Sempre que eu escrevo algum post com referências musicais ou quero compartilhar alguma canção com os leitores do "Abobrinhas", costumo utilizar o site de compartilhamento de músicas "MP3Tube", que recentemente mudou de nome para "Yehplay". No entanto, há alguns dias parece que ele saiu do ar (definitivamente?), pois quando digita-se o endereço da sua página, automaticamente ocorre o redirecionamento para um site de jogos. Com isto, as músicas linkadas em vários dos meus textos no "Abobrinhas" - inclusive em um dos últimos, "Qualquer Música, Uma Certa Canção..." - não estão mais acessíveis, como se pode notar pelo "sumiço" do Player do MP3Tube nos posts. Preciso encontrar, com urgência, um outro site do gênero. Assim que o fizer, recoloco as músicas.
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Anteontem, assistindo ao "Jornal da Globo", fiquei absolutamente atônito (mas não surpreso!)com o lobby feito pela emissora da Família Marinho em favor da empresa norte-americana Boeing, no processo de compra de novos caças para a Força Aérea Brasileira. Mencionando, muito de passagem, o nome das outras empresas que disputam a concorrência, a Saab (Suécia) e a Dassault (França), o programa fez uma longa reportagem mostrando as vantagens do Caça Super Hornet, da fabricante norte-americana, e as intenções da Boeing em transferir tecnologia para o Brasil, seguindo "orientações" do governo Obama. Tudo isto, com direito a uma longa entrevista de William Waack, com um dos diretores da empresa. Enfim, propaganda pouca é bobagem. E viva a nossa imprensa livre, isenta e imparcial...
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Acordei hoje, não sei por qual motivo, com um poema na cabeça, "Viver sempre também cansa", do poeta português José Gomes Ferreira. Escrito em 1931, ele permanece profundamente atual. É só substituir o nome de Mussolini pelo de algum líder político contemporâneo que se caracterize pela escrotidão e pelas tendências fascistóides. Tenho certeza que não faltarão candidatos...
Viver sempre também cansa
O sol é sempre o mesmo e o céu azul
Ora é azul, nitidamente azul,
Ora é cinzento, quase verde
Mas nunca tem a cor inesperada
O mundo não se modifica
As árvores dão flores
Folhas, frutos e pássaros
Como máquinas verdes
As paisagens também não se transformam,
Não cai neve vermelha
Não há flores vermelhas que voem
A lua não tem olhos
E ninguém vai pintar olhos à lua
Tudo é igual, mecânico e exacto
Ainda por cima os homens são os homens
Soluçam, bebem, riem e digerem.
E há bairros miseráveis sempre os mesmos,
Discursos de Mussolini
Guerras, orgulhos em transe,
Automóveis na corrida.
Pois não era mais humano
Morrer por bocadinho,
De vez em quando,
E recomeçar depois,
Achando tudo mais novo?
Ah! Se eu pudesse suicidar-me por seis meses,
Morrer em cima de um divã
Com a cabeça sobre uma almofada,
Confiante e sereno por saber
Que tu velavas, meu amor do Norte.
Quando viessem perguntar por mim,
Havias de dizer com teu sorriso
Onde arde um coração em melodia,
“Matou-se esta manhã
Agora não o vou ressuscitar
Por uma bagatela”
E virias depois, suavemente,
Velar por mim, subtil e cuidadosa
Pé ante pé, não fosses acordar
A Morte ainda menina no meu colo.
Viver sempre também cansa
O sol é sempre o mesmo e o céu azul
Ora é azul, nitidamente azul,
Ora é cinzento, quase verde
Mas nunca tem a cor inesperada
O mundo não se modifica
As árvores dão flores
Folhas, frutos e pássaros
Como máquinas verdes
As paisagens também não se transformam,
Não cai neve vermelha
Não há flores vermelhas que voem
A lua não tem olhos
E ninguém vai pintar olhos à lua
Tudo é igual, mecânico e exacto
Ainda por cima os homens são os homens
Soluçam, bebem, riem e digerem.
E há bairros miseráveis sempre os mesmos,
Discursos de Mussolini
Guerras, orgulhos em transe,
Automóveis na corrida.
Pois não era mais humano
Morrer por bocadinho,
De vez em quando,
E recomeçar depois,
Achando tudo mais novo?
Ah! Se eu pudesse suicidar-me por seis meses,
Morrer em cima de um divã
Com a cabeça sobre uma almofada,
Confiante e sereno por saber
Que tu velavas, meu amor do Norte.
Quando viessem perguntar por mim,
Havias de dizer com teu sorriso
Onde arde um coração em melodia,
“Matou-se esta manhã
Agora não o vou ressuscitar
Por uma bagatela”
E virias depois, suavemente,
Velar por mim, subtil e cuidadosa
Pé ante pé, não fosses acordar
A Morte ainda menina no meu colo.
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Trilha Sonora do Dia: "Famous Blues Raincoat", de Leonard Cohen.
Infelizmente, sem o MP3Tube para compartilhá-la...