ROSEMARY E A MÃO QUE BALANÇA O BERÇO

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  • quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
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  • Por Renato Rovai, em seu blog


    “Durante todo este ano, a mídia tradicional jogou duro para que o julgamento do ‘mensalão’ viesse a coincidir com o período eleitoral. O Supremo Tribunal Federal (STF), que não se move por pressões (que fique bem claro!), construiu um calendário “perfeito”. Todos os principais casos da Ação Penal 470 foram julgados na boca do primeiro ou do segundo turno. E a mídia se esbaldou na cobertura, fazendo de tudo para que a operação implicasse em prejuízo para candidaturas petistas.

    Não se pode dizer que a operação foi completamente malsucedida. Em algumas cidades, essa cobertura tirou votos de candidatos petistas que foram suficientes para derrotas eleitorais. Mas, na principal cidade do país, São Paulo, a operação deu com os burros n´água.

    Por isso, após o julgamento da Ação Penal 470, havia quem esperasse que o STF se voltasse para o mensalão tucano e que, mesmo contrariada, nossa mídia tradicional tupiniquim desse algum destaque ao assunto.

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    O caso da vez é a “Operação Porto Seguro”, que envolve a ex-chefe do escritório da Presidência em São Paulo, Rosemary Noronha. Ainda não existem provas suficientes para responsabilizá-la pelo que ocorreu no esquema de desvio de verbas que envolveria os irmãos Paulo e Rubens Vieira. Mesmo assim, sem provas e com uma operação que precisa ser investigada, os colunistas que são recebidos com honras e pompas nos gabinetes do Palácio do Planalto e cujos veículos são beneficiados com grande volume de verbas publicitárias pela Secretária de Comunicação, já deram o veredicto. "Rose é amante de Lula". Esse é o crime a ser investigado.

    A matéria [de segunda-feira] na “Folha de S. Paulo”, republicada pelo Azenha com um bom comentário ao final, escancara a história.

    E, agora, “éticos” como Augusto Nunes e Reinaldo Azevedo não têm motivos para não tripudiarem.

    O amigo acha que se deveria esperar algo diferente? Alguma ilusão? A mídia tradicional quer reescrever a biografia de Lula. Ela não aceita que o ex-operário passe para a história como o presidente que mudou o país, tirando-o da histórica subserviência internacional e melhorando imensamente a vida de milhões de pessoas. E para atingir seus objetivos, esses veículos não têm limites. A mesma “Folha” já publicou artigo de um tal César Benjamim que acusava Lula de ter estuprado um “garoto do MEP” na prisão.

    Ou seja, Lula é a bola da vez. Zé Dirceu já é passado e só falta a foto com algemas. Se Lula não for completamente desmoralizado, não será possível “acabar com essa raça”, como registrou Jorge Bornhausen num tempo não tão distante.

    A questão que intriga é que, mesmo com tudo isso, os governos petistas, tanto no plano federal quanto em nível estadual e municipal, continuam balançando o berço da mídia tradicional. A Secretaria de Comunicação (SECOM) do governo federal, por exemplo, enviou diversos sinais de que a vida mansa desses veículos não será alterada. Ao contrário, as mensagens que chegam é de que os veículos independentes é que terão que arrumar outras formas de sustento, porque a tal “mídia técnica” não nos entende como merecedores de publicidade.

    A “mídia técnica” adotada no Brasil de técnica não tem nada. Há no mundo inteiro diversas formas de distribuição dos recursos de publicidade que levam em consideração a ampliação da diversidade informativa. E, mesmo no Brasil, há experiências, como a da compra de alimentos para a merenda escolar, onde 30% são destinados para a agricultura familiar, que poderiam inspirar novos modelos na SECOM. Mas que nada. Tanto no governo federal quanto em outras instâncias, o PT e alguns de seus aliados preferem investir nos algozes. São esses veículos que têm perdido audiência e leitores que mantém seus quinhões inalterados na distribuição de receitas.

    O fato é que está cada dia mais difícil fazer jornalismo que não seja de adulação ao mercado e de detonação ao petismo. Esse jornalismo consegue ter os anúncios privados e, ao mesmo tempo, os recursos governamentais. Os que insistem em fazer jornalismo em defesa dos movimentos sociais e em se relacionar com governos petistas de forma independente, mas sem entendê-los como células de uma grande organização criminosa, ficam sem os recursos do mercado e são punidos por esses mesmos governos que entendem que fazemos “jornalismo político”.

    “Veja”, “Globo”, “Folha” e “Estado” não fazem "jornalismo político". Por isso, a “Folha” pode publicar uma matéria sem que haja uma fonte sequer falando “em on” e, mesmo assim, afirme que "Rosemary Noronha é amante de Lula". Eles são limpos, nós sujos.

    A verdade é que não há nada mais político do que quando alguém impõe um limite técnico para sustentar seu discurso. Até para defender a escravidão, havia um certo discurso “técnico”.”

    FONTE: escrito por Renato Rovai, em seu blog, e transcrito no portal “Vermelho”  (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=200313&id_secao=1). [Imagem do Google e aspas adicionadas por este blog ‘democracia&política’].
     
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