Daí parti para mídia de esquerda, e ganhei principalmente na apresentação de aspectos fundamentais para quem se importa com a justiça, a qual é o cimento da sociabilidade.
Até agora.
Pra falar a verdade, nos últimos meses alguns dos principais blogs e sites em língua portuguesa tem se mostrado estéreis e repetitivos.
A esterilidade vem do fato de que, muitas vezes, a resposta pré-fabricada é dada a todo e qualquer novo problema que apareça. Há dois moldes de respostas pré-fabricadas centrais:
- O molde acusatório internacional, do tipo tire-os-EUA-pra-Judas
- O molde apologético nacional, do tipo fulano-critica-o-governo-federal-mas-ele....
O molde acusatório internacional é fácil, basta preencher as lacunas aí embaixo:
No mundo ocorre agora a crise __________. As vítimas são __________. O culpado é EUA/Europa/Israel/corporações. O culpado do problema é EUA/Europa/Israel/corporações por ter feito __________ (ou por não ter feito __________).
Você mesmo pode fazer sua própria matéria de opinião, seguindo o molde acima. Não é preciso ir no site pra encontrá-la.
O molde apologético nacional é assim:
O PSDB/mídia ataca o governo Lula/Dilma por __________. No entanto, eles o fazem porque têm interesse em __________. Esse interesse é suficiente para deixar claro que o PSDB/mídia é pérfido, muito ruim, e que o governo federal está certo.
De novo, você pode criar seu artigo em casa, seguindo esse molde, no qual é notável que o assunto do ataque simplesmente some do mapa rapidinho, coisa que torna o artigo inútil para quem quer entendê-lo melhor.
É claro que há várias exceções a tais moldes, mas é sacal abrir o site que costumava te informar e te fazer entender e encontrar tal tipo de produto pré-fabricado lá, de novo.
A meu ver, os artigos que seguem tais modelos são estéreis. No caso acusatório internacional, não se preocupam em investigar detalhes, ou entender diferenças, pois basta apontar o culpado de sempre, e tudo está resolvido, ao menos no que diz respeito à cumplicidade entre autor acusador e leitor que curte malhar um Judas. Não é preciso pesquisa alguma, nem levantar do conforto da poltrona. Dá pra fazer um gerador automático de artigos assim, a cada nova crise que surge.
A mesma esterilidade se dá no caso do modelo apologético nacional, pois o foco é a defesa do governo federal junto da acusação aos culpados de sempre, sendo o assunto em debate relegado ao segundo plano.
Tudo isso é enjoativamente repetitivo, e seria ótimo se os editores da mídia de esquerda tentassem evitar isso, por mais que as vedetes das receitas de bolo rascunhadas acima deem ibope.