Cafeína: uma aliada na prevenção de doenças

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  • segunda-feira, 29 de outubro de 2012
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  • Combustível essencial para o dia a dia de muitas pessoas, a cafeína tem conquistado espaço nos laboratórios. Pesquisas recentes relatam os benefícios do seu consumo. “Com as últimas publicações, temos aí mais de 20 mil trabalhos publicados sobre a cafeína, o que mostra a preocupação dos pesquisadores com o tema”, afirma o cardiologista do Hospital Evangélico de Curitiba Marcos Augusto Pereira.

    E essa preocupação não é meramente uma tendência. A cafeína, composto químico que atua principalmente sobre os sistemas nervoso central, digestivo e cardiovascular, se mostrou um método eficaz na prevenção de várias doenças, como tumores do sistema nervoso central, câncer de mama, doença de Alzheimer e de Parkinson.

    Recentemente, a droga também teve seus efeitos analisados positivamente com relação ao bloqueio do desenvolvimento de câncer de pele. Estudo desenvolvido por médicos da Escola de Medicina de Harvard concluiu que os pacientes que ingeriram ao menos três xícaras de café por dia durante mais de 20 anos tiveram 20% menos risco de desenvolver um tipo comum de câncer de pele, o carcinoma basocelular.
    Segundo o professor de neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro José Mauro de Lima, a substância ainda pode atuar como aliada em algumas situações de déficit de atenção infantil. Lima – que também coordena o Programa de Álcool e Drogas do Centro de Ensino, Pesquisa e Referência de Alcoologia e Adictologia, da mesma instituição – explorou o tema na década de 90 e acredita que a cafeína pode realmente melhorar a síndrome devido ao estado de concentração que é capaz de gerar. “O tratamento padrão é a ritalina, mas o uso da cafeína, talvez nos casos mais leves, entra como coadjuvante favorável. Não que apenas ela trouxesse os resultados de melhora, mas uma dose equilibrada e estimulante poderia sim influenciar o déficit de atenção.”
    Alerta
    Embora os resultados apontem para uma finalidade vantajosa dos alimentos cafeinados na medicina, ainda não foi possível comprovar de forma certeira a eficácia da droga nesses casos, conforme ressalta a oncologista do Instituto de Hematologia e Oncologia Curitiba (IHOC) Alessandra de Menezes. “A maioria dos estudos ainda é experimental, com bons resultados, mas não definitivos. Devemos sempre observar nos estudos também outros fatores que podem estar associados ao aparecimento ou não de tumores. Por exemplo, nos casos de tumores de pele, a exposição ao sol da população estudada, raça, uso de protetor solar e idade.”
    Limite
    Substância acentua sintomas de certas doenças

    Não são apenas de vantagens que usufruem os amantes do cafezinho. Se por um lado os pesquisadores salientam os poderes da cafeína como aliada no combate a doenças, por outro há também indícios de que ela pode reforçar algumas moléstias. “Quem tem o hábito de tomar [café] em quantidade maior do que o eventual pode predispor de algumas situações, como hipertensão”, explica o professor de neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador do Programa de Álcool e Drogas do Centro de Ensino, Pesquisa e Referência de Alcoologia e Adictologia José Mauro de Lima. “Não é a cafeína que provoca a hipertensão, mas ela pode acentuar os sintomas, assim como quem também tem problemas de gastrite, por exemplo.”
    Segundo o nutrólogo e presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), Durval Ribas Filho, portadores de úlceras pépticas, arritmias graves, psicoses maníaco depressivas e de fibrose cística (acúmulo de muco nos pulmões) também devem evitar o consumo da substância, que pode agravar essas condições.

    Visão
    Consumo em excesso traz riscos para os olhos

    Artigo publicado neste mês no jornal médico Investigative Ophthalmology & Visual Science (EUA) mostrou que ingerir mais de três xícaras de café extra forte diariamente pode aumentar os riscos de desenvolver problemas visuais. Os pesquisadores, da Universidade de Harvard, avaliaram aproximadamente 120 mil participantes que não tinham glaucoma e faziam exames oftalmológicos constantemente para chegar aos resultados. A ideia do estudo foi concebida com base em uma provável ligação entre problemas de visão e a ingestão de café na população da Escandinávia, que tem o maior número de consumidores de café cafeinado do mundo e também as maiores frequências de síndrome de esfoliação e glaucoma.
    Apesar de o cenário científico mostrar esse contraste entre os poderes da cafeína, os amantes do cafezinho podem ficar tranquilos: desde que ingerida em dose adequada, não há com o que se preocupar, afirma a endocrinologista do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Rosângela Rea. Segundo ela, para aproveitar o lado bom da cafeína sem precisar enfrentar consequências desagradáveis posteriormente, é preciso ter bom senso na hora de definir a dose. “O consumo moderado não causa problemas, ao contrário do abuso. É como a gente sempre diz: o excesso de qualquer coisa não faz bem para nada”, finaliza.
    gazeta do povo

     
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