O DIA EM QUE UMA CADELINHA FEZ UM PAÍS INTEIRO DESLIGAR A TV
A Demofobia de Bóris Casoy e o Silêncio Eloqüente da Grande Imprensa.
O “jornalista” Bóris Casoy possui um passado extremante complicado e comprometedor, tendo sido um colaborador declarado da ditadura militar e de tristes figuras como o ex-governador Paulo Maluf. No entanto, por conta de seu discurso moralista e indignado (representado pelo bordão “É uma vergonha”), ele converteu-se em um dos principais ídolos jornalísticos da nossa “classe mérdia”, tão ciosa da ética e da moralidade públicas. Nos últimos anos, ele se tornou um dos principais combatentes da trincheira da grande mídia contra o governo Lula, ao lado de outros ícones médio-classistas como Merval Pereira, Miriam Leitão, Diogo Mainardi e Arnaldo Jabor. Porém, no último dia 31 de dezembro, a sua máscara caiu diante de milhares de telespectadores que viram e ouviram, ao vivo e a cores, uma clara e explícita demonstração de demofobia – típica de alguns setores das nossas elites e da classe média que procura imitá-la – diante das câmeras. Depois de uma mensagem de ano-novo dada por dois garis no “Jornal da Band”, o paladino da moralidade, sem perceber que os microfones estavam abertos, fez o seguinte comentário: “Que merda, dois lixeiros desejando felicidades... Do alto de suas vassouras! Dois lixeiros... O mais baixo da escala de trabalho!”. Se a Band fosse uma rede de televisão séria, isto daria demissão sumária. Mas quem disse que os Saad vão querer demitir um de seus melhores soldados na luta contra o governo Lula e contra tudo aquilo que ele representa?
Post-Scriptum em 10/01/2010:
A repercussão deste caso, principalmente por conta da força da internet, acabou fazendo com que a grande imprensa rompesse o seu silêncio e abordasse o assunto. Porém, como era de se esperar, a maior parte do que foi publicado - na mídia impressa ou em blogs de colunistas dos grandes jornais e redes de televisão - consistiu em defesas veementes de Casoy e em ataques ao "massacre" que as "patrulhas esquerdistas" estariam promovendo contra um jornalista "sério e independente". Mas, para desespero dos bravos defensores da "liberdade de imprensa" e do inclímo paladino da ética, a mobilização da blogosfera possibilitou que episódios nebulosos do passado de Casoy viessem à tona. Um bom exemplo disto são os seus vínculos com o famigerado CCC (Comando de Caça aos Comunistas), na década de 1960, levantados pelo excelente blog Cloaca News, ao resgatar uma reportagem sobre esta organização fascista publicada na revista "O Cruzeiro", em 1968. Pois é, são esses os combativos jornalistas que batem no peito e falam em ética, liberdade de imprensa e moralidade pública!
Uma Briga das Boas: "Eu era cego e agora vejo".
Elocubrações Teológicas.
Trilha Sonora do dia: “Heavy Metal do Senhor”, do Zeca Baleiro.
Um final mais realista para "A Favorita".
Depois de aporrinhar o núcleo dos personagens bonzinhos a novela inteira, Flora é presa quando tenta assassinar Donatela e Zé Bob. Porém, devido ao golpe que deu na empresa dos Fontini, ela é levada para a carceragem da Polícia Federal, sob as acusações de sonegação fiscal, evasão de divisas e crime contra a economia popular. Lá, ela conhece um rico banqueiro, preso em uma das operações com nomes esquisitos da PF, que logo se apaixona por ela. Graças à influência deste ilustre personagem, um douto ministro do STF concede habeas-corpus para os dois pombinhos que, ao saírem da prisão, fogem imediatamente para a Europa. Depois de envenenar o namorado – com uma cápsula de cianureto diluída em uma taça de Château Lafite-Rothschild 2003 - e ficar com sua fortuna, Flora faz uma operação plástica na Suíça e retorna ao Brasil com documentos falsos, adquirindo, logo ao chegar, uma grande fazenda nos arredores de Triunfo, rapidamente ampliada com a grilagem de terras públicas. Tendo se tornado uma das maiores produtoras de açúcar e álcool de São Paulo, ela é eleita presidente da seção paulista da UDR (União Democrática Ruralista), filiando-se a seguir ao DEM, partido pelo qual se candidata à prefeitura de Triunfo. Com uma campanha milionária e assistencialista – ela adota a alcunha de “Evita Perón Caipira” – e tendo “Beijinho Doce” como jingle de campanha, Flora se elege com uma votação consagradora. Depois de alguns meses à frente da administração daquela progressista cidade, ela começa a ganhar projeção nacional após ser elogiada em crônicas escritas pelo Jabor e pelo Mainardi que a descrevem como uma “administradora moderna, dinâmica, antenada com os novos tempos e que não compactua com as forças do atraso”. Com isto, ela acaba sendo escolhida como uma das coordenadoras da campanha presidencial do José Serra e no comitê eleitoral acaba conhecendo FHC, o mais cobiçado viúvo do pedaço, com quem inicia um ardente affair. Ah, e para não perder a pontaria, de vez em quando, ela pratica tiro ao alvo contra alguns camponeses sem-terra que insistem em invadir suas propriedades. Afinal, quem é que se importa com esta gentinha?