É preciso lei eleitoral que separe eleição de religião. Se os Malafaias da vida desistirem de intermediários como o Serra, e usarem como base política a manipulação da fé, teremos jihads --- guerras santas --- por aqui. De todos os muitos e variados atos desagregadores de Serra, esse é o mais perigoso de todos.
A grande lição da filosofia política moderna é pensar a política a partir de bases neutras justamente por isso. Jihads era o que havia na Europa, no início da era moderna, quando católicos e protestantes se massacravam barbaramente, em guerras e conflitos infindáveis e caríssimos. A coisa só parou quando houve a devida clareza sobre a necessidade da separação entre política e religião.
Precisamos aprender com a história, pois temos uma saudável pluralidade religiosa no nosso país, e temos que fazer com que isso sirva para a elevação das pessoas, não para o ódio, a guerra e o massacre.
Eis porque não podemos permitir que um candidato explore a religião como faz Serra. Perto do risco de transformar a beleza da pluralidade religiosa em base para o ódio e a violência, o uso hipócrita e casuísta da religião por Serra --- dado o fato do aborto praticado pela sua esposa, a qual disse que Dilma "mata criancinhas" --- é coisa pequena. O risco maior é transformar o oportunismo em ferida que não fecha, com consequências bem maiores e mais duradouros do que os votos de um candidato irresponsável e desagregador como Serra.