Por Vanessa Silva
“Após duas décadas de sanguinárias ditaduras, a manutenção da paz, soberania e o processo de segunda independência da América Latina ganha destaque e é objeto de contundentes defesas pelos presidentes progressistas do continente. Nesse sentido, foi realizada, na Argentina, a “Conferência Intercontinental Paz, Desarmamento e Alternativas Sociais AntiOtan Global”.
O evento, realizado entre os dias 12 e 15 de dezembro, teve como palco a emblemática escola ESMA — Escola de Mecânica da Armada - que, durante a ditadura militar argentina (1976-1983), foi centro clandestino de detenção e tortura. Estima-se que por lá passaram mais de 5 mil pessoas que foram presas e, posteriormente, desapareceram.
Sob responsabilidade da “Rede Internacional contra a Guerra — Não à OTAN”, do “Círculo Latino-Americano de Estudos Internacionais” (México) e da “Assembleia Permanente pelos Direitos Humanos” APDH (Argentina), a Conferência contou com a participação de representantes da sociedade civil da América Latina, Europa e América do Norte. Entre os presentes, estavam o ativista de direitos humanos e Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, a jornalista e escritora argentina, Stella Calloni, a presidenta do “Movimento pela Paz, Soberania e Solidariedade entre os Povos” (MOPASOL), Rina Bertaccini, e a brasileira Socorro Gomes, presidenta do “Conselho Mundial da Paz” (CMP) e do “Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz” (CEBRAPAZ).
Em entrevista ao “Portal Vermelho”, Socorro fala sobre a importância do evento e quais são as ameaças que a OTAN representa hoje no mundo e na América Latina.
De acordo com a pacifista Socorro Gomes, hoje, a OTAN é a maior ameaça à paz no mundo.
Acompanhe os melhores momentos desta conversa:
OTAN
“A OTAN é, hoje, a maior ameaça à paz mundial. Desde o seu nascimento, ela não tem se caracterizado por ser uma organização de defesa, mas de agressão aos países e povos. Inclusive, ela surgiu para impedir o avanço da luta dos povos, principalmente o avanço do bloco socialista. Hoje, sua marcas são crimes, os ataques a povos e nações e à soberania dos países. Entre os crimes que entram na conta, estão a destruição e o genocídio na antiga Iugoslávia e, com essa mesma característica, os ataques ao Afeganistão, à Líbia e agora à Síria.
A OTAN não tem pensamento autônomo. É uma máquina de guerra a serviço dos Estados Unidos e das potências europeias. Hoje, ela tem um leque de atuação no mundo inteiro. Tenta se colocar no mesmo pé que a própria Organização das Nações Unidas (ONU), indo desde a falsa questão do meio-ambiente até à questão cibernética, questões étnicas e acesso a fontes energéticas.
AMÉRICA LATINA
Na América Latina, essa questão é muito grave porque aqui estão cercando os nossos países. Desde que a França ingressou plenamente no organismo, as bases militares francesas se converteram em bases da OTAN. E existem bases na Guiana Francesa, que faz fronteira com o Brasil. Podem ser consideradas da OTAN, também, as bases militares britânicas nas Ilhas Malvinas, que pertencem à Argentina.
Então, hoje, essa ameaça é muito grave, uma vez que o imperialismo está tecnicamente mais preparado e mais ameaçador, utilizando-se do terrorismo de Estado, que tem sido uma prática dos EUA para chantagear os povos. Em momento de crise do capitalismo, eles voltam, juntamente com a Europa, para minar as conquistas sociais, dominar as fontes de recursos naturais e os mercados e fluxos de mercadoria. Eles querem controlar continentes, oceanos e o espaço sideral.
NOVOS GOLPES
Vemos, hoje, as diversas intervenções do Império na América Latina. Aplicam golpes utilizando os parlamentos reacionários — como no caso do Paraguai —, ou instrumentalizando a mídia para fazer campanha de demonização — como foi o caso do Muamar Kadafi [ex-presidente da Líbia] e Saddam Hussein [ex-presidente do Iraque]. Também, tentam estimular conflitos étnicos, sociais, diminuir os direitos dos trabalhadores.
Os mercenários são muito utilizados para criar e potencializar esses conflitos e gerar situações de caos, insustentabilidade e desestabilizar governos, que é a situação hoje na Síria, onde criaram atmosfera de ingerência armada pelas potências, as quais querem destruir e reformatar o Oriente Médio para controlar a região do Norte da África através do AFRICOM — Comando dos Estados Unidos para a África, — mas a África tem resistido às bases no continente. Querem colocar esse mecanismo ali para reforçar seu domínio de regiões geoestratégicas, é isso.
FORÇA REGIONAL
Na América Latina, houve tentativa de magnicídio no caso de Hugo Chávez [presidente da Venezuela], de secessão na Bolívia quando quiseram dividir o país na região da Media Luna. Só que aqui estamos lutando pela construção de novos paradigmas com a integração regional. São vitórias fundamentais na resistência ao processo neocolonial que temos conseguido desde que o projeto da ALCA [Área de Livre Comércio das Américas] foi derrotado pelos presidentes progressistas da região.
A própria CELAC [Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos] é avanço muito grande, porque, antes, a única organização multilateral que tínhamos era a OEA [Organização dos Estados Americanos] que sempre foi um colonato dos Estados Unidos. Eles determinavam quem poderia ou não participar do organismo e tudo fizeram para isolar Cuba da América Latina. Já a CELAC, abriga todos os países, com exceção dos Estados Unidos e do Canadá. E isso é grande mudança na geopolítica da região no sentido de fortalecer a correlação de forças independentistas e soberanas na região, em busca do progresso e da justiça em nossos países. Mas os Estados Unidos tentam, desesperadamente, resgatar aquela história de que a América Latina é o seu quintal. Isso não existe mais, foi enterrado. A América Latina é outra.
Há, claramente aqui, uma disputa entre dois projetos. Um independentista, de integração solidária, e outro que ainda tenta, através do Paraguai, do Chile, da Colômbia e do Panamá (com o "eixo do Pacífico"), retomar essa hegemonia e impedir os avanços. Por isso essa é uma luta constante.”
FONTE: escrito por Vanessa Silva, da Redação do portal “Vermelho” (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=201947&id_secao=9) [Imagens do Google adicionadas por este blog ‘democracia&política’].
“Após duas décadas de sanguinárias ditaduras, a manutenção da paz, soberania e o processo de segunda independência da América Latina ganha destaque e é objeto de contundentes defesas pelos presidentes progressistas do continente. Nesse sentido, foi realizada, na Argentina, a “Conferência Intercontinental Paz, Desarmamento e Alternativas Sociais AntiOtan Global”.
O evento, realizado entre os dias 12 e 15 de dezembro, teve como palco a emblemática escola ESMA — Escola de Mecânica da Armada - que, durante a ditadura militar argentina (1976-1983), foi centro clandestino de detenção e tortura. Estima-se que por lá passaram mais de 5 mil pessoas que foram presas e, posteriormente, desapareceram.
Sob responsabilidade da “Rede Internacional contra a Guerra — Não à OTAN”, do “Círculo Latino-Americano de Estudos Internacionais” (México) e da “Assembleia Permanente pelos Direitos Humanos” APDH (Argentina), a Conferência contou com a participação de representantes da sociedade civil da América Latina, Europa e América do Norte. Entre os presentes, estavam o ativista de direitos humanos e Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, a jornalista e escritora argentina, Stella Calloni, a presidenta do “Movimento pela Paz, Soberania e Solidariedade entre os Povos” (MOPASOL), Rina Bertaccini, e a brasileira Socorro Gomes, presidenta do “Conselho Mundial da Paz” (CMP) e do “Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz” (CEBRAPAZ).
Em entrevista ao “Portal Vermelho”, Socorro fala sobre a importância do evento e quais são as ameaças que a OTAN representa hoje no mundo e na América Latina.
De acordo com a pacifista Socorro Gomes, hoje, a OTAN é a maior ameaça à paz no mundo.
Acompanhe os melhores momentos desta conversa:
OTAN
“A OTAN é, hoje, a maior ameaça à paz mundial. Desde o seu nascimento, ela não tem se caracterizado por ser uma organização de defesa, mas de agressão aos países e povos. Inclusive, ela surgiu para impedir o avanço da luta dos povos, principalmente o avanço do bloco socialista. Hoje, sua marcas são crimes, os ataques a povos e nações e à soberania dos países. Entre os crimes que entram na conta, estão a destruição e o genocídio na antiga Iugoslávia e, com essa mesma característica, os ataques ao Afeganistão, à Líbia e agora à Síria.
A OTAN não tem pensamento autônomo. É uma máquina de guerra a serviço dos Estados Unidos e das potências europeias. Hoje, ela tem um leque de atuação no mundo inteiro. Tenta se colocar no mesmo pé que a própria Organização das Nações Unidas (ONU), indo desde a falsa questão do meio-ambiente até à questão cibernética, questões étnicas e acesso a fontes energéticas.
AMÉRICA LATINA
Na América Latina, essa questão é muito grave porque aqui estão cercando os nossos países. Desde que a França ingressou plenamente no organismo, as bases militares francesas se converteram em bases da OTAN. E existem bases na Guiana Francesa, que faz fronteira com o Brasil. Podem ser consideradas da OTAN, também, as bases militares britânicas nas Ilhas Malvinas, que pertencem à Argentina.
Então, hoje, essa ameaça é muito grave, uma vez que o imperialismo está tecnicamente mais preparado e mais ameaçador, utilizando-se do terrorismo de Estado, que tem sido uma prática dos EUA para chantagear os povos. Em momento de crise do capitalismo, eles voltam, juntamente com a Europa, para minar as conquistas sociais, dominar as fontes de recursos naturais e os mercados e fluxos de mercadoria. Eles querem controlar continentes, oceanos e o espaço sideral.
NOVOS GOLPES
Vemos, hoje, as diversas intervenções do Império na América Latina. Aplicam golpes utilizando os parlamentos reacionários — como no caso do Paraguai —, ou instrumentalizando a mídia para fazer campanha de demonização — como foi o caso do Muamar Kadafi [ex-presidente da Líbia] e Saddam Hussein [ex-presidente do Iraque]. Também, tentam estimular conflitos étnicos, sociais, diminuir os direitos dos trabalhadores.
Os mercenários são muito utilizados para criar e potencializar esses conflitos e gerar situações de caos, insustentabilidade e desestabilizar governos, que é a situação hoje na Síria, onde criaram atmosfera de ingerência armada pelas potências, as quais querem destruir e reformatar o Oriente Médio para controlar a região do Norte da África através do AFRICOM — Comando dos Estados Unidos para a África, — mas a África tem resistido às bases no continente. Querem colocar esse mecanismo ali para reforçar seu domínio de regiões geoestratégicas, é isso.
FORÇA REGIONAL
Na América Latina, houve tentativa de magnicídio no caso de Hugo Chávez [presidente da Venezuela], de secessão na Bolívia quando quiseram dividir o país na região da Media Luna. Só que aqui estamos lutando pela construção de novos paradigmas com a integração regional. São vitórias fundamentais na resistência ao processo neocolonial que temos conseguido desde que o projeto da ALCA [Área de Livre Comércio das Américas] foi derrotado pelos presidentes progressistas da região.
A própria CELAC [Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos] é avanço muito grande, porque, antes, a única organização multilateral que tínhamos era a OEA [Organização dos Estados Americanos] que sempre foi um colonato dos Estados Unidos. Eles determinavam quem poderia ou não participar do organismo e tudo fizeram para isolar Cuba da América Latina. Já a CELAC, abriga todos os países, com exceção dos Estados Unidos e do Canadá. E isso é grande mudança na geopolítica da região no sentido de fortalecer a correlação de forças independentistas e soberanas na região, em busca do progresso e da justiça em nossos países. Mas os Estados Unidos tentam, desesperadamente, resgatar aquela história de que a América Latina é o seu quintal. Isso não existe mais, foi enterrado. A América Latina é outra.
Há, claramente aqui, uma disputa entre dois projetos. Um independentista, de integração solidária, e outro que ainda tenta, através do Paraguai, do Chile, da Colômbia e do Panamá (com o "eixo do Pacífico"), retomar essa hegemonia e impedir os avanços. Por isso essa é uma luta constante.”
FONTE: escrito por Vanessa Silva, da Redação do portal “Vermelho” (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=201947&id_secao=9) [Imagens do Google adicionadas por este blog ‘democracia&política’].