Olhando o mar de Fortaleza daqui da janela deste quarto de hotel, na Praia de Iracema, vieram-me à cabeça a imagem de um quadro do Monet e os versos de um pequeno e belo poema da Fiama Hasse Pais Brandão. Sei não, acho que estou ficando embebedado pelo Atlântico...
Nunca o mar foi tão ávido
quanto a minha boca. Era eu
quem o bebia. Quando o mar
no horizonte desaparecia e a areia férvida
não tinha fim sob as passadas,
e o caos se harmonizava enfim
com a ordem, eu
havia convulsamente
e tão serena bebido o mar.
In: Três Rostos, Lisboa, Assírio & Alvim, 1989.