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Me engana que eu gosto…
por Marcos Coimbra, no Correio Braziliense
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Será amnésia? Desinformação? Ou apenas nossa velha conhecida, a vontade que a realidade seja como desejada?
Quem lê a abundante produção de nossos comentaristas políticos a respeito das eleições municipais recém concluídas não deve estar entendendo nada. Afinal, tudo que sabíamos sobre elas estava errado?
Não somos, propriamente, novatos na matéria. Se contarmos as que ocorreram desde a redemocratização, já são 8, cobrindo um período de quase 30 anos. Domingo passado, não era a primeira vez que as fazíamos.
Somos, portanto, tarimbados o suficiente para esperar mais discernimento na hora de interpretá-las.
Se há uma coisa que temos obrigação de saber sobre a relação entre a escolha de prefeitos e a de presidente da República é que ela inexiste. Só quem tomou bomba na escola primária da política ignora fato tão básico.
Parece, no entanto, que nossos analistas se esqueceram disso.
Tanto que quase tudo que vêm publicando versa sobre as consequências das eleições deste ano na definição de quem ocupará o Palácio do Planalto a partir de 2015. Reeditam a teoria do “primeiro capítulo”, que assegura que a eleição municipal “antecipa” a presidencial.
O problema dela é ser errada, com ampla evidência a demonstrá-lo.
Nenhuma das eleições presidenciais brasileiras modernas foi “antecipável” pelo ocorrido dois anos antes, quando o eleitorado, pensando em uma coisa completamente diferente, procurou identificar os melhores candidatos a prefeito e vereador nas cidades.
Collor não “tinha” mais que meia dúzia de prefeitos – fora em Alagoas – quando se lançou. Fernando Henrique ganhou e se reelegeu sem precisar de “prefeitama” nenhuma.
Na eleição de Lula, a vastíssima maioria dos prefeitos estava com Serra, que pilotava uma coligação imensa, congregando todos os partidos mais bem sucedidos na eleição de 2000 – incluindo os três maiores no número de prefeitos, PSDB, PMDB e PFL.
Na reeleição e com Dilma, a importância do tamanho das “bases municipais” voltou a se mostrar pequena.
Em que pese o óbvio, a mídia anda cheia de especulações sobre os impactos de 2012 em 2014. Talvez porque nossos comentaristas desejam que existam e modifiquem o cenário mais provável.
Qual o critério para definir os “grandes vencedores” de 2012? Ter feito mais prefeitos e vereadores, vencido em mais capitais, tido a maior taxa de crescimento, conquistado as prefeituras das capitais mais importantes, se desempenhado melhor em cidades médias, tido a performance mais bem equilibrada nas regiões do País? Ou haver conseguido a melhor combinação disso tudo?
PSD e PSB, entre os partidos médios, fizeram um bom número de prefeitos. O PSDB venceu em duas capitais do Norte e duas do Nordeste. São do PSB os prefeitos de cinco capitais, do PMDB os de duas, do PT os de quatro. O PTC venceu em uma.
E daí?
No plano objetivo, nada. Em primeiro lugar, porque, para a imensa maioria dos eleitores, o voto no prefeito nada tem a ver com o voto na eleição presidencial. Em segundo, porque é ínfima a proporção que escolhe o candidato a presidente “por influência” do prefeito.
No máximo, a eleição municipal projeta uma imagem de vitória. Como em alguns casos simbólicos – vencer em São Paulo, por exemplo.
É, talvez, por ter Fernando Haddad vencido na cidade que os analistas da mídia conservadora andam tão ansiosos à cata de qualquer “vencedor” que não seja o PT.
Segundo turno das eleições - resultados e o quadro político para o próximo ano
Na última segunda-feira (29), o Brasilianas.org exibiu pela TV Brasil um programa especial para discutir os resultados do segundo turno das eleições municipais. O programa contou com a participação do cientista político e presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa, Wanderley Guilherme dos Santos, do diretor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), Aldo Fornazieri, e do pesquisador do CEBRAP, Marcos Nobre.
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Primeiras análises pós-eleitorais
É com alegria que o Cafezinho se depara com uma enorme quantidade de boas notícias e números para analisar. A esquerda brasileira experimentou um vigoroso crescimento nessas eleições, o qual foi confirmado e consolidado no segundo turno. A direita, como sempre amparada pela mídia, tentou dar o golpe do mensalão.
Às vésperas de um pleito que movimentaria 140 milhões de eleitores, os jornalões, impressos e TV, continuavam focando o noticiário no julgamento do STF, o qual se prestou a este triste papel. Pois bem, o povo demonstrou, mais uma vez, que não se deixa mais manipular por sensacionalismo barato. A mídia e a oposição pagaram um preço, pelo jeito, alto demais pelo mensalão, que não se revelou um produto tão eficiente como pensaram. Agora, têm uma batata quente nas mãos. Terão que sustentar, ad infinitum, um julgamento de exceção, realizado sem base nos autos, que violou princípios fundamentais do direito constitucional, e transformou o STF numa tribuna partidária e política, ferindo a Constituição.
O STF agrediu politicamente, com muita virulência, um partido político, e ele não tem o direito de fazer isso. |Um partido político, um governo, são instituições democráticas, e que, diferentemente, do STF, são chanceladas pelo sufrágio popular. Tem de ser respeitadas! Um partido político, sobretudo um partido de massa, como o PT, não é apenas um partido político, mas também o receptáculo sagrado dos anseios do povo, que vota em representantes da referida legenda. Não entender isso é fechar os olhos para a democracia.
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Um balanço das eleições municipais
Emir Sader
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As eleições municipais foram sobre determinadas pelas eleições de São Paulo. Em primeiro lugar porque é o centro dos dois partidos mais importantes do Brasil nas últimas duas décadas. Em segundo, pelo peso que a cidade tem no conjunto do país – pelo seu peso econômico, por ser sede de dois dos 3 maiores jornais da velha mídia. Esse caráter emblemático foi reforçado porque o candidato opositor ao governo federal foi o mesmo candidato à presidência derrotado há dos anos, enquanto o candidato do bloco do governo federal foi indicado pelo Lula, que se empenhou prioritariamente na sua eleição. E pelo fato de que São Paulo era o epicentro do bloco da direita, que se estendia ao Paraná, Santa Catarina e aos estados do roteiro da soja, no centro oeste do Brasil
As eleições municipais tiveram claros vencedores e derrotados. O maior vencedor foi o governo federal, que ampliou o numero de prefeituras conquistadas pelos partidos que o apoiam, mas principalmente conquistou cidades importantes como São Paulo e Curitiba, arrebatadas ao eixo central da oposição. Ao mesmo tempo que a oposição seguiu sua tendência a se enfraquecer a cada eleição, ao longo de toda a ultima década, perdendo desta vez especialmente a capital paulista, mas também a paranaense e em toda a região Sul, Sudeste e Centro Oeste, em que os tucanos não conseguiram eleger nenhum prefeito nas capitais.
No plano nacional, avança claramente a base aliada, com dois dos seus partidos fortalecendo-se: PT e PSB e enfraquecendo-se relativamente o PMDB. Houve uma certa fragmentação no interior da base aliada e mesmo no bloco opositor, mas nada que mude a tendência, que se consolida ao longo da década, da hegemonia do bloco governamental, apontando a que nas eleições de 2014 Dilma apareça como a franca favorita,
A eleição de São Paulo se dá na contramão da tendência que se havia consolidado nas eleições presidenciais de 2006 e 2010, em que o Nordeste, de bastião da direita, se havia tornado bastião da esquerda, pelo voto popular dos maiores beneficiários das politicas sociais que caracterizam o governo federal desde 2003. Por outro lado, se havia deslocado o bastião da direita para os estados mais ricos do sul, do sudeste e do centro-oeste, com São Paulo – onde os tucanos tinham a prefeitura e o governo do Estado – como eixo fundamental desse bloco opositor.
A derrota em São Paulo, a nova derrota do seu ex-candidato duas vezes à presidência e a incapacidade de eleger sequer um prefeito em toda essa região, demonstra como a direita se enfraquece também onde concentrava seu maior apoio.
Por outro lado, somando erros do PT e campanhas com forte apoio de governos estaduais que detem, aliados do governo derrotaram o PT em várias cidades importantes entre elas Belo Horizonte, Recife, Salvador e Fortaleza, como as mais significativas. Somente em um caso – Salvador – essa derrota se deu para a direita. Revela erros – em alguns casos gravíssimos do PT, como Salvador e Recife – do PT e limitações da ação de Lula e de Dilma para compensar esses erros. Um grande chamado de atenção sobre fraquezas do PT, sem que afete em nada a projeção eleitoral presidencial para 2014.
A derrota em São Paulo é um golpe duro para os tucanos, que sempre contavam com um caudal grande de votos paulistas para ter chances de compensar os votos do nordeste dos candidatos do PT e agora se veem enfraquecidos em toda a região onde antes triunfavam. Eventuais candidatos presidenciais como Aécio – quase obrigado a se candidatar, embora com chances muito pequenas de um protagonismo importantes, quanto mais ainda de vencer – ou Eduardo Campos – sem possibilidades de se projetar como líder nacional foram dos marcos do bloco do governo, que já tem Dilma como candidata para 2014 -, são objeto de especulações jornalísticas, à falta de outro tema, mas tem reduzidas possibilidades eleitorais.
O julgamento do processo no STF contra o PT foi um dos temas centrais de Serra e revelou sua escassa influência eleitoral diante da imensidade dos problemas das cidades brasileiras e do interesse restrito da população, apesar da velha mídia tentar fazer dele o tema central do Brasil. Nas urnas, o povo demonstrou que sua transcendência é muito restrita a setores opositores e à opinião publica fabricada pelos setores monopolistas da velha mídia. Os implicados no julgamento ao basicamente dirigentes paulistas do PT, mas a eleição em São Paulo demonstrou como o julgamento e a influência da velha mídia continuam a ser decrescentes.
Outros temas podem ser analisados a partir do resultado eleitoral, mas eles não alteram em nada fundamental o transcurso da politica brasileira, que segue centrada em torno da resistência do governo aos efeitos recessivos da crise capitalista internacional, para elevar os índices de crescimento da econômica e seguir expandindo as políticas sociais.
PT obtém vitória histórica no estado de São Paulo
PSDB TEM SEU PIOR RESULTADO. ELEIÇÃO DEMONSTRA ESTAGNAÇÃO DO PROJETO TUCANO
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A Executiva do Partido dos Trabalhadores de São Paulo reunida hoje, dia 29 de outubro de 2012, vem a público agradecer aos cidadãos e cidadãs, eleitores (as) paulistas por terem possibilitado ao Partido dos Trabalhadores no estado de São Paulo uma vitória histórica. O melhor resultado da nossa história.
O Partido dos Trabalhadores elegeu 68 prefeituras, 55 vices e 675 vereadores e vereadoras nas eleições de 2012. Fomos o partido com a maior votação para cargo proporcional no estado com mais de 3,1 milhões de votos, o que nos levou ao aumento de 175 cadeiras nas Câmaras Municipais em 382 cidades em São Paulo. Vamos governar a partir de 2013, mais de 18,6 milhões de habitantes, o que representa 45,2% da população paulista. Um número bastante significativo.
As urnas mostraram a força do nosso projeto político no estado de São Paulo. O projeto implementado pelo Presidente Lula e hoje liderado pela Presidenta Dilma. O projeto que tirou 30 milhões de brasileiros da miséria, que permitiu que outros 40 milhões ascendessem socialmente. Um projeto que deu estabilidade para a economia, mas com crescimento e com distribuição de renda. Um projeto que fez com que o "Brasil se colocasse em pé perante o mundo" e que foi capaz de criar uma nova agenda mundial. O nosso país se tornou interlocutor das nações que querem uma nova ordem mundial que combata as discrepâncias econômicas e sociais entre os continentes e regiões, que trate a sustentabilidade como algo estratégico e não como tópicos de discursos em conferências internacionais. Foi esse projeto que saiu vitorioso nas eleições 2012.
As urnas falaram alto abafando as vozes que tentaram fazer do julgamento do Supremo Tribunal Federal um instrumento de desgaste e até, como muitos alardearam, de destruição do PT. Os setores da imprensa que partidarizaram a leitura dos fatos também saíram derrotados com o resultado das eleições.
A sociedade falou em alto e bom tom que o "PT não está e nunca esteve no banco dos réus" e que o Partido dos Trabalhadores é o maior instrumento de construção de uma sociedade justa e igualitária. A resposta a todos os ataques que sofremos foi dada pela população através da manifestação democrática: o voto. As urnas dão ao PT a legitimidade necessária para que continuemos a nossa luta pela construção de um Brasil que seja forte economicamente, mas que acima de tudo seja justo.
As urnas em São Paulo também imprimiram ao PSDB, aliados e setores conservadores a pior derrota da história. O PSDB encolheu no número de prefeituras e vereadores. Perdeu em cidades emblemáticas no estado. O balanço dos setores conservadores em São Paulo é o pior possível. Mais uma reposta dada pelo povo paulista tanto ao "cansaço" do projeto tucano no estado como à ofensiva conservadora e autoritária contra o nosso projeto.
A nossa vitória no Vale do Paraíba é um exemplo do crescimento do PT em uma região que sempre foi tida como base do PSDB, inclusive por ser a região originária do Governador Geraldo Alckmin. Lá vamos governar nove prefeituras, destacando São José dos Campos, principal polo regional, e Jacareí onde obtivemos o quarto mandato sucessivo.
A vitória na Capital de São Paulo tem muito significado político. Ela representa a retomada das nossas bandeiras na cidade. De um projeto que liderado por Marta Suplicy implementou políticas públicas que levaram justiça social e cidadania para as regiões mais empobrecidas. O Governo Marta fez história nas políticas públicas inspirando governos por todo o Brasil. A vitória de Fernando Haddad cria as condições para um novo período de gestão da cidade mais importante da América Latina. O Governo Haddad será um marco para o desenvolvimento de políticas públicas que tornem a cidade de São Paulo um exemplo de desenvolvimento urbano e econômico, mas com justiça social. Não há duvidas que criamos com a vitória na Capital as condições para uma nova correlação de forças na política e para a disputa de hegemonia no estado de São Paulo.
Cabe aqui um registro para as nossas vitórias na Grande São Paulo. Desde 2011 temos sofrido uma ofensiva do PSDB na região metropolitana de São Paulo. Tornou-se evidente a existência de uma proposta dos tucanos de disputa da nossa principal base social na região sob o verniz da regionalização das políticas públicas. A Secretaria de Assuntos Metropolitanos tornou-se um nítido instrumento de disputa de hegemonia na nossa base social. Mesmo contabilizando a derrota em Diadema (derrota eleitoral, por fatores conjunturais e não de projeto, já que a identidade da população da cidade é muito forte com o PT), vale aqui ressaltar a retomada em Santo André e as nossas vitórias em São Bernardo, Mauá, Guarulhos - que merece destaque por ser nosso quarto mandato sucessivo -, Osasco, Carapicuíba, Franco da Rocha, Embu das Artes - também no quarto mandato sucessivo - e manutenção de Itapevi (governada pelo PV com apoio do PT, podemos caracterizar como "sucessão"). Na construção de uma política de regionalização da gestão que seja realmente democrática vale ressaltar as vitórias em São José dos Campos e Jundiaí (liderado pelo PCdoB com o PT na vice), cidades "âncoras" para as iniciativas tomadas pelo Governo Alckmin na implantação do modelo conservador e autoritário de regionalização, e da reeleição em Cubatão. Essas vitórias e possíveis alianças com administrações lideradas por partidos aliados, podemos criar as condições para fazer a disputa de rumos das políticas públicas para as regiões metropolitanas e aglomerados urbanos.
As eleições de 2012 reforçam a nossa implantação no estado de São Paulo. Crescemos em todas as regiões. O PT se consolidou em pólos regionais importantes. Cabe um destaque para Campinas e Taubaté onde não obtivemos vitórias no segundo turno, mas cidades em que as nossas candidaturas, mesmo com muito potencial eleitoral, foram lançadas com o objetivo de construção partidária. Essas candidaturas polarizaram os debates, projetando lideranças para a organização do PT e para futuras disputas.
Importante ressaltar o processo de renovação de lideranças que passa o PT paulista. Esse processo ocorre sem ruptura com os antigos quadros políticos. O nosso partido se renova valorizando a herança administrativa e política. Uma renovação inspirada na nossa história.
As eleições municipais também demostraram uma nova correlação de forças políticas no estado mais importante do Brasil. Criamos as condições, com uma acertada política de alianças, tanto no primeiro turno, como no segundo turno, de construção de um campo político no estado que sustente a formulação de um projeto alternativo ao PSDB e aliados. É preciso darmos mais ênfase às nossas propostas para um novo modelo educacional e de saúde no estado. É preciso enfrentarmos o esgotamento do modelo de segurança pública (é só olharmos a escalada do aumento da violência e o avanço do crime organizado entrincheirando as forças policiais). Temos todas as condições de apresentarmos ao interior do estado um projeto de desenvolvimento regional que garanta a descentralização do desenvolvimento econômico (enfrentando ao modelo tucano de pedagiamento, que inviabiliza o escoamento da produção do interior). O PT tem todas as condições políticas de liderar uma formulação que dialogue com a juventude, que mostre a viabilidade de um projeto de desenvolvimento para o estado que seja sustentável.
A força das urnas também dá ao PT o respaldo para que pautemos as reformas necessárias para o Estado Brasileiro. A Reforma Política e Eleitoral, a Reforma Tributária, o avanço da democratização da comunicação social, Reforma do Pacto Federativo, a Reforma do Judiciário. É preciso que o PT não flexibilize a sua vocação por um Estado cada vez democrático e que respeite os direitos individuais como manifestação do Estado de Direito e da própria democracia. Temos que zelar cotidianamente pelas "vitórias da humanidade" como a presunção da inocência (o inverso é a predominância do autoritarismo e da força típica de regimes despostas). O PT não pode flexibilizar seus princípios democráticos e suas aspirações socialistas que fizeram com que nos tornássemos o maior partido do Brasil e um instrumento de construção de um país que, efetivamente, seja de todos os brasileiros.
Vale aqui dar um destaque para as nossas bancadas, estadual e federal, ao senador Eduardo Suplicy e aos ministros do Governo Dilma pela dedicação na construção da tática eleitoral por todo o estado de São Paulo.
Queremos agradecer também a mobilização dos movimentos popular e sindical e dos militantes do nosso partido, de todas as nossas lideranças, vitoriosas ou não, que defenderam com muita garra as bandeiras do Partido dos Trabalhadores, levando o nosso programa partidário para os 604 municípios onde disputamos as eleições.
Executiva Estadual do PT do estado de São Paulo
Viva a política!
Marcos Coimbra
Correio Braziliense
Hoje, quando se encerra em todo o Brasil o processo eleitoral de 2012, é dia de celebrar a democracia e o instituto sem o qual ela não existe: a representação popular.
Em um país como o nosso, é sempre necessário lembrar a importância do ritual eleitoral. Ele foi mais a exceção que a regra em quase 125 anos de vida republicana.
Vivemos a maior parte de nossa experiência como nação moderna sem que a grande maioria da população pudesse se expressar e dizer o que desejava.
Até 1930, éramos uma República de participação fortemente limitada, em que as oligarquias mandavam sozinhas e apenas os “bem pensantes” podiam votar. A quase totalidade dos trabalhadores, dos pouco educados e dos jovens não tinha voz. Nenhuma mulher votava.
Por um breve período, as amarras foram relaxadas, mas voltaram a se fechar em 1937, quando uma ditadura baniu a política representativa. Só voltamos a fazer eleições em 1945.
Ainda que controlada, tivemos a primeira democracia ampla por 20 anos, quando uma nova ditadura foi implantada. Essa não eliminou as eleições, mas colocou o sistema político no cabresto.
O golpe de Estado de 1964 aconteceu quando as Forças Armadas entenderam que a democracia era ineficiente e perigosa. Que, em última instância, era impossível confiar no sistema eleitoral e nos partidos políticos.
Os generais não agiram sozinhos. Assumiram o poder em resposta aos “clamores” dos setores da sociedade incomodados com o trabalhismo de João Goulart, especialmente o empresariado tradicional, os grandes proprietários rurais e a parte mais conservadora da classe média.
Até o 1º de abril, a “grande imprensa” fez seu papel. Quem não se lembra das manchetes de um jornal carioca: “Basta!”, “Fora!”. A nascente indústria de comunicação brasileira tinha lado e estimulava a impaciência dos militares com a democracia.
Queria derrubar o governo.
Na nova ordem, a política permaneceu, mas foi “disciplinada”. Os golpistas achavam que precisavam “saneá-la”.
Todo ditador acredita que a democracia é corruptível, que a política é “suja” e que os políticos são inconfiáveis. Que existe uma política “certa” e uma “errada”.
Nisso, podem ser parecidos com as pessoas normais, que costumam preferir um partido e achar que é o correto.
Mas há uma imensa diferença. Os ditadores — e os autoritários, em geral — impõem sua visão. Decretam o que é certo ou errado, decidem o que é “limpo” e o que é “sujo”.
Não reconhecem o valor do processo eleitoral e acham que o povo é tolo e conduzido por demagogos. Que o cidadão precisa deles para protegê-lo, no fundo, de si mesmo.
Como várias coisas na vida, que só existem na inteireza, não há democracia “pela metade”. Quem acha que vai consertá-la, do alto de sua fantasia de onipotência e superioridade, a inviabiliza.
A democracia orientada por uma falsa elite de “homens de bem” — fardados ou vestidos com qualquer roupagem — não é de verdade. Mesmo quando seus pretensos benfeitores se imaginam sábios e se creem imbuídos das melhores intenções.
Hoje, quando formos à urnas nas cidades com segundo turno, é bom meditar a respeito de nosso passado.
Viva a política! Viva os políticos, que se expõem ao voto e conquistam o direito de representar as pessoas! Que só falam em nome dos outros depois de receber um mandato!
Viva os partidos autênticos, que juntam opiniões e visões de mundo! Que transformam convicções individuais em projetos coletivos!
Com seus acertos e erros, viva o processo eleitoral livre, sem interferência! Só assim expressa a vontade do cidadão, que ninguém tem o direito de confiscar!
As eleições e suas consequências
por Marcos Coimbra
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Quando, na noite de domingo 28, conhecermos o resultado final das eleições municipais deste ano, o PT e o governo terão muito o que celebrar. E algumas razões para olhar com preocupação para o futuro próximo.
A se considerar o que aconteceu no primeiro turno e os prognósticos disponíveis para as disputas de segundo turno, o PT termina as eleições de 2012 como o principal vitorioso. De qualquer ângulo que se olhe, são as melhores eleições municipais da história do partido.
Os indicadores são muitos. Entre os cinco partidos que melhor se saíram nas eleições anteriores, foi o único que cresceu. Enquanto PMDB, PSDB, DEM e PP reduziram, o PT ampliou o número de municípios governados por prefeitos filiados à legenda.
Com isso, manteve sua tendência de crescimento, sem interrupção, desde a fundação. Quando se levam em conta apenas as três últimas eleições, foi de 410 prefeituras em 2004 a 628 neste ano (sem incluir as 10 ou mais que deve ganhar no segundo turno).
Do lado das oposições, o panorama, ao contrário, se complicou, o que significa outra vitória para Lula e o PT.
O total de prefeitos eleitos pelo PSDB, o DEM e o PPS caiu, nos últimos 8 anos, de 1.973 para 1.088 (sem considerar o resultado do segundo turno, que não deve, no entanto, alterar muito o quadro). Em outras palavras, os três partidos ficaram com pouco mais da metade das prefeituras que tinham.
Quanto ao número de vereadores eleitos, o cenário é parecido. De novo, o PT foi o único dos grandes que cresceu de 2008 para cá: ganhou cerca de mil novos vereadores, ao passar de 4.168 para 5.182. Enquanto isso, os três principais partidos oposicionistas elegeram 2.473 a menos. Entre 2004 e 2012, os representantes petistas nas câmaras municipais aumentaram em quase 40%.
Para o que efetivamente contam, portanto, foram eleições favoráveis ao PT. Nelas, o partido reforçou suas bases municipais, com isso se preparando para melhorar o desempenho nas próximas eleições legislativas.
Sair-se bem ou mal nas disputas locais tem impacto pequeno na eleição presidencial, como ilustra o bem o caso do PMDB, o eterno campeão em termos de prefeitos e vereadores eleitos, e que não consegue sequer ter candidato ao Planalto desde 1998. Mas elas são relevantes na definição do tamanho das bancadas na Câmara, fundamentais para governar.
Há, além disso, o aspecto simbólico.
Dessa perspectiva, o resultado das eleições municipais é mais significativo onde elas são menos decisivas objetivamente. É nas capitais que se travam as “grandes batalhas”, as que despertam mais atenção e definem os “grandes vencedores”, ainda que nelas seja menor a influência dos prefeitos nas eleições seguintes.
Como algumas ainda estão indefinidas, é difícil dizer com segurança, mas parece possível que o partido se aproxime, neste ano, da melhor performance de sua história, que alcançou em 2004, quando elegeu nove prefeitos de capital.
É claro que a maior de todas as batalhas, pelas condições em que foi montado o quadro eleitoral na cidade, acontece em São Paulo. E com a provável vitória de Fernando Haddad, a eleição de 2012 será fechada com chave de ouro para o PT.
Difícil imaginar um quadro de opinião tão desfavorável como o que foi montado para o partido nestas eleições. Apesar dele, sai como principal vitorioso. No plano objetivo e no plano simbólico.
Sem que houvesse qualquer razão técnica para que o julgamento do “mensalão” fosse marcado para o período eleitoral, o Supremo Tribunal Federal estabeleceu seu calendário de tal maneira que parecia desejar que ele afetasse a tomada de decisão dos leitores. Como, aliás, deixou claro o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, quando afirmou que achava “salutar” uma interferência do julgamento na eleição.
Nossa “grande imprensa” resolveu fazer do assunto o carro-chefe do noticiário. Desde agosto, quando começaram as campanhas na televisão e no rádio, trouxeram o julgamento para o cotidiano da população.
Quem for ingênuo que acredite ter sido movida por “preocupações morais”. Com seu currículo, a última coisa que se espera dela é zelo pela ética.
Tudo o que as oposições, nos partidos, na mídia, no Judiciário, na sociedade, puderam fazer para que as eleições de 2012 se transformassem em derrota para Lula e o PT foi feito.
Mas não funcionou.
Mais que bom, isso é ótimo para o partido. Mostra a força de sua imagem, de suas lideranças e candidatos. Mostra por que é o grande favorito a vencer as próximas eleições presidenciais.
O problema é a frustração de quem apostou que o PT perderia.
E se esses setores, percebendo que não conseguem vencer com o povo, resolvem prescindir dele? Se chegarem à conclusão que só têm caminhos sem povo para atingir o poder? Se acharem que novas intervenções “salutares” serão necessárias, pois a recente foi inócua?
Ilusões e Realidade
Marcos Coimbra
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As eleições de 2012 estão sendo uma desagradável surpresa para a maioria dos analistas da “grande imprensa”. Quase tudo que esperavam que fossem, elas teimam em não ser.
Ficaram atordoados com os resultados de 7 de outubro. Devem ficar ainda mais com os que, provavelmente, teremos no segundo turno.
Prepararam a opinião pública para a vitória de Serra em São Paulo. Quando, em fevereiro, o PSDB paulista implodiu o processo de prévias partidárias, fizeram crer que um lance de gênio acabara de ser jogado. Para sua alegria, Serra aceitara ser candidato.
Quem leu os “grandes jornais” da época deve se recordar do tom quase reverencial com que a candidatura foi saudada. Fernando Haddad, o novo poste fabricado por Lula, iria ver com quantos paus se faz uma canoa. Teria que lidar com o grão-mestre tucano.
Já tinham antecipado dias difíceis para os candidatos petistas com a doença do ex-presidente. Era, no entanto, apenas o desejo de que ele não tivesse condições de participar da campanha.
Quando Lula entrou em campo para melhorar as condições de disputa de seu candidato em São Paulo, ampliando o tempo de televisão de Haddad mesmo que às custas de uma coligação com Paulo Maluf, nossos argutos observadores decretaram que cometera um erro colossal. Que sepultava ali as chances de seu indicado.
Hoje, percebe-se que acertou no cálculo de que o verdadeiro campeão em rejeição na cidade é Serra e não Maluf.
Mas a grande aposta que não deu certo é a que fizeram a respeito do impacto do julgamento do “mensalão” nas eleições. Imaginaram que seria dinamite puro. Revelou-se um tiro de festim.
As urnas não evidenciaram a esperada derrota petista. E não é isso que aguardamos para domingo.
Ao contrário, as eleições de 2012 estão se mostrando muito positivas para Lula, Dilma e o PT. Foi o partido que mais cresceu entre os maiores no número de prefeituras, de vereadores, na presença em cidades grandes. Confirmando a vitória em São Paulo e nas capitais em que tem candidatos na liderança, está prestes a conseguir seu melhor desempenho em eleições municipais desde a fundação.
O inesperado dessa performance está levando esses comentaristas a interpretações equivocadas. Cujo intuito é diminuir o significado do resultado do PT.
A primeira é que o “grande vitorioso” destas eleições seria o PSB e seu presidente, o governador Eduardo Campos.
Com todo o respeito, é difícil incluir o PSB entre os grandes. Ganhou 435 prefeituras (no primeiro turno), metade das quais em cinco estados do Nordeste, mais de um quarto em Pernambuco e no Piauí. Como partido, permanece regional, acolhendo, no restante do Brasil, algumas lideranças que lá estão como poderiam estar em qualquer outro.
É do PSB o prefeito reeleito de Belo Horizonte. Mas ninguém que conheça a política da cidade atribui a essa filiação qualquer relevância na reeleição de Marcio Lacerda.
Resta a vitória de Geraldo Julio, no Recife, um feito para Eduardo Campos. O caso é que vencer na capital de seu estado está longe de ser um resultado espetacular para um governador competente.
A segunda versão equivocada é que “ninguém ganhou”, pois a alienação eleitoral é que teria sido a marca das eleições deste ano. Que as abstenções, somadas aos brancos e nulos, é que seriam as vedetes.
Não é verdade. Em algumas capitais, de fato houve um aumento expressivo desse agregado em relação a 2008. Como em São Paulo, em que foi de 24% para 31%.
Na média das dez maiores cidades brasileiras, no entanto, a alienação total aumentou pouco no período, indo de 23,5% para 26%. Na verdade, ela cresceu mais entre 2004 (quando era de 19,5%) e 2008, que de então para cá.
Ou seja: nem PSB, nem alienação, o maior vitorioso está sendo o PT. Se Haddad vencer, uma chave de ouro para Lula. Justo quando decretaram que enfraqueceria.
Mais uma vez, o que se vê é que o povo não dá a menor pelota para o que pensam os “formadores de opinião”.
Os limites do adesismo
Defesa do projeto PSD explica proposta de Kassab ao PT
Cláudio Gonçalves Couto, publicado no Valor Econômico
Se há algo que notabiliza como político o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, é a sua habilidade como articulador. Antes mesmo de ser guindado por José Serra à condição de alcaide da maior metrópole brasileira, Kassab já havia se destacado como o principal construtor do PFL paulista, organizando o partido pelo interior. Foi essa capacidade como negociador político, mais do que eventuais sucessos administrativos, que lhe renderam o posto de vice-prefeito na chapa demo-tucana e, depois, a reeleição, cindindo o PSDB. Seguiu nessa senda ao deflagrar uma defecção em massa do DEM, que teve como subproduto substancial a oportunidade de migração sem custos ou riscos para insatisfeitos de todos os matizes, tanto os desconfortáveis no barco da oposição como os incomodados em agremiações do campo governista. Nada mais fácil, já que o PSD não seria “de direita, de esquerda, nem de centro”, apenas oportunista.
A última cartada desta raposa foi a oferta ao PT de uma aliança nas eleições municipais paulistanas. O fato de seu partido ser um invertebrado ideológico, disposto a negociar com quem quer que seja, em princípio facilita as coisas. Mas isto não seria exatamente algo indispensável, já que a lógica coalicional do multipartidarismo brasileiro facilita todas as aproximações, a despeito de quaisquer origens programáticas que as agremiações possam ter tido. Isto fica evidente tanto pelo apoio do PP (partido do capitão Bolsonaro e sucessor da Arena da ditadura militar) ao governo da ex-guerrilheira Dilma Rousseff, quanto pela presença do PCdoB na administração kassabista em São Paulo. Nessa festa partidária brasileira, ninguém é de ninguém e todos são de todos; ou quase. Um dos limites mais claros para isto está nas alianças eleitorais entre os dois partidos polares do sistema nacional, PT e PSDB. Para esses dois, são interditadas as alianças nacionais, estaduais ou em municípios de primeira grandeza, embora sejam liberadas as coligações pelo interiorzão afora, onde a lógica da política nacional não faz sentido e a ideologia é uma língua estranha.
Aliança entre PSD e PT só interessa ao primeiro
Ao acenar publicamente com seu possível apoio ao PT no pleito paulistano, Kassab aumenta seu cacife numa negociação com os tucanos, seus parceiros de primeira hora. De quebra, facilita sua amizade com o governo federal. Contudo, para que tal proposta matreira seja politicamente levada a sério, é preciso considerar se tal aliança é proveitosa para o PT, já que o casamento não sai sem a anuência das partes. Fazendo-se as contas, faz muito pouco sentido, pois o prefeito paulistano não tem muito a oferecer, mas pode causar prejuízos. Vejamos.
Em primeiro lugar, o PSD não carreia tempo de TV para seus aliados (não mais do que 30 segundos), pois tendo sido criado após as últimas eleições congressuais, não obteve votos para deputado federal e, consequentemente, não pontua no critério de distribuição do tempo no horário eleitoral gratuito. Em segundo lugar, a administração de Kassab é mal avaliada pela população, como demonstram todas as pesquisas. Assim, contar com seu apoio mais tira do que atrai votos – como também foi demonstrado em recente pesquisa do Datafolha. Em terceiro lugar, o PT faz uma forte oposição à administração Kassab na Câmara Municipal e em outras instâncias, de modo que uma aliança obrigaria o partido a moderar seu discurso e, no limite, defender o aliado. Como explicar ao eleitor tal mudança de posição? E, se como afirmou Fernando Haddad ao Valor de ontem, candidatos não devem esconder seus aliados, seria muito difícil jogar Kassab para baixo do tapete.
Em quarto lugar, poder-se-ia alegar que Kassab barganharia a aliança eleitoral em troca do eventual apoio dos vereadores de sua base ao futuro prefeito petista, se eleito. Ora, mas há quem duvide que os vereadores que hoje apoiam o prefeito na Câmara, sejam ou não de seu partido, apoiarão qualquer um que for eleito, desde que recebam algo em troca? Portanto, uma oferta como essa apenas enganaria a ingênuos, que se dispõem a pagar por algo que já têm. Em quinto lugar, Kassab poderia barganhar o apoio do PSD à presidenta Dilma em troca da aliança em São Paulo. Mas vale aqui a mesma lógica dos vereadores: o PSD e seus deputados se dispõem a apoiar qualquer governo que atenda a seus pleitos no Legislativo.
O único ganho a ser auferido pelos petistas no caso de uma aliança com o PSD seria o isolamento de José Serra em relação a um de seus maiores aliados. Contudo, tal ganho é largamente sopesado pelos prejuízos que traz (como nas segunda e terceira razões aduzidas acima). Ademais, Serra já passa por um processo de isolamento dentro de seu próprio partido, tanto na frente nacional (com Aécio à frente), como na estadual (com Alckmin à frente). Para quê, então, gastar cartuchos importantes na aceleração de um processo que já está em curso por questões internas à disputa tucana? Faz mais sentido buscar uma aliança com o principal parceiro nacional, o PMDB, eliminando um adversário que também é ligado à educação, jovem e com forte potencial de crescimento (Gabriel Chalita). Ou então, repetir a tradicional aliança com o PCdoB, que possui um candidato bem situado nas pesquisas (Netinho de Paula) e que reforçaria a candidatura petista na periferia da cidade, oferecendo um contraponto à imagem de moço de classe média escolarizada de Haddad (apesar de sofrer forte rejeição).
Em suma, embora o assédio de Kassab ao PT seja um ato de esperteza política, ela faz muito mais sentido para o prefeito de São Paulo do que para o partido de Lula. Entretanto, como ele, apesar de engenheiro e muito matreiro, não é o único que sabe fazer contas, é pouco provável que tal aliança prospere.
Cláudio Gonçalves Couto é cientista político, professor da FGV-SP e colunista convidado do “Valor”.
E-mail claudio.couto@fgv.br
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