Arte do Dia - "Goela Abaixo"

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Elocubrações Teológicas.

"O Limbo dos Poetas e Heróis" - Ilustração de Gustav Doré para "A Divina Comédia", de Dante Alighieri.

A minha lembrança mais remota da palavra “limbo” vem dos gibis do Thor: era para lá que Lóki, o traiçoeiro irmão adotivo do Deus do trovão era comumente banido, quando aprontava alguma. Mais tarde, lá pelos nove ou dez anos de idade, preparando-me para a primeira comunhão, lembro-me de ter perguntado à catequista para onde iam as almas daquelas pessoas boas que não haviam sido batizadas ou dos bebês que morriam pagãos: foi só então que conheci a definição católica para o limbo. Já na adolescência, naquele momento em que minha inocente mente juvenil começou a ser influenciada pelo comunismo ateu e apátrida (hoje percebo a lógica que houve nesta transição: simplesmente troquei a fé em um judeu barbudo pela fé em outro judeu barbudo!), comecei a achar que o limbo era o lugar mais interessante do edifício celestial. Afinal, como definiu Tomás de Aquino, no século XIII, o limbo seria um lugar de felicidade natural, porém sem a presença do Todo-Poderoso. Pareceu-me o lugar perfeito: lá não existiriam os sofrimentos do inferno (embora, convenhamos, de vez em quando um perversãozinha infernal é algo bem interessante!) e nem a angústia das pobres almas do purgatório que, por terem cometido pecados leves, ficam ali aguardando a misericórdia divina para subir aos ceús (uma sensação similar a que sinto, como torcedor do Vasco, na expectativa de subir para a série A!). Além disto, não seria aquele porre que deve ser o céu com anjos assexuados e todos os carolas que encheram a nossa paciência durante a sua passagem pela vida terrena. Assim, havia chegado a uma conclusão: se houvesse vida após a morte, o tal do limbo era o melhor lugar para se ir. Porém, em 2007, a festa acabou: após ouvir o parecer de uma comissão de doutos teólogos, o Papa Bento XVI afirmou que o limbo era uma mera hipótese teológica e decretou o seu fim. Ora, segundo a tradição medieval, as almas daqueles que viverem antes do advento do Cristo – como Platão e Socrátes – e que portanto não conheceram a sua palavra estavam neste interessante lugar (Em “A Divina Comédia”, Dante arrumou uma vaguinha no limbo até para infiéis muçulmanos como Averrois e Saladino). Por isto, com a sua extinção pelo Sumo Pontífice, algumas perguntas começaram a martelar na minha cabeça:
a) para onde foram todas estas almas, que durante milênios curtiram a tranquilidade do Limbo?
b) A monarquia celestial pagou-lhes alguma indenização por esta expropriação indevida ou elas simplesmente foram jogadas na rua da amargura?
c) Será que Platão aceitou liderar o Movimento dos Sem-Limbo e decidiu combater esta decisão arbitrária do Primeiro-Ministro do Todo-Poderoso?
Sem sombra de dúvidas, estão são questões fulcrais para o futuro da humanidade... Porém, nesta história toda, o que mais me chocou foi o fato de poucas vozes terem se levantado contra tal arbítrio. Uma das poucas foi a do crítico literário norte-americano Harold Bloom, que escreveu um artigo de protesto no “New York Times”, pois havia combinado com seu falecido amigo, o escritor Anthony Burgess, que este o esperaria no limbo com uma garrafa de brandy Fundador. Ou seja, o tal de Ratzinger, além de ser um reacionário de primeira, ainda toma decisões que atrapalham o reencontro de velhos companheiros!

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E por falar em fé, volta e meia, zapeando em busca de alguma coisa que preste na televisão, dou uma parada no programa do Missionário R.R. Soares, da Igreja da Graça. E não hesito em dizer: o cara é um craque em vender seu peixe, um verdadeiro Sílvio Santos (com quem tem uma certa semelhança física) da fé! Voz mansa, jeito bonachão e conciliador, o missionário nem de longe lembra a postura agressiva de alguns de seus congêneres que, por conta disto, muitas vezes acabam espantando possíveis futuros fiéis. Enfim, R.R. Soares é um gênio do marketing religioso e deveria ser estudado como um “case” nas faculdades de Comunicação!

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Trilha Sonora do dia: “Heavy Metal do Senhor”, do Zeca Baleiro.

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Melô do Sarney



Video clip da Banda AUDAX - Promessas Esquecidas
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Chalita vai ao PSB com a benção de Aécio e para ser o plano B de Geraldo Alckmin

Do Blog do Fernando Rodrigues

O tucano e geraldista Gabriel Chalita está entrando no PSB. Essa é a informação conhecida. O bastidor é mais apimentado.

Chalita conversou reservadamente com Aécio Neves para receber a benção do tucano mineiro a respeito da troca da canoa tucana pelo PSB paulista. Foi abençoado. Ontem (16.set.2009), bateu o martelo com o principal cacique do PSB, o governador de Pernambuco Eduardo Campos.

Geraldo Alckmin tem em Chalita um de seus mais fortes puxadores de votos na região metropolitana da capital paulista. Em 2008, Chalita foi o mais bem votado vereador na cidade de São Paulo, com 102.048 votos.

Alckmin esboçou no final de 2008 um desejo de ele próprio pular para o PSB. Não deu certo. Lula não se animou em vê-lo num partido de sua base. O petista detesta Alckmin. Credita ao tucano alguns ataques que considera além do aceitável na disputa presidencial de 2006.

Mesmo assim, Alckmin estava determinado a sair do PSDB no final do ano passado. Achava que não teria espaço no partido para ser candidato a governador em 2010, pois não se dava com José Serra. Por essa razão o próprio Serra ficou com medo de ter um candidato como Alckmin fora do PSDB em 2010. Trouxe Alckmin para seu secretariado estadual e acorrentou o antigo adversário à sigla.

Alckmin sabe o que se passa. Não tem mais como sair do PSDB. Resolveu então mover pedras importantes no tabuleiro de 2010. Se Serra acabar mudando de ideia mais adiante e não deixá-lo ser candidato ao Palácio dos Bandeirantes, Alckmin terá uma excelente opção dentro do PSB para apoiar na disputa pelo governo estadual paulista: Gabriel Chalita.

Ainda mais agora que Aécio Neves também está ciente da estratégia e já deu seu nihil obstat para a entrada de Chalita no PSB. Aliás, se tudo der errado para Alckmin e Aécio no PSDB, Chalita pode tranquilamente subir em São Paulo no palanque presidencial da petista Dilma Rousseff. Seria um tucano avançado no campo adversário, com o objetivo de minar as chances de vitória de Serra na disputa pelo Planalto.

Como se observa, o jogo entre os tucanos ainda está longe de ser um jogo jogado.

Comentário do Blogueiro: Na política, não existe espaço para os inocentes. Uma mexida no tabuleiro do xadrez, por mais despretensiosa que pareça, sempre procura esconder o verdadeiro jogo. E o caso de Chalita é exemplar.

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O Terrorista e o Troglodita


A lentidão da Justiça acaba de enfiar numa oportuníssima saia justa dois integrantes do diminuto grupo de interlocutores que o presidente Lula ouve com alguma atenção. Nesta quinta-feira, quatro anos depois da publicação da entrevista em que o jornalista Franklin Martins disse o que acha do ex-presidente Fernando Collor, o ministro Franklin Martins, chefe da Secretaria de Comunicação Social, foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Rio a pagar ao senador governista Fernando Collor uma indenização de R$ 50 mil.

Em julho de 2005, entrevistado pela revista Brasília em Dia, o comentarista político da TV qualificou de “corrupto”, “ladrão” e “chefe de quadrilha” o político derrotado meses antes na eleição para o governo de Alagoas. Abstraída a adesão à base alugada, a trajetória percorrida por Collor nestes quatro anos não registra nenhum episódio que pudesse modificar as declarações de Franklin, sabidamente avesso a mudar de ideia ou revogar conceitos.

O ministro sessentão não se arrepende, por exemplo, do que fez o lider estudantil. Se pensasse como hoje, ressalva, não repetiria alguns episódios e escolhas. Mas não inclui entre esses momentos que não valeriam replay o sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, nem a opção pela luta armada. Se não faz reparos relevantes ao desempenho do Franklin de 1968, é evidente que a versão 2005 dispensa revisões.

Há quatro anos, durante o escândalo do mensalão, o jornalista encerrava os comentários com uma observação recorrente: enquanto não fosse localizada a origem do dinheiro, o Brasil estava proibido de acreditar na existência do mensalão. Até a grama da Praça dos Três Poderes já sabe que boa parte do dinheiro vinha das verbas de publicidade que Franklin hoje administra. Nem por isso a fé foi abalada: continua achando que o mensalão só existiu na cabeça da turma do contra.

Pode-se presumir, portanto, que acha de Collor o que sempre achou. Para justificar o convívio com o ex-troglodita de direita convertido à seita governista, o ex-revolucionário comunista recitou a oração que Lula ensinou: em nome da governabilidade, vale até vender a mãe. Será mais complicado justificar o ameno convívio entre a vítima do roubo e o ladrão que identificou há tão pouco tempo.

Franklin ainda não abriu a boca sobre o caso. A menos que ingresse na Ordem das Carmelitas Descalças, terá de dizer algo. Collor é mesmo corrupto? Chefiou ou chefia quadrilhas? Ou fez acusações absurdas e mereceu a punição? O Brasil que presta aguarda as respostas. Com paciência ─ e com prazer.


Augusto Nunes

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