Sobre o terrorismo.

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  • quinta-feira, 10 de junho de 2010
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  • Nos últimos dias, tenho lido em sites de diversas publicações conservadoras ou pró-Israel, brasileiras e estrangeiras, inúmeros artigos sobre o episódio da invasão pelas forças de segurança daquele país à flotilha que levava ajuda humanitária à Gaza. Em quase todos eles, os ativistas que estavam nos navios são chamados de "terroristas" e acusados de terem "reagido violentamente" à "abordagem pacífica" dos israelenses. Por isto, não pude deixar de lembrar dos versos do poema "Apóio o terrorismo", do poeta sírio Nizar Qabbani, transcritos por Tariq Ali em seu livro "Bush na Babilônia". Neste poema, Qabbani identifica-se com os movimentos de resistência palestinos que Israel e os setores pró-Israelenses no ocidente associam ao "terrorismo" e, que por isto, acabam sendo colocados em um grande saco-de-gatos, ao lado de grupos extremistas de toda a espécie, que proliferam às margens da tal "ordem mundial". Ah, é importante ressaltar que a própria esposa do poeta foi morta quando muhajedins libaneses atacaram a embaixada iraquiana no período da guerra entre o Irã e o Iraque. Mas isto não o impediu de se posicionar claramente em defesa do povo palestino e contra o terror de Estado implantado por Israel. Reproduzo abaixo trechos deste poema:

    (...) Acusam-nos de terrorismo
    se escrevemos a ruína de uma terra arruinada
    dilacerada, fraca...
    um lar sem endereço
    uma nação sem nome

    Um lar que nos proíbe de ler jornais
    e de ouvir as notícias.
    Um lar onde os pássaros são proibidos
    de cantar.
    Um lar onde, pelo terror,
    acostumamo-nos a escrever
    sobre nada. (...)

    Estados Unidos da América
    Contra a cultura dos povos
    porém sem cultura
    Contra as civilizações civilizadas
    mas sem civilidade
    Estados Unidos da América
    Um poderoso edifício
    sem paredes! (...)

    Acusam-nos de terrorismo
    se defendemos nossa terra
    e a honra do chão...
    e revoltamo-nos por sua honra
    quando abusam de nós e de nosso povo
    e acusam-nos se protegemos as últimas palmeiras do nosso deserto
    as últimas estrelas do nosso céu
    a última sílaba de nossos nomes
    e o último leite do seio materno
    e se este foi nosso pecado
    como é belo o terrorismo (...)

    Apóio o terrorismo
    se ele pode libertar um povo
    da tirania e dos tiranos
    e salvar o homem da crueldade humana (...)

    Apóio o terrorismo
    enquanto a nova ordem mundial
    quiser massacrar nossos descendentes
    e atirá-los aos cães.
    E é por tudo isso
    que elevo minha voz às alturas:
    defendo o terrorismo
    estou com o terrorismo
    apóio o terrorismo...
     
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