“Ah, mas...”

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  • quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
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  • Volto hoje ao blog depois de prolongadas férias. Afinal, nesta semana o ano finalmente começou. Confesso: minha irascível alma pouco se indignou com a mídia ao largo destas parcas semanas. Menos pelo empenho em sua marcha udenista, que tentou manter-se animadinha, mais por minha falta de tesão pelas agendas previsíveis da canalha. Volto hoje lendo os blogs, curioso pela repercussão da série de Luiz Nassif sobre a Veja e seus mercenários, enquanto os jornalões perdem o gás para manter a pauta dos cartões corporativos, depois do bate-cabeça da própria oposição republiquete, apanhada na cartonagem de Serra e FH, e obviamente nada falam sobre as vísceras expostas daquela redação de coleguinhas no bairro de Pinheiros, em São Paulo.

    Antes de análise do mérito do desnudamento da corja feito pelo Nassif, algo outro chamou minha atenção nos blogs, o que talvez denote um modismo, uma involução mudernete das novas gerações. Dos blogueiros aos trocentos comentários, sempre há algo como “A Veja é escrota. Ah, mas Nassif...”. E desandam em pontuar questões nem sempre claras, mas que denotam uma possível sensatez política. Muita cautela, sempre fortes reservas. A verdade, segundo eles, é sempre um cadinho de opiniões, muitas vezes divergentes. Apontam sempre o perigo do maniqueísmo, algo ignóbil e démodé. O caminho ajuizado é o da ponderação. Fazem destes critérios profissão de fé. Contraditoriamente, nas quatro paredes, na mesa de bar, nas comunidades do Orkut, impera o ódio deslavado. Há quem odeie os que usam sapatos caramelos, gente mole, cozinheiro do Spoletto, e topam qualquer encrenca pela torcida de seu time de futebol, escola de samba, mané ou cachorra do BBB. Sensatez aqui é mais embaixo.

    Não há nada concreto que desabone Luiz Nassif. Muito ao contrário. Recentemente, o jornalista Leonardo Attuch, notoriamente funcionário de Daniel Dantas, publicou artigo no Comunique-se atacando Nassif e sua série, onde foi citado. Afirmou que a demissão do jornalista da Folha foi motivada pelos seus interesses empresariais, na agência Dinheiro Vivo, o que o incompatibilizava com uma coluna sobre economia. Mais disse ou insinuou sobre interesses de Nassif com fundos de pensão o que o motivava a atacar a Veja e seus acordos com seu queridíssimo patrão, Daniel Dantas. Nassif deu resposta clara e contundente, vale a leitura e a reflexão.

    Trocando em miúdos, quero dizer que na política, até ouso dizer que mais do que no futebol, os campos, as camisas, são mais opostos e divergentes. A Veja representa o jornalismo mais sórdido a serviço dos interesses reacionários das oligarquias. Nassif representa a única voz de competência a denunciar esta canalhice. Isto é mais emocionante e mais claramente antagônico que um Fla-Flu.

    Ps: deixando de lado a sensatez e a prudência, tenho a declarar que também odeio o cozinheiro do Spoletto.
     
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