. Resultado, o plano tem alcançado sucesso estrondoso.

6) QUE O PAÍS ESTAVA PARADO.

Mesmo com os inúmeros canteiros de obras Brasil adentro, construção de imóveis residenciais, estradas, portos, estaleiros, plataformas de petróleo, o país voltando a fabricar navios, o comércio vendendo como nunca, criação de novos postos de trabalho etc.

7) AS CONDENAÇÕES NA AP 470.

Tentaram, mais uma vez, colocar a pecha de que “nunca se viu tanta corrupção no país”, como se fosse uma exclusividade do PT, chegando, a grande mídia, inclusive, a lançar o nome de Barbosa como candidato à presidência da república.

8) QUE A COPA SERÁ UM FRACASSO.

O sucesso recente da copa das confederações não foi suficiente para pautar análises mais equilibradas sobre a copa 2014.

9) A DESINDUSTRIALIZAÇÃO.

Esse foi mais um tópico recorrente. No entanto, a nossa mídia tradicional foi incapaz de falar nos vários incentivos do governo, como as concessões vitoriosas em todos os setores da infraestrutura, a diminuição de impostos para a cadeia produtiva, a diminuição do preço da energia, disponibilização de dinheiro via BNDES etc. Omitiu que o governo do PT reativou a nossa indústria naval para a fabricação de estaleiro e navios. A maré do contra é tão grande que, até na recente aquisição dos jatos Gripen para a Aeronáutica que priorizou a transferência de tecnologia e a fabricação deles em território nacional, foi alvo de criticas.

O que mais se viu nas matérias “jornalísticas” foram frases como; “o gigante acordou”, “o país está parado”, “a inflação voltou” etc.

Um jornalismo tendencioso e desinformativo que induz a população ao medo e à baixa qualidade de conhecimento.”

FONTE: escrito por Assis Ribeiro no “Jornal GGN”  (http://www.jornalggn.com.br/noticia/retrospectiva-2013-do-terrorismo-midiatico).
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MÍDIA - Demissões no PIG.

Globo e Abril cortam na carne

Por Altamiro Borges

Nesta semana, duas notícias confirmaram a grave crise vivida pela mídia tradicional nativa. A revista Época, das Organizações Globo, fechou a sua edição paulista e demitiu toda a sua equipe sem dó nem piedade. Já o Grupo Abril confirmou a venda da MTV-Brasil para o Grupo Spring, que edita as revistas Rolling Stone e América Economia e pertence a José Roberto Maluf, ex-vice-presidente do SBT e da Rede Bandeirantes.
Os dois impérios midiáticos, que esbanjam tanto poder, até tentaram disfarçar o corte na própria carne. A editora Globo informou que a extinção da Época/SP era apenas um “ajuste editorial” e negou que promoveria demissões. Na sexta-feira (20), porém, o Portal Imprensa “apurou que os profissionais que atuavam na revista foram encaminhados ao departamento de recursos humanos e demitidos. Os cortes valem a partir de 2 de janeiro de 2014. Ao todo, oito pessoas foram atingidas pelas mudanças no periódico. Somente dois funcionários foram poupados do corte”.

Na fria e cínica linguagem empresarial, o diretor-geral da corporação, Frederic Kachar, explicou a drástica medida. “Com isso, pretendemos nos adaptar às atuais condições do mercado anunciante e concentrar nossas energias e esforços para manter a saúde e a rentabilidade das nossas marcas... Agradecemos a toda a equipe que tem produzido Época São Paulo, liderada pelo diretor de redação Celso Masson, pelo competente e valioso trabalho desenvolvido até hoje”. Os jornalistas demitidos, que prestaram tantos serviços ao grupo, devem ter ficado emocionados!

Uma semana antes, a Época/SP havia publicado uma capa tendenciosa sobre os corredores de ônibus na capital paulista com o nítido objetivo de desgastar o prefeito Fernando Haddad (PT). A “reporcagem” foi rechaçada pelo sítio “Cidade Para Pessoas” e gerou reação nas redes sociais, com duras críticas à visão elitista da revista. O autor da matéria, o mesmo Celso Masson, até tentou defender “os princípios editoriais” da publicação da famiglia Marinho, que agora não existe mais. Baita ironia do destino!

No caso da venda da MTV-Brasil, a Abril divulgou o comunicado na quarta-feira (18). A emissora já vinha sendo desmontada há meses, mas não conseguia compradores. O Grupo Spring ainda não informou o que pretende fazer com o canal. Segundo Daniel Castro e Paulo Pacheco, do sítio Notícias da TV, “o valor do negócio também não foi divulgado, mas especula-se que ficou próximo de R$ 200 milhões. No mercado, circula a informação de que a Abril queira R$ 500 milhões pela concessão e retransmissoras, um valor considerado muito alto”.

A operação da venda ainda terá de ser aprovada pelo Ministério das Comunicações e pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). A crise na emissora era grave. “Com dificuldades financeiras para operar a MTV, o Grupo Abril devolveu a marca para o grupo norte-americano Viacom em 30 de setembro. Desde 1° de outubro, o Grupo Abril passou a reprisar no canal da MTV programas da extinta TV Ideal, sobre o mundo corporativo. E a Viacom relançou a MTV, agora como canal de TV por assinatura”.
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MÍDIA - A revolução silenciosa.

O financiamento da mídia alternativa e a revolução silenciosa


mídia
A deputada Luciana Santos (PCdoB-PE) abre as discussões sobre o financiamento público da mídia
Não há novidade nenhuma em afirmar que os meios de comunicação no Brasil são extremamente concentrados nas mãos de algumas poucas famílias. A surpresa que nos atinge está em saber que é justamente o dinheiro público do governo federal e dos governos estaduais e municipais o principal patrocinador dessa concentração.
No caso do governo federal é a Secretaria de Comunicação Social (SECOM) da Presidência da República, dirigida pela ministra Helena Chagas, a responsável por esse repasse de verbas para os grandes meios de comunicação. Nesse momento alguém poderia se perguntar: “Mas Helena Chagas, aquela jornalista da Globo?” Sim, a própria.
Esse repasse de verbas da SECOM é a principal fonte de sobrevida dos grandes meios de comunicação no Brasil. Para termos uma ideia do montante, apenas em 2012 cerca de R$ 10,8 bilhões foram repassados para os quatro grandes canais de televisão: Globo, Record, SBT e Band, sendo que 70% dessas verbas foram repassadas apenas para a Rede Globo.
Outro exemplo costumeiro é o da Editora Abril – responsável pela revista (semanal de ultradireita) Veja, entre outras – no Estado de São Paulo. Os paulistanos sabem que há anos o seu governo estadual vem patrocinando fortemente a editora da família Civita sem que haja qualquer transparência sobre as vantagens que tal parceria traz para o bem público. A coincidência entre a linha editorial da Abril e o programa político do partido que dirige o governo de São Paulo não parece ser fruto do acaso.
O interesse público depende da diversidade de fontes para a produção da informação. Uma sociedade que possui apenas poucas possibilidades de acesso a novos conteúdos torna-se refém sem sequer saber que suas mãos estão acorrentadas. É necessário que haja fontes diversas e plurais para que possamos confrontá-las e produzirmos nossas próprias opiniões.
No entanto, se por um lado os governos não manifestam desejo em alterar a estrutura da comunicação no país, por outro lado os movimentos sociais e a sociedade civil subalterna começam a reivindicar mudanças estruturais que venham de baixo para cima. Aí estão os exemplos dos milhares de jornais de bairros, rádios e tvs comunitárias e blogs alternativos que surgem diariamente. A indignação com as narrativas monocórdicas materializam-se assim nas mídias alternativas. E essas mídias alternativas querem recursos para sobreviver e cobram justa e legitimamente que mudanças sejam feitas nas prioridades dos governos.
O debate no Congresso Nacional
Na Câmara dos Deputados o debate sobre a necessidade do financiamento para a mídia alternativa tem ocorrido na Subcomissão Especial da Câmara dos Deputados sobre Mídia Alternativa presidida pela deputada federal Luciana Santos (PCdoB-PE). A subcomissão funciona no âmbito da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática desde dezembro de 2011 e ao longo desse período ouviu uma série de especialistas sobre o tema. O relatório final dos trabalhos da subcomissão foi aprovado em 13 de novembro de 2013 e agora será transformado em projeto de lei para seguir em votação no plenário da Câmara dos Deputados.
O relatório final apresentado pela deputada Luciana Santos é formado por 17 itens que, em síntese, afirmam ser responsabilidade do governo federal e de suas agências o fomento das mídias alternativas e a pluralidade e diversidade na distribuição das verbas oficiais de publicidade. De forma concreta o relatório propõe que 20% da publicidade oficial do governo federal sejam apenas para a mídia alternativa.
Brasília dá o primeiro passo
Brasília deu na semana passada o primeiro grande passo no sentido de democratizar o financiamento da mídia alternativa. A Proposta de Emenda à Lei Orgânica 51/2013 indica que 10% das verbas de publicidade dos poderes locais deverão ser repassados para veículos da blogosfera e da imprensa comunitária.
A proposta da deputada distrital Luzia de Paula (PEN) foi aprovada por unanimidade na Câmara Legislativa do Distrito Federal e será aceita com tranquilidade pelo governador Agnelo Queiroz (PT).
No Rio de Janeiro proposta está na ALERJ
No Rio de Janeiro a deputada estadual Enfermeira Rejane (PCdoB-RJ) apresentou na Assembleia Legislativa no dia 23 de maio de 2013 o projeto de lei nº 2248/2013. A proposta da deputada comunista é a de que 20% da publicidade oficial do governo do Estado do Rio de Janeiro seja destinado à mídia alternativa como jornais comunitários, rádios e Tvs comunitárias e blogs.
Mas no Rio de Janeiro a proposta já indica que encontrará maiores obstáculos. Na semana seguinte à apresentação do PL na ALERJ, o gabinete da deputada Rejane recebeu a visita de advogados da Editora Abril para apontar o descontentamento da família Civita com a redistribuição das verbas para a mídia alternativa.
Ao contrário de Brasília que é governada por um histórico militante da esquerda, o Rio de Janeiro possui como governador o peemedebista Sérgio Cabral. E as boas relações de Cabral com a mídia carioca são bem conhecidas. Não passa pela cabeça de ninguém imaginar que Cabral permitirá que sua base na ALERJ aprove facilmente o PL 2248/2013.
Da revolução silenciosa para a revolução barulhenta
Aprovar mudanças na distribuição da publicidade oficial dos governos não é pouca coisa. No dia em que jornais de bairros, blogs, rádios e Tvs comunitárias passarem a receber uma parte do bolo, uma grande mudança se iniciará em nossa sociedade. Uma mudança de sotaque, uma mudança de cor, uma mudança de cultura. Uma nova narrativa de baixo para cima emergirá e verdades que hoje são absolutas passarão a ser contestadas. A revolução silenciosa passará então a ser barulhenta. Esse dia chegará.
Theófilo Rodrigues é cientista social e coordenador da seção fluminense do Centro de Estudos da Mídia Independente Barão de Itararé.
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MÍDIA - Nenhuma novidade quando se trata do PIG.

Que papelão, Folha de S.Paulo! E o Manual de Redação?



Como o ex-ministro José Dirceu sempre aponta aqui nesse blog, a Folha de S.Paulo faz questão de ser parcial, deixar a isenção informativa completamente ao largo como um de seus últimos parâmetros jornalísticos e não esconder que tem lado – claro, desde que seja sempre contra o PT e o governo. O jornalão da Barão de Limeira, no entanto, às vezes até nisso exagera.
Como aconteceu semana passada e foi apontado pela ombudsman Suzana Singer na edição deste domingo na pequena nota de sua coluna sob o título “Só o negativo”. Diz Suzana: ” A manchete de 2ª feira decretava: “Ineficiência marca gestão do SUS, diz Banco Mundial”. A reportagem trazia apenas as críticas contidas no estudo, que fez um balanço de 20 anos do sistema único no país. Toda a parte elogiosa, em que se ressalta, entre outros pontos, um acesso mais equânime à assistência médica, foi ignorada pelo jornal. Ficou a impressão de que o Banco Mundial condenava o SUS.”
Quer dizer, um sistema de universalização de saúde extremamente bem elaborado, exemplo de inclusão de um dos maiores contingentes populacionais do mundo na assistência médico-hospitalar, que não é perfeito mas busca constantemente seu aprimoramento, é simplesmente desqualificado pelo jornal. À revelia de seu Manual de Redação, que manda ouvir os dois lados… No caso, aqui, nem era preciso, o relatório do Banco Mundial já apontava falhas e virtudes do sistema… Era só incluir na matéria também esta última parte…
Mas a ombudsman encerrou sua curta nota com uma frase que diz tudo: “Foi mais um ataque de pessimismo crônico da Folha.” Definição perfeita para a linha editorial permanente do jornal…
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MÍDIA - A Veja e o caixa dois.

Editorial da Veja admite caixa dois no “mensalão”


Após passar os últimos oito anos pregando que o chamado escândalo do mensalão foi um esquema de compra de parlamentares no Congresso com dinheiro público, a revista Veja admitiu finalmente que o esquema se referia, na verdade, ao caixa dois.
A admissão está no editorial da mais recente edição da revista, a seção chamada Carta ao Leitor. Nós, da Equipe do Blog, trazemos agora essa informação para os leitores.
Os réus sempre disseram que nunca houve compra de venda de votos na Câmara – e, sim, o caixa dois. A Veja sempre atacou essa versão.
Mas, em seu editorial defendendo as doações de empresas para as campanhas eleitorais, a revista é explícita ao concordar com a defesa dos réus: “A reportagem de Veja mostra que a prioridade mais óbvia nesse campo em que a iniciativa privada se encontra com as eleições é a repressão intensa às doações ilegais, pois elas, sim, estão na origem dos grandes escândalos de corrupção. É o dinheiro do caixa dois que azeita as engrenagens mais perversas da corrupção. Está aí o escândalo do mensalão como prova candente desse fato”.
Ou seja, a revista admite que o dinheiro envolvido no mensalão tem origem em caixa dois. Durante o julgamento, Veja endossou a tese que condenou os réus, acusados de desviar dinheiro público para financiar o mensalão. Mas, agora, na hora de defender as doações privadas, a verdade sobre o caixa dois vem à tona na Veja.
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MÍDIA - A denúncia da Globo contra o STF.

Diário do Centro do Mundo


O que está por trás da denúncia da Globo contra o STF?

by Paulo Nogueira
Ninguém acredita nos bons propósitos da Globo
Ninguém acredita nos bons propósitos da Globo
É tanta a má fama da Globo que mesmo quando ela dá uma informação de alto interesse público muita gente desconfia de má fé.
Aconteceu hoje, quando o jornal deu a notícia de que o STF vem recebendo mais recursos públicos do Estado do que deveria por conta de números inflados em seu plano médico.
A União subsidia parte do plano. O STF passou ao governo uma quantidade errada – para cima, naturalmente – de beneficiários. Isso vem significando milhões de reais em dinheiro público canalizado equivocadamente para o STF.
Segundo o Globo, o problema ocorreu na gestão nos dois últimos presidentes, ambos seus queridos amigos, Ayres Britto e Joaquim Barbosa.
O que o Globo poderia estar querendo ao veicular ao publicar uma coisa tão ruim ao Supremo?
Uma versão que corre é que a real intenção é pressionar a ministra Rosa Weber. A tese foi primeiro levantada por uma das figuras mais intrigantes da internet brasileira, Stanley Burburinho.
Ao fuçar no site do STF, Burburinho viu que Rosa será a relatora do processo que envolve a corrupção tucana no metrô de São Paulo.
Ele associou isto à informação que o Globo trouxe segundo a qual Rosa fora avisada dos números inflados. (Joaquim Barbosa também foi comunicado, mas isso não deteve as especulações.)
Na blogosfera, a tese de Burburinho foi intensamente abraçada, depois de publicada no site Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim.
Quanto a mim.
Pessoalmente, não acredito.
A Globo é demasiadamente concentrada em si mesma para pressionar alguém em nome de quem seja fora da família Marinho.
Verdade que a mídia corporativa faz coisas inacreditáveis. No âmbito mesmo do STF, a Folha deu uma chacoalhada em Ayres Britto depois que ele revogou a Lei de Imprensa da era militar e rascunhava algumas coisas em troca.
Ayres Britto acusou o golpe, e o resultado é que a sociedade simplesmente perdeu o direito de resposta. Devemos essa aberração ao jornal a serviço do Brasil, aspas e pausa para rir.
Posso aceitar até que o Globo tenha mandado um recado ao STF ao publicar a apropriação indevida de dinheiro do contribuinte.
Mas o beneficiário teria que ser ela mesma.
Esta é a cultura, esta é a alma da Globo – servir a si própria.
Não rejeito a tese do recado. Mas duvido que a Globo estique os braços para ajudar um partido que está morrendo à míngua de causa e de votos.
A Globo quer expulsar, por exemplo, o El País, que colocou no ar um site em português para atuar no mercado brasileiro.
Vigora no Brasil uma ridícula, obsoleta, anticapitalista reserva de mercado para a mídia.
Faz mais nexo a Globo estar avisando o STF de que, caso a questão do El País vá dar lá, é bom que os juízes se comportem direitinho.
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MÍDIA - Brigando com os fatos.

 

  
        O pessimismo militante da velha mídia                                                      
Dia desses conversava com o executivo de um grande grupo europeu, que  não se conformava com o clima de pessimismo que via em meios empresariais brasileiros, como resultado da cobertura da velha mídia do eixo Rio-São Paulo. Comparava com Portugal e Espanha, desmanchando-se, com a União Europeia, estagnada, com os desastres na Irlanda e na Grécia. Aí, voltava-se para o Brasil com o mercado de consumo aquecido, o desemprego em níveis mínimos históricos, o investimento privado direcionando-se para os leilões de concessão. E me dizia que o Brasil era um país muito louco.
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Há muitas críticas à condução da política econômica e vulnerabilidades que precisarão ser enfrentadas – especialmente o desequilíbrio nas contas externas. Mas nada que nem de longe se pareça com o quadro pintado nos grandes veículos. Aumentos de meio ponto percentual ao ano nos índices inflacionários são tratados como prenúncio de hiperinflação; acomodamento das vendas do varejo, em níveis elevados, como prenúncio de recessão.
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No fundo desse pessimismo renitente há uma guerra política inaugurada em 2005 que, quase nove anos depois, continua sacrificando a notícia no altar das disputas partidárias.
É significativa a cobertura, em um jornal econômico relativamente equilibrado,  do discurso de Dilma Rousseff em um evento da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
O primeiro parágrafo é dedicado ao discurso de Dilma, à necessidade de uma indústria forte, de não transformar o país em uma mera “economia de serviços”. Em seguida, mencionou programas exitosos, como o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) e ao Ciência Sem Fronteiras.
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Se Dilma permanecesse no encontro, continua a matéria, iria colher relatos bem diferentes sobre o que mencionou. É entrevistada então a superintendente de uma empresa de eletrodomésticos que diz que os programas são bons, “mas chegaram atrasados”. “O problema é que não temos nenhuma garantia de que o empregado no qual investimos tanto seguirá na companhia", é a reclamação. E sugere a criação  de uma “bolsa emprego”, destinada a premiar o funcionário que permanecer mais tempo na empresa.
O que isso tem a ver com a Pronatec? Nada. É um problema interno da empresa, de gestão de recursos humanos em uma economia aquecida, mas que é utilizado como contraponto ao que parecia ser excesso de otimismo na abertura da matéria.
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É um entre muitos exemplos do pessimismo militante que recobriu a cobertura econômica da velha mídia nos últimos anos. E que acaba comprometendo a crítica necessária sobre os pontos efetivamente vulneráveis da política econômica e do processo de desenvolvimento brasileiros.
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Na sexta-feira, a mesma CNI divulgou a pesquisa CNI-Ibope. Os que consideram seu governo bom e ótimo saltaram de 37% para 43% em relação ao último levantamento, de setembro. Desde julho, o crescimento foi de 12 pontos percentuais. O percentual dos que aprovam a maneira de Dilma governar aumentou de 54% para 56%.
É evidente que há muito a melhorar no ambiente e na política econômica. Mas quem está em crise exposta, hoje em dia, é certo tipo de jornalismo que acabou subordinando o senhor fato a disputas políticas menores.
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MÍDIA - Banco Mundial e o SUS

O SUS veio de encontro ao pregava o Consenso de Washington.


Banco Mundial, SUS e mídia: a arte da manipulação

Banco Mundial e SUS: o que você só vê na mídia

Eduardo Fagnani | GGN Jornal de Todos os Brasis
A manchete da primeira página da Folha (9/12/13) não deixa margem à dúvida: “Ineficiência marca gestão do SUS, diz Banco Mundial”. A matéria destaca que essa é “uma das conclusões de relatório inédito obtido com exclusividade pela Folha”. Aos desavisados a mensagem subliminar é clara: o SUS é um fracasso e o Ministro da Saúde, incompetente.
A curta matéria da suposta avaliação do Banco Mundial sobre vinte anos do SUS é atravessada de “informações” sobre desorganização crônica, financiamento insuficiente, deficiências estruturais, falta de racionalidade do gasto, baixa eficiência da rede hospitalar, subutilização de leitos e salas cirúrgicas, taxa média de ocupação reduzida, superlotação de hospitais de referência, internações que poderiam ser feitas em ambulatórios, falta de investimentos em capacitação, criação de protocolos e regulação de demanda, entre outras.
Desconfiado, entrei no site do Banco Mundial e consegui acesso ao “inédito” documento “exclusivo”**. Para meu espanto, consultando as conclusões da síntese (Overview), deparei-me com a seguinte passagem que sintetiza as conclusões do documento (página 10):
“Nos últimos 20 anos, o Brasil tem obtido melhorias impressionantes nas condições de saúde, com reduções dramáticas mortalidade infantil e o aumento na expectativa de vida. Igualmente importante, as disparidades geográficas e socioeconômicas tornaram-se muito menos pronunciadas. Existem boas razões para se acreditar que o SUS teve importante papel nessas mudanças. A rápida expansão da atenção básica contribuíu para a mudança nos padrões de utilização dos serviços de saúde com uma participação crescente de atendimentos que ocorrem nos centros de saúde e em outras instalações de cuidados primários. Houve também um crescimento global na utilização de serviços de saúde e uma redução na proporção de famílias que tinham problemas de acesso aos cuidados de saúde por razões financeiras. Em suma, as reformas do SUS têm alcançado pelo menos parcialmente as metas de acesso universal e equitativo aos cuidados de saúde (tradução rápida do autor).
Após ler essa passagem tive dúvidas se havia lido o mesmo documento obtido pela jornalista. Fiz novos testes e cheguei à conclusão que sim. Constatado que estava no rumo certo continuei a ler a avaliação do Banco Mundial e percebí que as críticas são apontadas como “desafios a serem enfrentados no futuro”, visando o aperfeiçoamento do SUS.
Nesse caso, o órgão privilegia cinco pontos, a saber: ampliar o acesso aos cuidados de saúde; melhorar a eficiência e a qualidade dos serviços de saúde; redefinir os papéis e relações entre os diferentes níveis de governo; elevar o nível e a eficácia dos gastos do governo; e, melhorar os mecanismos de informações e monitoramento para o “apoio contínuo da reforma do sistema de saúde” brasileiro.
O Banco Mundial tem razão sobre os desafios futuros, mas acrescenta pouco ao que os especialistas brasileiros têm dito nas últimas décadas. Não obstante, é paradoxal que esses pontos críticos ainda são, de fato, críticos, em grande medida, pela ferrenha oposição que o Banco Mundial sempre fez ao SUS, desde a sua criação em 1988: o sistema universal brasileiro estava na contramão do “Consenso de Washington” e do modelo dos “três pilares” recomendado pelo órgão aos países subdesenvolvidos.*** É preciso advertir aos leitores jovens que, desde o final dos anos de 1980, Banco Mundial sempre foi prejudicial à saúde brasileira.
É uma pena que o debate sobre temas nacionais relevantes – como o sistema público de saúde, por exemplo – seja interditado pela desinformação movida pelo antagonismo das posições políticas, muitas vezes travestido de ódio, que perpassa a sociedade, incluindo a mídia.
Que o espírito reconciliador Mandela ilumine os brasileiros – e o pobre debate nacional.
BAIXO O DOCUMENTO DO BANCO MUNDIAL AQU
*Professor do Instituto de Economia da Unicamp, pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e do Trabalho (CESIT/IE-UNICAMP) e coordenador da rede Plataforma Política Social – Agenda para o Desenvolvimento (www.politicasocial.net.br).
**Twenty Years of Health System Reform in Brazil – An Assessment of the Sistema Único de Saúde. Michele Gragnolati, Magnus Lindelow, and Bernard Couttolenc. Human Development. 2013 International Bank for Reconstruction and Development / The World Bank 1818 H Street NW, Washington DC.
***Consultar, especialmente: BANCO MUNDIAL (1990). World Development Report: Poverty. Washington, D.C; BANCO MUNDIAL (1991). Brasil: novo desafio à saúde do adulto. Washington, D.C. 1991; BANCO MUNDIAL (1993). World Development Report: Investing in Health. Washington, D.C; BANCO MUNDIAL (1994). Envejecimiento sin crisis: Políticas para la protección de los ancianos y la promoción del crecimiento. Washington, D.C; e BANCO MUNDIAL (1995). A Organização, Prestação e Financiamento da Saúde no Brasil: uma agenda para os anos 90. Washington, D.C.
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MÍDIA - A preocupação da urubóloga.

Míriam Leitão está preocupada com a democracia pelo motivo errado

by Paulo Nogueira

Ela parece desconhecer a história da empresa para a qual trabalha
Ela parece desconhecer a história da empresa para a qual trabalha
Míriam Leitão estava hoje pela manhã no centro de uma polêmica no Twitter.
Ela postou um artigo no qual dizia que a presença de Dilma num evento contra o STF – o congresso do PT – “enfraquece a democracia”.
É curiosa a visão que certos jornalistas têm do mundo sob a ótica das empresas para as quais trabalham.
Logo o Twitter foi inundado com observações como as seguintes:
1)  E o filho de Joaquim Barbosa trabalhando na Globo, não enfraquece a democracia?
2)  E o abraço de Merval em Ayres Britto, não enfraquece a democracia?
3)  E a sonegação documentada da Globo, não enfraquece a democracia?
Mas acima de tudo: a Globo de Roberto Marinho – lembremos 1954 e 1964 – promove a democracia?
Não sou um BIM, Brasileiro Indignado com a Mídia. Quer dizer: não leio o Globo. Não vejo a Globonews. Não ouço a CBN.
Isso tudo significa que não acompanho Míriam Leitão.
Tenho, no entanto, uma simpatia longínqua por ela. Na Veja, no início da década de 1980, Míriam foi vítima de uma das demissões mais brutais que vi em minha carreira.
Éramos colegas de redação, ela na seção de Política, eu na de Economia, e éramos iniciantes.
Míriam foi demitida pelo seu chefe, Mario Sergio Conti, de uma forma inacreditável.
Mario Sergio esperou que ela fizesse a última legenda do último texto na seção. Naqueles dias, isso só acontecia por volta das 6 ou 7 horas da manhã de sábado.
Nós chegávamos exaustos aos finais de fechamento. Lembro que quando pegava o carro em direção à Veja nas quintas feiras pensava que só poderia dormir decentemente na noite de sábado.
Míriam estava fisicamente e mentalmente exaurida quando, terminada a última tarefa entre tantas, Mario Sérgio a chamou para a última conversa.
Nunca vi um jornalista tão mau caráter quanto ele. Não é à toa que ele inventou Mainardi, outro canalha fundamental, quando se tornou diretor da Veja, no começo dos anos 1990.
Alpinista social como poucos, Mário Sérgio, diretor de uma Veja ainda respeitada, fazia coisas como passar finais de semana na ilha de Roberto Marinho. Você pode imaginar o tratamento dispensado à Globo pela Veja então.
Bem, os fatos estão aí para provar que a demissão da Veja foi talvez a melhor coisa que aconteceu para Míriam. Logo depois ela ingressaria na Globo e decolaria.
Mas o artigo de hoje mostra que, de alguma forma, ela perdeu contacto com a realidade, ao virar uma estrela da Globo.
É uma patologia comum, aliás, nas redações das grandes empresas jornalísticas.
Leio colunistas defenderem o livre mercado sem saber, aparentemente, que vigora na mídia uma reserva de mercado para companhias brasileiras.
O El País está apanhando do cartel de mídia, nos dias de hoje, porque decidiu colocar no ar um bom site em português.
Leio também vociferações contra o emprego (aliás mínimo, como mostram as estatísticas do Secom) do dinheiro público para sites fora do establishment.
São feitas por jornalistas que parecem desconhecer que suas corporações foram erguidas à base de dinheiro público – empréstimos a juros maternais de bancos oficiais, perdões de dívidas mediante anúncios e outros expedientes que em outros países jamais seriam tolerados.
Os jornalistas parecem desconhecer que até o papel no qual escrevem é livre de impostos – o infame “papel imune”.
Míriam Leitão, com sua preocupação sobre a democracia, parece ignorar a história da empresa para a qual trabalha.
Como simpatizo com ela desde a demissão covarde de Mário Sérgio, dou um conselho: basta consultar o Google.
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MÍDIA - O cinismo de sempre.


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MÍDIA - Quem lê tanta notícia.

Juscelino assassinado, corrupção, enterros… Quem lê tanta notícia?

 
A Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo declara: Juscelino Kubitschek foi assassinado pela ditadura.
 
O acidente de carro que o matou em 1976 foi uma farsa. O motorista que dirigia o carro do ex-presidente teria sido morto com um tiro na cabeça.
 
Imaginem o terremoto que informação dessa importância provocaria num país qualquer, mundo afora? No Brasil, a bombástica acusação já não estava nas manchetes 24 horas depois.
 
Por quê? Por que depois de décadas de especulação já se imaginava isso? Por que faltaria credibilidade à Comissão por ser municipal? É possível. Mas, se falta, onde estão os questionamentos à investigação?
 
Um dos pais da industrialização do Brasil, o construtor de Brasília, Juscelino já não tem importância alguma? Ou a torrente de informações, de notícias, iguala quase tudo? Torna tudo irrelevante em poucos dias, ou em poucas horas?
 
O dilúvio e a tragédia dos desabrigados no Rio enterraram as manchetes da manhã. Logo cedo, quem estava nas manchetes eram os tucanos de São Paulo.
 
Em novo depoimento, um ex-diretor da Siemens citou deputados federais e dois secretários de Alckmin; eles teriam recebido propina no escândalo do metrô.
 
O caso vai para o STF. Se aceito, "Trensalão" versus "Mensalão" num ano eleitoral… Haja…
 
Os trens do PSDB atropelaram as manchetes da véspera: dezenas de empresas pagaram propina à Máfia, também dos fiscais, da prefeitura de São Paulo.
 
Isso para pagar menos Imposto Sobre Serviço (ISS) em 410 empreendimentos. Isso no tempo em que Gilberto Kassab (PSD) era o prefeito.
 
A Era digital vai assim enterrando, cinco séculos depois, a Era do impresso, a Era de Gutemberg. A foto do falso intérprete de sinais, no discurso de Obama, se superpõe à foto de Obama com a loura premiê dinamarquesa.
 
A sucessão de fotos e fatos vai enterrando Mandela antes mesmo dele ser enterrado. E Mandela que se cuide nas manchetes: a Portuguesa pode ser enterrada em lugar do Fluminense. Que havia sido enterrado no domingo.
 
Ok, nada que pensadores -como McLuhan e Guy Debord- não tenham antevisto sobre a Sociedade da Fama e do Espetáculo. O que talvez surpreenda é a velocidade desse efêmero, e a leviandade de tanto e em quase tudo.
 
Em Maio de 1967, Juscelino deixou o exílio e voltou ao Brasil. Onde, declara agora a Comissão da Verdade, ele teria sido assassinado pela ditadura. Naquele mesmo 1967, há quase meio século, Caetano Veloso perguntava:
 
-Quem lê tanta notícia?
Fonte: Terra Magazine.
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MÍDIA - Detalhes tão pequenos.


http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/detalhes_tao_pequenos

COBERTURA DA CORRUPÇÃO

Detalhes tão pequenos

Por Luciano Martins Costa 

Os jornais paulistas de circulação nacional – Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo – publicam em suas editorias de Política as reportagens sobre o caso de licitações fraudulentas no sistema de transporte por trilhos na região metropolitana de São Paulo e, nos cadernos de assuntos locais, o escândalo da chamada “máfia dos fiscais”. O Globo, do Rio de Janeiro, publica o noticiário sobre os dois escândalos na mesma seção País, que apresenta os assuntos de política.

Na Folha, as notícias de política são agrupadas no primeiro caderno, sob a designação genérica de Poder, enquanto os assuntos locais ficam no caderno Cotidiano. No Estado, política está em Política mesmo, e os assuntos da capital estão na seção do primeiro caderno chamada Metrópole.

Aparentemente, não há motivos para chamar a atenção do leitor ou leitora para esses detalhes tão sutis da organização dos jornais. Afinal, dirão alguns, tanto faz se um assunto está no começo ou no fim de um caderno, ou se questões de administração pública saem misturadas a notícias sobre o efeito das chuvas de verão.

Só que, na realidade, não é bem assim. Não há escolhas aleatórias na organização do noticiário. Empresas jornalísticas costumam fazer pesquisas contínuas para analisar o efeito de seus produtos noticiosos, porque precisam desses dados para acompanhar a repercussão das escolhas editoriais entre os leitores. Até mesmo o preço dos anúncios é diferenciado, não apenas de acordo com o número de pessoas que são atraídas para determinada área do jornal, mas também conforme o nível de atenção produzido por cada seção de notícias.

Quando os editores responsáveis definem que um escândalo estadual deve sair na seção de Política e um escândalo municipal vai para o noticiário local, é porque encontraram boas razões para isso. Mas essas razões não serão, necessariamente, aquelas do interesse do leitor.

Muitos haverão de se perguntar, por exemplo, o que diferencia um caso de corrupção envolvendo autoridades estaduais de um escândalo envolvendo autoridades municipais. Não seria tudo, afinal, corrupção, ou seja, casos de mau uso do poder político?

Em banho-maria

Na quarta-feira (11/12), por exemplo, o Globo traz no primeiro caderno, na seção País, a notícia de que a Justiça Federal em São Paulo enviou ao Supremo Tribunal Federal o inquérito sobre a prática de cartel no sistema metropolitano de transportes, com suspeitas de pagamento de comissões, porque há indícios de envolvimento de deputados federais no escândalo. Na mesma seção sai também publicada a reportagem contando que o Ministério Público cruza dados de empresas e pessoas físicas suspeitas de pagar propina a auditores em troca da redução do Imposto sobre Serviços.

Já os jornais paulistas separam os dois assuntos, mantendo o noticiário sobre o cartel de trens no primeiro caderno, com as questões nacionais, enquanto o caso de pagamento de propinas na Prefeitura é publicado junto aos assuntos locais.
Diriam, aqueles que gostam de simplificar as coisas, que, para um jornal carioca, questões paulistas são temas nacionais, portanto, faz sentido que estejam todas elas concentradas na seção País do Globo. Mas, como explicar a segregação das duas pautas nos jornais paulistas, se são igualmente casos de corrupção?

Em condições normais de umidade e temperatura política, a imprensa tem por norma fazer o noticiário convergir para seus protagonistas, quando todas as informações lhes dizem respeito. Da mesma forma, se integrantes de um determinado partido são acusados de um crime na esfera federal, outros crimes a eles atribuídos, sejam estaduais ou municipais, são agrupados no mesmo pacote de reportagens.

Não seria o caso de considerar que os dois escândalos apontam para a mesma direção, ou seja, para o grupo político que governa o Estado de São Paulo há vinte anos e que governou a Prefeitura da capital até o ano passado?

Pode parecer picuinha de quem se dedica a observar a imprensa, mas na verdade a localização de uma notícia pode determinar as possibilidades de maior ou menor repercussão.

Esses detalhes tão pequenos de todos os dias é que vão definir se um acontecimento vai virar tema de escândalo nacional ou se vai ser cozido em banho-maria no noticiário local até cair no esquecimento.
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MÍDIA - Os racistas da Veja.

Altamiro Borges: Mandela e os racistas da Veja



Mandela e os racistas da Veja
Por Altamiro Borges, em seu blog
Durante décadas, a mídia imperial tratou Nelson Mandela como “terrorista”. Até 2008, o líder africano ainda figurava na lista dos “comunistas” da central de espionagem dos EUA e a imprensa colonizada o rotulava de “subversivo”.
Com sua morte, porém, a mídia simplesmente evita fazer qualquer autocrítica desta trajetória e passa a endeusar Nelson Mandela, tratando seus leitores como imbecis.
A revista Veja, sucursal rastaquera dos EUA, é uma das mais cínicas nesta manipulação. Na edição desta semana, ela estampou na capa: “O guerreiro da paz”. Nojento!
Basta lembrar que o semanário da famiglia Civita teve como um dos seus principais acionistas o grupo de mídia sul-africano Naspers.
Num artigo na revista Caros Amigos, intitulado “A Abril e o apartheid”, o escritor Renato Pompeu revelou que esta corporação foi um dos esteios do regime racista.
A Naspers tem sua origem em 1915 com o nome de Nasionale Pers. Durante décadas, ela esteve estreitamente ligada ao Partido Nacional, a organização das elites africâneres que legalizou o detestável e criminoso regime do apartheid no pós-Segunda Guerra Mundial.
Dos quadros da Naspers saíram os três primeiros-ministros do apartheid. O primeiro foi D.F. Malan, que comandou o governo da África do Sul de 1948 a 1954 e lançou as bases legais da segregação racial.
Já os líderes do Partido Nacional H.F. Verwoerd e P.W. Botha participaram do Conselho de Administração da Naspers. Verwoerd, que quando estudante na Alemanha teve ligações com os nazistas, consolidou o regime do apartheid, a que deu feição definitiva em seu governo, iniciado em 1958. Durante sua gestão ocorreram o massacre de Sharpeville, a proibição do Congresso Nacional Africano (que hoje governa o país) e a prolongada condenação de Nelson Mandela.
Já P. W. Botha sustentou o apartheid como primeiro-ministro, de 1978 a 1984, e depois como presidente, até 1989.
“Ele argumentava, junto ao governo dos Estados Unidos, que o apartheid era necessário para conter o comunismo em Angola e Moçambique, países vizinhos. Reforçou militarmente a África do Sul e pediu a colaboração de Israel para desenvolver a bomba atômica. Ordenou a intervenção de forças especiais sul-africanas na Namíbia e em Angola”.
Durante seu longo governo, a resistência negra na África do Sul, que cresceu, adquiriu maior radicalidade e conquistou a solidariedade internacional, foi cruelmente reprimida – como tão bem retrata o filme “Um grito de liberdade”, do diretor inglês Richard Attenborough (1987).
Renato Pompeu não perdoa a papel nefasto da Naspers. “Com a ajuda dos governos do apartheid, dos quais suas publicação foram porta-vozes oficiosos, ela evoluiu para se tornar o maior conglomerado da mídia imprensa e eletrônica da África, onde atua em dezenas de países, tendo estendido também as suas atividades para nações como Hungria, Grécia, Índia, China e, agora, para o Brasil. Em setembro de 1997, um total de 127 jornalistas da Naspers pediu desculpas em público pela sua atuação durante o apartheid, em documento dirigido à Comissão da Verdade e da Reconciliação, encabeçada pelo arcebispo Desmond Tutu. Mas se tratava de empregados, embora alguns tivessem cargos de direção de jornais e revistas. A própria Naspers, entretanto, jamais pediu perdão por suas ligações com o apartheid”.
Segundo documentos divulgados pela própria Naspers, em dezembro de 2005, a Editora Abril tinha uma dívida liquida de aproximadamente US$ 500 milhões, com a família Civita detendo 86,2% das ações e o grupo estadunidense Capital International, 13,8%.
A Naspers adquiriu em maio último todas as ações da empresa ianque, por US$ 177 milhões, mais US$ 86 milhões em ações da família Civita e outros US$ 159 milhões em papéis lançados pela Abril. “Com isso, a Naspers ficou com 30% do capital. O dinheiro injetado, segundo ela, serviria para pagar a maior parte das dividas da editora”.
A revista Veja, que estampa na capa a manchete “O guerreiro da paz”, nunca pediu perdão por suas ligações com os racistas da África do Sul. É muito cinismo!

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