E se Igrejinha fosse no Texas?
Posted on sábado, 19 de fevereiro de 2011 by Editor in
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E se os alemães que se instalaram no Rio Grande do Sul, em cidades como Igrejinha, tivessem ido para o Texas? Bem, daí eles provavelmente teriam fundado Fredericksburg, no Texas.
As perspectivas socioeconômicas domésticas eram sombrias para os alemães, em meados do século 19. A solução era emigrar. É um fato bem conhecido, e central para a narrativa da identidade gaúcha, que colonos alemães se instalaram no Rio Grande do Sul. Mas é um fato menos amplamente conhecido que alemães também foram para o Texas, se instalando em Fredericksburg e em outras cidades próximas do que é conhecido como o Cinturão Alemão, German Belt.
Conhecemos o Texas pelas leis educacionais que inventam um passado oximoronicamente mais-bonito-e-mais-reaça para os brancos, não pelas suas raízes germânicas. No entanto, os colonos alemães chegaram em Fredericksburg em 1846, sendo os primeiros colonos brancos a povoar o estado.
Lá, como aqui, foram dadas aos colonos terras que antes eram de ameríndios. No caso de Fredericksburg, as terras antes pertenciam aos famosos índios comanches. Houve conflitos, e em 1847 o comissário geral da Sociedade para a Proteção dos Imigrantes Alemães no Texas, o barão Otfried Hans von Meusebach, posteriormente autorrebatizado como John O. Meusebach, assinou um tratado entre o povo comanche e a Companhia Alemã de Imigração.
Por volta de 1850, Fredericksburg tinha uma população de cerca de 2.000 pessoas, e o germânico-texano era o dialeto oficial, o qual misturava elementos do alemão, do inglês e do espanhol. Existe um projeto que estuda e busca a preservação desse dialeto.
Em Fredericksburg, o germanismo foi forte até 1940, mas começou a sumir com o advento da Segunda Guerra Mundial. O mesmo fenômeno se deu por aqui. Para dar exemplos caseiros, na mesma época o pai do meu sogro, quem veio para o Brasil buscando uma terra de paz, ficou preso por uma semana por só ser alemão, tendo sua Cruz de Ferro da Primeira Guerra Mundial roubada pela polícia, e minha avó materna não aprendeu alemão porque minha bisavó temia a brutal perseguição da polícia. Minha avó também relata que era comum os vizinhos queimarem livros escritos em alemão chorando, pois qualquer coisa que os ligasse ao passado alemão era motivo para violência e prisão.
Fredericksburg tem uma Oktoberfest, tal como Igrejinha. Aliás, os sites das duas Oktobers têm algo em comum, o reloginho de contagem regressiva para a próxima festa. Quem já foi em uma Oktoberfest das boas, como a de Igrejinha, sabe muito bem que lá se encontra festejo, alegria e celebração tal como temos no Carnaval e nos grandes momentos de alegria coletiva da humanidade. Também se encontra gente que fala um dialeto do alemão, ou mesmo o próprio alemão, tal como acontece com as garotas da foto ao lado, Lisa Hamelow e Regina Brunner. Não se deixe enganar pelo visual de garotas do Texas, pois a primeira é de Berlim, a segunda é de Viena. Ambas estavam curtindo a Oktober de Fredericksburg na ocasião da foto.
Imagens de David Kozlowski, Fredericksburg Standard, About.com, The Texas Comanches, eHow e HoustonPress Blogs.
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