Rússia capitalista: corrupção, pobreza e intolerância

Posted on
  • sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
  • by
  • Editor
  • in
  • Em dezembro de 1991 a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS – foi dissolvida. Mikhail Gorbatchov e sua Perestroika ajudaram a formar em 08 de dezembro a Comunidade de Estados Independentes (CEI). Foi o próprio Gorbatchov que em 25 de dezembro, dia de natal, oficializou o fim da União Soviética. Historiadores mais apressados chegaram a decretar o fim da história, teóricos de direita, de centro e até mesmo alguns de esquerda comemoraram a chegada da “democracia” ao leste europeu.

    Passados 20 anos, a verdade é que o capitalismo, assim como em todos os países, fracassou na Rússia. Se o socialismo soviético apresentou graves erros ao longo de sua história e acabou por burocratizar-se, o capitalismo concentrou ainda mais o poder nas mãos de alguns membros de um único partido político, gerou e aprofundou as desigualdades sociais, elevou a corrupção a níveis extremos, provocou a desindustrialização e o atraso tecnológico, fez aumentar a intolerância e o preconceito na sociedade.


    Para que se tenha uma idéia melhor da Rússia de hoje, durante os 20 anos de capitalismo a população encolheu em 8 milhões de pessoas. A expectativa de vida que em 1991 era de 72,4 anos, hoje é de 58,9 anos. Vive-se 13,5 anos menos do que nos tempos do socialismo.

    Para Dmitri Trenin, ex-oficial do exército vermelho e dirigente do Centro Carnegie de Moscou, há um grande desencanto da população com o estado russo, assolado pela corrupção e excessivamente centralizado. “Os russos aprenderam a priorizar suas vidas privadas e não se preocupar demasiado com temas como a cor da bandeira nacional, a delimitação de fronteiras ou a composição do governo”, disse Trenin em uma série de reportagens produzidas pela Agência Folha. O dirigente afirmou não acreditar que a Rússia viva uma democracia nos dias de hoje e salienta que um dos grandes problemas sociais do país na era capitalista são as drogas. “A heroína e, principalmente, o álcool vêm provocando estragos na população do país, contribuindo para a brutal queda da expectativa de vida”, completa.

    A mesma série de reportagens alerta para o desrespeito aos direitos humanos e os intermináveis conflitos bélicos que assolam a região desde a chegada do capitalismo. No mais recente ranking de liberdade de imprensa da organização Repórteres Sem Fronteiras, o país ocupa a 140ª posição. Para que se tenha uma idéia, o Brasil está em 58º lugar.

    Sobre corrupção, o conjunto de matérias demonstra que ela virou uma cultura de toda a sociedade nos últimos 20 anos. Atinge desde o alto escalão de governo, passa pelo promissor mercado do futebol e por máfias ligadas ao tráfico de armas, drogas e prostituição internacional e chega até o cidadão comum. Segundo jornalista que visitou o país, já no aeroporto é possível identificar turistas pagando propina para funcionários da fiscalização, ao trocar dólares pela moeda local há um ágio considerável e até o táxi roda com taxímetro desligado para que o valor pago seja exorbitante e fora de qualquer tabela.

    A partir do processo de privatizações desenvolvido durante os anos 1990, foram construídos grandes monopólios. Em algumas regiões, uma única empresa controla supermercados, bancos, operadora de celular e de TV a cabo, cassinos, fábricas e outras instituições comerciais. Fato que contribui para a diminuição de salários e para a baixa perspectiva de futuro que tem os jovens.

    O brasileiro Guilherme França Reis, radicado na Rússia há 30 anos, pode presenciar a diferença entre os dois sistemas. Ricardo conta que hoje a ganância do russo em querer ganhar dinheiro a qualquer preço é grande. “Não importa o preço, roubando ou trabalhando honestamente, a ganância é ganhar dinheiro”. Afirma que na época soviética, todos eram funcionários estatais e, embora a variedade de produtos fosse pequena, o acesso aos alimentos e mercadorias era universal. Testemunha que “a intolerância está aumentando demais”. Relata que o preconceito, principalmente contra estrangeiros e negros, cresceu a níveis assustadores. Finaliza reconhecendo que a corrupção está no ponto máximo. “Aqui tudo o que você precisa, consegue com dinheiro”. Exemplifica que é possível chegar para o guarda de trânsito que o multou e, sem cerimônia, oferecer dinheiro em troca da liberação da multa.

    Como é possível perceber, a Rússia de hoje é mais um exemplo de que o capitalismo não deu certo em nenhum lugar do planeta. Apenas concentrou poder e riqueza nas mãos de alguns poucos, aprofundou desigualdades sociais, desestruturou nações e sociedades.


    * com informações da Agência Folha
     
    Copyright (c) 2013 Blogger templates by Bloggermint
    Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...