Lula sai glorificado da Presidência por que fez um bom governo, por que é um bom comunicador, por que conseguiu desagradar a poucos, por que conseguiu estabelecer um vínculo de identificação com as massas, ou pela somatória disso tudo e mais um pouco?
Sempre impliquei com a expressão "populismo". Com o passar do tempo, passei a achar que a implicância era dura demais. A expressão pode ganhar o status de conceito, desde que reduzida ao mínimo lógico: estilo de liderança que dispensa mediações institucionais vigorosas e busca permanente interlocução direta com as massas. Desse ponto de vista, é um estilo que se dissemina com facilidade hoje em dia, flutuando sobre os escombros institucionais do Estado democrático, a desorganização das estruturas de classe e a natureza sempre mais midiática da política. Hoje me pergunto: o populismo atual é a maturação de um estilo que merece respeito ou deriva tão-somente da ruptura dos laços entre partidos e sociedade? É uma falha sistêmica ou somente a lapidação de um procedimento tão antigo quanto andar prá frente?
O destaque e o prestígio de Lula são ou não são proporcionais à desmoralização e à desimportância dos partidos políticos? Teriam acontecido se acaso os partidos continuassem a ser estruturas consistentes, com personalidade própria e capacidade de decidir coletivamente?
Lula deixará saudades ou dentro de alguns meses não será mais que uma lembrança em processo de desmanche?
Perguntas retóricas para um fim de ano intrigante
Posted on terça-feira, 21 de dezembro de 2010 by Editor in