Amanhã comemora-se o Sete de Setembro. Sem entrar em um longo e cansativo debate historiográfico sobre o caráter conservador e excludente de nossa independência, vocês sabem o que de fato me incomoda nesta data? É perceber que uma parcela significativa da população não tem a menor noção do porquê deste feriado. E pior: não necessariamente é aquela parcela com menor escolaridade...
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E por falar na Independência do Brasil, uma figura ímpar da nossa História que não pode ser esquecida é a de José Bonifácio de Andrada e Silva. Embora conservador em política, Bonifácio defendia o fim do trabalho escravo, o confisco das propriedades improdutivas e o fim dos privilégios concedidos aos comerciantes estrangeiros. Ou seja, um dia o Brasil já teve conservadores lúcidos. Porém, atualmente, quando olhamos para nosso parlamento, os conservadores que vemos são figuras do porte de um Demóstenes Torres, de um Ronaldo Caiado, de um Heráclito Fortes, de um ACM Neto e de outros nomes que pessoas bem-educadas devem evitar pronunciar... Décadence sans élégance.
Em tempo: quem quiser saber um pouco mais sobre a vida e a obra de um dos mais interessantes personagens da História do Brasil, não pode deixar de visitar o site José Bonifácio - Obra Completa, coordenado pelo jornalista e historiador Jorge Caldeira, que pretende vir a ser o maior acervo de documentos sobre este estadista oitocentista. Atualmente, ele já reúne uma quantidade de material suficiente para a edição de quase quatro dezenas de livros de mais de 300 páginas cada um.
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Em entrevista publicada em “O Globo” de hoje (05/09), foi perguntado à nova queridinha da mídia, a Senadora Marina Silva, se era incômodo para ela ter o Deputado Zequinha Sarney como um destacado membro do PV. A resposta da brava tribuna acreana foi a seguinte:
O fato de ser filho do presidente Sarney não significa que tenha que se responsabilizar por algo. Se eu cometer um erro, não quero que meus filhos sejam tratados com preconceito. Minha posição em relação ao Deputado Zequinha Sarney tem a ver com a trajetória dele no Ministério do Meio Ambiente. Dei continuidade a muitas políticas que encontrei. Ele goza do respeito da comunidade ambientalista.
Das duas uma: ou a nobre senadora, de fato, tem “Pollyana” e “Pollyana Moça” como livros de cabeceira (além de “O Menino do Dedo Verde”, é claro!) ou ela - que sempre cultivou a imagem de combativa, idealista e intransigente na defesa de seus princípios – está aprendendo de forma bastante rápida as artimanhas da realpolitik...
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Para quem não o conhece, André Dahmer é um dos melhores quadrinistas brasileiros da atualidade. Politicamente incorretas, na maioria das vezes (Graças a Deus! Ainda há cabeças pensantes neste mundo!), suas tirinhas - como a que reproduzo abaixo - vão direto na ferida.
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Tá bom. Dou o braço a torcer: o Dunga está fazendo um bom trabalho na seleção. Não há dinheiro que pague a cara do Maradona depois de mais uma derrota para o Brasil. E é em homenagem a Dom Diego que compartilho com vocês o tango “Cambalache”, de Enrique Santos Discépolo, na voz de Carlos Gardel. Seus versos iniciais são perfeitos: Que el mundo fue y será una porquería, ya lo sé,/en el quinientos seis y en el dos mil también;/que siempre ha habido chorros,/maquiávelos y estafáos,/contentos y amargaos, valores y dublé (...)