A censura da Secretaria Municipal de Educação do RJ a Theodor de Bry.

Esta semana, o jornal “O Dia”, do Rio de Janeiro, publicou denúncias de pais de alunos da Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro, que se declararam “horrorizados” com a presença da imagem do empalamento de um índio, em um livro didático do quarto ano do Ensino Fundamental – “Projeto Pitanguá — História”, da Editora Moderna – distribuído pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), do Ministério da Educação. A imagem em questão é uma gravura feita no século XVI pelo editor e gravador belga Theodor de Bry e mostra índios tupinambás aprisionando tribos inimigas. Pessoalmente, como historiador, considero absolutamente exageradas as reações dos pais, bem como as repercussões do episódio, visto que aquela imagem deve ser entendida dentro de um determinado contexto (afinal, é para isto que as crianças vão à escola!), já que representam o olhar de um europeu sobre sociedades absolutamente distintas de todas que eles conheciam até então. Além disto, ao ler o comentário de uma das mães entrevistadas (“Tomei um susto quando vi a gravura. Nunca tinha visto uma cena dessa. Na sala de aula, a figura agitou os estudantes, que já estavam comentando o fato antes mesmo de a matéria ser dada”), não pude deixar de pensar - com a experiência de quem, antes da carreira acadêmica, atuou como professor do Ensino Básico por alguns anos - que a agitação dos alunos se deu muito mais por uma leitura com conotações sexuais da imagem, do que por conta da violência retratada por ela. Afinal, em quaisquer desenhos animados japoneses - que passam livremente na programação matutina e vespertina de quase todos os canais de televisão aberto ou por assinatura - aparecem cenas tão ou mais violentas do que esta e, o que é pior, sem o “filtro” que o professor representa na escola, ao trabalhar com a leitura de imagens em suas turmas, visto que ele tem a preocupação de colocá-las em seu devido contexto. Mas, para além de toda esta discussão, o que me deixou, realmente, com uma enorme pulga atrás da orelha foram as declarações da Secretária Municipal de Educação do Rio de Janeiro, Cláudia Costin (ex-ministra de FHC e ex-secretária de estado de Alckmin, em São Paulo), transmitidas ontem à tarde, pela Rádio CBN. A secretária declarou que a prefeitura não tinha nenhuma responsabilidade sobre a escolha daquele livro didático, que os mesmo havia sido escolhido e enviado pelo MEC, que a secretaria o recolheria imediatamente, que ele seria substituído por um novo material (apostila) que já está em elaboração pela secretaria e, finalmente, que, em breve, a Rede Municipal de Ensino passaria a ter o seu material didático próprio. Ora, em primeiro lugar, causa-me muito estranhamento que alguém com o currículo da secretária ignore as regras para a escolha de livros do PNLD – que, aliás, foram elaboradas durante o governo a quem ela serviu tão bem – e afirme que esta escolha é responsabilidade do MEC, quando na verdade ela é feita da seguinte forma: 1- As editoras enviam os livros, sem nenhuma identificação, para o MEC; 2- O MEC os envia para uma Universidade Federal credenciada que formará uma comissão de professores para uma “avaliação cega” da obra; 3- Esta comissão atribui um conceito ao livro, justificando o por quê do mesmo; 4- Estes conceitos (e comentários) são publicados no guia que o MEC envia para as escolas para que os professores escolham as obras que preferirem; 5- Depois de feita a escolha, o MEC compra o livro junto às editoras e as envia para as escolas; desconhecer isto ou é má-fé ou é muita desinformação para alguém que ocupa tal cargo na segunda maior cidade do país. Em segundo lugar, me parece muita coincidência que tais denúncias levem a secretária a afirmar, imediatamente, que está em estudos a elaboração de um material didático próprio para a Rede Municipal. Levando em consideração os recentes acontecimentos envolvendo o material didático da Rede Estadual Paulista e as notórias ligações – repercutidas em vários blogs, em especial, no Cloaca News - do Secretário de Educação de São Paulo, Paulo Renato de Souza (de quem Cláudia Costin foi colega no ministério de FHC) com várias empresas do ramo de livros didáticos e de livros apostilados, fico pensando se não há algo no ar, além dos aviões de carreira. No momento em que os livros apostilados de São Paulo estão sendo alvo de inúmeras críticas, esta ridícula censura a uma obra-de-arte do século XVI e as declaradas intenções da secretária municipal do Rio de Janeiro parecem-me totalmente fora de contexto. Ou será que estão dentro?
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Conteúdo da programação - 2

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E na academia do professor Serrosferatu...

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A USP em dois tempos - Uma prévia do projeto do PSDB para a Universidade brasileira.

USP - 1968


USP - 2009

Depois dos acontecimentos de hoje no Campus da USP, não há muito o que comentar: há momentos em que os fatos são tão gritantes, que qualquer análise se faz desnecessária. No entanto, faço questão de reproduzir as palavras da professora e filósofa Olgária Matos, em uma entrevista concedida à Carta Maior, em 2007, quando a Universidade de São Paulo vivenciava uma situação de confronto muito parecida com a atual. Ao ser perguntada sobre o significado simbólico da presença da PM no Campus e sobre se aquilo se tratava somente de autoritarismo, a professora deu uma resposta brilhante e absolutamente inquestionável:

"Não é autoritarismo, é pior. Porque quando há autoritarismo, ele previne muitas vezes o uso da força policial, porque já faz (implicitamente) o papel de polícia. Não é que os policiais sejam maus. Mas o que significa a presença da polícia armada dentro de um campus, sendo que as nossas únicas armas são os livros e o pensamento? É muito grave, porque se ocorrer isso, serão armas desiguais, e o recinto universitário é um lugar que fica distante do conflito armado urbano. Enviar a Polícia Militar neste caso é como tentar intimidar um movimento civil, intelectual e político dos estudantes. Seria responder a isso com a força bruta, então é totalmente absurdo".

Relendo as palavras de Olgária e comparando as imagens acima, não posso deixar de lembrar das célebres palavras do velho Marx, em "O 18 Brumário": "Hegel observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa".
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Editorial: Voltam-se as vistas para o nosso petróleo

No centro do noticiário da criação de uma CPI com propósito estritamente político, visando atuar como palanque para a eleição do candidato da oposição, o jornal O Globo decidiu, de maneira agressiva, antiética, cúmplice e ilegal, tentar acuar a Petrobras pela iniciativa de criação de um blog, que tem por dever de ofício acompanhar com a atenção devida as evidências de manipulação da informação, praticada com persistência por este e outros jornais igualmente comprometidos em interesses de um mesmo oligopólio.

O caminho encontrado pelo diário foi publicar matérias e um fastidioso editorial para acusar, de forma leviana e sem sentido, o blog por quebra de sigilo, criando para a história do jornalismo uma nova norma, onde entrevistados têm o compromisso do silêncio ao serem inquiridos pelo oligopólio da mídia. Tal devaneio não tem respaldo em nenhuma jurisprudência, apenas devemos creditar seu engenho ao desespero de quem foi apanhado em práticas ilícitas.

O indisfarçável objetivo intimidativo da empresa jornalística, como bem interpretaram diversos blogs brasileiros, desrespeita profissionais e atenta contra a liberdade de imprensa, ao violar o direito da sociedade de ser informada, sem limitações. O Globo fere a Constituição.

Corporação poderosa, com tendência histórica para se voltar contra os anseios da sociedade, vide seu apoio irrestrito à ditadura militar, sua tentativa criminosa de fraudar uma eleição, como no caso Proconsult, o Globo se tornou, hoje, apenas um aparelho de propaganda de setores políticos conservadores que desejam retornar ao poder para mais uma vez lapidar o patrimônio da nação e impedir as conquistas sociais do povo brasileiro.

O jornal alega praticar jornalismo ao cometer o erro de tentar calar um simples blog, como se ali não estivesse, acima de tudo, o propósito de dar ao povo brasileiro e aos milhares de acionistas da Petrobras, o outro lado da notícia, tarefa que o jornal infelizmente não cumpre. O Globo erra ao não ser transparente com seus leitores, que deveriam estar informados das motivações de seu despropositado rancor.

Pelo tamanho desta empresa jornalística, que ainda influencia alguns milhares de brasileiros, ela não pode ser instrumento de grupos políticos, não importa de qual figurino ideológico.

O Globo, que perde leitores para inúmeras novas formas de leitura na internet, sem conseguir montar um novo plano de negócios neste novo cenário, deseja transformar a nova concorrência em inimiga. Atitude furiosa que não contempla o entendimento que a democracia e a liberdade de informação estão sendo ampliadas. A blogosfera já atingiu um porte diante do qual as corporações deveriam tratá-la com respeito, sem permitir que antipatias e invejas determinem ações e pesadas palavras. A imprensa corporativa, agora sem qualquer regulação, acalenta, nas entrelinhas desta nova ofensiva, determinar que a internet tenha regras rígidas, impedindo o legítimo direito do cidadão ser ao mesmo tempo receptor e fonte de informação.

O Tribunal de Contas da União (TCU), ligado ao Legislativo, tem amplo acesso a contratos firmados pela administração direta pelos quais o contribuinte financia ONGs e organizações sociais. Na estatal faz o mesmo. Mesmo assim, o jornal faz intriga em aventar a possibilidade de existir alguma irregularidade em contratos que a reportagem ainda não conseguiu apurar.

Outro sinal da transformação do jornal o Globo em mero panfleto da oposição ao atual governo, é o permanente uso em suas reportagens de ilações que buscam colocar a Petrobras como ré em um mar de irregularidades, sem que até agora uma única denúncia tenha sido comprovada. Sugerem apadrinhamento político, caixa dois, irregularidades em licitações e distribuição de royalties, até na política de pessoal há suspeitas, criticando o número de funcionários para a área de comunicação. Nesta tentativa canhestra de condenar antecipadamente a estatal, os erros de apuração nas reportagens são visíveis e grotescos. No último domingo, reportagem do Globo criticou a empresa por ainda “apostar na fracassada mamona”. Recebeu de pronto, no dia seguinte, resposta do blog da Petrobras onde ficam visíveis os equívocos da reportagem, que não entendeu que não há fracasso, apenas uma necessária limitação na composição final do biocombustível. A mamona vai bem e há um amplo projeto com enorme impacto social, envolvendo a agricultura familiar. Se não fosse o Blog da Petrobras, a sociedade não entenderia o fato.

O ataque do jornal O Globo à Petrobras, nova especialidade de uma empresa que deveria estar concentrada em buscar seu lugar em um novo mundo repleto de redes sociais na internet, não deve ser, portanto, um simples desvio organizacional. Longe disso. Tudo parece coerente com um estilo de jornalismo caracterizado por sempre favorecer os interesses dos inimigos do povo brasileiro e o patrimônio da nação, algo que parece ser o mister histórico desta empresa de comunicação.

Nota pessoal do editorialista: Agradeço penhoradamente a inspiração do Professor Hariovaldo Almeida Prado, que muito me socorreu com sua sapiência e as bênçãos de São Serapião. Apenas confesso que não entendi muito bem em nossa conversa se o editorial deveria ser a favor ou contra quem. Mas, acredito ser este apenas um detalhe. Pois, como dizem os respeitados jornalistas Sérgio Leo e Pedro Dória, o fundamental no jornalismo é a técnica. Se quiserem outra versão do mesmo, cliquem aqui.
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