Depois de uma semana sob o sol de Fortaleza, entremeada por alguns improváveis – nesta época do ano – dias de chuva, volto ao Rio e encontro a cidade sob uma fina garoa e um friozinho típico de julho. Ao passar pelos velhos Arcos, veio-me aquela sutil e agradável sensação de pertencimento, de identidade: é bom estar em casa. Do Simpósio Nacional de História, guardo inúmeras coisas boas. Dentre elas, a descoberta dos novos poetas cearenses, que conheci através de uma coletânea distribuída a alguns dos participantes do evento. É uma bem cuidada edição bilíngüe (Português/Espanhol) que traça um painel bastante representativo da atual cena literária daquele estado. Reproduzo abaixo um destes poemas.
Arquivo
Eli Castro
falando em horas
aproveitando este incêndio
de faíscas
que ecoam de tua voz (garganta brônzea de sino)
também aproveito para expor
o clarão guardado
de certas imagens retorcidas –
cascas outonais,
se assim preferes.
tarefa difícil
foi reaprender
o caminho de volta,
fazer a própria comida
ocultar belezas simples como
eu puxando um isqueiro e
acendendo o teu cigarro no meio de uma noite.
cuidei destas imagens, dos teus pequenos escritos,
escoltei tua sombra
e tudo fiz esquecer
frente a teu silêncio de paciência vencida.
In: Meio-dia: alguna poesía de Fortaleza. Fortaleza/Buenos Aires, Gráfica LCR/Ediciones Vox, 2009.
Arquivo
Eli Castro
falando em horas
aproveitando este incêndio
de faíscas
que ecoam de tua voz (garganta brônzea de sino)
também aproveito para expor
o clarão guardado
de certas imagens retorcidas –
cascas outonais,
se assim preferes.
tarefa difícil
foi reaprender
o caminho de volta,
fazer a própria comida
ocultar belezas simples como
eu puxando um isqueiro e
acendendo o teu cigarro no meio de uma noite.
cuidei destas imagens, dos teus pequenos escritos,
escoltei tua sombra
e tudo fiz esquecer
frente a teu silêncio de paciência vencida.
In: Meio-dia: alguna poesía de Fortaleza. Fortaleza/Buenos Aires, Gráfica LCR/Ediciones Vox, 2009.