Na Madrugada.

Posted on
  • domingo, 27 de setembro de 2009
  • by
  • Editor
  • in
  • Marcadores: , ,
  • Edvard Munch - "Melancolia" (1892)

    Vejo-os: durante a conversa, alguém, de repente, se distrai fica parado e pensativo, talvez por alguns segundos, mas é quanto basta para compreender que sua verdade está lá, naquele silêncio. Como alguém que, defronte de casa, esteja conversando com amigos e de repente se afasta, corre para casa para ver sabe Deus o quê e volta logo depois, com exatamente a mesma expressão de antes e ninguém sabe o que foi fazer, e se alguém lhe pergunta, responde “nada”, e, de outro lado, não se podia ver nada através da porta quando a abriu, o que havia lá dentro, via-se apenas um retângulo escuro.
    Uma praça imensa, portanto, tendo ao redor uma infinidade de casas, esta é a vida; e, no centro, os homens que negociam entre si e nunca alguém consegue conhecer as outras casas; somente a sua, e mesmo esta, geralmente mal, porque permanecem muitos ângulos escuros e às vezes quartos inteiros que o dono não tem paciência ou coragem para explorar. E a verdade se encontra somente nas casas e não fora delas. De maneira que, do resto do gênero humano, nunca se sabe nada. O homem passa distraído no meio destes infinitos mistérios e isso finalmente não parece desagradar-lhe demasiadamente.

    (BUZZATI, Dino. “A Solidão”. In: Naquele Exato Momento. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2004.)

    ******************************

    Tempos Adversos

    Fui eu
    Vem ver
    Fui eu
    Vem ver
    Há vidros no chão
    Há folhas no chão
    Há livros no chão
    Lutamos em vão

    Claro que temos que andar
    são os tempos adversos
    Que puxam para trás
    É claro que temos que ver a estrada
    Que um dia a história acaba...

    Quem foi?
    Quem viu?
    Quem foi?
    Quem viu?
    Os vidros no chão
    São restos de nós
    Os vidros no chão
    Perdem a voz.

    Claro que vamos andar
    entre tempos adversos
    que puxam para trás
    é claro que temos que ver a estrada
    Que um dia a história acaba...

    ...Que um dia a história acaba.

    ( Toranja, Álbum "Segundo", Universal Music Portugal, 2005)

    ******************************

    Ouça "Tempos Adversos", com o Toranja.


     
    Copyright (c) 2013 Blogger templates by Bloggermint
    Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...