O JL apurou que o prefeito admitiu o recebimento de R$ 150 mil, que seriam divididos entre ele, o ex-secretário da Fazenda Lindomar dos Santos e o ex-prefeito Barbosa Neto (PDT), cassado por irregularidades no uso de vigias pagos com dinheiro público, sendo R$ 50 mil a cada um. Nos depoimentos que prestou ao Gaeco, a ex-secretária da Educação, Karin Sabec, disse ter ouvido que o pagamento da parcela dependia do pagamento de propina.
Na tarde desta quarta-feira (5), o promotor do Gaeco, Renato de Lima Castro, deu uma entrevista coletiva onde confirmou o teor do depoimento do prefeito Ribeiro. “É fato que foi paga propina para favorecimento de uma empresa. Há uma confissão expressa do prefeito, além de outras declarações”, declarou o promotor. “As provas são convergentes, mas não foram baseadas somente no depoimento do [prefeito] Ribeiro. Elas corroboram com outras provas, como transferências de dinheiro entre as empresas, saques em dinheiro para que uma pessoa entregasse em mãos o dinheiro de propina ao Ribeiro”, revelou Castro.Na semana passada, Lindomar Santos disse que não havia nada de concreto contra ele, apenas a declaração de Karin, que disse ter ouvido de terceiros a acusação. Na última terça-feira, Santos anunciou a saída do governo.
Segundo o promotor, Ribeiro teria tentado explicar o destino do dinheiro recebido. “Ele quis dizer que o destino dos R$ 150 mil era para saldo de campanha. Se houve um recebimento de propina, o destino que ele faz não interessa. É crime, é ato de improbidade administrativa, e ele será responsabilizado. Com certeza ele ficou com parte do dinheiro”, declarou Castro.
Compra de uniformesAs investigações do Gaeco que agora atingem o chefe do Executivo municipal já levaram quatro empresários para prisão. José Lemes, Marcos Ramos e Pedro Bresciani foram presos em 28 de agosto. O empresárioWilson Yoshida, que estava foragido, apresentou-se em 31 de agosto. As prisões ocorreram depois que a ex-secretária de Educação Karin Sabec compareceu espontaneamente ao Gaeco para colaborar com as investigações.
A suspeita é de que as empresas comandadas por eles tenham se articulado em grupo para simular a oferta de preços a fim de vencer o certame de uniformes, tênis, meias e mochilas para alunos da rede municipal de Londrina.
Em abril deste ano, o Ministério Público (MP) entrou com ação judicial para anular a compra dos mesmos materiais em 2010, quando a G8 e a Capricórnio, investigadas no novo inquérito, fecharam um contrato de R$ 6,7 milhões com a Prefeitura de Londrina. Na época, a administração municipal dispensou a licitação e embarcou de “carona” nos mesmos preços levantados pela Prefeitura de São Bernardo do Campo (SP), que também contratou as empresas para os materiais.
O formato da compra foi defendido pelo ex-prefeito Barbosa Neto e pelo ex-secretário de Gestão Pública Marco Cito e, junto com a ex-secretária de Educação Karin Sabec, tornaram-se réus no processo. Apenas nessa compra, a promotoria apurou superfaturamento de R$ 511 mil nos tênis.