Dilma anda às turras exatamente com o seu setor de origem, o de energia. Não pode chegar perto que dá choque, ou vem raio.
Segundo ela, é "ridículo" falar em racionamento, mas técnicos do setor público e agentes do privado insistem que a coisa está feia.
Choveu pouco em 2012 e o sistema brasileiro é dependente de chuvas. Logo, os reservatórios estão em níveis muito baixos e, por ironia, se as chuvas que castigam o Rio não chegarem -e logo- a Minas, o fornecimento de energia pode ficar difícil.
Então é torcer para que são Pedro tenha piedade do Rio e deixe de produzir desabrigados por lá, mas que também seja generoso com o país e mande chuva para onde tem de chover: os locais fundamentais para encher os reservatórios, como Minas.
Nessa queda de braço -bem no meio da acusação de que o governo quebra contratos no setor elétrico-, há uma crítica constante à personalidade, ou ao estilo, de Dilma. Nove entre dez pessoas de dentro e de fora do governo reclamam do excesso de centralização e de autoconfiança.
Como nenhum ministro, assessor ou técnico é besta de assumir publicamente a crítica, vamos a alguém que é da oposição, mas é de dentro do sistema elétrico: o secretário de Transportes de Salvador, José Carlos Aleluia (DEM), professor, membro dos conselhos da Light e da Celg (a estatal de energia de Goiás) e ex-relator no Congresso da criação da Aneel (a agência de energia elétrica).
"A Dilma toma decisões sem ouvir as instituições e os técnicos, como se só ela entendesse do assunto e todo mundo fosse ignorante", diz, resumindo uma queixa geral.
Isso vale para energia e também para todo o resto. Como os subalternos, inclusive ou principalmente ministros, morrem de medo e não reagem, tudo é centralizado, nada anda.
Só nos resta rezar, ou, quem sabe, cantar: "Tomara que chova... cem dias sem parar...". Mas, claro, uniformemente e sem tragédias.
Fonte: Folha de S. Paulo