Sucessão Mineira: Jogada de Mestre

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  • terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
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  • Sobre o quadro eleitoral mineiro, uma boa avaliação do Blog do Bruno, de Belo Horizonte, traçando um cenário com a vinda de Pimentel para o governo federal, provavelmente o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), devendo ainda ser o principal coordenador da campanha de Dilma 2010. Nesse caso, Patrus Ananias disputaria o governo mineiro, aglutinando em torno de si boa parte do consórcio governista, e ainda dando à Dilma um ótimo palanque no segundo colégio eleitoral do país. De fato, é uma jogada de mestre, pois unifica o PT mineiro que chega em 2010 com chances de chegar ao Palácio da Liberdade, ao mesmo tempo a candidata Dilma tem um quadro respeitável (apesar das diferenças que guardo) para um futuro governo. Segue o post logo abaixo:

    Do Blog do Bruno

    Jogada de mestre

    José Sarney foi eleito presidente do Senado e Michel Temer, da Câmara. Isso tem monopolizado as atenções dos comentaristas políticos, que tentam analisar quem ganhou e quem perdeu com essas eleições. E não tem havido consenso; uns dizem que Lula saiu vitorioso e outros, que ele sofreu uma derrota. Há também os que dizem que ele ganhou no Senado e perdeu na Câmara, pois Sarney lhe é simpático e Temer faz parte da "ala tucana" do PMDB. O único consenso que existe é que essas eleições no Congresso serão importantíssimas para o pleito presidencial de 2010. Quanto a isso não restam dúvidas.

    Mas o jogo de xadrez não se limita a isso. Lula, ao que parece, está prestes a fazer uma jogada de mestre: o presidente convidará Fernando Pimentel para presidir o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, dando ao ex-prefeito o status de ministro.Você logo vai saber por que eu acho esse convite tão genial.

    O PT mineiro está dividido em 2 grupos: o de Fernando Pimentel e o de Patrus Ananias, ambos querendo concorrer ao governo em 2010 -- qualquer um dos dois disputaria a eleição com grande chance de vencer. Esse racha ficou mais escancarado nas últimas eleições, quando Pimentel enfiou o Marcio Lacerda e a aliança com os tucanos goela abaixo do partido. Patrus não gostou, e fez questão de dizer isso aos quatro ventos. Embora no final tenha vencido a parada, com a eleição de Lacerda, Pimentel ficou sem clima no partido e está sendo tachado de traidor por muitos eleitores da esquerda mineira. Eles avaliam que Pimentel entregou de mão beijada a prefeitura de BH, que foi governada com muito sucesso por PT e aliados por 16 anos, para a turma do Aécio (em troca, este o apoiaria na eleição para o palácio da Liberdade, em 2010), por uma pura questão de ambição pessoal. Enfim, foi a famosa vitória de pirro. Chegou-se até a falar aqui nos botecos de BH que Pimentel, enfraquecido e prevendo-se sem espaço, deixaria o PT rumo ao PSB e à uma secretaria no governo Aécio.

    Fernando Pimentel, apesar desse erro estratégico de andar a reboque de Aécio, é um excelente quadro do PT, não há como negar. Mas só há uma vaga para candidato a governador pelo PT nas próximas eleições, e, na opinião da maioria dos petistas e de outros eleitores de esquerda de Minas Gerais, essa vaga tem de ser de Patrus Ananias. E é aí que entra a jogada genial de Lula. Pimentel está fragilizado dentro do PT e, magoado e prevendo que seria preterido na disputa interna com Patrus, poderia deixar o partido, que perderia um ótimo quadro e um político para lá de popular, além de correr o risco de o ex-prefeito engrossar as fileiras adversárias. A intenção de Lula com esse convite seria "resgatar" Pimentel e, daqui a um ano, torná-lo homem-forte da campanha de Dilma. Ele seria o Palocci dela. E, em caso de vitória da petista, seria o seu provável ministro da Fazenda.

    Com esse lance, Lula contentaria os dois gigantes do PT mineiro. Abriria caminho para que Patrus fosse o candidato a governador, sem ter enfrentar uma desgastante disputa interna (lembre-se, estamos falando de Minas Gerais. As disputas aqui se dão silenciosamente, nos bastidores, mas são violentíssimas) e prestigiaria e estimularia o ex-prefeito Pimentel, que, com certeza, se engajaria ao máximo na campanha de Dilma. Esta, por sua vez, também não sairia de mãos abanando: ela teria um ótimo palanque em Minas Gerais com o Patrus e um aliado de peso na condução da sua campanha e um quadro muito interessante no seu ministério.

    É notório que, se não der um daqueles seus famosos tiros no pé, o PT é talvez o grande favorito a ganhar a próxima eleição para o governo do estado que tem segundo colégio eleitoral do Brasil, o que, além de tudo, seria importantíssimo para as pretensões de Dilma (sabemos o quão importante é ter um bom palanque em Minas Gerais para se vencer uma eleição presidencial no Brasil, não é mesmo?). Lula é esperto, e está planejando fazer a jogada certa, dar o golpe de mestre, para evitar a possibilidade de uma indigesta disputa interna, que poderia tirar o seu partido da privilegiada posição em que se encontra em Minas Gerais.
     
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