Fantasmas surgem da escuridão. Ainda não sabem direito para onde seguir. A mídia, confusa, chega ao ponto de dizer o que um entrevistado disse e mostrar logo em seguida que ele não disse, como mostra o Cloaca. Mas tentam, ficaram animados. Pouco importa que o recente apagão não traduza crise de energia, o que é claro. A escuridão trata de fazer os gatos todos ficarem pardos. Aliás, foi o que José Serra e alguns outros representantes da noite aprenderam recentemente com o professor Drew Western, que diz que o importante não é fazer um eleitor pensar, mas sentir. Ou, mais vale parecer que é do que ser. Como se essa gente mal iluminada não soubesse, poderiam até ensinar.
Mas estou com uma pulga atrás da orelha. Não chego ao ponto de desconfiar, como o Eduardo Guimarães, de redações preparando edição sobre o apagão antes do fato. Menos. Mas acho que não é nada difícil no quadro atual aparecerem crimes políticos para alimentar o forno da mídia, que carece de mais lenha. E fui pesquisar para encarar meus medos e desconfianças.
Com umas googadas, achei uma tese do último Simpósio de Inovação Tecnológica, de autoria de André Luiz Carneiro de Araújo, Paulo Régis Carneiro de Araújo e Antônio Themóteo Varela. Trata-se de uma solução tecnológica para evitar furto de cabos elétricos. Segundo eles, algo que acontece com freqüência. Para mostrar o funcionamento de suas idéias, analisam o processo do ataque dos ladrões:
Em um primeiro cenário, o indivíduo que deseja violar o sistema inicialmente tenta derrubar o sistema elétrico. Há duas formas em que ele pode fazer isso. A primeira é abrindo as canelas que fica antes do transformador. Neste caso a concessionária não tem como identificar o evento. A segunda é provocando um curto fase-fase ou fase-neutro que aciona o dispositivo de segurança do sistema. A concessionária consegue identificar o evento, entretanto não consegue determinar se o evento é um furto ou outro problema qualquer em sua rede.
São especialistas no setor. Fica claro que há maneiras fáceis de derrubar um sistema elétrico. Principalmente quando há muitos interesses envolvidos.
Neste ponto estou com o Eduardo Guimarães: Atenção! Vamos botar a PF pra trabalhar!
Em tempo:
A melhor frase sobre a cobertura do apagão é do Hermenauta: “Juro que nunca vi tantos inimigos do Iluminismo reclamarem tanto do escuro…”.