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Riscos e Oportunidades no Teatro Político

Por Jefferson Milton Marinho*

Políticos deveriam ser banqueiros, pois geralmente são avessos ao risco. Ambos preferem maximizar o retorno com o menor nível de risco. A história mostra que banqueiros são mais displicentes, aceitando níveis de risco elevadíssimos quando o retorno é muito alto. Parte dessa predisposição ao risco se refere ao fato de administrarem capitais de terceiros. O político administra a própria carreira eleitoral, ou seja, capital próprio. Como falhas no sistema bancário produzem altos custos sociais, a regulação busca mitigá-las, coibindo práticas oportunísticas. Políticos protegem os espaços conquistados, preferem manter as regras que os consagraram à mudança repentina, e avançam no terreno do adversário mais como estratégia de autodefesa que propriamente o ataque. A conclusão é que políticos são menos propensos aos riscos que os banqueiros. O desenho ideal pode sugerir que devessem trocar de posição.

No mundo político o xadrez é complexo, com sutilezas e artimanhas, conversas ao pé do ouvido, cochichos, ameaças e recuos. O imponderável pode mudar o tabuleiro político, redefinindo as cartas do jogo e o planejamento tático. Sempre haverá espaço para o lance genial e inesperado do ator político e a versão tem maior valia que os fatos, distanciando-se ou não da realidade. É nesse contexto que deve ser analisado o casamento de Marina Silva, da Rede de Sustentabilidade, e Eduardo Campos, do PSB.

Uma análise preliminar indica que Campos sobe de patamar na disputa eleitoral, ganhando musculatura e densidade política, enquanto Marina buscou uma estratégia de redução de danos, cujos os resultados para ela são incertos. A condição de coadjuvante não é animadora para a candidata que está em segundo lugar nas pesquisas. O tucano Aécio é o grande perdedor desse novo desenho eleitoral, pois assiste de camorote a tacada do quarto colocado nas pesquisas atraindo a principal noiva, Marina Silva, para o ninho do socialismo liberal. Dilma enfrenta o dilema de assistir à formação de uma chapa com capacidade de agregação, acumulando forças e apoio para a contenda. Mas, analisando por outra perspectiva, Dilma disputará as eleições num cenário com apenas dois candidatos adversários, quando poderia estar disputando contra três se a escolha de Marina Silva fosse outra. Isso potencialmente eleva suas chances de liquidar a fatura no primeiro turno.

A análise acima é simplista, pois é impossível nesse instante captar todos os efeitos da aliança política entre dois atores que saíram das costelas do lulismo, ameaçando concretizar o pior sonho da oposição tradicional brasileira: a profecia de André Singer quanto ao poder se transferir para uma nova oposição saída do lulismo. O novo cenário envolve maiores riscos para todos os principais atores, de todas as matizes e cores partidárias, inclusive para Eduardo Campos que, no primeiro momento, aparece como vitorioso. Em contrapartida, as oportunidades cresceram para a oposição e situação na medida do maior risco.

Nas eleições de 2014, Dilma poderá ser confrontada da esquerda à direita política, considerando os adversários, sempre com algum grau de eficiência e densidade. O risco de Dilma é perder o apoio no campo mais à esquerda com a ascensão da dupla Campos-Marina, desiludidos com os rumos do governo, seja pela caótica relação congressual ou pelos anseios de avanços mais velozes no campo do social. O centro político, menos homogêneo e de maior densidade, está muito instável e gelatinoso, causando insegurança para os candidatos que desejam conquistá-lo. No campo da direita do espectro político, Aécio deverá ocupar parte maior do espaço, mas a candidatura Campos-Marina disputará nacos de audiência.

Aécio Neves está com grande dificuldade de consolidar sua candidatura. Parte dos problemas surge porque seu banco de reservas (José Serra) funciona como freio, na expectativa de ocupar o lugar principal. Mesmo após consolidar o apoio interno à sua candidatura, a mudança de cenário eleitoral teima em recolocar o nome de Serra na disputa. O risco dele é Campos deixar de ser mero coadjuvante, crescendo a ponto de deslocá-lo de um eventual segundo turno. Ademais, as dificuldades que seu grupo político tem para a continuidade no seu colégio eleitoral, Minas Gerais, é outro fator que pesa contra sua candidatura presidencial. Se o pior cenário prevalecer, o PSDB pode perder o controle do governo de Minas Gerais e ser deslocado da segunda força política na eleição nacional. Isso seria mortal para as pretensões futuras do presidenciável tucano.

Marina Silva é noiva cobiçada que casou com o herdeiro político do clã Arraes, Eduardo Campos. É um casamento de conveniência, pragmático. A barbeiragem de não conseguir formar seu partido, a Rede de Sustentabilidade, pode lhe custar caro. A estratégia adotada é de redução de danos. Dentre as opções que estavam disponíveis não há clareza se era a melhor. Entrevistas recentes mostraram que pesou na sua decisão o desejo de derrotar o petismo, rompendo o cordão umbilical que unia sua história à do PT. Com sua decisão de filiar e emprestar seu capital político ao PSB, partido de alianças heterodoxas e forte tendência governista que reproduz o estilo do peemedebismo, Marina coloca em risco o sonho de construção da REDE afastada das velhas práticas políticas, e deve perder apoio entre seus seguidores mais programáticos. Sob o risco de virar pesadelo, o sonho dos marinistas não acabou, mas pode criar uma cicatriz que explicite precocemente as diferenças que circundam em tornam deste projeto político.

Nunca ficou tão claro que não se faz omelete sem quebrar alguns ovos. O esforço de Marina para explicar a aliança não deve ser suficiente para manter “sonháticos” unidos, principalmente pelas contradições que o projeto do socialismo liberal do PSB representa. É assustador que Marina Silva se filie, mesmo que temporariamente, a um partido que, majoritariamente, votaram a favor do novo texto do Código Florestal execrado pela ex-senadora sob a alegação de que provocaria mais desmatamento. O DNA do PSB é o desenvolvimentismo, ainda que sob a batuta liberal, o que está na contramão da agenda ambiental marinista.

Campos, neto do grande líder popular nordestino Miguel Arraes, engrandece com o apoio de Marina, como observou Lula. O momento político é dele, é sua hora de brilhar, de exercer com sabedoria os benefícios da sorte, buscando ampliá-los. O político precisa de sorte, mas também de virtude, já lembrou o italiano Maquiavel. Nesta sua trajetória, não lhe faltou virtudes ou, no jargão menos favorável, esperteza política. Os passos que separam o momento atual das eleições de outubro do próximo ano exigirão provavelmente mais virtudes, pois sua cota de sorte pode estar com prazo vencido.

O primeiro desafio de Campos é manter coesa a aliança, agregando apoios, sem provocar muitas defecções. Não será tarefa fácil, são visíveis os sinais de descontentamento de parceiros políticos à esquerda e à direita, tanto dos apoiadores de Marina Silva quanto de Eduardo Campos. O segundo é manter o partido em crescimento, elevando o número de governadores e, principalmente, de deputados e senadores. Outra tarefa que pode se mostrar difícil, uma vez que o segredo do crescimento do PSB é sua flexibilidade, a possibilidade de apoiar e ser apoiado por qualquer coloração partidária. A entrada de Marina Silva no condomínio socialista potencialmente reduz o arco de alianças, devendo fragilizar os palanques estaduais, pois sofrerá resistências das principais forças políticas (PT e PSDB, por exemplo).

Assim, o risco é o PSB sair das eleições de 2014 com peso menor na cena política do que outrora, principalmente se a estrela de Eduardo Campos não brilhar ou não for capaz de catalizar aumento de bancadas. Em 2010, Marina Silva saiu das eleições no terceiro lugar, com 20 milhões de votos, porém, o PV não experimentou aumento na sua bancada federal. Ademais, em Pernambuco surgem sinais de fadiga material, e mesmo que Campos possa encontrar um candidato favorito para substituí-lo, a aliança PT e PTB ameaça seu quintal político.

São dúvidas que o calendário eleitoral impõe com o fim das filiações para a disputa eleitoral. No fim de março, o calendário eleitoral traz novo cenário com a descompatibilização de cargos públicos (ministros, secretários estaduais, governadores no segundo mandato, etc.) para participar das eleições. Certezas são poucas ou quase inexistentes, ficando lacunas que serão respondidas somente na eleição. Qualquer prognóstico é apressado, a conjuntura é alterada pelos movimentos dos atores políticos, e, principalmente, por fatores da realidade objetiva que se impõe, e são muitas vezes imprevisíveis. As nuvens da política tem se deslocado mais velozmente, surpreendendo analistas e operadores políticos. Cada movimento das nuvens traz novos riscos e oportunidades, ganhadores e perdedores.

* Economista e servidor público federal
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PSDB lança o "Luz Para Poucos"

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Comemoração da Lei Maria da Penha


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Um choque de gestão para a candidatura Aécio

Por Raymundo Costa, do Valor Econômico

O presidenciável tucano Aécio Neves tem um Plano B, para o caso de não concorrer à Presidência: disputar o governo de Minas Gerais, pois Antonio Anastasia não tem mais direito à reeleição e o grupo hoje no poder não vê outra opção para vencer em 2014. O Plano B de Aécio é a cada dia um Plano B+, que pode se transformar em Plano A, sobretudo se Luiz Inácio Lula da Silva for o candidato do PT à sucessão de Dilma Rousseff. De certa forma, Aécio tem frustrado as expectativas que os tucanos depositavam na sua liderança para voltar ao poder daqui a quatro anos.

A perspectiva de poder, às vezes, é mais forte que o poder em si. Se não esperava tanto de Aécio, o PSDB, após as eleições de 2010, contava ao menos que o ex-governador de Minas, a esta altura, já tivesse se firmado como alternativa incontestável a Dilma, Lula e ao PT. Mas paira no ninho uma reversão de expectativas - real e que ainda pode ser contida, mas que deixa perplexo o partido.

A atuação de Aécio, em cinco meses de Senado, é talvez o melhor exemplo do anticlímax. Demorou a falar. Quando subiu à tribuna, pronunciou um discurso vazio. Evidentemente, com a fama que o precedia, foi prestigiado com um plenário cheio e muitos apartes. Mas de concreto sobraram apenas os elogios dos governistas - que o proclamaram líder da oposição e o candidato presidencial do PSDB em 2014 -, e a sensação dos oposicionistas de que Aécio não se preparou para se apresentar como uma opção aos 12 anos de governo que o PT estará por completar nas próximas eleições presidenciais.

Tucanos começam a ter dúvidas sobre candidato em 2014

Faltaram, ao discurso, brilho intelectual e uma visão de Brasil como tinha, por exemplo, o avô do senador, o presidente Tancredo Neves, morto antes de tomar posse no cargo, em 1985. Mesmo alguns improvisos de Tancredo tinham estilo e conteúdo. Se falta um projeto e uma ação legislativa mais firme, qual será a arma de Aécio em 2014? A simpatia, a média com os companheiros, o chamado estilo mineiro de fazer política?

No Senado, Aécio se destacou por duas proposições: a emenda à Lei de Diretrizes Orçamentárias para o governo incluir no Orçamento Geral da União as emissões do Tesouro para o BNDES, algo hoje em torno dos R$ 240 bilhões, e um projeto de mudanças radicais no processo de edição de medidas provisórias.

A emenda para tornar mais transparentes as emissões do Tesouro passou no Congresso, teve sucesso de parte da crítica especializada, mas foi impiedosamente vetada pela presidente Dilma Rousseff nos seguintes termos: "A inclusão de todas as emissões na peça orçamentária representaria uma sinalização prévia de emissões estratégicas a serem feitas pelo Tesouro Nacional ao longo de cada exercício, possibilitando aos agentes econômicos anteciparem seus movimentos no mercado de títulos públicos, com impactos e riscos à gestão da dívida pública federal". Só faltou chamar Aécio de ingênuo.

No caso das medidas provisórias Aécio tomou carona na onda de protestos dos senadores pelo pouco tempo de que dispõem para analisar as MPs, depois que elas são aprovadas na Câmara - houve casos já de a Câmara aprovar um texto pela manhã e o Senado ser obrigado a referendá-lo à tarde, para não perder prazos regimentais. O ambiente era tão ruim que o próprio presidente do Senado, José Sarney, tomou a iniciativa de apresentar um projeto regulamentando a tramitação e a emissão de MPs.

Aécio percebeu na situação uma oportunidade e apresentou um projeto bem mais ousado que, entre outras coisas, previa a criação da uma supercomissão para analisar a admissibilidade das MPs enviadas pelo Executivo ao Congresso. Prevaleceu o projeto de Sarney, que atendia o principal: a garantia de que os senadores terão mais tempo para estudar as medidas (80 dias, a Câmara, 30, o Senado e mais dez a Câmara, se os senadores fizerem mudanças no texto dos deputados). Relator do acordo que permitiu a aprovação do projeto, Aécio pode posar de pai da mudança do processo atual, resultado de uma mudança feita quando o senador, então deputado, presidia a Câmara.

Politicamente, Aécio mantém uma relação amena com o governo. Para os governadores do PSDB, "função de governador não é fazer oposição", como fizeram questão de deixar bem claro já em duas reuniões. Mas também ficou claro que essa seria a tarefa das bancadas. A elas caberia realçar as diferenças entre os projetos do PSDB e do PT. Em sua maioria, senadores e deputados gostariam de ver seu eventual candidato em 2014 com uma postura mais crítica em relação ao governo, principalmente agora com a aproximação das eleições municipais.

Na prática, a aproximação de Aécio do governo Dilma parece a muitos tucanos mais um capítulo da guerra com José Serra. Uma estratégia destinada a identificar Serra como oposição radical, enquanto mantém abertos os canais administrativos com o governo federal. O discurso replicado em Minas é de que "todos os problemas do Estado são de responsabilidade do governo federal". Belo Horizonte, diga-se, é a única grande capital brasileira que não tem um metro de linha de metrô (tem um trem de subúrbio que é chamado de metrô).

Apesar das dificuldades políticas do semestre de Dilma, o PSDB é o mesmo partido dividido que perdeu as três últimas eleições para o PT. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi o único até agora a apresentar um comando conceitual para a sigla, mas não foi ouvido e até mesmo criticado. A cúpula tucana ridicularizou um documento em que Serra tentou alinhavar algumas ideias para a discussão. FHC aceita feliz o reconhecimento de Dilma pois acha que passou a ser detestado pela maioria da população por causa de Lula e do PT. A campanha deixou sequela na relação de Serra com Dilma, que já foi melhor.

Agora, há quem lembre que em 2002 Aécio hesitou em sair candidato ao governo de Minas. É menor a figura do messias tucano. O pior é que começa a crescer no PSDB a sensação de que Aécio teme o enfrentamento com Lula, mesmo que seja para acumular capital para 2018. Na cúpula tucana já se avalia que candidatura presidencial de Aécio precisa de um bom "choque de gestão". Ou Serra pode outra vez "fazer acontecer".

Raymundo Costa é repórter especial de Política, em Brasília
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O avanço de Dilma no reduto tucano

Da Coluna de Maria Inês Nassif, do Valor Econômico

O avanço de Dilma Rousseff, a candidata do PT à Presidência, no reduto tucano paulista, é um dado muito delicado para o grupo de José Serra dentro do PSDB. O partido nacional não se sairá bem das eleições de outubro, mas o tucanato paulista estará em maus lençóis mesmo que ganhe as eleições para o governo do estado.

Em São Paulo, a candidata do PT já tem votos para suplantar seu adversário tucano. Isso significa que Dilma conseguiu furar o bloqueio de uma forte rejeição petista no estado, que tem garantido eleições sucessivas de candidatos do PSDB ou apoiados pelos tucanos, no momento em que as lideranças nacionais do PSDB paulista declinam. Para o PT, este é um acontecimento.

Mário Covas, que foi o grande articulador da criação do partido e o único elemento agregador desse núcleo original do PSDB, faleceu em 2001. Fernando Henrique Cardoso foi eleito presidente duas vezes na onda do Plano Real e de uma ideia genérica de “Brasil moderno” trazido pela hegemonia liberal, do qual acabou se tornando o grande artífice no país, com a inestimável ajuda do eleitorado conservador paulista, dos votos conservadores da região Sul e dos grotões sob a influência do PFL no Nordeste e no Norte. Saiu do governo desgastado por sucessivas crises econômicas e não assumiu qualquer papel de liderança interna. Se as pesquisas se confirmarem, José Serra perderá, já no primeiro turno, para Dilma Rousseff.

Sem líderes, PSDB ficará muito parecido com PMDB

O grupo serrista tinha forte influência sobre o partido nacional e assumiu as rédeas do PSDB estadual, até então sob a órbita de influência do herdeiro de Covas, Geraldo Alckmin, um político de prestígio regional, mas afeito à política tradicional de alianças com chefes políticos locais. A máquina tucana no estado foi montada por Alckmin; o chefe da Casa Civil de Serra, Aloysio Nunes, trabalhou muito para cooptá-la. O fato, no entanto, é que Alckmin ainda tem mais votos no estado do que Serra.

Houve, portanto, um movimento claro do governador José Serra para assumir a liderança regional do partido, ao mesmo tempo em que mantinha forte influência sobre o partido nacional, apesar de emersões episódicas do governador de Minas, Aécio Neves.

Enquanto tinha o governo estadual e era tido como o preferido nas eleições presidenciais, o candidato tucano a presidente se manteve no controle das duas máquinas partidárias — a paulista e a nacional.

Se perder a eleição, Serra acumulará duas derrotas nas eleições presidenciais — foi candidato em 2002 e perdeu para Lula; é candidato em 2010 e pode perder para a candidata de Lula, num partido que depende desesperadamente de uma vitória para manter o nariz para fora da água. Está sendo cristianizado pelos candidatos tucanos ao governo e ao Senado quase no país inteiro. Dificilmente conseguirá se manter como liderança nacional sem cargo político e sem aliados internos de peso.

Além disso, apesar das aparências, manteve-se em rota de colisão constante com o DEM. Uma estratégia de articulação oposicionista, no caso de vitória de Dilma Rousseff, tem poucas chances de ter o ex-governador como elemento de coesão — interna ou com aliados.

Por força do seu estilo, e das disputas locais, o candidato a governador tucano no estado, Geraldo Alckmin, jamais alçou voos nacionais. Não se pode dizer que os grupos de Serra e de FHC tenham facilitado a vida de Alckmin, mesmo quando ele foi candidato à Presidência, em 2006. Alckmin entra pela porta da sala na política estadual; tem acesso apenas à porta da cozinha na política nacional. Se vencer a eleição, ele deterá o controle da maior parcela de um PSDB em crise. É duvidoso que consiga, no entanto, ser convidado para entrar na sala de visitas da cúpula nacional.

O PSDB, que sempre sobreviveu como partido de quadros, está com severos problemas — de quadros. Ao longo de sua existência, o partido se manteve em torno de personalidades que se desgastaram politicamente com o passar dos anos, ou estão velhas, ou morreram. A exceção é o governador Aécio Neves, uma geração abaixo da do grupo original e que, por manobras de Serra ou por esperteza, guardou-se do desgaste que o embate com um governo altamente popular traria e retirou a sua pré-candidatura a presidente da República.

São Paulo deve ainda contribuir fortemente para a bancada federal do PSDB, mas, sem líderes que sustentem essa hegemonia, o partido deve ficar muito parecido com o PMDB: cada um cuida de seus interesses eleitorais e todos brigam pelo controle regional porque isso facilita o trânsito de suas necessidades imediatas. Se Aécio não assumir o papel de líder nacional, já que chegará ao Senado com uma votação avassaladora, o PSDB estará condenado a ser uma federação de partidos regionais, a exemplo da legenda de Michel Temer.

Para o diretor da Sensus, Ricardo Guedes, a eleição foi definida, em favor de Dilma, no momento em que Serra alcançou 40% de rejeição. Do penúltimo CNT/Sensus, coletado de 31 de junho a 2 de agosto, para o último, feito de 20 a 22 de agosto, Serra passou de cerca de 30% de rejeição para 40%. Isso torna qualquer candidatura inviável, segundo Guedes.

Para Marcos Coimbra, do Instituto Vox Populi, Dilma tem grandes chances de vencer no primeiro turno porque o período de propaganda eleitoral gratuita tem sido absolutamente eficiente no trabalho de associação entre ela e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A campanha no rádio e na televisão tem servido mais como informação a um eleitor pré-disposto a votar na continuidade do que propriamente como instrumento de captação de votos.

Conforme se torna conhecida como a candidata de Lula, Dilma consolida posição. A rejeição a Serra, na opinião de Coimbra, é grande, mas decorrência da definição de voto por Dilma. Por essa razão, Coimbra duvida da eficiência da campanha negativa de Serra.

Maria Inês Nassif escreve todas as quinta-feiras.
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Pimentel foi traído por Aécio?

Guilherme Evelin, do Blog Boca de Urna da Revista Época


Quem corre o risco de terminar as eleições como um dos grandes derrotados nas urnas, por uma dessas ironias da política, é justamente um dos grandes amigos da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, favorita para conquistar o Palácio do Planalto. O amigo é o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (foto ao lado), que aparecia, no começo da campanha eleitoral, como cotadíssimo para ser um dos homens fortes de um eventual governo Dilma. Os dois têm uma ligação histórica, que remonta ao final da década de 60, quando ambos foram militantes do Colina, grupo da luta armada contra a ditadura militar.

No começo da campanha eleitoral, Pimentel foi escalado para ser um coordenadores da campanha presidencial do PT, onde ele atuaria como uma espécie de porta-voz de Dilma. Uma série de erros cometidos, desde então, diminuíram a sua influência, com possíveis consequencias no papel que ele poderá vir a exercer em um governo Dilma. O primeiro foi o envolvimento na trapalhada da montagem de um “setor de inteligência” da campanha de Dilma, com o objetivo de montar dossiês contra os adversários e fazer contra-espionagem. Pimentel foi o responsável pela indicação do jornalista Luiz Lanzetta, que estava à frente das negociações com um grupo de arapongas para a criação do tal “setor de inteligência”, desmontado depois de descoberto.

O segundo erro de Pimentel foi insistir, até o último momento, na sua candidatura ao governo de Minas Gerais, apostando que a aliança do PT com o PMDB em torno da candidatura do ex-ministro Hélio Costa não iria adiante. Pimentel esticou a corda e acabou irritando o presidente Lula, grande avalista da coligação dos dois partidos. Ao dar prioridade a Minas Gerais, Pimentel perdeu espaço também para o ex-ministro e deputado Antonio Palocci, que virou o principal interlocutor de Dilma na coordenação de campanha.

Muitos petistas mineiros avaliam, porém, que o grande erro de Pimentel pode ter sido ter confiado em demasia na relação construída com o tucano Aécio Neves (foto ao lado), quando um era prefeito de Belo Horizonte e o outro governava Minas Gerais e ambos propagavam um discurso de união de PT e PSDB e de superação das rivalidades entre os dois partidos. Em nome da conciliação de petistas e tucanos, Pimentel fez o PT abrir mão, em 2008, de uma candidatura própria à prefeitura de Belo Horizonte e abraçar a candidatura de Márcio Lacerda, o atual prefeito, filiado ao PSB e ex-secretário de Aécio. Com esse gesto, Pimentel angariou a antipatia de uma larga fatia do PT mineiro, que o acusa de entregar de mão beijada a prefeitura para adversários históricos.

Ao se lançar candidato ao Senado, Pimentel estava esperando, talvez, um gesto de retribuição de Aécio – como um acordo branco que facilitasse a sua eleição para uma das duas vagas em disputa. O gesto não veio. Além de se lançar na disputa, Aécio patrocinou também a candidatura ao Senado do ex-presidente Itamar Franco, pelo PPS. Esta semana, uma pesquisa do Ibope mostrou que Pimentel dificilmente conseguirá se eleger senador. A pouco mais de um mês das eleições, a pesquisa dá a Aécio 69% das intenções de voto, a Itamar 43%, e a Pimentel 19%.

Uma derrota na eleição para o Senado poderá minar a influência de Pimentel em um governo de Dilma, a despeito da amizade que os une. Eleito senador, Pimentel poderia mais facilmente assumir um ministério de primeira linha. Derrotado, sua nomeação será vista como uma compensação política, e o mais provável será um cargo de escalão médio.

Em Minas, diz-se que Aécio não quis facilitar a eleição de Pimentel por temer o fortalecimento de um possível adversário no futuro. No PT, os adversários internos de Pimentel se regozijam com as suas dificuldades. Nos bastidores, o ex-prefeito reclama de um certo abandono pela campanha nacional e da atitude de Aécio. Nas avaliações feitas por Pimentel, se Aécio tivesse facilitado sua eleição, a vida do candidato do PSDB ao governo de Minas, Antonio Anastasia, que disputa a reeleição, também poderia estar mais fácil, porque haveria retribuição por parte de seus seguidores.

Segundo a última pesquisa Ibope, embora tenha encurtado a distância em relação a Hélio Costa, Anastasia ainda aparece 11 pontos atrás do oponente.Na semana passada, em Brasília, um jantar organizado pelo deputado Fábio Ramalho (PV-MG) tentou articular uma manobra capaz, em tese, de facilitar tanto a vida de Pimentel quanto a Anastasia: a transformação de Itamar em candidato a vice-governador na chapa de Anastasia, com a sua retirada do páreo do Senado. Pareceu, a essa altura do campeonato, uma tentativa um tanto desesperada de remendar os cacos da relação “Pimentécio” para que ela não termine nas urnas como um abraço de afogados.
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Minas: Diminui a vantagem de Hélio Costa (PMDB)

A primeira pesquisa IBOPE após o horário eleitoral em Minas Gerais apontou queda na vantagem de Hélio Costa (PMDB) contra o tucano Antônio Anastasia (PSDB). A diferença caiu de 18% para 11%. O peemedebista mantém a liderança com 38%, contra 27% do candidato tucano. Na pesquisa anterior, Hélio Costa tinha 39% (menos 1%) e Anastasia aparecia com 21% (mais 6%). 

Em Minas, as eleições são de continuidade, tanto no plano federal quanto estadual. Os governos de Lula e de Aécio Neves obtêm altos índices de aprovação no Estado, o que favorece a continuidade. Essa é a principal explicação para a subida de Dilma Rousself (PT) nas pequisas em Minas Gerais, ultrapassando José Serra (PSDB). Nesse sentido, era apenas uma questão de tempo a subida de Anastasia após o início do horário eleitoral. Afinal, o candidato tucano possui como principal cabo eleitoral justamente Aécio Neves, com seus altos índices de aprovação. 

A pergunta a ser respondida é se Anastasia conseguirá levar a eleição para o segundo turno, tendo em vista que os demais candidatos são inexpressivos. Caso se configure segundo turno, Anastasia entraria com franco favorito, podendo derrotar dois ex-ministros de Lula (Hélio e Patrus). 

Na disputa para o Senado, Aécio lidera com folga com 69% (contra 70% da última pesquisa). O segundo colocado, o ex-presidente e ex-governador Itamar Franco (PPS) subiu 4 pontos e atingiu 43%. Já o petista Fernando Pimentel teve leve alta, de 18% para 19%, mas ainda distante do segundo. A eleição de Pimentel está cada vez mais difícil, desenhando um quadro que pode dar tripla vitória para Aécio: sua própria eleição, o governo estadual e a eleição de Itamar. 

Em verdade, a coligação formada em Minas favorecia o Dilmasia, não a eleição estadual. O PT tinha os dois melhores candidatos para interromper o ciclo tucano no Estado (Patrus e Pimentel), mas como não houve entendimento, a eleição caiu no colo do PMDB de Hélio Costa. O problema é seu alto índice de rejeição, além da grande volatilidade verificada nas suas intenções de voto. 

Considerando a aliança PMDB-PT, como ocorreu, o melhor candidato ao Senado era o vice-presidente José de Alencar (PRB), atualmente o político mais popular de Minas depois de Lula e Aécio Neves. Com Alencar na disputa, dificilmente Itamar encararia o pleito, e mesmo que fosse candidato, dificilmente seria eleito. Assim, o futuro governo Dilma, caso seja confirmado nas urnas, teria um senador de oposição a menos. 

A presença de Alencar na chapa reforçaria enormemente a campanha da dupla Hélio-Patrus. Pimentel, por outro lado, puxaria votos para a Câmara Federal, ajudando a eleger uma grande bancada do PT e aliados (em Pernambuco, o popularíssimo ex-prefeito de Recife, João Paulo, desempenhará o papel de puxador de votos para o PT). 

Resta saber se o vice-presidente aceitaria a incumbência de candidatar ao Senado ou simplesmente foi alijado do processo eleitoral mineiro em virtude das ambições políticas de Pimentel. Pelo trator imposto ao PT mineiro pelo grupo de Pimentel, a segunda opção é mais provável. Sobrou voluntarismo e faltou cálculo político.
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Enquanto Anastasia bate-boca com Patrus, Hélio Costa surfa no lulécio

Em Minas Gerais, Hélio Costa, candidato do PMDB ao governo, elogia Aécio buscando colar sua imagem no Lulécio (Lula e Aécio), além da candidata do PT à presidência, Dilma Rousself. Patrus Ananias (PT), o vice, é quem comanda o ataque ao descaso do governo tucano de Aécio Neves com a área social, principalmente saúde e educação. 

O candidato do PSDB, Antônio Anastasia, escolhido a dedo por Aécio, bate-boca com Patrus, contestando as declarações do ex-ministro de Lula, responsável pelo sucesso do maior programa social dos últimos tempos, o Bolsa Família. 

Em verdade, o candidato do PSDB nem defende o governo Aécio. Apenas busca dividir a conta do descaso do aecismo nessa área com o governo Lula, que tem aprovação de 80% dos mineiros. Ou seja, o governo Aécio foi negligente na área social e a culpa disso é o governo Lula. O candidato do PSDB foge das responsabilidades do Estado que pretende governar. 

Pior, o candidato do PSDB colocou toda a culpa dos problemas da saúde na tabela de procedimentos médicos. Para o tucano, melhorar a saúde é colocar mais dinheiro nas mãos dos empresários da saúde, ou seja, donos de hospitais privados. Nada de investir na prevenção, na descentralização do atendimento à saúde, urgência e emergência, UTIs, clínicas de especialidades, etc. O candidato faz uma confusão danada entre melhoria da saúde para o usuário (i.e., a população) com o aumento dos lucros privados na saúde. 

Enquanto Anastasia se perde no bate-boca com Patrus, Hélio Costa surfa no lulécio.
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Alencar aceita ser vice de Patrus em Minas

Na solenidade ocorrida no PT mineiro de homenagem do vice-presidente José Alencar (PRB) como “militante honorário” da legenda, o vice manifestou simpatia em ter como parceiro de palanque o ministro Patrus Ananias (PT). Alencar declarou que “ao lado de Patrus, como seu vice, eu toparia qualquer coisa”. Antes disso, o próprio Patrus teria dito: “Por onde você for, mestre, quero ser seu par”.

Uma chapa Patrus-Alencar, com Hélio Costa (PMDB) para o Senado, seria o melhor palanque para a candidata Dilma em Minas Gerais. O grupo ligado ao ex-prefeito Fernando Pimentel não ficará satisfeita, mas suas atitudes não desagradaram apenas parte substancial do PT, mas também a maioria dos aliados do governo federal no Estado. É preciso unificar a base, e a dupla Patrus-Alencar, ou vice-versa, é que mais agrega e unifica o palanque de Dilma em Minas.

É fato que o PMDB gostaria de ocupar a cabeça de chapa, com Hélio Costa, mas é Patrus e Alencar os postulantes que mais agregam. Candidatura não pode ser apenas vontade pessoal, mas capacidade de somar alianças com diversos setores da sociedade e amplo leque de partidos. É nisso que Pimentel e Hélio Costa esbarram. É importante que o candidato seja escolhido, pois a candidatura do Partido da Liberdade, ou seja, de Aécio Neves (PSDB), o vice Antônio Anastasia (PSDB), já está na rua.

Ressalte-se, ainda, o potencial de crescimento da candidatura de Patrus Ananias. Por ser o ministro responsável pelo programa de maior sucesso do governo Lula, o Bolsa Família, Patrus apresenta uma candidatura com elevada capacidade de crescimento. Em pesquisa recente, quando associado ao Bolsa Família, Patrus obtém crescimento de 136% nas intenções de voto. Tendo como vice uma figura da grandeza de José Alencar (PRB), além do apoio do PMDB, essa candidatura tem força para representar em Minas um projeto de mudança.
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Aécio Neves: o novo bilionário

Sem renda oficial suficiente, Aécio compra, por R$ 12 milhões, apartamento que pertenceu a seu avô Tancredo

Do Sítio do Novo Jornal, publicado dia 17 de agosto de 2009.

Ex-assessor de Tancredo se assusta ao folhear relatório sobre o crescimento patrimonial do atual governador de Minas Gerais e afirma: “Quem diria, aquele jovem vindo do Rio de Janeiro, após a eleição de seu avô ao governo de Minas em 1982, trazendo em sua mochila bermudas e camisetas. Seu primeiro terno foi comprado pronto na Mesbla, com recursos de seu avô”.

Esta realidade assusta não só aos ex-assessores de Tancredo, mas a todos que conhecem a história de Aécio Neves.

Jamais exerceu qualquer atividade empresarial, comercial ou industrial. Desde 1983 exerceu apenas cargo público, ou seja, recebeu salário, primeiro no governo de Minas como assessor de seu avô, depois diretor de loterias na Caixa Econômica Federal e deputado federal por quatro mandatos, até ser governador de Minas.

Em 2006, após seu primeiro mandato de governador, seu patrimônio já gerava desconfiança. Porém, o crescimento após 2006 ultrapassa qualquer explicação. A não ser que o governador tenha ganhado três prêmios acumulados da mega-sena sozinho.

Aécio Neves, então candidato a governador de Minas em 2006, declarou ao TRE/MG um patrimônio total de R$ 831.800,53. Apenas três anos depois de eleito para o segundo mandato, o governador mineiro, apenas em uma aquisição, conseguiu ampliar 50 vezes seu patrimônio imobiliário, adquirindo a participação de todos os herdeiros de seu avô Tancredo no luxuoso apartamento situado em Copacabana, na cidade do Rio de Janeiro. O total pago foi de R$ 12 milhões, à vista.

Há um farto folclore sobre a suposta vocação dos mineiros para serem econômicos e demonstrarem conservadorismo na administração do dinheiro. É bastante provável que a fama seja inteiramente injusta, mas a declaração de bens do governador de Minas bem que dá asas à idéia de que, “uai, tem mineiro guardando dinheiro no colchão, sô”.

O economista Aécio Neves, 49 anos, informou à Justiça Eleitoral em 2006 que possuía em espécie R$ 150 mil. Declarou ainda um apartamento na cobiçadíssima Avenida Epitácio Pessoa, no bairro carioca de Ipanema, que apareceu na declaração de bens de Aécio com o preço de R$ 109,55 mil.

Ele não discrimina o número de dormitórios que tem o imóvel, mas uma rápida pesquisa em classificados de jornal mostra que o dinheiro é pouco até mesmo para comprar um “quarto/sala” por ali. O fato pode ter a ver com um hábito dos políticos. Eles costumam utilizar nas informações prestadas à Justiça Eleitoral os valores dos imóveis constantes das declarações de Imposto de Renda.

Nessas, o contribuinte é impedido de atualizar o valor do bem à luz dos preços de mercado porque o esfomeado Leão quer aumentar ao máximo a possibilidade de morder ganhos de capital elevados, aumentando artificialmente o lucro obtido pela eventual venda do imóvel. Em tese, à Justiça Eleitoral, o candidato deveria informar o valor real do bem.

Além do apartamento de seu avô, outros imóveis foram adquiridos no litoral, principalmente em Angra dos Reis. Em Angra, o preço dos imóveis ultrapassa o valor pago no apartamento de seu avô.

Até mesmo dois imóveis no exterior seriam de propriedade do governador mineiro. A maioria dos imóveis encontra-se registrado em nome de empresas, desta forma, o nome do governador não aparece.

No contrato social também consta como sócia outra pessoa jurídica, uma empresa de “participação”. Entretanto, a maior parte do patrimônio do governador de Minas está em nome de empresas registradas em paraísos fiscais e em fundos internacionais, como ficou provado na investigação realizada pela Polícia Federal nos fundos administrados pelo Banco Opportunity, de Daniel Dantas.

Nestas investigações, diversas remessas realizadas desde 2003 por doleiros da Construtora Andrade Gutierrez e Camargo Correia foram identificadas como sendo para Aécio. Estes dados já se encontram em poder do Ministério Público e Receita Federal.

Evidente que o governador mineiro encontra-se no grupo de brasileiros que estão “acima da lei”, a exemplo do senador José Sarney. Desta maneira, membros da Receita Federal entendem que dificilmente ele será punido.

Na verdade, após a redemocratização do País, estes “senhores” organizaram o novo cenário de poder no Executivo, Legislativo e Judiciário. As Cortes superiores de Justiça têm quase a totalidade de sua composição por indicação do presidente da República.

“De 1985 até hoje, no STJ e STF já se renovou desta forma uma aliança entre Sarney, Collor, Fernando Henrique, Itamar e Lula representa uma ameaça para independência e estabilidade do sistema judicial”, afirma um ex-ministro do Supremo Tribunal Federal.

Políticos próximos de Lula informam que a recente posição de Aécio e de seu “escudeiro” Itamar Franco contra o Governo Federal é em retaliação às investigações feitas pela Receita Federal.

Senador do PSOL espera a presença da ex-secretária da Receita Federal, Lina Vieira, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado para indagar a respeito da pressão feita por Dilma Rousself em relação à investigação de Aécio.

Outra questão que está sendo apurada é a participação do governador junto com o deputado Nárcio Rodrigues (PSDB) e o presidente da Assembleia Legislativa mineira, deputado Alberto Pinto Coelho (PP), no mineroduto de 525 km de extensão para transportar o minério de ferro do sistema Minas-Rio, saindo de Conceição de Mato Dentro (MG) e chegando ao Porto de Açu, no Rio de Janeiro.

Obra que inclusive está para ser suspensa pelo Ministério Público Federal por irregularidades.

A participação do governador mineiro no setor elétrico seria também através de uma empresa. No inquérito, assusta a omissão da Codemig em relação aos pedidos da empresa de Daniel Dantas para pesquisa e exploração de jazidas minerais que pertencem à empresa mineira.

As investigações comprovam ainda que a diferença entre o valor declarado como da venda de nióbio de Araxá e o realmente recebido no exterior é escandaloso e estaria sendo administrado por um fundo pertencente ao Unibanco no exterior, que, por sua vez, vem aportando recursos no fundo que coincidentemente Aécio tem cotas.

Embora publicamente demonstre pouca amizade, Aécio é amigo desde a infância do proprietário do Unibanco, pois no mesmo prédio (apartamento adquirido por Aécio recentemente) sempre morou Walther Moreira Salles e seu avô Tancredo Neves.

Um dos procuradores da República encarregados das apurações foi procurado e nada quis afirmar, apenas advertiu ao Novojornal: “Relatar a totalidade do patrimônio de Aécio Neves antes da apresentação da denúncia seria trazer descrédito para o caso”.

O procurador tem razão, o crescimento patrimonial de Aécio realmente assustará, principalmente aos mineiros. Embora o enriquecimento de governadores de Minas Gerais após o término do período militar tornou-se natural.

Basta ver o patrimônio de Hélio Garcia e Newton Cardoso. Pouco visível fica o patrimônio de Itamar e Azeredo, que sempre utilizaram “intermediários” para tratar desses assuntos.

A assessoria de imprensa do governador foi consultada, mas não retornou à reportagem.

Comentário do Blog: Texto reproduzido na íntegra.
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Patrus, PT e plano B

Em face das incertezas de 2010, mais um blog de política apresenta Patrus como plano B do PT.
Apesar de todos do governo afirmarem e reafirmarem a ministra Dilma Rousseff como candidata do Partido dos Trabalhadores ao Palácio do Planalto, e que sua saúde, apesar do câncer, está intacta e pronta para a disputa eleitoral, o PT já dá sinais de possuir sim um Plano B.
Nítida expressão desse plano é a propaganda televisiva, onde aparecem nessa ordem, as seguintes personalidades: o ministro da fazenda, Guido Mantega; o ministro de Desenvolvimento Social, Patrus Ananias; e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Muito inteligente, mas, não surpreendente, vindo de um partido que tem o Presidente da República, e assim, não se negligenciaria em não ter um bom estrategista e marqueteiro.
Apresentar Guido Mantega na abertura do programa reafirma a capacidade do PT de gerenciar a economia, alcançando bons resultados e afastando de uma vez por todas a idéia que antecedeu o primeiro mandato de Lula, de que o Partido dos Trabalhadores daria o calote nos fundos financeiros internacionais.
Logo após Mantega, aparece Patrus Ananias, uma cartada certeira, que também tem o seu propósito: aparecer logo depois do conforto de que a economia está fortalecida, ressalta que as Políticas Sociais do Governo Lula, comandadas pelo Ministro, podem coexistir num cenário econômico de responsabilidade, demonstrando que, melhorar a divisão de renda no país e dar atenção aos mais necessitados, não compromete a estabilidade do sistema financeiro, muito pelo contrário, injeta moeda no mercado, revigorando-o. Estar no meio, também significa que as Políticas Sociais é o cerne, o centro das atenções do Governo Petista. Dilma Rousseff aparece em terceiro lugar, e retorna ao final da propaganda, visto que, ainda é o Plano A do Presidente Lula.
Porém não foi desproposital Patrus ser incluído nessa propaganda, vejamos: o Ministro comanda a Pasta (ministério) carro chefe das administrações petista, as Políticas Sociais, é a pasta que chega a mesa do cidadão faminto, que coloca a criança na escola. E que garante segundo eles, um mínimo de dignidade à família. Além disso, Patrus já foi prefeito da cidade de Belo Horizonte, cidade estratégica para anular o poderio do Governador Aécio Neves. No mesmo sentido, Patrus, é entre as possibilidades dos petistas, aquele que já tem uma densidade eleitoral bastante considerável, visto sua votação em Minas, e, a reboque, encarna a figura do militante histórico, capaz de agregar os intelectuais, mas também, aqueles que saem às ruas, inflamados de emoção e com muito orgulho, exibem a estrela petista no lado esquerdo do peito. É importante lembrar que, caso o candidato seja Patrus, o grande imbróglio em Minas fica resolvido, visto que o caminho ficará aberto para Fernando Pimentel se candidatar ao Palácio da Liberdade. Nesse cenário, estariam no mesmo palanque, em Minas Gerais, Patrus e Pimentel, única aliança capaz de fazer frente a força do Governador Aécio Neves.
Portanto, a aparição de Patrus Ananias em Rede Nacional, ao lado do Ministro da Fazenda e da guerreira Dilma Rousseff, o credencia como o Plano “B” dos petistas. Caso a ministra não apresente condições de disputar o pleito em 2010, não tenham dúvidas que Lula lançará seu coordenador do Bolsa Família para a disputa, e a militância petista mineira, tamanha a identificação que tem com Ministro, fará campanha dia e noite, na certeza de que um Verdadeiro Petista dará continuidade ao “Governo do Povo”.
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Ministro culpa Pimentel por eventual racha entre PT e PMDB

Segundo Hélio Costa, se petistas ligados ao ex-prefeito de BH rejeitarem coligação, peemedebistas farão aliança com PSDB

Ezequiel Fagundes, do Jornal O Tempo

O ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), elevou o tom das críticas contra o ex-prefeito de Belo Horizonte, o petista Fernando Pimentel, que recentemente condenou a antecipação do debate eleitoral e a aproximação entre PMDB e o PT para a formação de chapa visando o governo de Minas. Costa lembrou que o PMDB é o maior partido do país e transferiu toda a responsabilidade para Pimentel caso não consiga costurar uma aliança com o PT para o Palácio da Liberdade.

Segundo Costa, se parte do PT ligada a Pimentel não quiser fazer aliança com o PMDB mineiro, como defende o ministro de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, e o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci, os peemedebistas vão marchar juntos com o PSDB.

"Se o ex-prefeito Fernando Pimentel não entende que esse é o momento para viabilizar alianças que fique na sua responsabilidade a possibilidade de o PMDB fazer uma aliança com outros partidos. O PMDB hoje está numa posição muito especial. Temos uma ótima relação com o PT? Sim. Mas o PMDB também tem uma ótima relação com o governador Aécio Neves e nada nos impediria de fazer uma aliança com o grupo do governador", avisou o cacique peemedebista.

Costa voltou a dizer que está conversando frequentemente com os ministros Patrus Ananias e Luiz Dulci sobre formação de chapas para o governo estadual. Nos bastidores, especula-se que Costa pode abrir mão de sua candidatura ao governo para compor com Patrus. Segundo ele, os entendimentos estão sendo feitos com o aval da direção estadual e nacional do PT, com a chancela do vice-presidente da República, José Alencar (PRB).

"A gente tem sempre que colocar em primeiro lugar os interesses do Estado de Minas Gerais. Por isso que digo que eu não seria uma dificuldade, um empecilho, para fazer uma aliança visando defender os interesses nacionais e estaduais. Essa é também a opinião dos ministros Patrus e Luiz Dulci", afirmou.

Ao contrário do que pensa Pimentel, Costa disse que é o momento adequado para discutir alianças partidárias. "Nós entendemos que é absolutamente importante que se comece trabalhar imediatamente uma grande aliança, pensando sempre nas candidaturas para presidente e ao governo. Agora os projetos pessoais, as vezes, atrapalham os planos nacional e estadual", argumentou.

Comentário do blogueiro: Primeiro, o ex-prefeito Fernando Pimentel ao lado do deputado Virgílio Guimarães, entre outros, provocaram um racha inédito no PT mineiro. Como se sabe, a melhor forma de derrotar um partido é acirrar a divisão interna. Depois, eles buscam provocar divisão na base de apoio do governo Lula no Estado. A lambança em Belo Horizonte tinha desdobramentos nacionais tímidos, a maior importância era local mesmo. Todavia, se os petistas ligados a Pimentel provocarem outra lambança na costura de alianças para 2010 em Minas, os desdobramentos nacionais serão bem mais significativos. O PMDB mineiro tem uma situação confortável. Pode construir com Patrus um forte candidatura ao governo estadual. Ou pode simplesmente ir para os braços de Aécio, contribuindo inclusive para uma provável candidatura de José Serra. Perde o PT em Minas, e perde a candidatura Dilma também. Minas é decisivo para a candidata do PT. Caso o partido faça opção para o projeto personalista de Pimentel, depois não poderá ficar lamentando eventuais consequências da escolha. 

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Acordo entre Patrus e Hélio Costa unificaria a base do governo Lula em Minas Gerais

Os ministros Patrus Ananias e Hélio Costa dão passos em direção a um acordo que unificaria boa parte da base de sustentação do governo Lula no Estado. Além dos maiores partidos, PT e PMDB, o acordo contaria com o apoio do PC do B, de Jô Morais, e do vice-presidente José Alencar, do PRB. O ministro Patrus mostrou disposição de procurar outras legendas como o PDT, o PSB e o PV. Também não está descartada a participação do PTB e outras legendas. Dificilmente conseguirá reunir todas as legendas, principalmente porque algumas têm maior proximidade com o governo Aécio. Todavia, boa parcela da base do governo Lula poderá estar presente no mesmo palanque do Estado, o que reforça a candidatura para o governo estadual, assim como da ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousself à presidência.

No PT, uma ala do partido continua a apostar no divisionismo como estratégia de obter a hegemonia dentro do partido. Os aliados do ex-prefeito Fernando Pimentel trabalham para afastar o PT do PMDB, do PC do B e do PRB, o que reforçaria a divisão da base do governo Lula em Minas. Tal estratégia pode até viabilizar a candidatura de Pimentel ao governo do Estado, mas representa elevado risco político na estratégia do partido em Minas, incluindo o sucesso da provável candidatura de Dilma dentro do Estado. Além disso, fortalece o campo adversário, do atual governador Aécio Neves. Apesar de não ter candidato forte ao governo do Estado, Aécio certamente se beneficiária de uma eventual divisão no campo lulista.

O PT em Minas precisa tomar juízo, deixando de ser mero instrumento de projetos pessoais. Sendo assim, é urgente a construção de uma candidatura unificadora, dotada de representatividade entre os mais diversos segmentos políticos do Estado. Isso é importante não só para ganhar as eleições, mas também para construir um processo de mudança que represente avanços no campo do desenvolvimento econômico, social e ambiental. É aproveitar os avanços de gestão do governo Aécio para seguir em frente ao novo olhar, com prioridade social e ambiental, mas ao mesmo tempo aproveitando as vocações de cada região do Estado para acelerar o desenvolvimento.
O post anterior traz uma reportagem do Estado de Minas sobre o possível acordo entre os ministros do governo Lula.

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Ministros costuram acordo para eleições em Minas

Pré-candidatos ao governo do estado, Patrus Ananias e Hélio Costa defendem unidade entre PT e PMDB, apostando também no entendimento nacional entre as duas legendas

Do Estado de Minas

O ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), e o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias (PT), afinam o discurso da sucessão ao Palácio da Liberdade. Ambos potenciais pré-candidatos, encetam um namoro entre as legendas, estremecido nas eleições municipais do ano passado, quando PT e PSDB se aliaram em torno da aliança que elegeu o socialista Márcio Lacerda prefeito de Belo Horizonte. Dos dois lados há acenos que apontam para conversas políticas que têm o aval do ministro da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci, e do vice-presidente da República, José Alencar Gomes da Silva, além do PCdoB, da deputada federal Jô Moraes. 


“Temos mantido permanente contato”, disse Hélio Costa ao Estado de Minas, ao repercutir as declarações de Patrus Ananias em defesa da unidade entre as legendas no estado. Em Mariana, na Região Central do estado, onde discursou durante a romaria dos trabalhadores, movimentos sociais e da Igreja Católica para comemorar o Dia do Trabalho, Patrus afirmou: “Tenho uma excelente relação com o ministro. Fazemos parte do mesmo governo e estamos conversando sobre a perspectiva de construir uma unidade em Minas”. 

Hélio Costa prosseguiu a sequência de afagos: “Acho que tanto da parte do ministro Patrus quanto da minha, há posicionamento claro de que o PT e o PMDB têm construída uma relação. É preciso aprimorá-la com as campanhas majoritárias para o governo de Minas e para o Senado. Não temos a menor dificuldade de fazer qualquer tratativa com o ministro Patrus”. 

Hélio Costa disse ainda que antes de nomes, ele e Patrus vão discutir um projeto político em defesa dos interesses de Minas. “Estamos conversando sobre um projeto para o estado, sem preocupações pessoais”, afirmou Hélio Costa, sem detalhar os termos da composição. Mesmo considerando a política mineira, de certa forma, “independente” em relação aos acordos nacionais, Hélio Costa sugeriu que o acerto local entre as legendas poderá ser ajudado pela composição nacional. “O PMDB é um aliado confiável do governo Lula. Esperamos caminhar juntos. No plano nacional, diria que nunca esteve tão bem o relacionamento entre PT e PMDB e tão próxima uma aliança”, afirmou Hélio Costa. 

Assim como Hélio Costa, Patrus evitou detalhar as condições de uma aliança entre as duas legendas. Ele também não comentou como se articularia essa aproximação entre o PT e o PMDB com os interesses de Fernando Pimentel, ex-prefeito de Belo Horizonte, que também é pré-candidato ao governo de Minas e, inclusive, já percorre o estado em campanha. “Essa pergunta deve ser feita a ele”, desconversou Patrus. 

Ele afirmou ainda ter dado início à caminhada para a indicação de sua candidatura pelo PT e assinalou estar empenhado em unir no estado as forças que apoiam o presidente Lula. “Queremos essa união para que possamos fazer em Minas, sobretudo no campo social, o que estamos fazendo no governo Lula. Nesse sentido, o PMDB é um partido importante”, afirmou. Patrus pregou a responsabilidade do PT de apresentar um projeto alternativo de desenvolvimento econômico, social e ambiental para o estado, a partir das características de cada região mineira. 

A movimentação e as declarações dos dois ministros são acompanhadas com interesse pela bancada estadual peemedebista. O vice-líder, Vanderlei Miranda (PMDB), diz trabalhar pela dobradinha entre petistas e peemedebistas. “Nosso partido é a principal base de sustentação do governo Lula. Queremos os dois juntos no plano federal e aqui no estado”. Opinião semelhante manifesta o deputado estadual Sávio Souza Cruz (PMDB): “Temos candidatura própria ao Palácio da Liberdade. Hélio Costa é nosso candidato. Mas a relação política com Patrus Ananias é excelente. Desejamos essa aproximação, a unidade com o PT de Patrus, o verdadeiro PT”, disse. 

"Tenho uma excelente relação com o ministro Hélio Costa. Fazemos parte do mesmo governo e estamos conversando sobre a perspectiva de construirmos uma unidade em Minas" 

Patrus Ananias (PT), ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome 

"Há um posicionamento claro de que o PT e o PMDB têm construída uma relação. Estamos conversando sobre um projeto para o estado, sem preocupações pessoais" 

Hélio Costa, ministro da Comunicações

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Fingindo que nada acontece

Bom artigo publicado no Blog do Alon sobre a sucessão do presidente Lula em 2010.
O problema de saúde que atingiu a ministra Dilma Rousseff não parece ter gravidade suficiente para levar o Palácio do Planalto a pensar a sério numa alternativa para 2010. As informações médicas dão a ela, de fato, chances imensas de superar a doença. E há um outro ingrediente. No instante em que o oficialismo fizer o primeiro movimento para o plano B, este automaticamente se transformará em plano A. Numa situação assim, o mundo político entenderá qualquer marola como a senha para o desembarque.

Uma coisa são os eventuais aspirantes à vaga saírem por aí sondando o terreno. Outra, bem diferente, é imaginar que alguém esteja a fazer isso com o aval do presidente da República. Aliás, qualquer sondagem a esta altura nos grupos sociais e econômicos dominantes é em larga medida inútil. O candidato de Lula virá não “da sociedade”, mas do Palácio. E terá como trunfo o fato de ter sido indicado pelo mais popular presidente da História do Brasil. Daí que a sabedoria esteja a recomendar cautela para os pretendentes.
Preocupação maior nas hostes governistas, neste momento, é com um eventual acordo interno de pacificação no PSDB. Os sinais têm vindo tanto do Bandeirantes como das Mangabeiras. A dança entre José Serra e Aécio Neves é complexa e sinuosa. Aécio vem de mostrar flexibilidade quanto à data das prévias do partido. E Serra tem dito por aí que não afasta a possibilidade de se candidatar à reeleição em São Paulo.
Estão os dois, como dizia o ex-presidente Jânio Quadros, na posição do remador: fazendo força, mas de costas para o verdadeiro objetivo. Serra trabalha para aproveitar ao máximo a inércia, que o favorece. Aécio tem o grande trunfo de Minas. O estado foi a chave das vitórias de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 e 2006. Aliás, a esperança do PT para daqui a um ano e meio é repetir 1930. Uma aliança de Minas com o Nordeste contra São Paulo, abrindo espaço para a emergência política do Rio Grande do Sul. Com a vantagem de que Dilma pode ser gaúcha ou mineira, conforme a conveniência.
O problema do PT é que desta vez ele tem pouco a oferecer ao PSDB em Minas. Em 2002 e 2006, os petistas lançaram chapas menos competitivas no estado, um movimento que permitiu alianças informais. Assim, nas duas eleições Aécio e Lula venceram por ampla margem entre os mineiros. Desta vez, porém, PMDB e PT têm nomes fortes em Minas, no caso dos petistas mais de um. A eleição ali não será um passeio em céu de brigadeiro para ninguém.
Se o PSDB não pode bobear em Minas, tampouco pode dormir no ponto em São Paulo. Os tucanos paulistas são hoje favoritos a continuar, mas a soberba e as divisões internas sempre podem atrapalhar. Além do que, há uma certa fadiga de material e a pendenga não resolvida entre o prefeito da capital, Gilberto Kassab (DEM), e o ex-governador Geraldo Alckmin. E há também o movimento de Lula para tentar construir uma chapa competitiva em São Paulo, com uma cara nova, algo descolada da imagem tradicional do PT.
Para o PSDB, essa é uma diferença importante entre a eleição de 2010 e as duas anteriores. Em 2002 e 2006, a derrota nacional estava relativamente precificada e antecipadamente compensada pela quase certa conquista do poder nos dois maiores colégios eleitorais do país. A equação agora é um pouco diferente. Os tucanos precisarão fazer sua engenharia política nacional sabendo que podem ganhar tudo, mas com inteligência suficiente para notar que podem também perder tudo, inclusive o forte poder regional.
Daí a calmaria. De um lado e de outro, no PT e no PSDB, o que mais se faz nos últimos dias é fingir que não se está fazendo nada. O Palácio fareja o ambiente e mede as consequências do repentino obstáculo que apareceu diante da ministra Dilma Rousseff. A oposição tateia para evitar que, mais uma vez, sua divisão abra caminho para a continuidade do projeto de poder do PT. No meio dos dois, o PMDB aguça ao máximo seus já naturalmente aguçados sentidos, tentando desesperadamente antecipar para que lado a balança vai pender.
Comentário do blogueiro: Preferia que o PT e Lula tivessem optado por outra alternativa política, mas a Dilma é boa candidata e, portanto, tem a simpatia e o apoio desse humilde blogueiro. O que não tenho é certeza quanto às reais condições de Dilma para enfrentar uma cansativa campanha eleitoral. Ah, o problema de saúde dela não é grave. De fato, faz parte da minha extensa lista de desejos a ministra com toda saúde em 2010 e durante todo o seu futuro mandato, mas mineiro desconfia até de sua própria sombra. Tal dúvida deve ser dissipada antes de 2010, senão pode ser trágico para sua candidatura.
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Patrus reforça candidatura ao governo de Minas

Hélio Costa analisa apoio à candidatura de Patrus Ananias ao governo; diretório do PCdoB confirma adesão ao petista
Do Sítio do Novo Jornal   
O diretório estadual do PCdoB anunciou apoio ao ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias (PT), nas eleições de 2010 para o governo de Minas.     
Segundo a presidente da legenda, deputada federal Jô Moraes, o apoio a Patrus já estava sendo planejado porque o partido não terá candidatura própria e irá trabalhar no sentido de apoiar as siglas que estarão a favor da candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT).    
"Nós não vamos entrar na disputa pelo governo de Minas, portanto, já estamos iniciando as conversas com lideranças que apoiam projetos populares", afirmou.    
Patrus agradeceu. "Todo apoio é bem vindo neste momento. Nós sempre caminhamos juntos, temos um diálogo histórico, com compromissos comuns com os pobres, com os trabalhadores e com a justiça social", destacou.    
O PT de Minas está dividido desde a disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte. Uma ala do partido, comandada pelo ex-prefeito Fernando Pimentel, fechou aliança com o PSDB para eleger o prefeito Marcio Lacerda (PSB) no ano passado. Na outra ponta, ficou o grupo de Patrus, contrário à dobradinha.     
O clima de animosidade interna continua. Tanto Patrus quanto Pimentel intensificaram os encontros com lideranças no interior do Estado.     
Com o apoio do PCdoB, o ministro larga em vantagem nas negociações eleitorais. Mesmo restando mais de um ano para as eleições, Patrus acredita que o apoio do PCdoB fortalece sua pré-candidatura, não só dentro do PT, mas também no Estado.    
O ministro espera ter também o apoio de outras legendas que formam a base do governo Lula. “Sem dúvida. Estou conversando dentro do PT. A minha candidatura está colocada. E estamos conversando com nossos interlocutores históricos como o PCdoB, o PDT e o PMDB. Vou procurar também o PSB na perspectiva de fazermos uma grande aliança, que nos possibilite que ganhemos o governo de Minas e façamos no Estado o que o presidente Lula fez no Brasil”, afirmou.
Hélio Costa
O ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), voltou a admitir que poderá abrir mão de sua pré-candidatura ao governo do Estado para intensificar as negociações com o ministro Patrus Ananias.    
Informações extra-oficiais dão conta de que Costa aceitaria compor apenas com o ministro petista - e não com o adversário de Patrus dentro do PT, o ex-prefeito Fernando Pimentel.    O próprio peemedebista disse que tem mantido conversas constantes com Patrus e com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Dulci (PT), na construção de um projeto para 2010. 
"Tenho pensado seriamente no meu futuro. O compromisso que assumi com o povo mineiro eu já cumpri. Gostaria muito de continuar trabalhando de alguma forma em benefício do meu Estado. Mas não tenho essa ansiedade que outras pessoas têm", disse.    
Costa negou que estivesse desmotivado na disputa e afirmou que "lá na frente", se o PMD conseguir construir uma candidatura, seria, sim, o candidato.     
"Eu e meu partido não somos empecilho, não somos obstáculo a qualquer composição ou negociação. Estamos muito confiantes de que já cumprimos a missão que temos. O PMDB nunca esteve tão bem em Minas Gerais, tão pacificado. Mas isso não quer dizer que temos que ter, obrigatoriamente, candidato", argumentou.    
Questionado sobre seu afastamento do ex-prefeito Fernando Pimentel, Costa reconheceu que o relacionamento entre os dois ficou estremecido depois que o PMDB foi excluído das negociações para a disputa pela prefeitura da capital, em 2008.    
Ao mesmo tempo, o ministro contou que foi procurado pelo petista e que o episódio foi superado e "está no passado". 
Retrospecto
Contrário à aliança com o PMDB, Pimentel lembrou os problemas enfrentados pelo PT nas últimas eleições para o governo de Minas, quando fechou uma ampla aliança partidária com a participação de adversários históricos, como a ala do PMDB comandada pelo ex-governador Newton Cardoso. 
"O retrospecto das nossas alianças com o principal partido da base aliada do presidente Lula em Minas é muito ruim. Nós disputamos duas eleições estaduais aliados ao PMDB e o resultado foi ruim", declarou o ex-prefeito de BH, praticamente descartando a aproximação com os peemedebistas. 
Pimentel lembrou que, seja qual for o candidato petista escolhido, o grande desafio será enfrentar um governo com altos índices de popularidade.    
Comentário do blogueiro: 
Fica cada vez mais claro que o único candidato com condições de unir a base do governo Lula em Minas Gerais é Patrus Ananias. A união é importante para conquistar o governo de Minas como também para o projeto político de eleger Dilma presidenta. É até engraçado o Pimentel queixar-se de aliança com o PMDB.     
É fato que em 2006 foi um equívoco aliar-se ao PMDB do Newtão. O PT tinha todas as condições de eleger um senador pelo partido, e preferiu uma aliança eleitoral que sacrificou sua bancada de deputados federais (o PMDB foi claramente beneficiado na coligação), abriu mão do candidato ao senado, e como contrapartida o partido carregou toda a rejeição do ex-governador Newton Cardoso. O PT naquele momento fez uma escolha errada ou equivocada. Pimentel, Nilmário Miranda e diversos outros petistas apoiaram a aliança.  Aliás, é a turma do Pimentel.
Só que as circunstâncias políticas de 2010 são bem diferentes de 2006. Um equívoco não justifica o outro. Caso o PT alie-se com o PMDB no Estado, o fiador da aliança será Hélio Costa, ministro do governo Lula, e não Newton Cardoso, como ocorreu em 2006. Isso por si só faz toda diferença. Além disso, o PMDB nacional deve indicar o vice de Dilma. O próprio Hélio Costa é um dos cotados para o cargo.     
O que o Pimentel deseja é isolar o PT no Estado. Como não terá apoio do grupo de Aécio, que já tem seu candidato, o vice Anastásia, Pimentel busca distanciar o PT dos partidos que não apóiam sua candidatura, mas têm simpatia pela candidatura de Patrus. A estratégia divisionista de Pimentel tem tudo para causar mais estragos no PT mineiro. O PT nacional deve ficar de olho nas articulações de Pimentel. O menino travesso pode naufragar de vez o PT no Estado. 

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Patrus elogia Aécio, mas cobra avanços

Ana Lúcia Gonçalves, do Hoje em Dia

GOVERNADOR VALADARES – Um dia depois de acompanhar em Belo Horizonte a ministra Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à sucessão do presidente Lula, o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias (PT), esteve ontem no Leste do Estado, onde confirmou sua pré-candidatura ao Governo de Minas em 2010. O ministro foi um dos convidados para os encontros regionais do PT realizado em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, e Timóteo, no Vale do Aço, eventos que preparam os militantes para o “Encontro Estadual da Articulação”, nos dias 29, 30 e 31 de maio.

Em Governador Valadares, Patrus chegou por volta das 10 horas e logo fez questão de enfatizar que não estava na cidade na condição de ministro, mas como militante político para falar aos demais filiados do partido, movimentos sociais e sindicatos, sobre as políticas sociais do Governo Lula. Patrus reuniu, no Colégio Ibituruna, mais de 400 pessoas, entre prefeitos e vereadores da região.

Depois de fazer elogios à administração Aécio Neves (PSDB), Patrus discutiu com militantes seu projeto: “Estamos convencidos que Minas precisa avançar. Tivemos conquistas importantes com o atual Governo mineiro, como o choque de gestão, a ênfase muito boa no planejamento e o Proacesso. Mas estamos convencidos que é preciso avançar no campo social, no trabalho mais direto de promoção dos pobres”.

Patrus disse que está se preparando para as eleições de 2010 construindo propostas claras e viáveis para o povo de Minas e do Brasil. “Minas é um Estado que tem características próprias, é uma síntese do Brasil. Ele é fundamental na unidade, soberania e desenvolvimento do nosso país”, ressaltou, acrescentando que o Estado tem também características regionais próprias, regiões muito marcadas pela presença de rios e bacias, como é o caso de Governador Valadares, que tem a forte presença do Rio Doce.

“Estamos convencidos que para o desenvolvimento dessas regiões, como é o caso de Valadares e região Leste que se integra com a do Vale do Aço, a recuperação dos rios é fundamental”, disse, contando que sua proposta é promover o encontro entre o econômico e o social com a questão ambiental. 

O petista disse ainda que sua pré-candidatura a governador não é um projeto pessoal, mas uma resposta a muitas pessoas que levantaram o seu nome para unir o PT em Minas. “Mais do que isso, queremos unir as forças democráticas populares e a base aliada de apoio ao Governo Lula em Minas”.

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2010: A ministra larga na frente

Marqueteiros chamam a atenção para o crescimento da candidatura de Dilma Rousseff ao Planalto. Serra e Aécio precisam superar divergências no PSDB. Mais vale um candidato na mão do que dois voando.    

Daniela Lima    
Com dois nomes de peso na política nacional, o PSDB parecia ser um oponente imbatível na corrida presidencial em 2010. Mas o que deveria contar pontos a favor do partido, engessou as potenciais candidaturas dos governadores José Serra, de São Paulo, e Aécio Neves, de Minas Gerais. Enquanto os tucanos patinam nas divergências internas, o presidente Lula emplaca a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.    
Cada vez mais exposta na mídia, Dilma largou na frente. Aproveitou a inércia tucana e iniciou a construção de um personagem que se apresenta ao eleitor à imagem e semelhança do presidente. Três dos marqueteiros mais conhecidos do país são unânimes ao admitir que, hoje, a candidata do PT à presidência da República em 2010 já é uma possibilidade para o eleitor. “O PSDB tem uma enorme chance de ganhar, mas está fazendo força para perder. Hoje, para o eleitor, ela (Dilma) já tem cara de possibilidade, e isso é muita coisa”, avalia Carlos Brickmann, homem responsável pela campanha vitoriosa de Paulo Maluf à prefeitura de São Paulo em 1992.    
Há cerca de um ano, quando Dilma foi lançada como a opção de Lula à sucessão, poucos acreditaram que ela poderia alçar vôo. Ela era considerada uma mulher séria, eficiente e confiável, mas com pouquíssimas chances de substituir a figura idolatrada do presidente que bateu todos os recordes de popularidade da história do país. Mas a indefinição tucana abriu espaço para a petista. “O PSDB não é obrigado a ter um candidato agora, mas tem que ter uma estratégia”, completa Brickmann.    
Blindada pelo presidente Lula, Dilma se dedica a tornar-se uma figura conhecida. “Em política os espaços não ficam vazios por muito tempo, e ela está ocupando esses espaços. Acho que o Lula tem força para fazer um candidato passar pelo primeiro turno, mas ganhar é outra coisa”, pondera o publicitário Edson Barbosa, que fez a pré-campanha do presidente em 2006.   
E se é preciso mais para ganhar, Dilma tem feito o dever de casa. Aparições públicas, reforços no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), um presente do presidente Lula para a ministra candidata, tudo isso sem deixar de lado a imagem de eficiência que a fez conquistar o respeito no cenário político. “A Dilma é um personagem muito interessante. É uma mulher, o eleitorado é simpático à mulher como gerente, e ela é eficiente. Na hora que o eleitor perceber quem é essa personagem, ela vai virar uma heroína, e vai dar muito trabalho aos adversários”, acredita Lucas Pacheco, marqueteiro responsável por parte da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) à prefeitura de São Paulo.    
De dentro para fora 
E, enquanto a ministra tenta aparecer para fora, já que conta com a total confiança do homem mais forte de seu partido, Serra e Aécio tentam equilibrar as forças dentro do PSDB. O governador mineiro quer prévias no partido para a escolha do candidato ao Planalto. Serra diz aceitar a consulta interna, mas ainda trabalha para evitar o confronto com Aécio.    
Serra costura acordos políticos desde que se elegeu governador. Aécio tenta provar que apostar no novo seria bom para os tucanos e que o partido deve discutir projetos políticos e não nomes. Uma tentativa de amenizar a força que José Serra já tem na legenda.    
Outro empecilho para os dois candidatos, segundo os marqueteiros, é a gestão da máquina pública. “Eles têm um problema enorme: ainda não podem fazer campanha. Ficam mal com o eleitor. O povo elege um governador e ganha um candidato”, opina Carlos Brickmann.    
Mas se ainda é cedo para dar o pontapé oficial na campanha tucana, nos bastidores, as negociações estão muito adiantadas. Serra atua fortemente em seu estado. Fechou um acordo com o PMDB paulista, contando com o apoio de Orestes Quércia. Além disso, tem ao seu lado o prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab (DEM). “Ele, com essa postura, sinaliza para o partido que é um homem capaz de agregar. O PMDB paulista (Quércia) ajuda o Serra aqui, assim como a proximidade do governador Sérgio Cabral com o governo federal ajuda a Dilma no Rio”, compara Lucas Pacheco.    
Outra estratégia dos pré-candidatos tucanos é apostar na propaganda de uma gestão de sucesso em seus respectivos estados. Hoje o governo de São Paulo veicula nacionalmente a campanha da Companhia de Saneamento Básico (Sabesp), mostrando ao país como a gerência tucana está investindo da despoluição do rio Tietê. A mensagem é simples: a preocupação ambiental é uma marca que rende votos. “Hoje, todos os atos dos pré-candidatos são extremamente ensaiados. Nada é ao acaso. O Serra está se mexendo muito em São Paulo. A idéia dele é passar o rolo compressor no estado”, indica Pacheco.    
Aécio parece apostar no discurso da jovialidade, renovação. Em duas palavras: gestão moderna. Para isso, conta com sua capacidade de convencimento e carisma. Quer ter oportunidade de debater seu projeto político. “Os dois são completamente diferentes: o Aécio é um admirador dos prazeres da vida, já o Serra adora sanduíche de pão integral, com uma fatia de queijo ligth e alface”, compara, com humor, Carlos Brickmann.    
Mesmo com vários personagens em cena, o fato é que o palco das próximas eleições presidenciais ainda não está totalmente montado. “O astral da eleição ainda está longe de se desenhar. É um mosaico bastante complicado. Temos de um lado o presidente dos programas sociais fortíssimo e, do outro, ninguém. Vejo que o que os partidos estão tentando é cravar as suas referências maiores, e acredito que isso se estenda por todo o ano”, aposta Edson Barbosa.    
A imagem dos candidatos, segundo os marqueteiros 
Dilma Rousseff 
- Conta com o apoio incondicional do presidente Lula 
- Será apresentada como personagem heróico para o eleitor, por conta de seu histórico de resistência à ditadura 
- Será a candidata da continuidade do governo do “maior presidente que o país já teve” . 
José Serra 
- Já possui uma imagem consolidada para o eleitor, o que pode ser um obstáculo: eficiente, porém frio, sem apelo popular 
- Conta com o apoio do PMDB de São Paulo e vai usar sua gestão no estado para alavancar a campanha 
- Conta com mais apoio dentro do partido do que Aécio Neves . 
Aécio Neves 
- Aposta na jovialidade e no discurso de uma gestão moderna 
- Tenta amenizar o peso do nome de José Serra no partido, chamando atenção tucana para o que seria um projeto político novo 
- Mantém boas relações com o governo federal, inclusive com o presidente Lula e a ministra Dilma  
- Pode trabalhar junto ao PMDB para desestabilizar a campanha de Serra. Já foi, inclusive, convidado a mudar de partido.

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Aécio estimula vice a concorrer ao governo de Minas em 2010

Do Estadão

Enquanto o governador de Minas, Aécio Neves, concentra seus esforços na disputa pela indicação como presidenciável do PSDB em 2010, seu vice, Antônio Augusto Anastasia, tem sido estimulado a assumir uma agenda mais robusta para ganhar visibilidade e se projetar como candidato na sucessão estadual. Filiado ao PSDB, mas com pouca experiência em eleições, Anastasia é o gerente responsável por coordenar o "choque de gestão" na administração. Homem de confiança do governador, o vice é também uma espécie de carta na manga de Aécio, cuja sucessão deve entrar na costura de seu projeto eleitoral ano que vem. 

"Estou totalmente vinculado às determinações e orientações do governador, não só sob o ponto de vista administrativo, mas também sob o ponto de vista da orientação política", afirma Anastasia. Ele se diz honrado, mas considera cedo para falar em candidatura. "Não vou dizer nem que sim, nem que não, porque é uma hipótese futura."

O PT mineiro - que tem dois postulantes a candidato, o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel -, porém, já ensaia o discurso para se contrapor ao eventual candidato do governador. "O nome deles é o Anastasia", sentencia o presidente estadual, deputado Reginaldo Lopes. "Estamos construindo o nosso projeto. O PT não precisa ter pressa para definir o nome."

Reconhecido como eficiente técnico da gestão pública, o vice aos poucos vai se desvinculando da esfera burocrática e adentrando nos bastidores políticos, assumindo com crescente desenvoltura iniciativas como articulador. Intensificou o ritmo de palestras e cada vez mais representa o governo em viagens pelo interior, onde anuncia e inaugura obras e estreita o relacionamento com os políticos locais. 

"Apesar de técnico, ele tem demonstrado carisma político", diz o deputado Abi-Ackel, presidente do PSDB-MG. Ele prega "cautela" na definição do candidato e afirma que irá se dedicar a "uma consulta prévia às bases". 

Caso não consiga emplacar a candidatura à Presidência, Aécio deverá se desincompatibilizar para disputar o Senado. Ciente disso, Anastasia já se prepara para assumir o governo, provavelmente em abril de 2010. "Todos nós desejamos que o governador seja candidato a presidente. Mas se não for, será candidato ao Senado”.

Comentário do blogueiro:

Para entregar a prefeitura de BH para a turma de Aécio, Pimentel e seus aliados espalharam um conto da cachorinha: Aécio apoiaria Pimentel para o governo. Sempre soubemos que a estratégia de Pimentel buscava mesmo era expulsar os remanescentes de Patrus e Dulci em BH. A estratégia de Pimentel era calculada, e para conseguir a indicação para o governo de Minas, o PT abriria mão da PBH.

Ao lado de Virgílio Guimarães (outro que só traz problemas), Pimentel e aliados promoveram filiações em massa com o fim de obter uma vitória numérica. Passou por cima das orientações do Diretório Nacional, e promoveu uma aliança em que o PT só cedia, sem nada receber em troca. Um exemplo: o PSB apoio o PSDB em Juiz de Fora, mesmo recebendo a prefeitura mais importante do Estado - Belo Horizonte. Já em Itamarandiba, o PT entregou de graça a prefeitura mãos do PSB. De fato, o PSB não tinha qualquer compromisso com o PT. Assim, na cidade em que o PT não apoiava um candidato do PSB, o partido estava do outro lado, contra o PT e apoiando o PSDB. É essa a estratégia inteligente de Pimentel.

Duvido que algum dia o Aécio fez promessas no sentido de apoiá-lo. Mas teve muita gente que preferiu acreditar em Pimentel e Aécio, poderia também é acreditar em duendes, era mais crível. Minas merece muito mais. Patrus 2010 governador.

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O PSDB e a difícil arte de aprender a somar

Maria Inês Nassif, do Valor Econômico
A divisão faz parte da dinâmica dos dois partidos que têm polarizado as eleições no país, o PT e o PSDB, mas o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva acabou desenvolvendo mecanismos de disputa interna mais maleáveis à composição em torno de candidaturas que a legenda do governador de São Paulo, José Serra.

No PT, as piores brigas, as mais autofágicas, giram em torno do poder interno, que dá às tendências majoritárias maior poder não apenas sobre a máquina partidária, mas para conquistar espaços em governos petistas. Os embates não são personalizados: os atores se agrupam conforme suas posições políticas. Mais recentemente, assumiram importância os grupos comandados por políticos com bases clientelistas, donos de votos, mas ainda assim as tendências que se formam em torno desses personagens se integram à dinâmica interna de disputa política quer pelo controle de pedaços da máquina partidária, quer por espaços em governos, o que significa fazer alianças e compor. Os resultados de prévias partidárias, dados esses mecanismos menos personalistas que o PSDB de composição interna, acabam sendo melhor assimilados. Existe um pragmatismo maior nas decisões sobre candidaturas, pelo fato de não ser um partido onde as lideranças individuais têm um grande peso e porque a disputa entre os grupos mira também o horizonte pós-eleitoral, isto é, a composição dos governos, na hipótese de eleição dos candidatos do partido.

No PSDB, a personalização da luta interna dificulta a assimilação de disputas - incentiva, portanto, as divisões. A decisão sobre candidaturas nacionais sempre foi centralizada na direção nacional, que por sua vez não é produto da luta interna entre posições políticas, mas representa o consenso entre poucas lideranças. O cacife de cada postulante são os votos que ele pode arregimentar sozinho, como liderança política - e se supõe que a eles vão se somar posteriormente os votos resultantes da polarização com o PT (essa é a realidade na história recente, polarizar sempre com o partido de Lula); ou então o poder de desestabilizar, pela ameaça, seu adversário. Em 2006, o ex-governador Geraldo Alckmin desbancou a candidatura favorita dos cardeais tucanos, de José Serra, porque ameaçou disputar com ele na convenção nacional. Serra, que perdeu as eleições de 2002 em grande medida porque provocou a divisão do PSDB - apostando erradamente que o partido iria se unir mais na frente, durante a campanha - recuou e deixou Alckmin, nas eleições seguintes, às voltas com um partido igualmente dividido e tendo que administrar também uma derrota.

Nas eleições de 2010, essa incapacidade de assimilar discordâncias internas pode novamente comprometer o PSDB. O alarme já soou, tanto da parte do grupo de Serra como do lado do DEM. O ex-PFL não apenas está fechado com o governador de São Paulo na disputa pela Presidência, como abriu mão da vaga de vice, para que o PSDB tente negociar a saída do PMDB da base da candidatura governista - mas quer que seja o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o candidato a governador da coligação. O DEM tem se articulado para obrigar não apenas um entendimento entre Serra e o governador de Minas, Aécio Neves, sobre quem vai ser candidato (a preferência do ex-PFL, e a sua aposta, são em Serra), como uma rápida definição. Acha que a oposição tem que botar o bloco na rua, pois a última pesquisa Sensus/CNT revela, na sua avaliação, que a candidatura de Dilma Rousseff pelo PT já está consolidada junto ao eleitorado. Se não andar logo, a oposição corre o risco de ser atropelada pela candidata petista, mesmo tendo Serra como candidato, hoje o melhor colocado nas pesquisas.

Serra, por seu lado, está às voltas com a solução de uma equação difícil: como disputar com Aécio sem dividir o partido. Minas Gerais é o Estado com o segundo maior colégio eleitoral do país (10,86% do total de eleitores do Brasil) e, se não tem o poder de, por si só, garantir uma vitória de Aécio, se ele disputar a Presidência da República, pode ter o efeito de derrotar Serra, se for o governador paulista o candidato do partido à sucessão de Lula. Segundo um “serrista”, a questão agora é deixar claro para o eleitor mineiro que o PSDB não está subtraindo de Aécio as chances de tornar-se candidato a presidente, mas que o candidato será Serra porque ele é o que tem mais chances de vencer a candidata petista. Por esta razão Serra mandou recados para todos os lados que topa as prévias. Se elas vão ocorrer, é outra história. Mais para a frente, e antes da data marcada, a situação pode ser resolvida em favor do paulista com manifestações claras e inequívocas de maioria dentro do partido - o apoio declarado, por exemplo, dos 26 dos 27 diretórios estaduais do partido. Não existe entusiasmo com as prévias, até porque os “serristas” não acreditam que o governador mineiro tenha a intenção de se unir ao candidato vitorioso se perdê-las, mas a questão agora é não dar chances para que Aécio pareça vítima - nem pretexto para que ele deixe o partido e leve o eleitorado mineiro a votar contra a candidatura de Serra.

Enquanto isso, os grupos do PT se articulam em torno da candidatura de Dilma Rousseff. Praticamente não há resistências internas ao seu nome. A ministra, por sua vez, tem se aproximado e mantém conversas com as tendências petistas. É uma forma de se inserir na lógica do partido, de abrigar as discordâncias internas e, ao mesmo tempo, unificar as tendências que brigam pelo poder da máquina no mesmo palanque. Um jantar na residência da ex-prefeita Marta Suplicy foi uma aproximação com o PT paulista que rearticula um campo majoritário e, assim, a hegemonia no partido. Também tem marcada uma reunião com a tendência Mensagem ao PT, do ministro da Justiça, Tarso Genro.

O pragmatismo petista deve-se ao fato também de ser um partido que depende muito do seu grande líder, o presidente Lula, mas mais ainda de sua estrutura nacional e da identificação do eleitor com a legenda para conseguir votos. No caso do PSDB, o pragmatismo é menor porque disputam a ribalta grandes líderes num partido com pequena capacidade de se unificar nacionalmente.

Maria Inês Nassif é editora de Opinião. Escreve às quintas-feiras
E-mail: maria.inesnassif@valor.com.br
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