Um nada caído entre momentos
(Rui Rasquilho)
Desces pelo caminho de saibro
Por entre as azáleas
Na direção dos meus olhos
Trazendo um sentimento longínquo
Na serenidade da tarde
Sou o único habitante da casa
Os outros fecharam as portas e as janelas
E pediram-me que escolhesse a margem
Acenaste ao passar
Rasgando com o teu gesto
A silenciosa cor do poente
Forçando a coincidência dos lábios
Oferecendo o clamor esplêndido do teu rosto
A tua mão torna-se uma ausência opaca
Uma flor de fogo
Um nada caído entre momentos
Escolho cuidadosamente a árvore
Recolho o fruto transparente
E coloco o sabor da terra
Nos meus olhos.
(In: O Limite do Fogo. Lisboa, Editorial Presença, 1998.)
Por entre as azáleas
Na direção dos meus olhos
Trazendo um sentimento longínquo
Na serenidade da tarde
Sou o único habitante da casa
Os outros fecharam as portas e as janelas
E pediram-me que escolhesse a margem
Acenaste ao passar
Rasgando com o teu gesto
A silenciosa cor do poente
Forçando a coincidência dos lábios
Oferecendo o clamor esplêndido do teu rosto
A tua mão torna-se uma ausência opaca
Uma flor de fogo
Um nada caído entre momentos
Escolho cuidadosamente a árvore
Recolho o fruto transparente
E coloco o sabor da terra
Nos meus olhos.
(In: O Limite do Fogo. Lisboa, Editorial Presença, 1998.)