Por dia, 17 casas são roubadas no Paraná

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  • quinta-feira, 4 de outubro de 2012
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  • O número de assaltos a residências no Paraná cresceu 20% nos primeiros oito meses deste ano em relação ao mesmo período de 2011. O estado já contabiliza, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (Sesp), 4.126 roubos a moradias (quase 17 por dia), contra 3.434 no ano passado. Em 2011, ao todo, foram 5.157 casos. Curitiba é a cidade com o maior número de crimes desta natureza. De janeiro a agosto foram 1.331 ocorrências – 19% a mais do que no mesmo período do ano passado.

    Diferentemente do furto, o roubo se caracteriza pelo uso de violência ou ameaça. No caso do assalto domiciliar, os moradores em geral são surpreendidos pelos ladrões dentro de casa ou abordados no portão. A impunidade e a falta de infraestrutura policial para investigar são apontadas como as principais causas para o aumento desse tipo de crime.

    Segundo o delegado-adjunto da Delegacia de Fur­tos e Roubos de Curitiba, Guilherme Rangel, a maioria dos ladrões é reincidente. “Penas brandas e progressão de regime contribuem para o aumento desse tipo de assalto. Grande parte das pessoas que compõem essas quadrilhas já foi presa e está em regime semiaberto ou aberto”, ressalta. Rangel diz ser importante investir mais na formação de equipes de inteligência para atuar nas investigações. “Esse ponto é fundamental para a polícia conseguir desvendar esses crimes”, afirma.
    Para o sociólogo Luís Flávio Sapori, do Centro de Estudos e Pesquisa em Segurança Pública da Pontifícia Uni­versidade Católica de Minas Gerais, também é preciso dar mais atenção ao policiamento ostensivo e preventivo para coibir esse tipo de delito. “Apenas dessa forma é que se torna possível reduzir os roubos a casas”, afirma. Na opinião dele, não adianta culpar a progressão de pena, porque isso é um benefício previsto em lei. “O que deve ser criado é uma forma de monitorar esses criminosos depois que saem da cadeia. A polícia deve estar preparada para isso”, ressalta.
    O sociólogo Pedro Bodê, coordenador do Centro de Estudos em Segurança Pú­bli­ca e Direitos Humanos da Universidade Federal do Paraná, diz que a polícia deve concentrar esforços para identificar e desarticular os esquemas de receptação dos bens roubados. “Tem todo um circuito completo e complexo para esses crimes continuarem acontecendo. Cabe às autoridades policiais investigar todo esse esquema”, diz.
    Interiorização
    No interior do estado, o ín­­dice de roubos a moradias au­­mentou em metade das dez cidades que mais registram esse tipo de crime. Foz do Iguaçu e Londrina, por exem­­plo, tiveram aumentos de 41% e 39%, respectivamen­­te, no período analisado. Na Grande Curitiba, Piraquara e Pinhais também registraram altas significativas – 34% e 23%.
    “Isso significa que a violência está se interiorizando. Cidades-polo e municípios em desenvolvimento atraem assaltantes e o número de crimes aumenta. Essas quadrilhas escolhem locais que estão gerando capital”, explica o sociólogo Lindomar Boneti, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Para ele, não basta investir em repressão. “É necessário ter uma educação de qualidade e geração de empregos. Onde o serviço público está presente, o número de delitos tende a ser menor”, aposta.

    Casos de assalto crescem em 60% dos bairros de Curitiba

    A quantidade de assaltos domiciliares aumentou em 60% dos 73 bairros listados pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) – os dados não incluem os bairros Riviera e São Miguel. Comparando janeiro a agosto do ano passado com o mesmo período deste ano, 44 localidades registraram mais delitos dessa natureza. Em apenas 26 houve redução. Em outros três, não houve variação.
    Os bairros que registraram as maiores altas foram o Fanny (520%), Vista Alegre (266%), Lindoia (200%) e Mercês (176%). Em número absolutos, o Boqueirão é o mais visado pelos ladrões, com 82 ocorrências (alta de 95%), seguido por Cajuru (73 casos/55%), Uberaba (61/24%), Sítio Cer­­cado (56/115%), Novo Mundo (50/61%), Bairro Alto (50/51%). Também chamam a atenção pelo grande número de assaltos o Xaxim (50) e a Cidade Industrial (49), porém a quantidade foi praticamente igual ao período do ano anterior.
    Entre os bairros que registraram redução, o destaque é o Jardim Social (queda de 69%, passando de 23 roubos para sete); Jardim da Américas (61%, de 39 para 15); Boa Vista (34%, de 38 para 25); e Santa Felicidade (15%, de 45 para 38).
    Perfil do crime
    O delegado Gui­lherme Rangel afirma que os assaltantes costumam observar muito a vítima antes de agir. Segundo ele, as quadrilhas são formadas por criminosos especializados neste tipo de delito. “Eles costuma agir com violência física e psicológica. Quando entram em uma casa eles esperam levar cerca de R$ 50 mil em bens e dinheiro”, revela Rangel.
    Uma moradora do bairro Guabirotuba, na capital, foi vítima dessa violência no mês passado. Ela conta que dois homens a abordaram e deram voz de assalto quando saía de casa para levar o filho de 12 anos ao colégio, por volta das 7 horas. “Eles foram entrando na minha casa. Bateram muito no meu marido, colocaram uma pistola na cabeça do meu filho e ainda tentaram asfixiá-lo para que a gente desse a senha do cofre. A gente nem cofre tem”, relata.
    Depois que os bandidos entraram na casa, outras duas pessoas – um homem e uma mulher – chegaram para ajudar os comparsas. “Era muita violência. Eles ficaram lá em casa por duas horas. A gente fez boletim de ocorrência e estamos esperando que essa quadrilha seja presa”, diz. O bairro registrou até o mês de agosto deste ano 28 assaltos – 33% a mais do que no mesmo período.


     
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