POLÍTICA - Estoque de carisma de Lula.

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  • quarta-feira, 13 de novembro de 2013
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  • Gaudêncio Torquato

    Qual o peso de Lula na balança eleitoral? Essa é uma das questões mais controversas do debate político ora em curso. A polêmica se estabelece a partir do reconhecimento de que Luiz Inácio Lula da Silva, retirante nordestino que aos 7 anos chegou a Vicente de Carvalho, no litoral paulista, num caminhão “pau de arara”, é o último perfil carismático da paisagem política contemporânea.
    O carismático exibe um veio populista, principalmente ao agitar as massas com um discurso floreado de bordões e refrões de fácil assimilação. O dicionário de verbetes de Lula é o mais acessível às massas. É evidente que o portador de carisma tem de provar e comprovar que não se limita ao verbo tonitruante dos palanques. Precisa demonstrar ação. A trajetória do pernambucano Luiz Inácio, sob esse aspecto, é cheia de atos e fatos. É um roteiro de lutas, criação de movimentos, mobilização de massas, greves, negociações com o patronato, derrotas e vitórias eleitorais.
    Já não se pode dizer o mesmo da ex-senadora Marina Silva, por exemplo, em quem muitos enxergam aura carismática. Falta-lhe o tônus da ação. Um eixo largo de feitos. Sua planilha, hoje, exibe enfeites mais retóricos, apesar da atenção causada por seu porte miúdo, voz em falsete e uma história de carências.
    A conclusão, pois, é a de que os demais perfis inseridos na galeria do carisma não passam de imitações baratas. Alguns não passam de “bolhas de sabão”, que se elevam por instantes e logo estouram, para usar a própria comparação feita por Max Weber.
    Dito isso, salta à vista a observação de que “o último dos moicanos”, com seu arsenal carismático, poderá abater gregos e troianos que tentem flechar a candidata petista em 2014. Certo? Não. A hipótese aponta para entraves.
    Primeiro, carisma não é um bem inesgotável. Trata-se de um dom que atinge o clímax em tempo determinado e, sob circunstâncias não tão favoráveis, pode declinar. Weber lembra que o domínio carismático se impõe em momentos de crise, mas seu estado de “pureza” é afetado pelo rolo compressor da modernidade.
    DIFERENÇAS
    O Brasil de 2002, quando Lula correu o território brasileiro e ergueu ao topo o mastro da esperança, avançou muito. O corpo de Lula cabia bem na alma nacional. Sua voz ecoava alto por todos os estratos da pirâmide social. Acabou levando o troféu.
    Depois de oito anos, continuou a usar a aura carismática para embalar um perfil técnico e até então apolítico, a ex-ministra Dilma Rousseff. Um achado que deu certo. Fez o mesmo na capital paulista com o atual prefeito, Fernando Haddad.
    A elevação dos índices de racionalidade (particularmente nos bolsões que ascenderam socialmente), o desgaste do PT com o episódio da Ação Penal 470 (mensalão) e a polarização entre tucanos e petistas, com sinais de saturação, parecem indicar obstáculos no caminho de Lula.
    O eventual sucesso da presidente Dilma, é consenso, terá como “leitmotiv” o cenário econômico. Não se descarta o trunfo Lula no baralho eleitoral. Mas a estrutura da fortaleza que construiu no campo do carisma não é tão sólida como há 20, 30 anos. Vaza água por alguns canos.
    Estoque de carisma de Lula
     
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