Halper: Israel mantém palestinos próximos à linha da fome
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O cientista político Luiz Werneck Vianna agora é colunista semanal do Valor Econômico. Com isso, ganham todos os que apreciam suas finas e sempre criativas análises políticas. Ocupando espaço a cada semana, ele estreitará sua abordagem crítica da conjuntura, mas não deixará de apresentar uma visão abrangente do país.
No artigo desta semana (31/5), Werneck retoma sua consagrada tese da hegemonia que São Paulo passou a ter na política nacional, depois dos governos de Fernando Henrique Cardoso e Lula. O texto é muito bom, especialmente porque considera a longa duração e procura decifrar a trajetória dos dois grandes partidos que prevalecem hoje, o PT e o PSDB. Filhos da mesma situação objetiva -- os nascentes movimentos sociais que no início dos anos 1980 faziam parte da resistência ao regime militar --, ambos os partidos viriam ao mundo com muitas ideias comuns sobre o que seriam os males do país. Ambos assimilaram, por exemplo, a tese de que seria necessário romper com a "herança ibérica" que teria amaldiçoado a modernização do país, amarrando-a à prevalência do Estado e, por extensão, ao autoritarismo político, às políticas de clientela e ao burocratismo parasitário. Com isso, passaram a agir contra os efeitos do "patrimonialismo" e em nome do que Werneck chama de "matriz do interesse".
Por serem expressão de setores sociais distintos, mas também por efeito da competição política e eleitoral em que se engajaram, PT e PSDB se distanciaram com o tempo: "Nascidos no mesmo solo, com vários pontos em comum, essas duas florações da social-democracia brasileira, partindo de São Paulo, igualadas em força aí, mais do que aproximar as suas convergências, se entregam a uma dura luta por território".
Apesar disso, nunca deixaram de estar próximos, até mesmo nas recorrentes tentativas de atrair para si os setores mais atrasados da sociedade e da política brasileira. Chegando ao governo, o PT precisou se aliar com a direita e o fisiologismo para ter base de apoio parlamentar e abriu mão da denúncia do imposto sindical e da CLT, que atrelaria os sindicatos ao Estado e roubaria assim a autonomia sindical. O PSDB o acompanhou nesse quesito, algumas vezes sob a forma do silêncio e da omissão.
A frase de Werneck é perfeita: "Com isso, os impulsos modernizadores vindos de São Paulo são moderados pelo cálculo político que preside a disputa entre seus grandes partidos - um deles, o PSDB, governando o Estado há vinte anos e pretendente a governá-lo por mais quatro. Para cada qual importa, além das questões inarredáveis de suas agendas, capturar o maior número possível de forças aliadas, indiferentes ao atraso político e social que representam, como no caso, por exemplo, do Maranhão do clã de Sarney, cobiçado pelo PT, ou do PTB de Roberto Jefferson, objeto de desejo do PSDB".
O artigo na íntegra pode ser lido clicando aqui.
28 de Maio de 2010 – 11h33
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu nesta quinta-feira (27) com rigidez às insinuações de que ele e o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyiq Erdogan, foram orientados pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para negociar o acordo de paz com o Irã.
Lula afirmou que eles não receberam “procuração” alguma para buscar o acordo. “Não temos procuração nem queremos ter procuração para tratar da questão nuclear”, disse o presidente, durante a primeira visita de Erdogan ao Brasil.
O presidente confirmou que ele e Erdogan receberam uma carta de Obama, semanas antes de ser fechado o acordo nuclear no Irã. Na correspondência, Obama faz apenas uma série de sugestões sobre um eventual acordo.
Segundo Lula, é necessário estar com “a cabeça aberta” para haver um acordo e chegar a um consenso. “Com truculência a gente não resolve nem os problemas da casa da gente e entre a família. Nós demos um sinal e espero que a agência tenha sabedoria de entender o momento político e o gesto do Irã e a posição do Brasil”.
Em seguida, o presidente sinalizou que a reação das grandes potências à proposta ocorreu porque não esperavam que o Brasil e a Turquia fechassem um acordo. “Nós fizemos o que eles estão tentando há muitos anos e não conseguiram. As pessoas precisam aprender que a política do século 21 precisa ter mais transparência e diálogo”.
Lula afirmou ainda que é preciso que as pessoas decidam pelo diálogo ou pelo confronto. “Agora é preciso que as pessoas digam claramente se querem construir a possibilidade de paz ou se querem construir a possibilidade de conflito”.
O presidente evitou comentar sobre as eventuais sanções, propostas pelos Estados Unidos. Segundo ele, a expectativa é que os membros permanentes do conselho e a Agência Internacional de Energia Atômica analisem a proposta e evitem as punições. “Vamos aguardar o que a agência e os países têm a dizer”.
Os comentários na imprensa que tentam atribuir a Obama os conselhos do acordo com Irã são apenas tentativas inúteis de diminuir o papel do Brasil e do presidente Lula nas negociações. Isto fica claro com as declarações feitas ontem (27) pela secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton: “Os EUA e o Brasil têm sérias divergências sobre o programa nuclear iraniano”.
De fato. Enquanto o Brasil enxerga a energia nuclear como uma importante ferramenta para o desenvolvimento da paz – através da medicina – os EUA insistem em enxergá-la como uma arma de guerra.
A opinião pública acompanha atenta os desdobramentos desse episódio e tem a expectativa de que o Brasil continue atuando para evitar as sanções contra o Irã.
Da Redação, com Agência Brasil
O erro de tratar as descrições ou nomes diferentes do mesmo objeto como equivalentes, mesmo nos contextos em que as diferenças entre elas importam. Relatar as crenças ou afirmações ou alegações sobre a necessidade ou possibilidade de alguém podem ser tais contextos. Nestes contextos, substituir uma descrição por uma outra que se refere ao mesmo objeto não é válido e pode transformar uma sentença verdadeira em uma falsa.
Exemplo:
Michelle disse que quer encontrar seu novo vizinho Stalnaker esta noite. Mas eu sei que Stalnaker é um espião da Coreia do Norte, então Michelle disse que quer conhecer um espião da Coreia do Norte esta noite.
Michelle não disse tal coisa. O pensador relapso presumiu ilegitimamente que o que é verdadeiro de uma pessoa sob uma descrição permanecerá verdadeiro quando dito da mesma pessoa sob uma segunda descrição, mesmo neste contexto de citação indireta. O que era verdadeiro da pessoa quando descrita como “seu novo vizinho Stalnaker”; é que a Michelle disse que quer encontrá-lo, mas não era legítimo para mim presumir que isso é verdade da mesma pessoa quando ele é descrita como “um espião para a Coreia do Norte”.
Contextos extensionais são aqueles em que é legítimo substituir igual por igual, sem se preocupar. Mas qualquer contexto em que esta substituição de termos correferentes é ilegítima é chamado de um contexto intensional. Contextos intensionais são produzidos através de citação, modalidade e intencionalidade (atitudes proposicionais). Intencionalidade é o fracasso da extensionalidade, daí o nome “falácia intensional”.
(Trecho do verbete “Fallacy” da Internet encyclopedia of philosophy, de autoria de Bradley Dowden, revisado pela última vez em 2010-1-31, em http://www.iep.utm.edu/fallacy/#Intensional, visitado em 2010-5-28, traduzido por César S. dos Santos.)
A Via Campesina condena a produção agrícola sob o controle de grandes proprietários de terra e empresas transnacionais, que prioriza a produção de monocultivos extensivos em grande escala e que destina a maior parte de sua produção para exportação. As entidades camponesas reiteram que é o agronegócio que recebe mais incentivos governamentais (cerca de 80% do que é destinado à agricultura), mesmo gerando desemprego no meio rural e a expulsão do camponês de suas origens. Por outro lado, os pequenos agricultores, que garantem a produção de mais de 70% do alimento que chega a casa do brasileiro e quase 40% do valor bruto da produção agrícola do país, não têm os mesmos privilégios nem na hora de renegociar suas dívidas com a União.
Veja os principais pontos da pauta de reivindicação dos movimentos sociais do campo:
- Criação de um fundo de reserva ambiental com o pagamento de um valor mensal para cada família que fizer a preservação e a recuperação ambiental em suas propriedades. Este recurso deve vir das multas por degradação ambiental e dos impostos sobre as empresas poluidoras;
- Rebate de R$ 10 mil reais das dívidas e renegociação do restante para os pequenos agricultores e assentados, como o governo já fez com outros setores da sociedade;
- Crédito subsidiado para produção de alimentos saudáveis aos pequenos agricultores que fizerem a preservação ambiental;
- Reforma Agrária e desapropriação imediata do latifúndio do agronegócio que não respeita o meio ambiente;
- Um Projeto Popular Energético, em que a energia não seja uma mercadoria e que se respeite as populações ribeirinhas e o meio ambiente;
Este ato integra a Jornada Nacional de Lutas da Via Campesina.
Informações à imprensa:
(54) 9926-7719 / 99045894
(11) 3392-2660
Fonte e fotos: MAB-