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  • quarta-feira, 30 de outubro de 2013
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  • PT pensa em quatro palanques no Rio; mas como fica o tempo na TV?

    Pedro do Coutto
    Numa entrevista ao repórter Fernando Rodrigues, Folha de São Paulo de sexta-feira 25, o deputado Rui Falcão, presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, afirmou que, no Rio de janeiro, na campanha pela sucessão, a presidente Dilma Rousseff pensa em convidar os quatro candidatos que disputam as eleições estaduais para os comícios que realizará no estado. Falcão incluiu Anthony Garotinho (PR) na lista dos que apoiam Dilma, ao lado de Lindbergh Farias (PT), Luiz Pezão (PMDB, candidato de Sérgio Cabral) e Marcelo Crivella (PRB). Só ficaram de fora Cesar Maia (DEM) e Miro Teixeira(PROS). O PSDB ainda não indicou nenhum pré-candidato.
    Mas existem pelo menos duas dúvidas. Se os palanques dos comícios serão abertos a todos os que desejarem, ou se haverá um candidato estadual escolhido para cada palanque que for montado. A primeira alternativa é a mais lógica porque, dessa forma, aquele que não desejar compartilhar não precisa comparecer, basta adotar uma auto exclusão. Para Dilma tal solução é ótima, já que todos falarão a seu favor. Mas para os que buscam o Palácio Guanabara o palanque aberto impede que, ao lado da candidata principal, possam enfrentar-se entre si. Esta a primeira dúvida.
    A segunda  é mais complicada. No caso das campanhas compartilhadas, como ficará a divisão, no RJ, do tempo nos horários políticos da TV e do rádio? Pois nada impede que os candidatos de cada partido usem as imagens de suas presenças nos comícios (e atos públicos) para preenchimento dos espaços que lhes cabem. Como se sabe, tais períodos são divididos de acordo com o número que cada bancada possui na Câmara Federal. Este aspecto não foi abordado por Rui Falcão. Tivesse sido, o jornalista Fernando Rodrigues, competente profissional, o aproveitaria.
    DIFÍCIL DE CONCRETIZAR
    A divisão dos comícios é uma ideia engenhosa, na teoria, mas de difícil êxito na prática. Vão surgir conflitos inevitáveis em torno da duração dos discursos e dos temas abordados. Ocorre-me um exemplo de tal tentativa que acabou em conflito na campanha de 1960. Disputavam a presidência da república o ex-governador de São Paulo, Jânio Quadros, o ex-ministro da Guerra, general Teixeira Lott, e o ex-prefeito da cidade de São Paulo, Ademar de Barros. Eram candidatos ao governo do estado da Guanabara, que nascia junto com Brasília, o deputado Carlos Lacerda e os  deputados Sérgio Magalhães, Tenório Cavalcanti, Mendes de Moraes, também ex-prefeito em cujo período o Maracanã foi construído.
    Como Sérgio Magalhães e Mendes de Morais apoiavam Lott, foi combinado um palanque duplo. Um domingo à noite, no Largo do Machado, primeiro de uma série de divisões que não houve, o primeiro e último desastre em matéria de compartilhamento. Explodiu um conflito entre adeptos de Sergio e de Mendes, com vaias a este acompanhadas de pedras arremessadas contra o palanque fracassado. Repórter do Correio da manhã, estava na cobertura. A meu lado, pelo Diário de Notícias, o então repórter Sérgio Cabral, pai do atual governador. Os fotógrafos também tiveram que se esquivar da violência. Uma das pedras o atingiu de raspão ferindo Sérgio Cabral.
    Impossível a convivência. A tese do palanque duplo começou e acabou naquela noite. Não sei – em política não se deve prever nada – como vai acabar, na prática, a tese do palanque múltiplo na campanha eleitoral no Rio em 2014. Acentuo apenas sua difícil implantação.
    Fonte: Tribuna da Imprensa online.
     
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