Sobrepeso afeta 25% dos alunos do Paraná

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  • quarta-feira, 19 de setembro de 2012
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  • Os alunos da rede estadual de ensino do Paraná ficaram um pouco mais gordos. Cerca de 25,4% dos estudantes estão acima do peso ideal, o que significa que um a cada quatro tem, no mínimo, sobrepeso. Os dados são da 2.ª Pesquisa de Monitoramento Nutricional, realizada desde 2010 pela Secretaria de Estado da Educação (Seed), que consultou 931.596 estudantes em 32 núcleos regionais de educação no ano passado. Há dois anos, esse índice era de 24,9%.
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    Apesar de manter praticamente a mesma proporção da primeira edição do estudo na relação entre sobrepeso e magreza, os números são preocupantes porque revelam o tamanho do desafio que é estimular a alimentação saudável entre os alunos. O número de obesos em sala de aula, por exemplo, passou de 7,9% para 8,2%. Já a quantidade de estudantes com sobrepeso ficou praticamente estável: de 17% para 17,2%. Os quilos em excesso trazem prejuízos para a saúde e o desenvolvimento do aluno que vão além da questão estética.
    Apenas cinco dos 32 núcleos de educação conseguiram reduzir o porcentual de alunos acima do peso entre 2010 e 2011. Nas regionais de Dois Vizinhos (Região Sudoeste), Cianorte (Norte) e União da Vitória (Sul) houve uma diminuição nos números de sobrepeso, mas a quantidade de obesos aumentou. Já os núcleos de Laranjeiras do Sul e Irati (ambos na Região Central) registraram reduções nas duas categorias.
    Segundo a diretora de infraestrutura e logística da Su­­perintendência de De­­sen­­volvimento Edu­ca­­cio­­nal da Seed, Márcia Cris­tina Stolarski, ainda não é possível determinar se os alunos que já apresentavam um quadro de sobrepeso em 2010 passaram a ser obesos em 2011. Ela diz que os números são preocupantes e que é preciso implementar ações que colaborem com a conscientização alimentar.
    Fase de crescimento
    A obesidade não tem uma causa única: genética, hábitos da família, má alimentação e falta de exercícios podem influenciar no quadro. A endocrinologista pediátrica e médica do Hospital Pequeno Príncipe de Curitiba Gabriela Kraemer lembra que o metabolismo das crianças é diferente do de adultos, fazendo com que elas queimem as calorias com muito mais facilidade. Mas quando isso não acontece, explica Gabriela, os pais devem tomar providências para evitar que um quadro de obesidade se perpetue.
    Segundo a médica, uma criança que é obesa até os 4 anos tem 30% de chance de se tornar um adulto obeso. Se o quadro é mantido até os 10 anos, a possibilidade sobe para 50%. No entanto, ao ultrapassar essa faixa etária e manter o quadro de obesidade, a probabilidade de se tornar um adulto obeso é de 80%.
    A criança obesa tende a ter as mesmas doenças de um adulto com excesso de peso: altos níveis de colesterol e triglicerídeos, diabete tipo 2 e hipertensão arterial. Além disso, há risco de entrarem na puberdade precocemente, por causa de alterações na produção de hormônios.
    A obesidade infantil ainda causa problemas ortopédicos nos joelhos, coluna, quadril e tornozelo. Também não se pode desconsiderar a parte emocional: ansiedade, depressão e timidez podem ser sinais de problema. “Essas crianças acabam sofrendo com o bullying justamente numa fase em que a autoestima é formada”, afirma Gabriela.
    Cardápio
    Escola reduz estatísticas com merenda mais verde
    A falta de estrutura não foi um impeditivo para o Colégio Estadual Ambrósio Bini, em Almirante Tamandaré (Grande Curitiba) zerar o índice de obesos e reduzir os casos de sobrepeso entre os alunos. A instituição está instalada provisoriamente em um imóvel do município, mas já passou por outros endereços desde que perdeu seu prédio, em 2002.
    Apesar de o colégio não ter refeitório e os alunos muitas vezes comerem de pé, a diretora Ivana Maria Barbosa conta que a qualidade da merenda e o apetite dos alunos melhorou bastante desde meados de 2011, com a inclusão de itens da agricultura familiar. “Recebemos muita fruta, verdura, pães caseiros. A merenda enriqueceu muito”, afirma ela, que també passou a receber produtos integrais, como barras de cereal e biscoitos.
    Ivana explica que a mudança na qualidade da merenda influenciou as crianças, que passaram a comer melhor. No começo da semana, a equipe de merendeiras define o cardápio levando em conta os alimentos frescos que foram recebidos. Geralmente são servidos três lanches salgados e dois doces por semana. A merendeira Adriana Holm conta que raramente sobra alguma coisa.
    Aprovação
    Na tarde em que a reportagem visitou a escola, o menu incluía farofa de repolho com carne suína (que ainda é enlatada), salada de alface, maçã e um suco de caixinha para cada aluno. O prato agradou a Lucas Schanoski, de 12 anos. Aluno do Ambrósio Bini desde o início desse ano, ele conta que a merenda é melhor que a da escola municipal onde estudava antes. O garoto diz que o repolho foi uma das coisas que aprendeu a comer e gostar por causa do lanche da escola e que já pede até para a mãe preparar o prato em casa.

    Pesquisa
    Estudo norte-americano associa bisfenol a obesidade em crianças
    Agência Estado
    Um ano depois de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter proibido a fabricação e a importação de mamadeiras que continham bisfenol A em sua composição, um estudo associou a presença da substância no organismo de crianças e adolescentes com um risco maior de obesidade. O bisfenol aparece no plástico de garrafas e de embalagens de alimentos. Também é usado no revestimento de latas.
    Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Nova York avaliaram 2.838 pessoas de 6 a 19 anos. A urina dos participantes foi analisada para quantificar a presença do bisfenol. Eles foram, então, divididos em quatro grupos, de acordo com a quantidade encontrada.
    No grupo com menos bisfenol na urina, havia 10,3% de crianças e adolescentes obesos. Já no grupo com maior quantidade da substância, 22,3% dos participantes estavam com obesidade. O estudo será publicado hoje no Journal of The American Medical Association (Jama).
    Estudos em laboratório já tinham detectado uma relação entre o bisfenol e a obesidade. Essa é, porém, a primeira pesquisa em crianças e adolescentes a avaliar essa hipótese.
    Rede privada
    Manual orienta donos de cantinas a oferecer comida mais saudável
    Para promover melhorias na qualidade dos lanches oferecidos na rede particular de ensino, o Ministério da Saúde lançou, em parceria com a Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), o Manual das Cantinas Escolares Saudáveis: Promovendo a Alimentação Saudável. O livreto traz dicas de como montar cardápios atraentes e nutritivos.
    Ademar Batista Pereira, presidente do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe-PR), diz que que cada escola desenvolve um trabalho específico sobre alimentação saudável, mas ressalta que a mudança deve começar em casa. “A escola pode contribuir e cuidar para que, dentro do espaço escolar, a criança não tenha contato com alimentos não saudáveis, mas não pode mudar os hábitos das famílias”, pondera.
    Na Escola Atuação, os estudantes do período integral recebem cinco refeições ao longo do dia – café da manhã, almoço e jantar com sobremesa, além de outros dois lanches – cujo cardápio fica disponível no site da escola. Segundo Letícia Pesch, nutricionista da instituição,os estudantes são estimulados a consumir mais frutas e a cantina vende produtos saudáveis. “Peso não é só estética, é questão de saúde, e a escola pode ajudar na prevenção das complicações do excesso de peso”, diz. (FT)
    A Lei federal 11.947
    regulamentou o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) que determina a compra de produtos da agricultura familiar. No Paraná, 87% das escolas já contam com esse tipo de alimento e a meta é universalizar o acesso no ano que vem.




     
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