Hoje foi o último dia, antes do primeiro turno da eleição, que teve sessão do julgamento da Ação Penal 470 (vulgo "mensalão"). O "espetáculo" tem funcionado como propaganda eleitoral gratuita a favor de partidos contrários ao PT.
O julgamento, de forte conotação política, foi meticulosamente marcado para acompanhar passo a passo o calendário da campanha eleitoral.
Voltará na semana que vem, de forma que a oposição continuará contando com o generoso efeito de propaganda eleitoral gratuita no segundo turno.
Porém, se há algum efeito negativo em parte do eleitorado, pois o tema está sendo usado a exaustão por alguns candidatos demotucanos (e da velha imprensa demotucana, fiel escudeira do PSDB e do DEMos), o tamanho do estrago é questionável e diluído entre toda a classe política.
O efeito eleitoral seria maior se houvesse absolvições, pois haveria surpresa. Perante aquilo que os demotucanos acham que seja a opinião pública, os réus já entraram condenados, e o julgamento é apenas uma homologação. Ninguém está sendo apresentado a nenhum fato novo, a não ser a condenação sem provas, por presunção de culpa.
Por outro lado, há também o outro lado da história.
Muita gente está revoltada com a parcialidade, ao não julgar o mensalão tucano também, da mesma forma e na mesma época, o que gera um sentimento de injustiça. Sente-se estar havendo dois pesos e duas medidas. Pau que bate em Chico, não está batendo em Francisco.
A maioria do povo brasileiro, que é honesta, não aceita e não contemporiza com corrupção. Todos nós aplaudimos o trabalho da Polícia Federal e da CGU quando caça corruptos. Mas também não admitimos o uso da falsa escandalização para pegar carona no golpismo escancarado, visando cassar o presidente Lula e derrubar a presidenta Dilma. Isso seria voltar ao tempo das trevas do AI-5 quando a ditadura cassava adversários políticos, dizendo que era por corrupção, enquanto verdadeiros corruptos dóceis à ditadura eram mantidos intocáveis. Hoje aquela ditadura foi geneticamente modificada, transformada em mecanismos de poder econômico, da mídia, e no tapetão do judiciário. Eles querem derrubar Lula e Dilma para voltar aquelas oligarquias que atrasaram o Brasil 500 anos.
E a maioria do povo não está vendo as coisas como a TV Globo e a revista Veja querem mostrar.
A maioria do povo que está prestando atenção no julgamento, está vendo, no máximo, que o PT é o "otário" dessa história, pois é o único que está pagando o pato com gente punida, pelo que os outros partidos inventaram, fizeram e fazem em escala muito maior (infelizmente engavetada).
O povo está vendo que o Presidente Lula nomeou 7 ministros e a Presidenta Dilma nomeou 2. Vê que da parte deles não houve nenhuma maracutaia. Confiaram republicanamente na Justiça com "J" maiúsculo, sem interferência política, e deu nisso aí: até a data do julgamento foi marcada para coincidir com eleições.
A história cuidará de desvendar o que de fato aconteceu nos bastidores, desde os fatos, dos autos e do julgamento, que pode até vir a ser anulado em alguns casos, quando aparecer fatos novos que apontar contradições em algumas sentenças.
O julgamento, como processo político que é, não acabará nas sentenças dos magistrados, terá desdobramentos na luta política e no trabalho de historiadores e jornalistas investigativos honestos, para resgatar a verdade, porque ninguém em sã consciência está convencido de que as deduções que aparecem na sentença de alguns juízes, corresponde à verdade dos fatos à luz da história.
Só o voto em lulistas salva, nesta hora
O primeiro desdobramento político é nós votarmos em massa em candidatos honestos sim, mas que sejam também absolutamente confiáveis, que sejam lulistas de verdade, que não vão querer dar o golpe. Também não podemos votar em aliados em cima do muro, que cruzam os braços ou até tiram casquinha diante de ataques à Lula e a Dilma, por ambição pessoal de chegarem a presidência da República.
Inclusive, a raiz disso tudo foi a herança maldita montada pelos políticos demotucanos até 2002 e a bancada fisiológica no Congresso. Então, agora, até em vereador temos que votar com atenção: só em político consistente, ideológico, que tenha espírito público de verdade. Nada de votar em conhecidos dos amigos, porque não tem candidato.
Como a gente aqui gosta de falar na bucha, hoje, para quem é lulista, só está dando para confiar o voto, tanto no prefeito como no vereador, em bons candidatos do PT ou do PCdoB (onde não está com golpistas). Se não tiver candidato vote na legenda digitando o 13 ou 65. Dos outros partidos, mesmo da base governista, é preciso analisar com muito cuidado. Tem muita gente em cima do muro, e outros escondendo punhais afiados à espera de uma oportunidade para apunhalar pelas costas.
O momento é de não vacilar e só votar em candidatos lulistas de verdade, para ficarmos mais fortes contra o golpe hondurenho que a oposição demotucana está querendo armar. Se não fizermos isso agora, não adianta reclamar depois.