2º Capítulo da novela “A COMICHÃO DA VERDADE’.
“A verdade quando não vem à tona torna-se uma comichão incontrolável.” Do espírito de Torquemada, psicografado em sessão de pau-de-arara no inferno.
O fato teria passado desapercebido se naquela manhã de 1º de abril de 2014, exatos 50 anos após o golpe militar de 64, o general reformado não tivesse acordado na sua casa no Grajaú completamente pelado.
Ele não era bem um general, havia sido reformado quando major e passara ao coronelato, mas gostava de ser chamado de General.
General Yrigarte y Yrigarte Catapum Pumpum. Um nome pomposo que herdara de tradicional família de militares peruanos, que haviam travado a Guerra do Chaco e ao virem para o Brasil eram objetos da chacota.
A chacota era uma festa anual que a família realizava todo dia 31 de março, numa comemoração que os mais novos já nem sabiam por que?
Parece que era algo de uma marcha com Deus e A Família pela Pátria.
Coisa que comemoravam porque um tio deles – capelão boliviano – quando bem rapazinho, havia sido comido pelo Cardeal da época, e tomara gosto pela coisa.
Mas fato é que o General Catapum acordara como viera ao mundo: pelado, careca,e também sem os dentes, que deixara de molho num copo de geléia na mesa de cabeceira.
Mas e seu pijama? Onde já se vira um general reformado, sem pijama?
Havia dormido após muito rezar a São Judas Tadeu – das causas impossíveis – para que se saísse bem, frente à Comichão da Verdade.
Havia sido convocado a prestar esclarecimentos, ao lado do grande guru transmutativo Policarlos Beleza.
Mas nesta clara manhã do Grajaú, o mundo havia desabado: como iria ele, um general de pijama, apresentar-se sem o mesmo?
Quem teria roubado? Coisa de comunopetistas, com certeza, a mando do tal Dirceu.
De repente, assombro: Dona Marisa!!! Fora ela. Levara seu pijama para Lula usar.
- “Foi ela, com certeza !!” Gritou histérico para a mulher , Dona Géinha .
-“Foi ela !!! Abuso de poder !!! Foi ela !!! Filha de sindicalistas; comunosindicalista; caladinha... na calada da noite veio até aqui . na bucólica rua Castro Neves, refúgio de reformados, e vapt vupt!!! Lá se foi meu pijaminha para o Forte dos Andradas!!!”
E agora? Só lhe restava uma farda de oficial: a de seu cunhado Geraldo, tarado, cafetão e hoje congregado mariano, que havia sido Capitão de Portaria de um Hotel 2 Estrelas do Largo do Arouche.
Meteu-se dentro do fardamento de galonas douradas e chapéu prateado, pegou o ônibus 438 – Grajaú Leblon, e foi para Brasília.
A Comichão aguardava por ele.
Sentou-se ao lado do grande guru transmutativo Policarlos Beleza.
Tensão...obsessores no ar.
Obsessores ou gases?
De toda forma não iriam atrapalhar a Comichão que sentia.
Amanhã “ÍNDIO QUER APITO PRA ENFIAR NA COMICHÃO”, mais um capítulo da novela “A Comichão da Verdade”