Do baú do Mello, 'Casas de las Americas', porque todo mundo já foi poeta um dia

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  • quinta-feira, 15 de agosto de 2013
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  • Casas de las Americas

    o dia começa com uma pedrada no sol.
    aberto, observe-o, hemorrágico,
    abundante, abre as trevas,
    mostra o trágico
    despertar da cidade, desenterra-a.

    num canto: cama de tacos,
    pai, mãe, filhos, baratas,
    móveis quebrados, fome e ratos,
    todos ainda intactos
    a seu, do sol, contacto;

    mais, ei-lo, que já invade,
    magnânimo,
    um estilhaço de raio,
    ainda vermelho, embora exangue;
    ei-lo invadindo, alexandre,
    o reino anêmico, que range.
    o pai, até a janela,
    a mãe, à água e panela,
    o galo canta cucurucu!

    da janela, o homem estica
    os braços
    estalando a verdadeira cordilheira
    de ossos
    e grita: bom dia!
    do outro lado de nossa américa
    do sul
    a miséria vizinha replica: buenos dias!

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